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1 Marcela Oliveira – Medicina 2020 – + IDENTIFICAR A EPIDEMIOLOGIA, A FISIOPATOLOGIA, O DIAGNÓSTICO E O TRATAMENTO DAS SEGUINTES PARASITOSES: LARVA MIGRANS, ESQUISTOSSOMOSE, GIARDÍASE, AMEBÍASE E TENÍASE. Larva migrans cutânea Há nematódeos que penetram na pele humana, mas permanecem vagando entre a epiderme e a derme, sem poder completar sua evolução. Esse quadro clinico resultante é a larva migrans cutânea também conhecida como dermatite serpiginosa ou dermatite linear serpiginosa e popularmente conhecida como “bicho geográfico” ou “bicho de praia”. Dentre os diversos agentes etiológicos causadores dessa afecção dermatológica destaca-se o Ancylostoma braziliensis, um parasito comum entre cães e gatos. Os ovos desses parasitas alcançam o solo de praças, parques públicos ou praias através de dejetos de cães e gatos, tornando esses locais um critica elo para a transmissibilidade dessa zoonose. Também outros helmintos já foram identificados como responsáveis pelo mesmo quadro, como: Ancylostoma caninum, Necator americanas,Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis [larva currens. Os agentes etiológicos da LMC estão distribuídos amplamente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Elas apresentam taxas endêmicas nas Ilhas do Caribe, África, América do sul e sudeste da Ásia; As características do solo como elevada temperatura e umidade favorecem o desenvolvimento dos ovos e das larvas ate a fase de infestação. As áreas banhadas diretamente pelo mar tem baixo potencial de transmissibilidade, pois a elevada concentração salina do terreno inibe a sobrevivência dos ovos e larvas de ancilostomideos. ANCYLOSTOMA BRAZILIENSE e CICLO DE VIDA Os vermes adultos possuem uma morfologia muito próxima das do Ancylostoma duodenale, caracterizando-se por um tamanho menor e por apresentarem na capsula bucal, um par de grandes dentes ventrais. Eles vivem no intestino delgado de cães e gatos, e os ovos são eliminados pelas fezes e podem invadir seu hospedeiro tanto pela pele como por via oral. Assim, após um período de tempo variável, os ovos eclodem e originam as larvas rabditoides, as quais após duas mudas se transformam em larvas filarioides (infectante). As larvas filarioides, ao estabelecerem contato com a superfície da pele humana, penetram o estrato epitelial e criam um túnel microscópico para migrarem ao longo da pele do hospedeiro. 2 Marcela Oliveira – Medicina 2020 A partir do ponto de penetração, origina-se um túnel cujo teto e assoalho são constituídos pela epiderme (células espinhosas) e derme. Durante a invasão do tecido cutâneo, ao migrarem entre os queratinocitos da epiderme, as larvas filarioides deparam-se com estruturas moleculares de acido hialuronico. Esse ácido é essencial para a adesão celular. Assim, uma etapa critica da LMC é o processo de desintegração de tais pontes intercelulares, a fim de permitir o movimento migratório desse parasito. Uma enzima decisiva para esse evento é a hialuronidase. Após a penetração da larva através da pele, observa-se uma reposta inflamatória que é caracterizada por um infiltrado de eosinófilos e células mononucleares. À medida que a larva filarioide migra ao longo da pele, um trajeto constituído de pápulas com aspecto eritematoso emerge macroscopicamente, esboçando um itinerário tortuoso e serpiginoso. Eventualmente, há formação de vesículas e bolhas. Posteriormente, ao longo dos dias, a porção antiga desse trajeto revela uma linha hiperpigmentada, a qual gradativamente vai se dissipando. Uma complicação característica é o desenvolvimento de infecções bacterianas secundarias ao local afetado, pois o individuo parasitado, ao se coçar, podem inocular bactérias através das soluções de continuidade da pele. As regiões topográficas mais comuns são: pés, mãos, pernas e antebraço. A duração dessa dermatite é variável, podendo haver cura espontânea em poucos dias ou persistir por meses. Mas sabe-se que a larva pode manter sua atividade migratória além de 1 ano. QUADRO CLÍNICO O momento da penetração das larvas pode ser assintomático. Classicamente, o inicio dos sintomas ocorre após algumas horas ou dias. Contudo, o período de incubação pode variar. A expressão clinica caracteriza-se por trilhas eritematosas ou serpeginosas na pele, 3 Marcela Oliveira – Medicina 2020 ocorrendo eventualmente formação de bolhas. As lesões podem ser únicas ou múltiplas e o padrão topográfico localiza-se tipicamente nos membros inferiores e glúteos. A face e a mucosa oral são excepcionalmente afetadas, assim como a anatomia genital. Frequentemente, há um dramático prurido