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Acessibilidade e Tec- nologias Assistivas 02 1. Conceito de Tecnologia Assistiva 5 Objetivo dos Serviços de Tecnologia Assistiva 9 2. Classificação das Tecnologias Assistivas 13 ISO 9999 13 Classificação HEART 15 Componentes Técnicos 15 Componentes Humanos 17 Componentes Socioeconômicos 17 Classificação Nacional do Departamento de Educação dos Estados Unidos 18 3. Categorias das Tecnologias Assistivas 21 Auxílios para a Vida Diária e Vida Prática 21 CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa 22 Recursos de Acessibilidade ao Computador 22 Sistemas de Controle de Ambiente 23 Projetos Arquitetônicos para Acessibilidade 23 Órteses e Próteses 23 Adequação Postural 24 Auxílios de Mobilidade 24 Ampliação da Função Visual e Informação Tátil 24 Função Auditiva e Recursos de Áudio 25 Mobilidade em Veículos 25 Esporte e Lazer 25 4. Softwares de Acessibilidade 27 Principais Softwares de Tecnologia Assistiva 29 Braille Fácil 29 DOSVOX 30 Hand Talk 30 Access Earth 31 3 5. Sala de Recursos Multifuncionais 33 O Que é e o Que não é Tecnologia Assistiva 37 6. Referências Bibliográficas 40 04 5 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 1. Conceito de Tecnologia Assistiva Fonte: Inclusão Positiva1 e acordo com Costa (2020), Tecnologia Assistiva (TA) ain- da é um termo novo, usado para identificar todos os tipos de recursos e serviços que ajudam a fornecer ou expandir as habilidades funcionais de pessoas com deficiência, promo- vendo assim uma vida independente e inclusão. Em termos gerais, pode- se perceber que o desenvolvimento tecnológico está caminhando em uma direção para tornar a vida cada vez mais fácil. Sem se dar conta, as pessoas utilizam ferramentas espe- 1 Retirado em https://inclusaopositiva.com.br/tecnologia-assistiva cialmente desenvolvidas para pro- mover e simplificar as atividades do dia a dia, como talheres, canetas, computadores, controle remoto, carros, celulares, relógios, uma lista interminável de recursos que foram absorvidos sua rotina, em geral es- sas ferramentas ajudam no desem- penho de importantes tarefas cotidi- anas. Segundo Chiarelli (2020), pa- ra introduzir o conceito de tecnolo- gia assistiva, é importante citar Ra- dabaugh (1993): D 6 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS “Para as pessoas sem deficiên- cia a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiên- cia, a tecnologia torna as coisas possíveis”. Conforme Sardenberg e Maia (2019), a American with Disabilities Act (ADA), define a tecnologia assis- tiva como “uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas funcio- nais encontrados pelos indivíduos com deficiências”. A tecnologia as- sistiva deve ser entendida como uma forma de ajuda, pois irá promover a expansão de competências inade- quadas ou possibilitar o desempe- nho das funções exigidas, sendo di- ficultada pela deficiência ou enve- lhecimento. Portanto, pode-se afir- mar que o principal objetivo da tec- nologia assistiva é proporcionar às pessoas com deficiência maior inde- pendência, qualidade de vida e in- clusão social, ampliando a comuni- cação, a mobilidade, o controlo am- biental, a aprendizagem e as compe- tências para o trabalho. Para autores como Delgado Garcia, Galvão Filho, Santos, Rober- to, Mendes e Ribeiro (2017), no Bra- sil, em 16 de novembro de 2006, a Secretaria Especial de Direitos Hu- manos do Presidente da República (SEDH/PR), instituiu o Comitê de Assistência Técnica (CAT) por meio da Portaria nº 142, que convocou um grupo de especialistas brasilei- ros e representantes de órgãos go- vernamentais, em uma agenda de trabalho. O CAT foi instituído como objetivos principais de: Apresentar propostas de polí- ticas governamentais e parce- rias entre a sociedade civil e órgãos públicos referentes à área de tecnologia assistiva; Estruturar as diretrizes da área de conhecimento; Realizar levantamento dos re- cursos humanos que atual- mente trabalham com o tema; Detectar os centros regionais de referência, objetivando a formação de rede nacional in- tegrada; Estimular nas esferas federal, estadual, municipal, a criação de centros de referência; Propor a criação de cursos na área de tecnologia assistiva, bem como o desenvolvimento de outras ações com o objetivo de formar recursos humanos qualificados e propor a elabo- ração de estudos e pesquisas, relacionados com o tema da tecnologia assistiva. Em consonância com os auto- res Miranda e Galvão Filho (2012), podemos afirmar que a fim de de- senvolver um conceito de tecnologia assistiva para subsidiar as políticas 7 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS públicas brasileiras, os membros do CAT realizaram uma revisão com- pleta do referencial teórico interna- cional e estudaram termos como Ayudas Tecnicas, Ajudas Técnicas, Assistive Tecnology, Tecnologia As- sistiva e Tecnologia de Apoio. A par- tir desse estudo, alguns conceitos