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1 Renan Lopes Fernandes – MED104 DIGESTÃO E ABSORÇÃO NO TRATO GASTROINTESTINAL Relembrando conceitos: MOTILIDADE: movimento do material ingerido no TGI como resultado da contração muscular. SECREÇÃO: secreção de água, elétrólitos e outras substâncias produzidas por células do TGI DIGESTÃO: quebra ou degradação química e mecânica dos alimentos em unidades menores ABSORÇÃO: É o movimento de substâncias do lúmen do TGI para o líquido extracelular e daí, para o sangue. Alimentos: Quando eles passam a ser nutrientes? Quando o alimento passa pelo processo digestivo e é aborvido. A partir do momento que ingerimos os alimentos, eles passam pelo processo de digestão, que pode ser mecânica ou química, formando os nutirentes – moléculas menores capazes de serem absorvidas, acontencendo então a absorção dos nutrientes, e no final a absorção dos produtos finais da digestão (água, eletrólitos...) Os principais alimentos que sustentam a vida são classificados como carboidratos, gorduras e proteínas, além de vitaminas e sais minerais em menores quantidades. Porém, esses alimentos não conseguem ser absorvidos em sua forma natural pela mucosa, necessitando assim serem previamente digeridos. 1. DIGESTÃO DE DIVERSOS ALIMENTOS POR HIDRÓLISE Hidrólise: Quando você quebra uma molécula grande utilizando a água Hidrólise de Carboidratos Os carboidratos contribuem com 40-45% das calorias ingeridas, 50-60% estão na forma de amido e 30-40% na forma de sacarose e lactose. Porém somente monossacarídeos são absorvíveis. A maior parte dos carboidratos ingeridos são polissacarídeos ou dissacarídeos. Durante a digestão esses carboidratos serão convertidos em monossacarídeos por enzimas digestivas (como a maltase, a sacarase e a lactase) especificas que catalisam a reintrodução dos íons hidrogênios e hidroxila, obtidos da água, nos polissacarideos, e assim, separam os monossacarideos. À medida que vamos quebrando, vamos inserindo H2O (H+ em uma molécula e OH- em outra) Amido, origem não animal – Glicogênio, origem animal. Hidrólise de Gorduras (lipídeos) Quase toda a gordura da dieta consiste em triglicerídeos (gorduras neutras), formador por 3 moléculas de ácidos graxos condensados com 1 glicerol. Durante a condensação, 3 moléculas de água são removidas. A hidrólise dos triglicerídeos consiste no processo inverso: as enzimas digestivas de gorduras reinserem 3 moléculas de água na molécula de triglicerídeo e, assim, separam as moléculas de ácido graxo do glicerol. 2 Renan Lopes Fernandes – MED104 Hidrólise de Proteínas As proteínas resultam da ligação química (peptídica) de vários aminoácidos. Em cada ligação: Aminoácido + aminoácido – Perda de H+ de um e de OH- do outro. Para digerir a proteína, vamos quebrá-la em aminoácidos e reinserir H+ e OH- (H2O). Proteínas são formadas por junções de aminoácidos unidos por ligações peptídicas. A hidrolise mediada pelas enzimas promove a inserção, de novo, de íons hidrogênio e hidroxila, das moléculas de agua, nas moléculas de proteína, para clivá-las em seus aminoácidos constituintes. Na imagem ao lado temos as enzimas nas microvilisodades dos entrócitos, peptidase, aminopeptidases, dipeptidases, que atuam nessa digestão formando aminoácidos, dipeptideos e tripeptideos. QUEM CATALISA A HIDRÓLISE? Enzimas específicas. CONCLUIMOS QUE: O processo químico básico para a digestão é o mesmo: hidrólise. A única diferença é encontrada nos tipos de enzimas necessárias para promover as reações de hidrólise para cada tipo de alimento. DIGESTÃO MECÂNICA: utiliza o movimento. Ocorre na boca quando a gente mastiga o alimento, massera o alimento, quebrando em partículas menores. Ocorre também no estômago, movimentos de propulsão; e no duodeno, nos movimentos de peristalse que vai fazendo a segmentação. DIGESTÃO QUÍMICA: utiliza secreções para