ao longo do túnel formado pela pele. As complicações são impetigo, foliculite e lesões vesicobolhosas. TRATAMENTO O tratamento é feito com ivermectina 150 µg/kg, dose única, via oral; ou com albendazol, 200 mg duas vezes ao dia, durante três dias. Também se usa tiabendazol, tanto por via oral como em aplicações locais. EQUISSOSTOMOSE A Esquistossomose mansoni é uma doença causada pelo parasita Schistossoma mansoni, um helminto da classe Trematoda, do filo Platelminto. Os vermes desse gênero parasitam os vasos sanguíneos do ser humano, alimentando-se dos nutrientes circulantes. Possuem duas ventosas (anterior e ventral), capazes de fixar o parasita na parede do vaso. O macho e a fêmea são encontrados frequentemente juntos, em posição de acasalamento. O hospedeiro definitivo (onde se desenvolvem os vermes adultos) do S. mansoni é o homem, no qual se encontra os vermes no sistema venoso mesentérico, e tem como hospedeiro intermediário (onde se desenvolve as formas larvárias) o caramujo do gênero Biomphalaria. Esses caramujos vivem na agua doce de córregos e lagoas de agua parada. No Brasil, estima-se uma prevalência de infestação por S.mansoni em 10-12 milhões de casos distribuídos em diversos estados. As áreas endêmicas incluem a zona da mata e partes do agreste, desde o Rio Grande do Norte até o Sul da Bahia, além do nordeste do estado de Minas gerais. CICLO EVOLUTIVO E TRANSMISSÃO No homem, o habitat do esquistossomo adulto são os ramos do sistema venoso porta, principalmente da veia mesentérica inferior. É nesse local que os vermes machos e fêmeas copulam. A quantidade de vermes adultos em um mesmo indivíduo varia de 4 a 2000, com predomínio dos machos. As fêmeas fecundadas migram para as vênulas mesentéricas do sigmoide e reto, onde iniciam a postura dos ovos, produzindo cada uma, mais de mil ovos por dia. Após 6 dias, os ovos se tornam maduros e uma pequena parte consegue atravessar a parede capilar, caindo no lúmen intestinal para serem eliminados com as fezes. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO Para que o ovo liberte o seu embrião (o miracídio), é necessário entrar em contato com a agua (geralmente uma lagoa ou córrego). O miracídio ciliado nada ativamente até encontrar o molusco do gênero Biomphalaria, penetrando em seu tegumento transformando-se no esporocisto secundário, que posteriormente se transformaram em larvas cercarias. Estima-se que cada miracidio pode dar origem a centenas de cercarias. Após 20-30 dias de penetração do miracídio, o molusco já começa a eliminar as cercarias diariamente pelo seu tegumento. 4 Marcela Oliveira – Medicina 2020 HOSPEDEIRO DEFINITIVO As cercarias do S. mansoni possuem uma cauda que auxiliam na sua penetração na pele sã do ser humano, por meio de secreções histolíticas. Para se contaminar pela cercaria, basta entrar em contato com agua de rio ou lagoa que contem uma quantidade significável de caramujos infectados. O horário mais propicio é entre 11-17h, pois as cercarias se movimentam melhorem ambientes iluminados. Uma vez chegando à derme, a larva perde a sua cauda, convertendo-se em esquistossômulo. Estes seguem pela corrente sanguínea, passam pelos capilares pulmonares, chegando ao coração esquerdo, sendo então lançados para os vasos arteriais mesentéricos, sistema porta e vênulas do espaço porta hepáticos. Neste local inicia o amadurecimento caminhando contracorrente pelo sistema venoso porta e atingindo as vênulas do território da mesentérica inferior, onde chega a fase adulta completando seu ciclo. PATOGÊNESE O contato da S. mansoni pode produzir doenças em três fases diferentes: 1. Durante a penetração cutânea pelas cercarias 2. No momento em que acabam de surgir os vermes adultos 3. Após a disseminação e instalação tecidual dos ovos eliminados pelas fêmeas adultas. As cercarias ao penetrarem na pele humana podem dentro das primeiras 24-48h causam uma dermatite localizada, de mecanismo imunoalérgico. Entre 4-8 semanas de infestação, momento no qual as formas adultas acabam de surgir e se instalar na circulação venosa mesentérica, o paciente pode evoluir com uma Síndrome febril aguda eosinofílica, denominada Febre de Katayama. É provável que seja uma reação do organismo aos antígenos liberados pelos vermes adultos ou pelos ovos recém-eliminados. (Essa febre é mais comum em indivíduos de área não endêmica). Após a disseminação e instalação dos ovos eliminados pelas fêmeas é que se inicia o principal fenômeno patológico da esquistossomose, que é a reação imunológica local contra esses ovos. 5 Marcela Oliveira – Medicina 2020 A formação do granuloma esquistossomótico, como resposta