de pesquisa foram citados e analisados. De acordo com Galvão Filho e Delgado Garcia (2012), em Portugal, o Secretariado Nacional para a Rea- bilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (SNRIPD) afirma que: “Entende-se por ajudas técni- cas qualquer produto, instru- mento, estratégia, serviço e prá- tica utilizada por pessoas com deficiência e pessoas idosas, es- pecialmente, produzido ou ge- ralmente disponível para pre- venir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, in- capacidade ou desvantagem e melhorar a autonomia e a qua- lidade de vida dos indivíduos”. Segundo Costa (2020), nessa descrição, observa-se a amplitude e abrangência do assunto, envolvendo não apenas o design de produtos, mas também agregando outros atri- butos ao conceito de ajudas técnicas, tais como: estratégias, serviços e práticas que facilitam o desenvolvi- mento de competências para pes- soas com deficiência. Conforme Chiarelli (2020), através de uma comissão de países da União Europeia, foi elaborado um conceito, proposto no documen- to “Empowering Users Through As- sistive Technology” (EUSTAT), que traz incorporado ao conceito da tec- nologia assistiva as várias ações que favorecem a funcionalidade das pes- soas com deficiência afirmando: “...em primeiro lugar, o termo tecnologia não indica apenas objetos físicos, como dispositi- vos ou equipamento, mas antes se refere mais genericamente a produtos, contextos organizaci- onais ou modos de agir, que en- cerram uma série de princípios e componentes técnicos”. Para os autores Sardenberg e Maia (2019), de acordo com Ameri- can with Disabilities (ADA), nos Es- tados Unidos, os documentos de le- gislação apresentam a tecnologia as- sistiva como recursos e serviços, sendo que: “Recursos são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou sistema fabri- cado em série ou sob medida utilizado para aumentar, man- ter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com de- ficiência. Serviços são definidos como aqueles que auxiliam di- retamente uma pessoa com de- ficiência a selecionar, comprar ou usar os recursos acima defi- nidos”. (ADA) 8 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Em consonância com os auto- res Delgado Garcia, Galvão Filho, Santos, Roberto, Mendes e Ribeiro (2017), podemos afirmar que com base nessas e em outras referências, o CAT aprovou o conceito de tecno- logia assistiva brasileira, em 14 de dezembro de 2007: "Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de ca- racterística interdisciplinar, que engloba produtos, recur- sos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objeti- vam promover a funcionali- dade, relacionadaà atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão so- cial". (BRASIL - SDHPR. – Co- mitê de Ajudas Técnicas – ATA VII) De acordo com Miranda e Gal- vão Filho (2012), em nenhum dos conceitos de tecnologia assistiva, tanto nacional quanto internacional, aparecem como objetivo eliminar ou compensar a deficiência, no que diz respeito à condição do corpo. O foco desses documentos é ampliar ou ad- quirir as competências para a reali- zação das atividades previstas e, as- sim, garantir a participação social das pessoas com deficiência. Esses documentos nacionais e internacio- nais, mostram uma compreensão abrangente do conceito, enquanto a tecnologia assistiva é entendida como a conversão do conhecimento em tecnologias, procedimentos, mé- todos ou recursos específicos, a fim de buscar expandir ou disponibilizar o desempenho das atividades neces- sárias e previstas por uma pessoa com deficiência ou incapacidade. Segundo Galvão Filho e Del- gado Garcia (2012), é importante le- var em consideração que o conceito do Desenho Universal esteve pre- sente em vários textos estudados para criar um conceito de tecnologia assistiva, sendo discutido juntamen- te com o tema. De acordo com o De- creto n° 5.296 de 2004: “Desenho Universal: concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultanea- mente todas as pessoas, com di- ferentes características antro- pométricas e sensoriais, de for- ma autônoma, segura e confor- tável, constituindo-se nos ele- mentos ou soluções que com- põem a acessibilidade.” (BRA- SIL, 2004) Conforme Costa (2020), os modelos de Sistemas de Prestação de Serviços (SPS) em tecnologia as- sistiva e a rede interdisciplinar en- volvida nesta prática é outro tema crucial. Quanto aos modelos de ser- viços, verifica-se que em países onde as organizações de serviços de tec- nologia assistiva existem há muito 9 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS tempo, como em vários países euro- peus e norte-americanos, há uma tendência de revisão e mudança de paradigma, que não utiliza mais o modelo médico, baseados em défi- cits pessoais e prescrições específi- cas de recursos de tecnologia assis- tiva para uso em modelos sociais, tecnológicos e ecológicos. O desen- volvimento de soluções tecnológicas