a digestão. Acontece na boca, com a amilase salivar; no estômago, com a pepsina; e no duodeno, com enzimas pancreáticas: lipase, por exemplo, e a bile. ONDE COMEÇA A DIGESTÃO? A digestão mecânica e química inicia na boca 2. ALIMENTO NA BOCA Digestão mecânica – mastigação - Mistura do alimento + saliva Amolecer e lubrificar o alimento Início da digestão química do amido – amilase salivar (ptialina) Gustação Defesa (lisosimas) A amilase é produzida pela glândula parótida pois ela é uma glândula serosa, que produz uma secreção fluida e rica em protéinas, a glandula mucosa produz uma secreção rica em muco. A parótida é uma glândula extremamente serosa, não produz muco. É a glândula da caxumba. 3 Renan Lopes Fernandes – MED104 3. ESTÔMAGO Armazenamento Digestão mecânica – movimento de propulsão Digestão química – enzimas digestivas inciam o processo – digestão incompleta das proteínas e pequena quebra do amido – formação do quimo Existe uma protéina chamada colágeno, protéina do tecido conjuntivo, pele firme e vai perdendo o colágeno com o passar da idade, pois são os fibroblastos que produzem o colágeno. O colágeno é uma exceção dessa digestão incompleta das proteínas, quando ingerimos o colágeno, ele chega no estômago e é praticamente todo digerido, quebrado, formando os aminoácidos Pequena digestão de triglicerídeos pela lipase lingual (menor que 10%), produzida pela glândula de Von Ebner, que tem seus ductos nas papilas circunvaladas, jogando seus produtos nessa região, e essa lipase lingual ela acaba limpando os botões gustativos, tirando um pouco a gordura. Controle da quantidade de quimo pelo duodeno Defesa 4. INTESTINO DELGADO Digestão mecânica – movimentos propulsivos segmentares Digestão química – secreções intestinais e vindas de outros órgãos Absorção – principalmente a nível das vilosidades intestinais e das microvilosdiades das células cilíndricas. No tubo digestivo, temos algumas modificações da superfície luminal, melhorando o processo absortivo: microvilos, microvilosidades, pregas circulares (diminuir a velocidade do quimo), Criptas de Lieberkuhn.Na imagem ao lado temos as velosidades intestinais, e dentro delas tem um tecido conjuntivo bastante vascularizado, com a presença de um vaso linfático, também chamado de quilífero ou lácteo. A presença desses vasos permite a absorção, e o vaso linfático permite a absorção de gordura. Na imagem ao lado abaixo, temos uma vilosidade e uma cripta, que possui células absortivas. Essas células são os enterócitos que possui microvilos. PORQUE UMA CRIANÇA AO TER CONTATO COM LEITE DA VACA TEVE ALERGIA, MAS QUANDO CRESCE ELA PODE TOMAR? A maioria das crianças, ao nascer, nasce com as vilosidades muito pequenas, curtas, a maior parte do contéudo (como o leite) que passa por essas vilosidades vai ser absorvido pelas células da cripta. Ao ser absorvido pelas células da cripta, essa protéina do leite vai ser absorvido, muitas vezes, na forma maior: dipeptideo e tripeptideo, sem passar pelo processo final da digestão, que acontece nas microvilosidades das vilosidades intestinais. Assim, essas proteínas são absorvidos na forma grande, fazendo com que elas sejam reconhecidas pelo sistema imunológico, que fica no tecido conjuntivo, desenvolvendo uma reação alérgica. A medida que as crianças se desenvolvem, vilosidades crescem e atinge o tamanho normal, fazendo com que a cripta fique bem fechada, fazendo com que a maioria das proteínas que vão ser absorvidas, passem por um processo final de digestão, e sejam absorvidas na sua forma menor, como um aminoácido por exemplo. 