inflamatória em torno dos ovos alojados nos diferentes tecidos, mas principalmente na mucosa colorretal e nos espaços porta do fígado. Os ovos maduros permanecem vivos durante 12 dias, e quando morrem promovem a liberação de antígenos pelo miracídio desencadeando a formação do granuloma ao redor desses ovos. Dos ovos depositados nas vênulas mesentéricas, apenas uma pequena parte é eliminada nas fezes. Outra parte fica retida na microvasculatura da mucosa colorretal. E outra parte é levada pela circulação porta, atingindo o fígado, e eventualmente outros órgãos como pulmões, sistema nervoso central (principalmente medula). Os ovos retidos na mucosa intestinal e colorretal são responsáveis pelos sintomas da forma intestinal da esquistossomose crônica, marcada pela diarreia, do tipo colite, muitas vezes misturada com sangue e por uma forma rara de apresentação que é a forma pseudotumoral que confunde com uma neoplasia colorretal. Os ovos retidos nos espaços porta hepáticos são responsáveis pela forma hépatoesplênica da esquistossomose crônica. Vale ressaltar, que a tendência do granuloma ao redor do ovo é evoluir com fibrose. Abarrotado de ovos nos seus espaços porta, o fígado desenvolve uma progressiva fibrose periportal nodular, denominada de Fibrose de Symers. Inicialmente nota-se uma hepatomegalia endurecida e nodular com predomínio no lobo hepático esquerdo. O grande problema dos granulomas e da fibrose dos espaços-portas é a síndrome de Hipertensão Portal, que é pré-sinusoidal. As suas principais consequências são a dilatação dos vasos do sistema porta e das colaterais porto-cava, culminando com a formação de varizes esofagianas, que pode romper e se apresentar como hemorragia digestiva alta. O baço cresce pelo aumento de sua pressão venosa e por ativação do seu sistema reticuloendotelial. Pela hipertensão portal, parte do sangue do sistema porto-mesentérico é desviada para o sistema cava, permitindo a disseminação dos ovos para outros tecidos. Destes, o principal é o pulmão. Os ovos irão se alojar nas arteríolas pulmonares produzindo uma endarterite granulomatosa que poderá levar a hipertensão arterial pulmonar. Outro mecanismo imunológico é a ocorrência da reação antígeno-anticorpo, a qual pode acontecer com elevados níveis com a formação de imunocomplexos circulantes, os quais se depositam nos vasos renais, sendo esta a explicação para a glomerulopatia esquistossômica. QUADRO CLÍNICO 1. ESQUISTOSSOMOSE AGUDA Dermatite Cercariana: é também conhecida como “prurido de nadador” e manifesta-se com um prurido na região cutânea onde as cercarias penetram, seguida de uma erupção maculo-papular. Febre de Katayama: foi descrita inicialmente no Japão, e é caracterizada por uma intensa reação imunológica do tipo imunocomplexos e manifestam-se entre 4-8 semanas, ou seja, no momento em que os vermes adultos surgem. O quadro clinico é caracterizado pro febre alta, intermitente, calafrios, sudorese noturna, mialgia, cefaleia, tosse seca, broncoespasmo, náuseas, vômitos, diarreia associada a dor abdominal. O laboratório traz o achado clássico de intensa eosinofilia. Essa doença faz diagnostico diferencial com varias síndromes febril, como febre tifoide, calazar e malária. 6 Marcela Oliveira – Medicina 2020 2. ESQUISTOSSOMOSE CRÔNICA 2.1 FORMA HEPATOINTESTINAL É mais comum entre crianças e jovens e essa forma decorre da presença de ovos nos espaços-porta do fígado e na mucosa intestinal e colorretal. Em geral, são relatados sintomas dispépticos tais como sensação de plenitude gástrica, náuseas, vômitos, pirose associadas à dor abdominal do tipo cólica, acompanhada de pequenos surtos diarreicos. Ao exame físico são escassos os achados, exceto pelo emagrecimento e a hepatomegalia, sendo indolor, de consistência endurecida e de superfície irregular. 2.2 FORMA HEPATOESPLÊNICA Essa é a forma mais importante da esquistossomose, sendo definida pela esplenomegalia associada à hipertensão portal. Clinicamente, o paciente se apresenta com sinais de hipertensão porta, como varizes esofagianas (potencialmente sangrantes) e esplenomegalia de grande monta (sendo esta o motivo da ida do paciente). Em geral, o paciente possui um estado geral preservado. Mas a manifestação clinica mais comum é a hematêmese, causada pela rotura espontânea de varizes esofagianas, causando imediatamente sincope, sonolência, sede exagerada, taquicardia e redução abrupta da esplenomegalia, ou seja, sintomas decorrentes da hipovolemia aguda. No segundo dia, vômitos em “borra de café” e melena. O exame físico chama atenção pela hepatomegalia de consistência endurecida e nodular, associada a uma significativa esplenomegalia. A circulação colateral do tipo porto-cava pode ser visualizada em alguns pacientes. Com o passar dos anos, o fígado tende a regredir enquanto o baço tende a aumentar ou estabilizar. 