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FARMACODERMIAS ERUPÇÃO FIXA Caracterizada pela recidiva sempre no mesmo local (lesões em outros locais podem aparecer) Mancha vermelho-azulada, redonda ou oval, com limites nítidos • Pode ser purpúrica, urticada ou bolhosa em formas graves; há prurido e sensação de queimação • Eritema esmaece aos poucos → tonalidade castanha devido a melanina, desaparece em poucas semanas • Reexposição à droga responsável → recidiva → pigmentação pode ser permanente Locais mais acometidos: palmas, plantas e mucosas Drogas mais frequentes: analgésicos- antipiréticos (ex: dipirona), sulfas, tetraciclinas, dacarbazina, etc. Patogênese Droga atua como hapteno → liberação de citocinas (TNF-a) → migração de linfócitos CD4+ e CD8+ para área da lesão. Diagnóstico História + clínica Histopatológico: dermatite de interface com intensa vacuolização da camada basal (às vezes com clicavem dermoepidérmica). Presença de queratinócitos apoptóticos e, na derme, infiltrado inflamatório linfocitário perivascular com neutrófilo. Pode haver eosinófilos e derrame pigmentar. Tratamento Não é necessário tratamento, exceto se houver infecção (usa-se creme antisséptico). Importante: suspender medicação causadora da doença EXANTEMA AGUDO Forma mais comum de farmacodermia • Pode ser mobiliforme ou escarlatiniforme • Associado ou não a sintomas gerais (febre, artralgia e cefaleia). • Quadro súbito (cerca de oito dias após o início do uso da droga) • Pode acontecer após 1 a 2 semanas da interrupção da droga → difícil diagnóstico Patogênese Reações de hipersensibilidade tardia mediada por linfócitos T Droga/metabólito atuam como haptenos → apresentada pelas células apresentadoras de antígeno aos linfócitos T → liberação de citocinas → exantema Drogas responsáveis mais frequentes: Sulfas, diuréticos, antibióticos, drogas de uso neuropsiquiátrico, analgésicos, anti- inflamatórios, etc. Diagnóstico História + clínica Histopatológico: leve hiperplasia da epiderme com espongiose e exocitose de linfócitos e neutrófilos. Vacuolização da camada basal e raros queratinócitos apoptóticos. Na derme, há infiltrado inflamatório perivascular linfocitário com neutrófilos e eosinófilos. Diagnóstico diferencial: exantemas infecciosos (sarampo, rubéola e escarlatina). ERITEMA POLIMORFO Síndrome de hipersensibilidade, frequentemente recorrente. Aparecimento súbito de lesões eritematovesicobolhosas na pele e/ou nas mucosas. Máculas e placas eritematosas, violáceas, purpúricas, anulares ou circulares • Atividade periférica, centro purpúrico, anulares concêntricas e de várias tonalidades • Centro: vesículas e bolhas • Simétrico • Lesões em alvo: bordas elevadas e de contorno avermelhado, com centro deprimido e mais escuro • Lesão em íris: placa avermelhada centrada por vesícula ou bolha. Patogênese Virais: herpes-vírus (causa mais frequente), mononucleose, HIV, paropoxvírus, varicela, hepatite B, sarampom parotidite, vacinas, etc Drogas: analgésicos e AINES, antibióticos, barbitúricos e outros. Bacterioses: a mais importante é o Mycoplasma pneumoniae (principalmente em crianças). Micoses Outros: paraneoplasia Diagnóstico Histopatologia: necrose de queratinócitos por apoptose. Edema na derme papilar, com formação de vesicobolhas. Extravasamento de hemácias. Diagnóstico diferencial: urticária, eczema numular, pênfigo, penfigoides, dermatite herpetiforme, dermatose bolhosa por IgA linear, herpes gestacional e dermatose bolhosa crônica da infância. Tratamento Tópico: água boricada (casos discretos com áreas erosivas); creme com corticoide ou com asssociação de corticoide e antibiótico. Sistêmico: eliminar sempre os fármacos suspeitos • Prurido: antihistamínicos • Corticoide oral ou intramuscular • Talidomida • Suspeita de etiologia herpética: aciclovir • Origem bacteriana: eritromicina ou cefalosporina. Não usar penicilina, ampicilina ou sulfas devido ao risco de reações de hipersensibilidade. NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA E SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON NET e SSJ podem estar dentro do espectro de gravidade da mesma doença, sendo a primeira a mais grave. • 2x mais frequente em mulheres e ocorre mais em adultos • Não é recorrente, exceto com reexposição do medicamento → quadro mais grave. Patogênese Drogas são as principais causas (SSJ >50% e NET 80-95%); podem ocorrer de até um mês após exposição • Drogas mais comuns: Sulfonamidas, anticonvulsivantes AINES. • Carbamazebina é o anticonvulsivante mais frequente • Hidantoína é a causa mais frequente de NET em crianças • Fatores de risco: acetiladores lentos, raio X, radiação UV, colagenoses, neoplasias e HIV. Agentes infecciosos: Mycoplasma pneumoniae!! Predisposição genética Associação genética entre os HLA e droga específica → isso ativa os linfócitos TCD8+ → liberação de citocinas → necrose cutânea por apoptose. Quadro clínico Sintomas inespecíficos e influenza-símile precedem o acometimento cutâneo-mucoso. Lesões mucosas: precedem ou ocorrem simultaneamente. Mucosa bucal e lábios quase sempre comprometidos → erosões dolorosas e salivação intensa • Lábios recobertos por crostas hemáticas que podem invadir outros tecidos • Acometimento ocular agudo é muito comum e não tem correlação com a gravidade do acometimento cutâneo Lesões cutâneas: evolui em 2-3 dias, às vezes em horas ou até uma semana Máculas eritematosas ou eritematopupúricas de tamanho e forma irregulares, que pode confluir e fomar extensas áreas de eritema → bolhas → descolamento cutâneo Complicações • Pode haver falências orgânicas decorrentes da perda do manto cutânea • Alteração do balanço hidroeletrolítico → hipovolemia e insuficiencia renal • Destruição da barreira cutânea → infecções • Alteração na termorregulação → febre e calafrios • Acometimento gastrointestinal → erosões esofágicas e sangramento • Aumento das aminotransferases → hepatite • Pancreatite aguda • Alterações hematológicas são frequentes!! o Anemia, linfopenia (queda de linfócitos TCD4+), neutropenia e trompocitopenia; e coagulação intravascular disseminada. Diagnóstico Clínico! → comprometimento do estado geral, febre, intenso ardor cutâneo e grave acometimento mucoso. • Descolamento na NET é maior do que na SSJ Histopatológico: extensa necrose epidérmica; necrose eosinofílica em camadas basais com clivagem dermoepidérmica. Epiderme pode se descolar da derme. Infiltrado inflamatório mononuclear na papila dérmica com exocitose para epiderme. Tratamento • Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e suporte calórico • Anticoagulação profilática • Controle da dor e ansiedade • Antibioticoterapia sistêmica • Cuidados oculares • Higienização com sol. salínica isotônica das mucosas bucal e nasal; retirada de crostas; cremes de antibióticos Pele: antissépticos tópicos (não utilizar com sulfas) • Áreas descoladas recobertas com gazes, realizar curativos semi-sintéticos. Terapêutica específica: não há consenso Costicoterapia sistêmica: pode aumentar o tempo de cicatrizar e o risco de sepse, aumentando a moralidade. Mas pode ser eficaz nas primeiras 48h. Ciclosporina: poucos relatos na literatura Imunoglobulina intravenosa: em altas doses pode impedir a progressão da doença