4 Renan Lopes Fernandes – MED104 5. DIGESTÃO PELAS SECREÇÕES QUE CHEGAM NA LUZ INTESTINAL Fígado + Pâncreas + intestino delgado = mais de 3 litros de secreções Enzimas digestivas – pâncreas e epitélio intestinal (borda em escova) Bile – produzida pelo fígado, armazenada na vesícula biliar. Não contem enzimas. Digestão de gorduras Bicarbonato – A maioriavem do pâncreas. Neutralizar o quimo ácido. Outras secreções, como o muco, não participam da digestão 6. BILE Produzida pelos hepatócitos Composta por: 1. Sais biliares – facilitam a digestão enzimática de gorduras; 2. Pigmentos biliares – como a bilirrubina (produto residual da degradação da hemoglobina) 3. Colesterol 4. Outros (fármacos) Chega ao duodeno através do ducto colédoco. Os sais biliares emulsificam as gorduras mas, não são absorvidos São recaptados pelos hepatócitos que os secretam novamente 7. DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS 7.1. Carboidratos – Resumo do slide Digestão do amido – inicia na boca – amilase salivar No estômago a amilase é desnaturada pela acidez No duodeno – amilase pancreática retoma a digestão do amido Amido – maltose Maltose e outros dissacarídeos – quebrados pelas dissacaridases (maltase, sacarase e lactase) localizadas na borda em escova. Produto final = glicose, galactose e frutose – absorvidos utilizando o simporte Na/glicose, transportador basolateral GLUT2 e GLUT5. 7.2. Carboidratos da Dieta Alimentar Existem apenas 3 fontes principais de carboidratos na dieta humana: Sacarose, Lactose e Amidos. Em menor quantidade: Amilose, glicogênio, álcool, ácido lático, ácido pirúvico, pectinas, dextrinas e derivados de carboidratos da carne. A dieta contem ainda grande quantidade de celulose, que é carboidrato, porem não temos nenhuma enzima capaz de hidrolisar a celulose, não podendo portanto ser considerada alimento para os seres humanos. 7.3. Digestão de Carboidratos na Boca e no Estômago Quando o alimento é mastigado, ele se mistura com a saliva, contendo a enzima digestiva Ptialina, secretada em sua maior parte pelas glândulas parótidas, e hidrolisa o amido em maltose, porém apenas 5% do alimento teria sido hidrolisado até a deglutição. A digestão do amido continua no fundo e corpo do estômago por até 1 hora, antes do alimento ser misturado as secreções gástricas, momento em que a atividade da amilase salivar é bloqueada (inativada) pelo ácido das secreções gastricas (pH menor que 4). Contudo, em media, antes do alimento e da saliva estarem completamente misturados com as secreções gastricas, cerca de 40% dos amidos foram hidrolisados em maltose. 5 Renan Lopes Fernandes – MED104 7.4. Digestão de Carboidratos no Intestino Delgado Digestão por Amilase Pancreática A secreção pancreática possui grande quantidade de amilase, semelhante a encontrada na saliva, porém muito mais potente. Assim, 15 a 30 min após o quimo ser transferido ao estômago e se misturar com o suco pancreatico, praticamente todos os carboidratos serão digeridos. Hidrólise de Dissacarídeos e de Pequenos Polímeros de Glicose em Monossacarídeos por Enzimas do Epitélio Intestinal Enzimas presentes no enterócitos das vilosidades intestinais possuem quatro enzimas (lactase, sacarose, maltase e a- dextrinase) capazes de clivar dissacarídeos. Todos tem como produto final a glicose. Os produtos finais da digestão dos carboidratos são todos os monossacarídeos hidrossolúveis absorvidos imediatamente para o sangue porta. 7.5. Resumo de digestão de carboidratos 7.6. Intolerância a lactose Na borda em escova – lactase Paramos de produzí-la, exceto alguns indivíduos de origem europeia Redução da ação da lactase = intolerância a lactose 6 Renan Lopes Fernandes – MED104 8. DIGESTÃO DE PROTEÍNAS 8.1. Proteínas – Resumo do slide Algumas proteínas são mais digeríveis e outras menos: as vegetais são menos digeríveis; e a protéina do ovo está entre as mais digeríveis. CURIOSIDADE: 30 a 60% das proteínas encontradas no lúmen intestinal não são provenientes do alimento ingerido mas de células mortas e de proteínas secretadas. Enzimas para a digestão de proteínas: 1. ENDOPEPTIDASES: são as proteases. Quebram as ligações peptídicas. São secretadas na forma inativa pelo estômago, pâncreas e intestino. Se tornam ativas no lúmen. 