2.3 ENTEROBACTERIOSE SÉPTICÊMICA As enterobacterias podem se aderir a superfície dos vermes, podendo levar a uma estado de bacteremia persistente por bactérias gram-negativas, determinado um quadro clinico caracterizado por febre de longa duração, perda ponderal, dor abdominal, edema de membros inferiores, leucocitose neutrofílica. Esse quadro se assemelha bastante com a leishmaniose visceral. 2.4 FORMA PULMONAR Geralmente não é uma manifestação isolada, mas ela se apresenta juntamente com a forma hepatoesplenica da parasitose. O substrato patológico mais importante é a endarterite granulomatosa devido à reação imunológica aos ovos do esquistossoma. A forma hipertensiva é a mais frequente tendo origem na obstrução do leito arterial pulmonar pelos ovos. 2.5 FORMA RENAL O acometimento renal é mais frequente na forma hepatoesplênica da doença. O tipo mais comum de lesão encontrada nos glomérulos é a membranoproliferativa tipo 1. Clinicamente se manifesta através da proteinuria e ate síndrome nefrotica 2.6 NEUROESQUISTOSSOMOSE Os ovos do shistossoma podem migram principalmente para a medula espinhal toracolombar,com quadro de mielite transversa. DIAGNÓSTICO O diagnostico parasitológico das fezes é fundamental, pois é nele que se detecta a presença de ovos, ocorrendo após o 40º dia de infecção. Podem ocorrer bastantes variações na positividade do exame de 7 Marcela Oliveira – Medicina 2020 fezes, devido a carga parasitária e tempo de infecção (quanto mais antiga a infecção menor a oviposição), por isso pedem-se 6 amostras, A biopsia retal é uma técnica indolor e de rápida execução, sendo de maior positividade do que o parasitológico de fezes. Os tipos de ovos que aparecem na biopsia retal são bem mais variados do que nas fezes. A contagem e a classificação dos ovos encontrados na biópsia retal denomina-se oograma. As reações imunológicas são mais empregadas na fase crônica da doença (são positivas a partir do 25º dia). Sua importância aumenta com a cronicidade da doença. As principais são intradermoreação, imunoflorescencia direta e ELISA. Alguns métodos devem ser empregados para a satisfatória avaliação nas diferentes formas clinicas. Assim, tem importância a radiografia de tórax, ecocardiograma, ultrassonografia abdominal e endoscopia digestiva alta e baixa. TRATAMENTO Na fase aguda, a dermatite cercariana é tratada com anti-histamínicos locais e corticosteroides tópicos. Os quadros de febre de Katayama podem requerer internação hospitalar, devendo-se indicar repouso, hidratação adequada, uso de antitérmicos, analgésicos e antiespasmódicos. Na fase crônica, nas formas hepatointestinal e hepatoesplênica devem ser contempladas medidas para minorar o quadro diarreico. O tratamento especifico é feito com: 1. Praquizantel: Indicado em todas as fases da doença, devendo ser usado na dose de 40mg/kg em tomada única. Ele atua contra as três espécies do gênero. As reações adversas incluem náuseas, dores abdominais, cefaleia, tonteira, palpitação podendo durar de 24-48 horas, desaparecendo espontaneamente. Não deve ser empregados em gestantes e lactantes. 2. Oxaminiquine: é utilizado na dose de 15mg/kg em tomada única e tem atividade estrita sobre o S. mansoni agindo em todos os seus estágios evolutivos. Os efeitos colateriais são tonteiras, sonolência, cefaleia, manifestações psíquicas. Por isso, recomenda-se administra-lo após a refeição. É contraindicado em gravidas, lactantes e crianças menores de 2 anos. Giardíase A Giardia lamblia, também chamada de Giardia intestinalis ou duodenalis é um protozoário que parasita o intestino delgado. Os cistos são a forma infectante responsável pela disseminação do parasita. O trofoizoita da giárdia é binucleado, possuindo oito flagelos e um formato achatado. Em sua superfície ventral existe uma estrutura chamada disco suctorial, capaz de prendê- lo às vilosidades do epitélio intestinal. A giardíase ocorre em todas as regiões do mundo, preferencialmente em climas temperado e tropical, sendo mais comuns em grupos etários inferiores há 10 anos. Tem seu maior acometimento em regiões com condições sanitárias precárias e tratamento de agua inadequado. CICLO EVOLUTIVO O trofozoita tem a propriedade parasitária, e se reproduz axessuadamente por divisão binária. O encistamento ocorre sempre que há mudança no pH ou na concentração de sais biliares. 