que avaliam o conhecimento do usu- ário, suas necessidades e o ambiente no qual a tecnologia é aplicada, aju- da o usuário a se adaptar e desfrutar verdadeiramente da tecnologia que atende as suas necessidades e expec- tativas. Sendo assim, o conheci- mento tecnológico social, pode ser entendido como um conjunto de téc- nicas e metodologias transformado- ras, desenvolvidas e aplicadas para interagir com a população, e ade- quadamente utilizadas por ela, re- presentando soluções de inclusão social e melhoria das condições de vida, que podem ajudar a estabele- cer modelos para serviços e projetos de desenvolvimento tecnológico em nosso país. Para Chiarelli (2020), conclui- se então que as bases para formar o conceito de Tecnologia Assistiva adotadas pelo CAT são: Área do conhecimento; Interdisciplinaridade; Objetivos - promover a funcio- nalidade (atividade, participa- ção) de pessoas com deficiên- cia, mobilidade reduzida ou idosas, visando sua autono- mia, independência, qualida- de de vida e inclusão social; Composição produtos, recur- sos, estratégias, práticas, pro- cessos, métodos e serviços; Considerar os princípios do Desenho Universal e da Tec- nologia Social. Objetivo dos Serviços de Tecnologia Assistiva Em consonância com os auto- res Sardenberg e Maia (2019), pode- mos afirmar que a organização dos serviços de tecnologia assistiva é di- recionada e visa desenvolver medi- das práticas para garantir ao má- ximo que as pessoas com deficiência possam obter os resultados funcio- nais esperados ao usar tecnologias apropriadas, que incluem: Avaliação individualizada para seleção de recursos apropria- dos; Apoio e orientações legais para concessão da TA; Coordenação da utilização da TA com serviços de reabilita- ção, educação e formação para o trabalho; Formação de usuários para co- nhecimento e uso da TA; 10 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Assistência técnica; Pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. De acordo com Delgado Gar- cia, Galvão Filho, Santos, Roberto, Mendes e Ribeiro (2017), mesmo que o equipamento seja indicado corretamente e a sua habilidade de uso seja alcançada, os usuários ge- ralmente o abandonam por vários motivos. Certos fatores podem estar relacionados a uma maior chance de usar a tecnologia assistiva com su- cesso, e esses fatores estão relacio- nados com: O fabricante - tipos de produ- tos comercialmente disponí- veis no mercado; requisitos de projeto que atenda às necessi- dades individuais, expectati- vas e funcionalidades; testes e avaliações feitas com diversas categorias de usuários, duran- te o projeto; critérios de utili- dade, eficiência, segurança, durabilidade, estética adequa- da e preço realista; compreen- são das condições em que seu projeto vai ser utilizado; O usuário - iniciativa, reco- nhecimento da necessidade de TA, busca ativa da ampliação de suas atividades funcionais, conhecimento dos próprios di- reitos, informação sobre as po- tencialidades da TA; uso da TA dentro de um projeto de vida e não apenas como mecanismo compensatório; O cuidador - identificação e avaliação das necessidades, capacidades e limitações reais do usuário; observação e co- nhecimento das atividades e contextos reais de uso; conhe- cimento da satisfação e con- forto do usuário com a TA uti- lizada; O profissional e prestadores de serviços de TA - identificação e avaliação das necessidades, capacidades e limitações reais do usuário; observação e co- nhecimento das atividades em situações reais de vida do usu- ário; busca de compatibilidade entre tecnologias; considera- ção das opiniões e preferências do usuário bem como dos va- lores culturais e familiares en- volvidos; seguimento adequa- do do usuário, com foco na avaliação da satisfação e con- forto do usuário com a TA uti- lizada. Segundo Miranda e Galvão Fi- lho (2012), o sucesso de qualquer projeto, prescrição ou uso de TA de- pende de ações abrangentes e com- plementares de múltiplos campos do conhecimento com um objetivo final comum, ou seja, atender às ne- cessidades dos usuários com defici- ência em todos os aspectos da sua atuação pessoal, doméstica e comu- nitária. Nesse caso, os usuários de- vem ser tratados e estimulados a se 11 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS tornarem consumidores conscien- tes. Atualmente, a mudança do mo- delo médico para um modelo biopsi- cossocial, que ocorreu nas organiza- ções de serviços em tecnologia assis- tiva, aponta para a evolução do con- ceito e do entendimento prático do que é a TA. Conforme Galvão Filho e Del- gado Garcia (2012), os serviços de tecnologia assistiva, vão além de ha- bilitar ferramentas específicas para obter funcionalidade e, em alguns casos, esses serviços não estão rela- cionados a nenhuma ferramenta. Pertence a este grupo o desenvolvi- mento de habilidades específicas, por exemplo, aquelas que realizam a maior parte das tarefas domésticas diárias