2. EXOPEPTIDASES: liberam os aminoácidos livres de dipeptídeos. Exemplos: aminopeptidases e as carboxipeptidase. Estômago – digestão parcial pela pepsina (#colágeno) Intestino delgado (duodeno e jejuno) – digestão parcial pelas: - Enzimas pancreáticas: tripsina, quimotripsina, carboxipolipeptidase e proelastase - Enzimas localizadas na membrana do enterócito – peptidases (aminopolopeptidases e dipeptidases). São cadeias de aminoácidos conectados por ligações peptídicas, determinadas pela sequência dos mesmos. 8.2. Digestão das Proteínas no Estômago A Pepsina, enzima péptica mais ativa em pH 2,0 ou 3,0, ou seja, atua em meio ácido. Glândulas gástricas secretam HCl (células parietais, oxínticas), que proporciona essa acidez. A pepsina é capaz de digerir o colágeno, tecido conjuntivo celular das carnes, que é pouco afetado por outras enzimas digestivas. Assim, para que outras enzimas possam digerir as proteínas, é preciso primeiro que as fibras de colágeno sejam digeridas. Consequentemente em pessoas que não produzem pepsina nos sucos gástricos, a carne ingerida é mal digerida. A pepsina apenas inicia o processo de digestão das proteínas, promovendo um total de 10% a 20% do total da digestão, convertendo-as em próteoses, peptonas e outros polipeptideos. 8.3. A Maior Parte da Digestão de Proteínas Resulta das Ações das Enzimas Proteolíticas Pancreáticas A maior parte da digestão das proteínas ocorre no intestino delgado pelas enzimas da secreção pancreática ou enzimas proteolíticas pancreáticas (tripsina, quimiotripsina, carboxipolipeptidase, e proelastase), resultando em polipeptideos e aminoacidos. Apenas pequena porcentagem das proteínas é digerida completamente, até seus aminoácidos constituintes pelos sucos pancreáticos. A maioria é digerida até dipeptídeos e tripeptídeos. 7 Renan Lopes Fernandes – MED104 8.4. Digestão de Peptídeos por Peptidases nos Enterócitos Que Revestem as Vilosidades do Intestino Delgado A última fase da digestão proteica ocorre no lúmen intestinal pelos enterócitos que revestem as vilosidades, especialmente no duodeno e jejuno. As membranas dessas vilosidades possuem peptidases (aminopolipeptidases e dipeptidases) que entram em contato com os líquidos intestinais. Assim aminoacidos, dipeptideos e tripeptideos são transportados para o interior dos enterócitos. No citosol dos enterócitos outras peptidases específicas digerem os últimos dipeptídeos e tripeptídeos à aminoácidos, que então são transferidos para o sangue. 9. DIGESTÃO DE GORDURAS 9.1. Gorduras – Resumo do Slide Ingerimos – Triglicerídeos e em menor quantidade: colesterol, fosfolipídeos, ácidos graxos e vitaminas lipossolúveis (A,D,E e k). Sais biliares e lecitina quebram estas moléculas em moléculas menores – emulsificação da gordura Lipase pancreática quebra a gordura – monoglicerídeos e ácidos graxos livres Fosfolipases digerem os fosfolipídeos Colesterol não é digerido e é absorvido As gorduras mais abundantes são os triglicerídeos, formado por glicerol e acido graxo. Essas gorduras neutras são os principais constituintes dos alimentos de origem animal, porem raras em alimentos de origem vegetal. Nas dietas usuais também há quantidades de fosfolipídios, ésteres de colesterol, e colesterol (não possui ácidos graxos, mas exibe algumas das características químicas e físicas das groduras, além disso, é derivado das gorduras e metabolizado como elas). 9.2. A Digestão de Gorduras ocorre principalmente no Intestino Delgado Apenas 10% da digestão dos triglicerídeos ocorre no estômago pela lipase lingual, secretada pelas glândulas linguais da boca e deglutida com a saliva, o restante ocorre no intestino delgado. 