8 Marcela Oliveira – Medicina 2020 O cisto tetranucleado é eliminado nas fezes, e sobrevive por semanas a meses em agua fresca gelada. É importante dizer que a cloração da agua não mata os cistos, somente a filtração e a fervura. Assim o homem é infectado ao ingerir agua não filtrada ou alimentos não cozidos contaminados. Além disso, a transmissão também pode ser anal-oral, comum em creches e em relações sexuais. QUADRO CLÍNICO A forma infectante da giárdia (trofozoita) é encontrada aderida ao epitélio do duodeno e das porções proximais do jejuno. A maioria dos indivíduos é assintomática. A infecção sintomática pode apresentar-se de forma aguda (enterite aguda) ou crônica (enterite crônica). O período de incubação varia de uma a quatro semanas, com media de sete a dez duas, O quadro clássico é de diarreia e dor abdominal (tipo cólica). Esse quadro pode ser de natureza crônica, redicivante, caracterizado por fezes amolecidas, com aspecto gorduroso, acompanhado de fadiga, anorexia, flatulência e distinção abdominal. Lembrando que não há invasão tecidual. Quando em grande numero, os trofozoitas podem formam “um tapete” no duodeno, produzindo uma barreira mecânica que prejudica a absorção de vitaminas lipossolúveis, cobalamina e folato. O disco suctorial é capaz de produzir irritação, com lesões das vilosidades intestinais e atrofia focal ou difusa, explicando a eventual esteatorreia. A perda da atividade enzimática nas bordas em escova do delgado leva a intolerância à lactose e explica a má absorção observada em uma minoria dos indivíduos infectados. Nos casos crônicos pode haver alteração da histologia intestinal, com apagamento das vilosidades. A giardíase tende a ser grave quando acomete portadores de hipogamaglobulinemia, situação em que sua erradicação torna-se difícil. Além disso, crianças com fibrose cística e portadores de AIDS possui uma evolução mais complicada. DIAGNÓSTICO É feito pela identificação de cistos ou trofozoitos no exame de fezes ou através de um aspirado duodenal. É preciso pelo menos 3 amostras para uma boa sensibilidade. A pesquisa com antígeno de giárdia nas fezes tem ganhando cada vez mais destaque. 9 Marcela Oliveira – Medicina 2020 TRATAMENTO A giardíase deve ser tratada em qualquer forma de apresentação clinica, sintomática ou assintomática. É importante lembrar ao paciente que o uso desses medicamentos não deve ser associado com bebidas alcoólicas, devido a possibilidade da reação dissulfiram. AMEBÍASE A entamoeba hIstolytica é um protozoário e é a espécie de ameba que pode ser encontrada no intestino grosso, possuindo um potencial patogênico. A E. histolytica parasita o cólon humano, alimentando-se de bactérias e partículas de alimento. Possui uma ação de matar as células, sendo realizada por reações citolíticas contato-dependentes, semelhantes á ação dos linfócitos citotóxicos. A entamoeba histolytica é caracterizada como a segunda causa de morte por parasitoses, ficando atrás apenas da Malária. O México se destaca por ser um país onde essa doença ainda é endêmica. E no Brasil, a amebíase tem sido encontrada com frequência na Amazônia. Um estudo demonstrou que em regiões de alta endemicidade, somente 10% dos parasitas desenvolve sintomas ao longo de um ano. Logo, o estado de portador assintomático representa a forma mais comum de infecção. A amebíase é uma doença típica de países em desenvolvimento, onde o clima, a baixa condição socioeconômica, a higiene precária e a falta de suprimento de agua tratada tornam-se fatores de risco facilitando a contaminação. A maioria das infecções ocorre pela ingestão de alimentos ou agua contaminada com fezes contendo os cistos da E. histolytica. Entretanto, é importante ter atenção para as vias de infecção menos comuns, como o sexo oral e anal. CICLO DE VIDA A E. histolytica possui dois estágios evolutivos: cisto (arredondado, tetranucleado) e trofoizoita (pseudópodes, mononucleado, pode conter hemácias fagocitadas em seu interior). Os cistos representam a forma infectante, sendo adquirida por meio da ingestão de agua e alimentos contaminados por fezes. Os cistos passam pelo estômago, resistindo à ação do suco gástrico, chegam ao final do intestino delgado ou do intestino grosso, onde ocorre a eclosão com a saída do metacisto, através de uma pequena fenda na parede cística. 