por pessoas com deficiência visual e por pessoas sem funcionali- dade dos membros superiores, bem como métodos de divulgação e boas práticas que auxiliam no desempe- nho dessas tarefas. Os fatores huma- nos que afetam a satisfação e o con- forto dos usuários com a tecnologia assistiva são inerentemente comple- xos e multifatoriais. Pressupostos mal fundamentados ou sem base na realidade dos diversos usuários,comprometem o sucesso do projeto e uso da tecnologia assistiva. Portan- to, a inclusão dos usuários durante o projeto, o planejamento estratégico, a validação de protótipos e a avalia- ção do produto final e seus aperfei- çoamentos, é necessária e importan- te para o sucesso da tecnologia assis- tiva. 13 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 2. Classificação das Tecnologias Assistivas Fonte: Casa de Repouso2 ara Costa (2020), com base nos estudos sobre classificação de tecnologia assistiva, são utiliza- das três referências importantes, que apresentam diferentes pontos focais de organização e aplicação: ISO 9999; Classificação Horizontal Euro- pean Activities in Rehabilita- tion Technology - HEART; Classificação Nacional de Tec- nologia Assistiva, do Instituto Nacional de Pesquisas em De- ficiências e Reabilitação, dos Programas da Secretaria de Educação Especial, Departa- mento de Educação dos Esta- dos Unidos. 2 Retirado em https://casaderepousoemsaopaulo.com ISO 9999 Em consonância com o autor Chiarelli (2020), podemos afirmar que a classificação ISO 9999 é am- plamente utilizada em bancos de da- dos e catálogos em muitos países e regiões, com foco especial nos recur- sos, que são organizados em catego- rias e podem ser divididas em itens de produtos. A ISO - International Organization for Standardization (Associação Internacional de Nor- malização) é uma federação mundial composta por associações nacionais. O trabalho de formulação de normas P 14 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS internacionais é geralmente reali- zado por comitês técnicos da ISO. Todo representante interessado em um assunto sobre o qual o comitê técnico foi constituído tem o direito de ser representado naquele comitê. Organizações internacionais, gover- namentais e não governamentais também cooperaram com a ISO e participam do desenvolvimento de normas. A principal tarefa dos comi- tês técnicos é preparar as normas in- ternacionais. Os projetos de normas internacionais preparados pelos co- mitês são distribuídos entre os membros para votação, e para ser publicada, uma norma internacional requer aprovação de pelo menos 75% de votos. De acordo com Sardenberg e Maia (2019), a ISO 9999: 2007 - Produtos assistivos para pessoas com deficiência - Classificação e Ter- minologia, publicada em 1º de março de 2007, é a quarta edição desta norma. Neste documento, os produtos assistivos (incluindo sof- tware) são classificados por função. Esta classificação inclui três níveis hierárquicos e seus respectivos códi- gos. Tal como acontece com outras classificações, códigos, títulos, notas explicativas, inclusões, exclusões e referências cruzadas são fornecidos para cada nível. Além do texto expli- cativo e da própria classificação, é fornecida uma tabela de conversão e índice alfabético entre a versão ante- rior (2002) e a versão mais recente (2007) desta norma para facilitar o uso desta norma e o acesso a essa classificação. Segundo Delgado Garcia, Gal- vão Filho, Santos, Roberto, Mendes e Ribeiro (2017), a ISO 9999: 2007 visa estabelecer uma classificação de produtos assistivos produzidos es- pecificamente para pessoas com de- ficiência ou geralmente fornecidos para pessoas com deficiência. Esta categoria também inclui produtos assistivos que requerem a ajuda de terceiros para operar. A classificação é baseada na função do produto clas- sificado. Conforme enfatizado em seu escopo, os seguintes itens são expressamente excluídos desta Nor- ma: Itens utilizados para a instala- ção dos produtos assistivos; Soluções obtidas pela combi- nação de produtos assistivos que, isoladamente, estão clas- sificados nesta Norma Inter- nacional; Medicamentos; Produtos e instrumentos as- sistivos utilizados exclusiva- mente por profissionais de serviços de saúde; Soluções não-técnicas, tais co- mo auxilio pessoal, cães-guia ou leitura labial; Implantes; Apoio financeiro. 