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As elites agrárias e a abolição da escravidão no Brasil
Introdução:
- Modelo de recursos abertos + processo político
- 3 aspectos: 
----- caráter gradual (medidas jurídico-parlamentares)
----- não indenização aos proprietários de escravos
----- importância do poder central (imperador e das camadas urbanas)
- processo político: relação da classe agrária com a política
- modelo teórico (lembrar da Lip. de Domar): 
----- restrito às sociedades agrárias e que tenham a propriedade privada da terra como organização econômica
----- o modelo tem com a disponibilidade /escassez relativa dos fatores de produção, no caso terra/trabalho e a relação entre salário e produtividade. Sendo a origem e a decadência da escravidão explicadas pela relação terra/trabalho.
- em uma condição de concorrência perfeita e abundância de terras não existe a possibilidade de extrair renda apenas por possuir a terra, uma vez que a produtividade média e os salários tendem a se igualar devido à concorrência no mercado de trabalho e a possibilidade do trabalhador se tornar dono da terra. 
- A decadência da escravidão, de acordo com o modelo, é explicada pela reversão na questão de abundância relativa dos fatores ----- uma vez que a terra passa a ser escassa em relação ao trabalho, existe a possibilidade de se extrair renda pela sua posse.
- Agora, o custo de subsistência dos escravos irá ultrapassar sua produtividade MG. Uma redução na quantidade de terras torna menor a produção, tornando insustentável o modelo escravocrata.
- Domar: em uma estrutura agrária, dentre os 3 elementos – terra livre, trabalho livre e grande propriedade agrícola – apenas dois podem coexistir. Qual dos dois dependerá de fatores políticos?
Portanto, o fim da escravidão é uma resposta à escassez relativa de terras, segundo o modelo.
Uma alternativa à escravidão seria a cartelização por parte dos proprietários de terras, impedindo os não sócios de acessarem a terra e a mão de obra.
- Divergências regionais em relação à escravidão:
---- Divisão de elites agrárias :
1 – elites tradicionais no NE
2 – elites escravocratas no Vale do Paraíba
3 – elites progressistas do Oeste Paulista
NE – aumento na concentração de terras, as quais eram inférteis ou mal localizadas (metade do século XIX) 
Mão de obra livre excedente ---- então o excedente produzido era pouco mais que o necessário para a subsistência
O processo de transição do trabalho ocorria de forma gradual. Os proprietários perceberam que trocando escravos por trabalhadores livres era mais fácil de repassar os prejuízos de crises. E com o aumento da população livre, aumenta o preço dos escravos.
Estes fatos deram origem à nova classe de trabalhadores: “moradores de condição”. 
Áreas cafeeiras Centro-Sul – menor desenvolvimento que no NE, devido à posição desvantajosa da região em relação aos mercados consumidores da Europa e a maior importância assumida pela mineração frente às atividades agrícolas.
-Diferente do NE e sua produção de açúcar crescendo indicando não escassez de mdo, onde a economia era caracterizada por um sistema de recursos fechados, a expansão do café no centro-sul foi baseada no trabalho escravo e deu-se em um sistema de recursos abertos.
- o fechamento do tráfico gerou problemas distintos para as regiões: 
No centro-sul ---- gerou diferenciação entre setores latifundiários na zona de fronteira (oeste de Campinas) e a região do Vale do Paraíba, onde o solo e o processo de apropriação de mdo já estavam esgotados quando terminou o tráfico.
- Dificuldades com transporte até 1870 absorveu grande parte dos lucros do café, sendo a ferrovia uma revolução para o setor, aumentando a produção.
 - O processo político da Abolição da Escravatura:
- interesses diferentes na classe latifundiária
- NE indiferente com relação à continuidade da escravidão 
- Área cafeeira do Vale do Paraíba : quadro sócio-econômico muito dependente da escravidão
- Área cafeeira mais nova da Nova Fronteira Paulista: a favor da mdo livre em função da escassez de trabalho
- Fim do Período Colonial: pequena articulação entre os sistemas por causa de um ruim processo de integração territorial, em função do tamanho e da colonização portuguesa que se colocou como intermediador exclusivo nas transações econômicas.
Assim, aparato administrativo é descentralizado. E quanto à manutenção da integridade territorial, só em 1845, com a derrota dos Farrapos, que a crise territorial passou sua fase crítica.