10 Marcela Oliveira– Medicina 2020 Em seguida, o metacisto sofre sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, dando origem a quatro e depois oito trofozoítos, chamados trofozoítos metacísticos. Estes trofozoítos migram para o intestino grosso onde se colonizam. Em geral, ficam aderidos à mucosa do intestino, vivendo como um comensal, alimentando-se de detritos e de bactérias. Sob certas circunstâncias, ainda não muito bem conhecidas, podem desprender da parede e, na luz do intestino grosso, principalmente no cólon, sofrer a ação da desidratação, eliminar substâncias nutritivas presentes no citoplasma, transformando-se em pré-cistos; em seguida, secretam uma membrana cística e se transformam em cistos, inicialmente mononucleados. Os trofozoitas podem viver como comensais, sem causar doenças, ou podem invadir a parede do cólon (colite amebiana). Eventualmente, atingem a corrente circulatória, disseminando-se à distância (fígado, pulmão ou cérebro). Os portadores assintomáticos de E. hystolitica são grandes disseminadores da infecção, eliminando cistos infectantes em suas fezes durante meses ou anos. Os trofoizóitas também podem ser encontrados nas fezes, porem é destruído pelo O2 ambiente, sendo incapaz de causar infecção. QUADRO CLÍNICO O período de incubação vai de duas a seis semanas após ingestão dos cistos. As síndromes clinicas podem ser divididas nas formas intestinais (aguda, crônica, ameboma) e extraintestinal (abcessos amebianos). 1. Forma Intestinal A E. histolytica costuma invadir o intestino grosso causando colite (dor abdominal baixa, diarreia de pequeno volume e múltiplos episódios, apresentando sangue, muco e pus nas fezes). Os locais preferenciais de lesão são o ceco e o sigmoide. Os sintomas podem seguir 3 cursos clínicos distintos: 11 Marcela Oliveira – Medicina 2020 a) Forma aguda ou disenteria amebiana: caracterizada por diarreia muco sanguinolenta com 10-12 dejeções/dia, acompanhada por náuseas, vômitos, cefaleia, febre, além do tenesmo e cólicas abdominais intensas. Quadros mais grave (colite amebiana fulminante) pode cursar com febre alta, leucocitose e perfuração intestinal. Alguns pacientes desenvolvem megacólon tóxico (dilatação colônica intensa, com ou sem pneumatose intestinal, isto é, gás na parede do cólon). b) Forma crônica: incomum, caracterizada por desconforto abdominal e irregularidade do habito intestinal, que assume um caráter intermitente. c) Ameboma: raro, marcado pela formação de um granuloma na parede intestinal que produz estreitamento do lúmen e um quadro de semi-oclusão do cólon. DIAGNÓSTICO Tradicionalmente, o diagnóstico da amebíase é feita por meio da pesquisa de trofozóitos ou cistos nas fezes, analisando-se 3 amostras consecutivas. Além disso, métodos como a sorologia e a pesquisa de antígenos fecais na ameba (ambos realizados pela técnica ELISA) passaram a ser valorizados sendo incorporada a rotina diagnóstica. Isso porque a pesquisa de antígeno fecal é mais sensível do que o exame parasitológico de fezes. A identificação genética por meio do PCR representa o método mais acurado de todos, consistindo no padrão ouro para a diferenciação com outras amebas. Mas, infelizmente trata-se de um método caro e ainda pouco disponível. TRATAMENTO A amebíase deve ser tratada em qualquer forma de apresentação clinica sintomática ou não. O conceito básico é de que os imidazólicos como secnidazol, metronidazol e tinidazol são os agentes de escolha para destruir as formas infectantes presentes nos tecidos, porem não são eficazes em erradicar os trofozóitos e cistos presentes no lúmen intestinal. Portanto o tratamento deve ser complementado com drogas antiameba intraluminal. 12 Marcela Oliveira – Medicina 2020 TENIASE e cisticercose A teníase é definida como uma parasitose intestinal humana causada pela presença da forma adulta da T. solium, da T. saginata ou da T. asiatica, popularmente conhecidas como “solitária”, porque, geralmente, o indivíduo é parasitado por um único exemplar do verme adulto. Suas formas larvares são denominadas pela população de canjiquinha, pipoquinha, ladrária, sapinho ou bolha. Das três espécies de tênias que parasitam o homem, a T. solium e a T. saginata são cosmopolitas e prevalentes em regiões do globo onde os seres humanos fazem a ingestão de carnes cruas ou malcozidas de gado suíno ou bovino. As tênias são vermes da classe Cestoda, do filo dos Platelmintos. Esses cestodos são caracterizados por terem o corpo dividido em: cabeça ou escólex, que possui quatro ventosas; o pescoço que é uma região proglotogênica, ou seja, capaz de originar proglotes; e estróbilo formado por anéis ou proglótes. As proglotes podem ser imaturas (aparelho genital incipiente), maduras (hermafroditas, com órgãos sexuais diferenciados) e gravídicas (útero com milhares de ovos). A T. sollium pode atingir entre 2 e 9 metros e possui um escolex ovoide. Além disso, suas proglotes gravídicas se desprendem e são eliminadas passivamente nas fezes. Já a T. saginata atinge de 4 a 25 metros de