9.3. A Primeira Etapa na Digestão da Gordura é a Emulsificação por Ácidos Biliares e Lecitina A primeira etapa é a emulsificação de gorduras, que ocorre no duodenosob influência da bile, secreção do fígado que não contém enzimas digestivas, mas que contém grande quantidade de sais biliares, assim como fosfolípidieo lecitina, que fragmenta os glóbulos de gordura em partículas pequenas, para que as enzimas digestivas possam agir na superfície. As porções polares dos sais biliares e das moléculas de lecitina são muito solúveis em água, enquanto quase todas as porções remanescentes de suas moléculas são muito solúveis em gordura. No entanto, as proções solúveis em gordura dessas secreções hepáticas se dissolvem na camada superficial dos glóbulos gordurosos, com as porções polares projetadas. As projeções polares, por sua vez, são solúveis no líquido aquoso circundantes, o que diminui, consideravelmente, a tensão interfacial da gordura e também a torna solúvel. Com essa diminuição da tensão, esse líquido imiscível, sob agitação, pode ser dividido em pequenas partículas. Com a redução do diametro dos glóbulos de gordura, a área superficial total aumenta bastante. As enzimas lipases são compostos hidrossolúveis e podem atacar os glóbulos de gordura apenas em suas superfícies. 8 Renan Lopes Fernandes – MED104 9.4. Os Triglicerídeos São Digeridos pela Lipase Pancreática A enzima mais importante para a digestão dos triglicerídeos é a lipase pancreática, presente no suco pancreático, que digere em 1 minuto todos os triglicerídeos. 9.5. Os Produtos Finais da Digestão de Gordura São Ácidos Graxos Livres A Lipase pancreática hidrolisa os triglicerídeos em ácidos graxos livres e 2-monoglicerídeos. 9.6. Os Sais Biliares Formam Micelas Que Aceleram a Digestão de Gorduras A hidrolise dos triglicerídeos é uma reação muito reversível. Assim, o acumulo de monoglicerideos e ácidos graxos livres na vizinhança impede a continuação da digestão. Com isso, os sais biliares tem o importante papel de remover esses constituintes. Os sais biliares tendem a formar micelas de gordura, que se desenvolvem porque cada molécula de sal biliar é composta por núcleo esterol, muito lipossolúvel e grupo polar muito hidrossolúvel. O núcleo esterol envolve os produtos da digestão das gorduras, formando um pequeno glóbulo de gordura, no meio da micela resultante, com o grupo polar dos sais biliares se projetando para fora. As micelas também funcionam como meios de transporte, carregando monoglicerídeos e ácidos graxos que serão absorvidos pelo sangue. As micelas livres voltam para o quimo para servirem como transporte. 9.7. Digestão dos Ésteres de Colesterol e dos Fosfolipídios Grande parte do colesterol na dieta está na forma de ésteres de colesterol, que são combinações de colesterol livre e uma molécula de ácido graxo. Os fosfolipidios também contêm acidos graxos nas suas moléculas. Eles são hidrolisados por 2 lipases na secreção pancreática,fosfolipases digerem os fosfolipídeos que liberam ácidos graxos. Aqui as micelas vão fazer o mesmo papel de carregamento dos produtos da digestão. Na verdade, todo colesterol é absorvido devido a presença de micelas. 9.8. ORLISAT Orlistat é um potente inibidor irreversível das lipases gastrintestinais que hidrolisa os triglicerideos no trato gastrointestinal em ácidos graxos livres e monoacilgliceróis, promovendo dessa forma a sua excreção. Por ação do Orlistat sobre as lipases, mais de 30% das gorduras ingeridas na alimentação atravessam o tubo digestivo sem ser digeridas nem absorvidas. 9 Renan Lopes Fernandes – MED104 9.9. Resumo digestão dos lipídeos 10. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ABSORÇÃO GASTROINTESTINAL 10.1. BASES ANATÔMICAS DA ABSORÇÃO A quantidade de líquido absorvido pelos intestinos é de aproximadamente 8 a 9 litros/dias. Isso se deve a soma de 1,5L ingeridos + 7L secretados pelo trato. O estômago apresenta baixa absorção devido as junções celulares e ausência de vilosidades. Apenas algumas poucas substancias, tais como o álcool e alguns fármacos, como a aspirina, são absorvidos em pequenas quantidades. As Pregas de Kerckring, Vilosidades e Microvilosidades Aumentam a Área de Absorção da Mucosa por Quase 1.000 Vezes A mucosa do intestino delgado possui pregas denominadas válvulas coniventes/pregas de kerkring que aumentam a superfície absortiva em até 3 vezes. Além disso, possui vilosidades que aumentam essa absorção em até 10 vezes e a borda em escova da célula epitelial, com seus microvilos, aumenta a área superficial em até 20 vezes. 10.2. ABSORÇÃO NO INTESTINO DELGADO Possui uma grande capacidade absortiva, maior que a usual. O intestino grosso pode absorver ainda mais água e íons, porém poucos nutrientes. 10 Renan Lopes Fernandes – MED104 10.3. ABSORÇÃO ISOSMÓTICA DE ÁGUA A água é transportada para membrana por meio de difusão. Quando o quimo está bem diluído, a mucosa absorve por osmose, pelo sangue das milosidades. A água também pode ir do plasma para o quimo, principalmente em casos de soluções hiperosmóticas do estômago para o duodeno. 10.4. ABSORÇÃO DE ÍONS O sódio é ativamente transportado através da membrana intestinal O intestino precisa absorver cerca de 25 a 35g por dia. Em casos de diarreia intensa as reservas de sódio podem cair a níveis letais em questões de horas. O sódio tem ainda papel importante na absorção de açúcares e aminoácidos. A absorção é estimulada por transporte ativo de íons das células epiteliais através das membranas basolaterais para os espaços paracelulares. Parte do sódio é absorvido em conjunto através dos cotransportadores, com ions cloreto, aminoácidos, glicose; e atráves do trocador de sódio- hidrogênio. Osmose da Água Ocorre devido ao gradiente osmótico criado pela concentração elevada de íons no espaço paracelular. Aldosterona Intensifica Muito a Absorção de Sódio Durante a desidratação altos níveis de aldosterona são secretados pelos córtices das glândulas adrenais. Dentro de 1 a 3hrs ela provoca mecanismos de absorção de sódio e consequentemente aumenta a absorção de cloreto, água e outras substâncias. Assim a função da aldosterona no trato intestinal é a mesma dos túbulos renais. Absorção de Íons Cloreto no Intestino Delgado Na parte superior do intestino ocorre difusão rápida de cloreto, que se movem pelo gradiente elétrico para acompanhar os íons sódio. Na membrana da borda em escova de partes do íleo e do intestino grosso a absorção de cloreto também ocorre, por meio ode um trocador de cloreto-bicarbonato. O cloreto sai da célula pela membrana basolateral através dos canais de cloreto. Absorção de Íons Bicarbonato no Duodeno e no Jejuno Grande quantidade de íons bicarbonato precisa ser reabsorvida do intestino delgado superior, pois foram secretados para o duodeno tanto na secreção pancreática como na biliar. São absorvidos de forma indireta, a chamada “absorção ativa de íons bicarbonato”. Quando os íons sódio são absorvidos, quantidade moderada de íons hidrogênios é secretada no lúmen intestinal, ocorrendo uma troca. Esses íons hidrogênios se combinam como os íons bicarbonatos formando acido carbônico, que então se dissocia formando agua e dióxido de carbono. a agua permanece como parte do quimio, mas o dióxido de carbono é absorvido pelo sangue e expirado pelos pulmões. 11 Renan Lopes Fernandes – MED104 Secreção de Íons Bicarbonato e Absorção de Íons Cloreto no Íleo e no Intestino Grosso As vilosidades do íleo e toda superfície e do intestino grosso, têm capacidade de secretar íons bicarbonato em troca por íons cloreto, sendo reabsorvidos. Importante pois provém bicarbonato para neutralizar ácido formado pelas bactérias intestinais. Absorção Ativa de Cálcio, Ferro, Potássio, Magnésio e Fosfato. São absorvidos no duodeno e na mucosa intestinal nas quantidade necessárias para suprir as demandas corporais. 