- Dois aspectos relevantes do processo de independência:
----- manutenção no poder de 1 membro da dinastia portuguesa
----- ausência de guerra de libertação, o que não estimulou uma identificação da população como um todo. Assim, o processo de construção do Estado se deu antes da consolidação da nacionalidade.
- Paradoxo: legitimando a escravidão, a autoridade pública abria mão de parte do poder regulador, já que parte da população sai de “cidadão” para “instrumento de propriedade privada”. Então, a expansão das bases de poder do Estado era limitada pela estrutura social do latifundiário escravista. A alternativa adotada no período colonial foi a “criação de poder”, estratégia de state-building.
- Introdução do poder moderador ----- aumenta poder nas disputas políticas
- O processo político: disputa entre conservadores (PC) e liberais (PL). 
- PC ---- defensor dos interesses escravocratas
- PL ---- defende uma emancipação gradual
- Os interesses econômicos da aristocracia cafeeira eram suficientemente fortes para ignorar a lei de 1831 (anti tráfico negreiro). A implementação de medidas efetivas para coibir o tráfico são postas em prática em 1850, devido à iniciativa da marinha britânica. 
- Fim dos anos 60: escravidão condenada no âmbito internacional (guerra civil americana)
- Lei Rio Branco (Ventre Livre) – 1871: filhos de escravos eram declarados livres, mas o senhor podia fazer uso de seu trabalho até 21 anos. Essa lei minou a instituição escravista.
- 1870 ----- ascensão da fração latifundiária dos cafeicultores da nova fronteira paulista ----- consequência : impulso dado à imigração financiada pelo Estado.
- Lei dos Sexagenários: liberdade aos escravos com mais de 60 anos ---- A Nova Elite Cafeicultora passa a ter outra opção de mdo e adota postura abolicionista.
- Lei Áurea (1888) ------ fim da escravidão
- Com o advento da República, a solução federalista viabilizou a reconciliação dos interesses regionais, preservando-se a hegemonia latifundiária.
A Economia BR no Império – 1822-89
- a partir de 1580, BR é o principal produtor de açúcar no mundo, com base na escravidão. No séc XVIII, foi o maior produtor de ouro. E na primeira década do séc XIX, o BR produzia açúcar, algodão e café baseados no trabalho escravo.
- população: de 1822 a 87, a pop escrava foi de 1/3 da pop total p/ aprox 5%. Neste mesmo período, o NE concentrava maior parte da pop, mas o quadro mudou qndo houve grande deslocamento p/ o SE.
- atividade: -- agricultura e regiões: 1822, PIB era resultado predominantemente da agropecuária. No início da déc de 1830, café se tornava o maior produto exportado frente ao açúcar, algodão e fumo. E em 1888, ascensão da borracha. Durante o império houve queda da importância nas exportações do açúcar, algodão e fumo. Café e borracha (mais tarde) ganharam maior importância.
-- indústria: 1° metade do séc XIX marcado pelos importantes custos associados a concessões tanto à antiga metrópole qnto à GB, intermediária natural p/ a legitimação do Novo Regime.
As concessões à GB tiveram maior importância a LP, e seu poder de barganha resultou na renovação dos compromissos em relação à escravidão e à tarifa de importação. – Renovação por 15 anos da tarifa de importação de 15%, gerando grande vulnerabilidade nas fin pub imperiais até 1840. Só em 1845 q foi estabelecida a liberdade na política comercial permitindo aumento da tarifa.
-- mineração: principalmente ouro e diamante. Pico em 1850, declinando lentamente dps. Empresas britânicas fortes na extração de ouro. Exportação foi de 5% p/ 1% de 1840 até 1880 das exportações totais.
--serviços: mta construção de ferrovias de 1870-89. Invest de infra-estrutura estrangeiro. Predomínio do emprego rural (2/3 da PEA).
- fatores de produção:
-- trabalho: - imigração: trab assalariado – até 1850, a imigração mto menor que fluxo de escravos africanos. 1884, pgto de passagens autorizado abre caminho p/ substituição do trab escravo pelo livre europeu; - escravidão – 1° metade séc XIX, 2/3 das importações de escravos eram p/ região cafeeira. Acordo com GB, 1826, p/ tornar o tráfico ilegal em 1830. Durante 20 anos, era “lei p inglês ver”. 1845, iniciativa inglesa p coibir o tráfico BR. 1850, BR decide tornar ilegal o tráfico negreiro. Isso resultou na alta do preço dos escravos e no aumento do tráfico interprovincial. No NE: aumento da mdo livre na produção de açúcar e algodão; exportação interprovincial de escravos p região cafeeira. E em 1870, fim do boom do algodão e dificuldade no açúcar, estimulando venda de escravos p região cafeeira, onde o cultivo do café e açúcar ainda com escravos. Gov impondo aumento nos impostos p importação interprovincial de escravos, estimulando a libertação dos escravos.