15 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Conforme Miranda e Galvão Filho (2012), a classificação é divi- dida em três níveis distintos: classe, subclasse e informações detalhadas da classificação, com explicação e re- ferência. O primeiro nível mais geral de classificação tem onze classes de produtos assistivos, respectivamen- te, para: Tratamento médico pessoal; Treinamento de habilidades; Órteses e próteses; Proteção e cuidados pessoais; Mobilidade pessoal; Cuidados com o lar; Mobiliário e adaptações para residenciais e outras edifica- ções; Comunicação e informação; Manuseio de objetos e equipa- mentos; Melhorias ambientais, ferra- mentas e máquinas; Lazer. Classificação HEART Para autores como Galvão Fi- lho e Delgado Garcia (2012), o mo- delo de classificação Horizontal Eu- ropean Activities in Rehabilitation Technology, conhecido como classi- ficação HEART, surgiu no âmbito do Programa Technology Initiative for Disabled and Elderly People (TIDE), da União Europeia, que propõe um foco em tecnologia assistiva, basea- do nos conhecimentos envolvidos na sua utilização. A compreensão do modelo deve considerar as três áreas principais do treinamento em tecno- logia assistiva: componentes técni- cos, componentes humanos e com- ponentes socioeconômicos. Componentes Técnicos Em consonância com o autor Costa (2020), podemos afirmar que no que diz respeito aos componentes técnicos, são identificadas quatro áreas principais de formação, de igual importância: comunicação, mobilidade, manipulação e orienta- ção. De acordo com Chiarelli (2020), a área da comunicação abrange: Comunicação interpessoal - sistemas de comunicação com e sem ajuda; dispositivos de baixa tecnologia, tais como pranchas de comunicação; pranchas de comunicação di- nâmicas, alta tecnologia; saída de voz gravada e sintetizada; técnicas de seleção (direta, varredura e codificada); técni- cas para o aumento de veloci- dade de comunicação e de pre- dição; técnicas de leitura e de escrita; próteses auditivas; amplificadores de voz; auxilia- res ópticos. Acesso a computador/interfa- ces com usuários - interfaces de controle (acionadores, joys- tick, track ball); teclados alter- nativos (expandidos, reduzi- dos); teclados e emuladores de 16 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS teclados; mouses e emulado- res de mouse; monitores sen- síveis ao toque; ponteiras de cabeça e de boca. Telecomunicações - rádios, te- lefones (portátil, texto, vídeo), beepers; sistemas de e-mail; internet e sites. Leitura/Escrita - livros adap- tados (com símbolos gráficos, em áudios); computadores com leitores de tela e fala sin- tetizada; dispositivos com sa- ída em Braille; software espe- cífico; dispositivos de amplifi- cação óptica; máquinas de lei- tura por reconhecimento de caracteres; displays tácteis; máquinas e impressoras Brai- lle. Segundo os autores Sarden- berg e Maia (2019), a área de mobi- lidade está relacionada a: Mobilidade manual - cadeiras de rodas manuais; bengalas, bengalas canadenses e anda- dores; bicicletas e triciclos; ca- deiras de transporte; elevado- res manuais e ajudas de trans- ferência. Mobilidade elétrica - cadeira de rodas motorizada; ajudas elétricas de transferência; in- terfaces de controle para ca- deira de rodas; braços de robô para cadeira de rodas. Acessibilidade - ajudas para acessibilidade interior e exte- rior; adaptações de casas. Transportes privados - contro- les especiais para condução; assentos especiais; rampas e plataformas. Transportes públicos - adapta- ção de veículos públicos; ram- pas e plataformas; elevadores. Próteses e órteses - órteses do membro inferior; próteses domembro inferior; calçado or- topédico; estimulação eletro funcional. Posicionamento - dispositivos de controle postural; compo- nentes dos sistemas de posici- onamento; almofadas anties- caras. Conforme Delgado Garcia, Galvão Filho, Santos, Roberto, Men- des e Ribeiro (2017), no que diz res- peito a área da manipulação, pode- mos citar: Controle de ambiente - unida- des de controle de ambiente (UCA); interfaces de controle do usuário (reconhecimento de voz, ultrassom, acionado- res). Atividades da vida diária – cuidados pessoais (higiene, in- continência, sexualidade, ves- tuário); trabalhos de casa (co- zinhar, limpar); segurança, dispositivos de alarme e de si- nalização. Robótica - manipuladores e braços de controle; robôs para atividades de escritório; vira- dor de páginas; robô de ali- mentação. 17 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Próteses e órteses - órteses do membro superior; próteses do membro superior; estimula- ção eletro-funcional do mem- bro superior. Recreação e desporto - ajudas para jogos, ginástica, despor- to, fotografia, caçar e pescar; brinquedos adaptados; instru- mentos musicais; ferramentas para trabalhos manuais, des- porto e lazer. Para autores como Miranda e Galvão Filho (2012), na área da ori- entação, é possível encontrar: Sistemas de navegação e ori- entação - bengalas; ajudas pa- ra a orientação e mobilidade; guias sonoros; adaptações do ambiente. Cognição - ajudas de compen- sação de memória; ajudas de suporte a noções de espaço e tempo. Componentes Humanos Em consonância com autores como Galvão Filho e Delgado Garcia (2012), podemos afirmar que este grupo de componentes humanos in- clui tópicos relacionados com o im- pacto que a deficiência causa no ser humano. Os conceitos adotados nas ciências biológicas, psicologia e ci- ências sociais podem ajudar a enten- der as transformações da