10.5. ABSORÇÃO DE NUTRIENTES Os Carboidratos São Absorvidos, em Sua Maior Parte, como Monossacarídeos80% são absorvidos em forma de glicose e 20% de galactose e frutose, por meio de transporte ativo secundário. Somente pequena fração é absorvida como dissacarídeos. A Glicose É Transportada por Mecanismo de Cotransporte com o Sódio Na ausência do transporte de sódio, através da membrana intestinal, quase nenhuma glicose é absorvida, uma vez que a absorção de glicose ocorre por processo de cotransporte com o sódio. Existem dois estágios no transporte de sódio através da membrana intstinal. O primeiro é o transporte ativo de íons sódio pelas membranas basolaterais das células epiteliais intestinais para o líquido intersticial, que reduz a concentração de sódio nas células epiteliais. Em segundo lugar, essa diferença de concentração promove o fluxo de sódio do lúmen intetinal através da borda em escova das células epiteliais para o interior da célula, por processo de transporte ativo secundário. Durante o transporte ativo de sódio, ele se liga a uma proteína transportadora que se ligará a glicose, levando para dentro da célula. Por isso, na ausência de transporte de sódio quase nenhuma glicose é absorvida. Destacando a importância da bomba Na +-K+, que proporciona a força motriz para mover a glicose também através das membranas. Absorção de Outros Monossacarídeos A galactose também é absorvida por transporte ativo secundário, igual a glicose. Frutose no entanto, será transportada por difusão facilitada, e no interior da célula será convertida em glicose. A intensidade do transporte da frutose é de cerca da metade da intensidade do transporte da glicose ou de galactose. 12 Renan Lopes Fernandes – MED104 Absorção de Proteínas na Forma de Dipeptídeos, Tripeptídeos ou Aminoácidos Após a digestão, as proteínas são absorvidas pelo epitélio intestinal na forma de dipeptídeos, tripeptídeos e alguns aminoácidos livres, e a energia para esse transporte provém de um mecanismo de cotransporte com o sódio, ou H+, semelhante a glicose com o sódio. Os peptídeos ou aminoácidos se ligam as membranas da microvilosidades por meio de uma proteínas específica, necessitando da ligação com o sódio, ocorrendo assim o transporte ativo secundário ou cotransporte de aminoácidos e peptídeos. Alguns aminoácidos nao usam o mecanismo de cotransporte com o sódio, sendo transportados por proteínas transportadoras especiais, do mesmo modo que a frutose é transportada por difusão facilitada. Dentro da célula, alguns são digeridos, outros não. Seguem para a circulação. Como é um cotransporte de sódio, sempre precisa ter funcionando a bomba de sódio e potássio para ter um gradiente de concentração, ou seja a concentração de sódio pequena dentro da célula. Absorção de Gorduras Após serem digeridas e formarem monoglicerídeos e ácidos graxos livres, serão incorporadas nas micelas de sais biliares, facilitando sua solubilidade no quimo. Essas micelas permitem que os produtos da digestão dos lipídeos sejam absorvidos nas membranas das células epiteliais, indo para o REL, sendo usados para formar quilomicrons. Após exercerem sua função carregadora, as micelas, permanecem no quimo para serem reutilizadas. Absorção Direta de Ácidos Graxos pelo Sangue Porta Pequenas quantidades de ácidos graxos de cadeias curta e média, podem ser absorvidos diretamente pelo sangue porta, devido suas cadeias serem mais hidrossolúveis, os levando diretamente para os capilares das vilosidades intestinais, em vez de serem convertidos em triglicerídeos e transferidos para a linfa. Absorção das gorduras – Resumo do Slide - Algumas absorvidas por difusão simples através da membrana do enterócito para dentro da célula; - Colesterol – ezetimibe - Dentro da célula – REL – formam os triglicerídeos – combinam com o colesterol e proteínas e, formam os quilomícrons – armazenados no Complexo de Golgi e secretados por exocitose – chegam aos linfáticos – passam para o sistema venoso. EZETIMIBA: medicamento que bloqueava uma proteína transportadora de colesterol, logo concluiu que o colesterol precisa de uma protéina para ser transportado. 