-- terra: estrutura fundiária do período colonial, c grandes propriedds, sem grandes alterações no séc XIX.
-- capital: aumento do café gerou demanda por infra-est de exportação (ferrovias, portos). Em um 2° momento, invest em serviços pub (água, gás) dependendo mto do invest estrangeiro, principalmente britânico, c sistema de garantia de tx de retorno, o q aumenta capacidade e a rapidez, etc, mas o custo era, mtas vezes, excessivo em fção da garantia de retorno.
- comércio exterior: as tarifas aumentaram ao longo do império, até 1830 aprox 17%, 1844 c Tarifa Alves Branco entre 25-30% até ’60. Dps volta a aumentar p quase 50% já no final de ’80.
- regime monetário: dps de 1822, BB continuou a emitir cédulas (grande parte do meio circulante). Déc de ’30 marcada pela escassez de moeda, estimulando a expulsão do ouro, prata e cobre da circulação mon, mas volta a cunhagem do ouro em ’40 – período em q preços quase dobram, inflação maior q em ecos desenvolvidas.
Câmbio e preços: alta flutuação do câmbio durante o império. Mínima durante Guerra Paraguai. Apreciação no final do Império, com adesão ao padrão ouro em ’88, mas abandonado com a proclamação da república.
- sistema fin: novo BB em ’53. Bancos privados a partir de ’37. Mtos criados em ’50 c capacidade de emissão. Em ’66, Tesouro Nac assume monopólio emissor. Aumento da importância dos bancos estrangeiros em ’60.
- receita pub: impostos do comércio externo (70% ao final do império). Desvalorização cambial ao longo do império foi ruim aos que importavam e não exportavam. Aos produtores de café, price makers, a desvalorização aumenta a receita, mas o preço do café cai no mercado externo, pois estimulava a desova de estoques. E mta receita Tb da txção interprovincial de escravos.
- despesa pub: gastos militares (guerras Cisplatina ’20 e Paraguai ’30, e operações contra separatistas do Sul ’30). Assim, déficit persistente.
- dívida pub: em libras, foi de 5 p 34 milhões de ’21 – ’89.
- conclusões: -- 1820 PIB = PIB México, em ’90 PIB = ¾ PIB México. – tx crescimento de 0,4% AA, c cresc de 1,5-2% da renda per capita da zona cafeeira após 1850. – 1870, grande seca NE. – produção de café c mdo escrava até 1850, c aceleração da mdo livre em ’80 com o subsídio à importação. – aumento do café e da borracha, mas redução do açúcar, algodão e fumo. – café estimula infra p exportação e processo de urbanização e acompanhado de invest nos serviços pub c invest estrangeiro. – aumento da importância dos EUa enquanto GB perde participação nas importações BR.
Aspectos da Política Eco no BR
- início da republica: boom baseado na expansão mon e no colapso da tx câmbio. Modelo q permitiu novamente o poder da emissão a vários bancos. O problema cambial foi causado pela interrupção do influxo de capital inglês e redução na receita das exportações. Além disso, aumento do crédito, gerando aumento nas importações, pressionando ainda mais o cambio. 
O setor cafeeiro foi beneficiado com essa questão do câmbio, aumento de áreas no Oeste Paulista (câmbio+crédito+imigrantes+desenv ferroviário). Esse crescimento incomodou os grandes produtores, piorando a situação do “período de estagnação” das ecos importadoras de café.
- 1892, auge da crise cambial. Gov concentrou esforços no BP. Gov promoveu contração mon, tirando poder de emissão dos bancos.
- 1895, nova crise cambial controlada por empréstimo inglês. E nova tentativa d processo deflacionário. Gov fazendo aumento tarifário, mas o preço do café já estava caindo mto, dificultando a recuperação do BP.
- 1898, Prudente Morais realizou grande empréstimo p reestruturação. Acordo c banco inglês, London River Bank, Funding Loan: 10 milhões de libras p pagar juros de títulos da dívida BR. Determinações do acordo: pgto a partir de 1911, extensão do imposto sobre consumo utilizando a tarifa-ouro, parte da tarifa-ouro era remetida p Londres (construção de nova reserva de divisas)
Recuperação cambial, mas não do preço do café. O gov interviu no câmbio através da tarifa-ouro, e do controle do Banco da República q controlava a emissão de vales-ouro p Europa.