comprimento e possui um escólex globular e suas proglotes geralmente são eliminadas pelo ânus de forma ativa e isoladas entre as evacuações. Por esse motivo, esse verme é considerado o maior parasita do ser humano. CICLO BIOLÓGICO TÊNIA O homem se configura como o hospedeiro definitivo, isto é, aquele que abriga o verme adulto. Em relação ao hospedeiro intermediário (onde desenvolve as larvas), para a T.solium é o gado suíno e para T. saginata é o gado bovino. Uma situação interessante, é que o homem se configura como hospedeiro definitivo e intermediário nas infeções pela T.solium, abrigando a larva causadora da cisticercose. O ciclo biológico inicia-se com a ingestão de carne bovina ou suína crua ou mal cozida contendo cisticercos viáveis. Após chegar ao intestino delgado, o escolex do cisticerco sofre um processo de desenvaginação, se fixa no epitélio intestinal e se desenvolve ate a fase adulta do verme, Aproximadamente três meses após a infecção, proglótes gravidas ou ovos já podem ser encontrados nas fezes. A infecção do hospedeiro intermediário ocorre quando os ovos das tênias, eliminados nas fezes, são ingeridos pelos animais, e ao chegarem ao intestino delgado, liberam a oncosfera que atravessará a parede do intestino delgado, atinge a circulação sanguínea e linfática, passando pelo fígado, coração direito, pulmões, coração esquerdo, quando 13 Marcela Oliveira – Medicina 2020 finalmente disseminam por diversos órgãos e tecidos, especialmente os músculos esqueléticos e o miocárdio. Uma vez alojada nesses tecidos, as oncosferas amadurecem em larvas – os cisticercos. O ciclo de vida é completado quando o homem, ao ingerir carne crua ou mal cozida de suíno e bovino, contaminada com os cisticercos adquire a teníase. CICLO DE VIDA CISTICERCOSE Quando o homem torna-se hospedeiro intermediário da T.sollium, ingerindo os ovos ele desenvolve a cisticercose. Essa ingestão pode ocorrer quando o individuo consome agua ou alimentos contaminados com ovos provenientes de outra pessoa infectada, ou por autoinfestação externa, quando o individuo ingere os ovos provenientes da sua própria T.sollium, através das mãos (levadas diretamente à boca), ou por uma autoinfestação interna, no qual os ovos ou proglotes grávidas são regurgitados para o estômago, convertendo-se em oncosferas que descem novamente para o intestino e são absorvidas, seguindo o ciclo. No Estômago, o suco gástrico degrada a camada de quitina que recobre os ovos e no intestino delgado, os sais biliares ativam e permite a liberação das oncosferas, que alcançam a circulação pelos vasos mesentéricos.Pela corrente circulatória, as oncosferas alcançam todo o organismo, desenvolvendo-se preferencialmente em tecidos com alta concentração de oxigênio, onde atinge a condição de larva. Assim, são encontrados com frequência no sistema nervoso central, causando a neurocisticercose. QUADRO CLÍNICO A maioria dos indivíduos infestados por tênia é assintomática. O motivo da consulta médica, na grande maioria das vezes, é a eliminação das proglotes pelo ânus com o seu encontro, pelo paciente, nos membros inferiores, nos quais se movimentam ativamente ou aderidos às roupas íntimas. Porém, alguns pacientes apresentam sintomas decorrentes da inflamação da mucosa (relativo à fixação do escólex), hipo ou hipersecreção de muco, alterações da motilidade intestinal. As manifestações clínicas incluem: tonturas, fraqueza, insônia, cefaleia, irritabilidade, anorexia, náuseas, vômitos, distensão abdominal e dor abdominal de localização epigástrica, podendo ter uma caráter típico de dor de fome, com aparecimento em jejum e alívio com a ingestão de alimentos. A principal forma clinica de apresentação da cisticercose é a Neurocisticercose. Esta deve ser sempre desconfiada nos pacientes que apresentam inicio de quadro de epilepsia na idade adulta, pois o cisticerco funciona como foco irritativo, especialmente quando degenera e ativa a reação imune local. As crises podem ser tanto generalizadas quanto focais, porem é mais comum que seja focal, com generalização secundária. Pode ocorrer hidrocefalia pela obstrução do fluxo liquorico, podendo levar a sinais de 14 Marcela Oliveira – Medicina 2020 hipertensão intracraniana, com cefaleia, náuseas, vômitos, borramento de visão; DIAGNÓSTICO É feito pelas pesquisas de proglotes ou ovos nas fezes. A tamisação das fezes é um método preconizado para o diagnostico da T.sollium, uma vez que as proglotes são eliminadas com o bolo fecal. Diferentemente, para a T.saginata, os anéis são usualmente eliminados de forma ativa entre os intervalos das defecções. Além disso, a identificação de antígenos