13 Renan Lopes Fernandes – MED104 Absorção de vitaminas e minerais - Vitaminas lipossolúveis – absorvidas com a gordura - Vitaminas hidrossolúveis (C, complexo B) – transporte mediado - Vitamina B12, absorvida no íleo na presença do fator intrínseco - Relação com os inibidores da bomba de prótons, ajuda na formação do HCl. - Minerais – transporte ativo Absorção de íons e água - Maior parte da água é absorvida pelo intestino delgado e parte, no intestino grosso (cólon proximal ou cólon absortivo). - A absorção de nutrientes e íons cria um gradiente osmótico para a absorção de água. 11. ABSORÇÃO NO INTESTINO GROSSO:FORMAÇÃO DE FEZES Cerca de 1.500 mililitros de quimio passam, normalmente, pela válvula ileocecal para o intestino grosso a cada dia. A maior parte da água e eletrólitos nesse quimio são absorvidos no cólon, juntamente com os íons, restando aproximadamente 100mL que será excretado nas fezes. A metade proximal do cólon é responsável pela maior parte dessa absorção, ao passo que a parte distal tem como função principal o armazenamento das fezes. Absorção e Secreção de Eletrólitos e Água A mucosa do intestino grosso absorve sódio e essa absorção gera um potencial elétrico que promove a absorção de cloreto. A aldosterona atua no aumento do transporte de sódio, que por consequência cria um gradiente osmótico, absorvendo água juntamente. Na porção distal, ocorre secreção de bicarbonato( neutraliza acidez causada por bactérias no IG), simultaneamente à absorção de cloreto. A absorção de sódio e cloreto cria um gradiente osmótico que leva a absorção de água. O Intestino Grosso possui complexos juncionais menos permeáveis, evitando a retrodifusão de íons, permitindo que a mucosa do intestino grosso absorva íons sódios contra um gradiente de concentração muito maior, diferente do que ocorre no intestino delgado. Isso é especialmente verdadeiro na presença de aldosterona, porque o hormônio intensifica bastante a capacidade de transporte de sódio. Capacidade de Absorção Máxima do Intestino Grosso Pode absorver no máximo de 5 a 8 litros de líquidos e eletrólitos por dia, quando esse limite é ultrapassado causa diarreia. Algumas infecções bacterianas, como a cólera podem gerar esse efeito. Ação Bacteriana no Cólon Auxiliam digerir celulose para aumentar o ganho energético e forma substâncias como vitaminas K, B12, Tiamina, Riboflavina e gases. A vitamina k formada pela atividade bacteriana é especialmente importante para manter a coagulação sanguínea adequada. Composição das Fezes ¾ de Água ¼ de Meterial Sólido Bactérias mortas, gordura, matéria inorgânica, proteínas e restos indigeridos de alimentos. Cor marrom é causada pela estercobilina e urobilina, odor vem de produtos da ação bacteriana e depende do tipo de alimentação consumida. 14 Renan Lopes Fernandes – MED104 12. PARECE SIMPLES DIGERIR E ABSORVER OS ALIMENTOS! 1- Evitar a autodigestão: no estômago temos uma camada mucosa, muco visível, não é digerido pelas enzimas digestivas, produzido pela célula cilíndrica de revestimento, absortiva. 2- Balanço de massa: ingerimos em média 2 litros de líquido por dia, e secretamos em média 7 litros. Precisa ter um balanço, ou seja uma absorção de água no intestino delgado e no grosso para ter esse equilíbrio, evitando a desidratação. Uma diarreia pode matar uma pessoa pois reduz a volemia, o volume sanguíneo, choque circulatório, pressão descontrolada. 3- Defesa: ácido, enzimas, tecido linfoide ( no íleo denomina placas de peyer)
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