pessoa, e como ela se relaciona com o espaço em que vive devido à sua deficiência, e como a tecnologia assistiva ajuda a facilitar que esta pessoa tenha auto- nomia. Os principais componentes humanos a serem considerados são: Tópicos sobre a deficiência - patologias; incapacidade/defi- ciência/desvantagem; reabili- tação e integração/inclusão social; autonomia e capacita- ção. Aceitação de Tecnologia Assis- tiva - imagem social da defici- ência; imagem social da TA; compreensão da diversidade e das culturas. Seleção de Tecnologia Assisti- va - análise de necessidades e definição de objetivos; ade- quação da pessoa à tecnologia; o processo de seleção; fatores que levam ao sucesso ou fra- casso da TA. Aconselhamento em Tecnolo- gia Assistiva - conceitos bási- cos de aconselhamento e de supervisão entre pares; desen- volvimento de atitudes de aconselhamento entre pares; desenvolvimento de qualida- des de chefia. Atendimento pessoal - gestão de relações com os atendentes pessoais. Componentes Socioeconômi- cos De acordo com Souza (2013), este conjunto de componentes mos- tra que a tecnologia afeta as intera- ções pessoais, relacionamentos e 18 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS impacto sobre os usuários finais, em um ambiente social. Os componen- tes socioeconômicos também enfati- zam as vantagens e desvantagens de diferentes modelos de prestação de serviços. São componentes socioe- conômicos: Noções básicas de Tecnologia Assistiva - definição e classifi- cação de TA. Noções básicas de desenho universal - desenho para todos versus desenho para alguns; conceitos de acessibilidade e usabilidade. Emprego - o mercado de tra- balho e respectiva legislação; adaptações do posto de traba- lho; perspectivas do trabalho na sociedade (trabalho a dis- tância, etc.). Prestação de serviços - legisla- ção relacionada com o forneci- mento de TA; procedimentos para obtenção ou financia- mento de TA; processos de ne- gociação de TA com fabrican- tes e fornecedores; procedi- mentos de manutenção. Normalização e Qualidade - avaliação tecnológica para TA; investigação e desenvolvimen- to em TA; normas de acessibi- lidade; normas de TA. Legislação e Economia - legis- lação nacional relacionada com a deficiência; evolução dos processos de TA no âmbito internacional; análise de custo para TA; tendências de mer- cado. Recursos de informação - base de dados em TA; recursos de internet em TA; catálogos, re- vistas e outras publicações; ex- posições e informação de eventos; centros de informa- ção; suporte de profissionais para a seleção de TA. Classificação Nacional do De- partamento de Educação dos Estados Unidos Segundo Sonza (2013), a Clas- sificação Nacional de Tecnologia As- sistiva, do Instituto Nacional de Pes- quisas em Deficiências e Reabilita- ção, dos Programas da Secretaria de Educação Especial, Departamento de Educação dos Estados Unidos 2020 foi desenvolvida a partir da conceituação de Tecnologia Assisti- va que consta na legislação norte- americana e integra recursos e servi- ços. Além de categorizar os 10 itens de recursos por campo de aplicação, esta classificação também possui um conjunto de serviços de tecnologia assistiva que promovem suporte pa- ra avaliação de usuários, desenvolvi- mento e customização de recursos, assistência técnica e integração da tecnologia assistida, através de ações e objetivos educacionais e de reabilitação, e apoio jurídico da con- cessão. Conforme Schlünzen (2011), os sistema de classificação para os 19 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS recursos e serviços de Tecnologia Assistiva, são: Elementos Arquitetônicos - re- cursos de apoio; recursos para abrir e fechar portas e janelas; elementos para a construção da casa; elevadores/guindas- tes/rampas; equipamentos de segurança; pavimentos. Elementos Sensoriais - ajudas ópticas; recursos auditivos; ajudas cognitivas; recursos pa- ra deficiência múltipla; ajudas para comunicação alternativa. Computadores - hardware; software; acessórios para o computador, calculadoras es- pecializadas, recursos de reali- dade virtual. Controles - sistemas de con- trole do ambiente; acionado- res temporizados; controle re- moto; controles operacionais. Vida Independente - vestuá- rio; ajudas para higiene; aju- das/recursos para proteção do corpo; ajudas para vestir/des- pir; ajudas para banheiro; aju- das para lavar/tomar banho; ajudas para manicure/pedicu- re; ajudas para cuidado com o cabelo; ajudas para cuidado com os dentes; ajudas para o cuidado facial/da pele; ajudas para organização da casa/do- méstica; ajudas para manu- sear/manipular produtos; aju- das para orientação; outros equipamentos médicos durá- veis. Mobilidade - transporte (veí- culo motor, bicicleta); ajudas para caminhar e ficar em pé; cadeira de rodas; outros tipos de mobilidade Órteses/próteses - sistemas de órtese para coluna; sistemas de órtese para membros supe- riores; sistemas