nas fezes tem se tornado um método de grande relevância para o diagnostico da teníase. O diagnóstico da NCC baseia-se na análise do quadro clínico, dados de neurorradiologia e exame do líquor. TRATAMENTO A Niclosamida é uma droga tenicida e seu mecanismo de ação ocorre pelo bloqueio da absorção de glicose pelos vermes. Apenas quantidades muito inexpressivas são absorvidas no trato gastrointestinal, razão dos efeitos colaterais serem muito discretos (fraqueza, náusea e dor abdominal). Mebendazol tem a vantagem de ser de largo espectro no tratamento de outras helmintíases e não atuar sobre a forma larvar das tênias. O tratamento da neurocisticercose é: praziquantel 50 mg/kg/dia + dexametasona, durante 21 dias. Associar anti-convulsivantes. + RELACIONAR OS FATORES SOCIOAMBIENTAIS À OCORRÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS E CUTÂNEAS. Estima-se que infecções intestinais causadas por helmintos e protozoários afetem cerca de 3,5 bilhões de pessoas, causando enfermidades em aproximadamente 450 milhões ao redor do mundo, a maior parte destas em crianças. Desnutrição, anemia, diminuição no crescimento, retardo cognitivo, irritabilidade, aumento de suscetibilidade a outras infecções e complicações agudas são algumas das morbidades decorrentes. A prevalência de infecções por parasitos intestinais é um dos melhores indicadores do status socioeconômico de uma população e pode estar associada a diversos determinantes, como instalações sanitárias inadequadas, poluição fecal da água e de alimentos consumidos, fatores socioculturais, contato com animais, ausência de saneamento básico, além da idade do hospedeiro e do tipo de parasito infectante. + RECONHECER A RELAÇÃO ENTRE A SAÚDE HUMANA E O DESTINO DOS RESÍDUOS (RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE) E A INSERÇÃO DO HOMEM NESTES AMBIENT0ES. Os resíduos sólidos urbanos gerados pela sociedade em suas diversas atividades resultam em riscos à saúde pública, provocam degradação ambiental, além dos aspectos sociais, econômicos e administrativos envolvidos na questão. Em relação à saúde pública, os resíduos sólidos urbanos ocupam papel estratégico na estrutura epidemiológica de uma comunidade. Como componente indireto, destaca-se na linha de transmissão de doenças provocadas pela ação dos vetores, que encontram no habitat do lixo condições adequadas para a sua proliferação. 15 Marcela Oliveira – Medicina 2020 Na interface com as questões ambientais, os resíduos contaminam ar, águas superficiais e subterrâneas e, consequentemente, o solo. O lixo coletado diariamente na área urbana das cidades é transportado para as áreas de destino final, onde, na maioria das vezes, é lançado indiscriminadamente a céu aberto, sem qualquer forma de tratamento. A incorreta disposição final do lixo urbano, além de provocar poluição do solo, colabora para a poluição das águas e do ar. A poluição das águas acontece por meio de fenômenos naturais como a lixiviação, percolação, arrastamento, solução, etc. Na poluição do ar, constatam-se efluentes gasosos e particulados emitidos para a atmosfera, provenientes das diversas atividades do homem, que podem ser considerados como lixo. Risco ambiental do lixo hospitalar De acordo com um estudo feito pelo Hospital Albert Einstein, o maior risco ambiental do lixo hospitalar é representado pelo chamado lixo infectante. Caracteriza-se pela presença de agentes biológicos como sangue e derivados, secreções e excreções humanas, tecidos, partes de órgãos, peças anatômicas; além de resíduos de laboratórios de análises e de microbiologia, de áreas de isolamento, de terapias intensivas, de unidades de internação, assim como materiais perfurocortantes. Uma vez que esses materiais entram em contato com o solo ou a água, podem causar sérias contaminações no ambiente e danos à vegetação. Também pode haver sérios problemas caso esses materiais contaminados entrem em contato com rios, lagos ou até mesmo com lençóis freáticos, pois dessa forma a contaminação irá se espalhar com maior facilidade, prejudicando qualquer ser vivo que entrar em contato com essa água. Os resíduos perfurantes, contaminados com patógenos ou infecciosos, quando seu descarte é feito de forma incorreta em aterros sanitários comuns, trazem um grande risco aos catadores de lixo. Os indivíduos podem ser contaminados caso entrem em contato com alguns desses materiais. http://www.einstein.br/sobre-a-sociedade/sustentabilidade/responsabilidade-dos-hospitais/Paginas/meio-ambiente-a-responsabilidade-dos-servicos-de-saude.aspx 16 Marcela Oliveira – Medicina 2020
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