- 1901, BP mais eq c aumento da qntidd de café exportado e boom da borracha. Saques do Funding Loan cessados e tx de câmbio estabilizada. Mas o gov não interviu no mercado de café, e a recuperação do setor foi pouca, os produtores insuficientes foram eliminados e o câmbio afetou mto os lucros do setor.
-1905, Banco da Rep tornou-se Banco do BR.
Origens e consequências do processo de substituição de importações no Brasil
- Substituição das importações como estratégia para industrialização:
--- surgimento em 1890 como consequência direta da inflação e não influenciada por tarifas protecionistas;
--- Grande Depressão – importante para o aumento da taxa de crescimento e para o aumento da variedade de bens produzidos domesticamente, mas é uma substituição por uma tecnologia inferior.
- Instrumentos de consciência política como tarifas não foram eficazes em incitar a substituição da importação e da industrialização doméstica. A primeira onda industrial no Brasil se deu em decorrência de choques exógenos. Dessa forma, a industrialização brasileira se interpreta não como conduzida pela necessidade do mercado interno, mas sim como compreensão das novas indústrias e dos investimentos estrangeiros e suas oportunidades de lucros, dadas as políticas públicas. 
- Tecidos: 1ª industrialização através da substituição de importação, devido à disponibilidade doméstica de cotton natural. E, ainda, a entrada foi tardia. Assim como a guerra foi também responsável pela produção brasileira de manufaturados, dada a consequente baixa na oferta do setor exterior. Além disso, a depreciação da taxa de câmbio e o crédito à indústria têxtil ajudaram o aumento da produção e até da exportação.
Apogeu e crise na 1ª República: 1900-1930
- Introdução: No fim da 1ª república temos uma dupla transição:
 De uma economia primário-exportadora de café, com regimes cambial e comercial relativamente livres, para uma economia “voltada para dentro” e com controle sobre o comércio exterior;
 De uma plutocracia paulista para uma maior distribuição regional e social (Era Vargas)
- A Era do Ouro (1900-1913): 
--- Melhora da posição externa no governo Rodrigues Alves e aumento na exportação de borracha, boom de investimentos europeus, apreciação cambial forçada por controle monetário da receita líquida de divisas (acordados nas negociações da dívida).
--- Criação de um mecanismo automático de padrão ouro – caixa de conversão (1906) – taxa de câmbio fixa.
--- Empréstimo junto aos bancos de Londres para financiar os estoques de café e garantir estabilidade dos preços.
--- Em 1912: deterioração do BP e dificuldade de novos empréstimos geraram retração da liquidez decorrente das operações do padrão-ouro ---- 1913: crise
- Impacto da 1ª Guerra (1914-1918): aumento na emissão de notas, aliviando a crise de liquidez e a despesagovernamental, Funding Loan, 1914, aliviando o BP.
Estagnação das importações, afetando o equilíbrio fiscal do governo, que cobrava aumento de tarifas sobre as importações.
Governo aumenta impostos e diminui despesas; aumenta emissão de moeda e de títulos de LP. No fim, café, com a geada, teve preço elevado.
- O boom e a recessão do pós-guerra (1919-1922): 
Aumentam os preços das commodities----- aumentam as exportações brasileiras 
Recuperação das importações reprimidas durante a guerra ---- apreciação cambial
Recessão nos países centrais --- diminuição nos preços dos produtos primários ---- diminuição na Balança Comercial brasileira em 1920 ---- recessão e depreciação.
Reação do governo: diminui a velocidade da depreciação cambial; e emissão de títulos; proteção ao café com crédito junto a bancos ingleses; expansão monetária----- aumento de inflação e política fiscal recessiva.
- O boom e a depreciação após o retorno ao padrão-ouro (1927-1930): recuperação econômica graças à política monetária exp. e situação externa favorável com a valorização do café e investimentos estrangeiros.
Política restritiva de crédito em 1929, vinculada ao retorno do padrão-ouro (27-30), a economia caminhou para a recessão. --- diminuição do financiamento externo e aumento da oferta de café ---- diminui preço. Com a Grande Depressão, os preços do café baixam ainda mais, decretando o “golpe de misericórdia” no equilíbrio do BP.

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