de órteses pa- ra membros inferiores; esti- muladores elétricos funcio- nais; sistemas de órtese híbri- das; sistemas de prótese para membros superiores; próteses para membros superiores; sis- temas de prótese para mem- bros inferiores; próteses cos- méticas/não-funcionais para membros inferiores; outras próteses. Recreação/Lazer/Esportes – brinquedos; jogos para ambi- entes internos; artes e traba- lhos manuais; fotografia; apti- dão física; jardinagem e ativi- dade horticultural; acampa- mento; caminhada pesca/ca- ça/tiro; esportes; instrumen- tos musicais. Móveis Adaptados e Mobiliá- rio - mesas; fixação para luz; cadeiras e móveis para sentar; camas e roupa de cama; ajuste de altura dos móveis; móveis para o trabalho. Serviços - avaliação indivi- dual; apoio para adquirir re- cursos e serviços; seleção de recursos e serviços e utilização dos serviços; coordenação e articulação com outras tera- pias e serviços; treinamentoe assistência técnica; outros ser- viços de apoio. 21 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 3. Categorias das Tecnologias Assistivas Fonte: Linkedin3 Auxílios para a Vida Diária e Vida Prática ara Guimarães e Sousa (2018), a categoria de auxílios para a vida diária e vida prática consiste em materiais e produtos que favorecem a autonomia e o desempenho inde- pendente em tarefas do cotidiano, ou materiais e produtos que ajudam no cuidado das pessoas que necessi- tam de assistência, como comer, co- zinhar, vestir, tomar banho e aten- der às necessidades pessoais. Como exemplo pode-se citar: 3 Retirado em https://www.linkedin.com/in/andrei-rosa-7a066315b Talheres modificados; Suportes para utensílios do- mésticos; Roupas desenhadas para faci- litar o vestir e despir; Abotoadores; Velcro; Recursos para transferência; Barras de apoio. Em consonância com o autor Ferraz (2017), podemos afirmar que esta categoria também inclui dispo- sitivos que promovem a indepen- dência de pessoas com deficiência P 22 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS visual na realização das seguintes ta- refas: Consultar o relógio; Usar calculadora; Verificar a temperatura do corpo; Identificar se as luzes estão acesas ou apagadas; Cozinhar; Identificar cores e peças do vestuário; Verificar pressão arterial; Identificar chamadas telefôni- cas; Escrever. CAA - Comunicação Aumenta- tiva e Alternativa De acordo com Barreto e Champion Barreto (2018), a catego- ria das tecnologias assistivas desti- nadas a comunicação aumentativa e alternativa é destinada para atender pessoas que não têm fala ou escrita funcional, ou onde há uma diferença entre suas necessidades de comuni- cação e suas habilidades de fala, es- crita e compreensão. Os usuários do CAA utilizam recursos com simbolo- gia gráfica (BLISS, PCS e outros sím- bolos), cartas ou quadros de comu- nicação construídos a partir de texto escrito para expressar suas dúvidas, desejos, sentimentos e entendimen- tos. A alta tecnologia de vocalizado- res (pranchas com produção de voz) ou placa dinâmica em computadores e tablets com software específicos, garante alta eficiência de comunica- ção. Recursos de Acessibilidade ao Computador Segundo Souza (2013), essa categoria de tecnologia assistiva consiste em um conjunto de hard- ware e software especialmente cria- dos para tornar o computador aces- sível a pessoas com privações senso- riais (visuais e auditivas), intelectu- ais e motoras. Inclui dispositivos de entrada (mouses, teclados e aciona- dores diferenciados) e dispositivos de saída (sons, imagens, informa- ções táteis). São exemplos de dispo- sitivos de entrada: Teclados modificados; Teclados virtuais com varre- dura; Mouses especiais; Acionadores diversos; Software de reconhecimento de voz; Dispositivos apontadores que valorizam movimento de ca- beça, movimento de olhos, on- das cerebrais (pensamento), órteses e ponteiras para digita- ção. Conforme Sonza (2013), como dispositivos de saída foram criados 23 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS diversos softwares leitores de tela, software para ajustes de cores e ta- manhos das informações (efeito lupa), os softwares leitores de texto impresso (OCR), impressoras braile e linha braile, impressão em relevo, entre outros. Sistemas de Controle de Ambi- ente Para o autor Schlünzen (2011), através de um controle remoto as pessoas com limitações motoras, po- dem ligar, desligar e ajustar apare- lhos eletroeletrônicos como a luz, o som, televisores, ventiladores, exe- cutar a abertura e fechamento de portas e janelas, receber e fazer cha- madas telefônicas, acionar sistemas de segurança, entre outros, localiza- dos no quarto, sala, escritório, casa e arredores. O controle remoto pode ser acionado de forma direta ou in- direta e neste caso, um sistema de varredura é disparado e a seleção do aparelho, bem como a determinação de que seja ativado, se dará por aci- onadores (localizados em qualquer parte do corpo) que podem ser de pressão, de tração, de sopro, de pis- car de olhos, por comando de voz e outros. Em consonância com os auto- res Guimarães e Sousa (2018), as ca- sas inteligentes podem também se auto ajustar às informações do am- biente como temperatura, luz, hora do dia, presença ou ausência de ob- jetos e movimentos. Estas informa- ções ativam uma programação de funções como apagar ou acender lu- zes, desligar fogo ou torneira, tran- car ou abrir portas. No campo da Tecnologia Assistiva a automação residencial visa a promoção de maior independência no lar e tam- bém a proteção, a educação e o cui- dado de pessoas idosas, dos que so- frem de demência ou que possuem deficiência intelectual. Projetos Arquitetônicos para Acessibilidade De acordo com Ferraz (2017), essa categoria de tecnologia assis- tiva abrange projetos de edificação e urbanismo que garantem acesso, funcionalidade e mobilidade a todas as pessoas, independentemente de sua condição física e sensorial. Adaptações estruturais e reformas na casa e ambiente de trabalho, atra- vés de rampas, elevadores, adequa- ções em banheiros, mobiliário entre outras, que retiram ou reduzem as barreiras físicas. Órteses e Próteses Segundo Barreto e Champion Barreto (2018), as próteses são pe- ças artificiais que substituem partes 24 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS ausentes do corpo. As órteses são co- locadas junto a um segmento do corpo, garantindo-lhe um melhor posicionamento, estabilização e fun- ção. São normalmente feitas sob me- dida e servem no auxílio de mobili- dade, de funções manuais (escrita, digitação, utilização de talheres, ma- nejo de objetos para higiene pes- soal), correção postural, entre ou- tros. Adequação Postural Conforme Souza (2013), ter uma postura estável e confortável é essencial para obter um bom desem- penho funcional. É difícil realizar qualquer tarefa quando você não tem certeza de que pode cair ou se sentir mal. Um projeto de adequa- ção da postura envolve a seleção de recursos para garantir alinhamento, estabilidade, postura confortável e boa distribuição de peso corporal. Pessoas que usam cadeiras de rodas se beneficiam de prescrições para sistemas especiais de assento e en- costo, que devem levar em conside- ração tamanho, peso e flexibilidade ou alterações musculoesqueléticas existentes. Inclui também funções que auxiliam e estabilizam a postu- ras deitada e de pé, portanto, col- chões ou estabilizadores verticais fa- zem parte deste desta categoria de tecnologia assistiva. Quando utiliza- dos precocemente os recursos de adequação postural auxiliam na pre- venção de deformidades corporais. Auxílios de Mobilidade Para Sonza (2013), a mobili- dade pode ser auxiliada por benga- las, muletas, andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétri- cas, scooters e qualquer outro veí- culo, equipamento ou estratégia uti- lizada na melhoria da mobilidade pessoal. Ampliação da Função Visual e Informação Tátil Em consonância com Schlün- zen (2011), podemos afirmar que esta categoria de tecnologia assistiva inclui auxílios para ampliação da função visual e recursos que tradu- zem conteúdos visuais em áudio ou informação tátil. Como por exem- plo: Auxílios ópticos, lentes, lupas manuais e lupas eletrônicas; os softwares ampliadores de tela. Material gráfico com texturas e relevos, mapas e gráficos tá- teis, software OCR em celula- res para identificação de texto informativo e outros. 25 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIASASSISTIVAS Função Auditiva e Recursos de Áudio De acordo com Guimarães e Sousa (2018), existe uma categoria de auxílios para melhorar a função auditiva e recursos utilizados para traduzir os conteúdos de áudio em imagens, texto e língua de sinais. Es- ses auxílios incluem vários equipa- mentos (infravermelho, FM), apare- lhos para surdez, sistemas com aler- ta táctil-visual, celular com mensa- gens escritas e chamadas por vibra- ção, software que favorece a comu- nicação ao telefone celular transfor- mando em voz o texto digitado no celular e em texto a mensagem fala- da. Livros, textos e dicionários digi- tais em língua de sinais. Mobilidade em Veículos Segundo Ferraz (2017), essa categoria de tecnologia assistiva consiste em acessórios que possibili- tam uma pessoa com deficiência fí- sica dirigir um automóvel, facilita- dores de embarque e desembarque como elevadores para cadeiras de rodas (utilizados nos carros particu- lares ou de transporte coletivo), rampas para cadeiras de rodas, ser- viços de autoescola para pessoas com deficiência. Esporte e Lazer Conforme Barreto e Champion Barreto (2018), essa categoria de tecnologia assistiva engloba recur- sos que favorecem a prática de es- porte e participação em atividades de lazer. 26 27 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 4. Softwares de Acessibilidade Fonte: Hospitalidade Brasil4 ara Souza (2013), as “Opções de acessibilidade” do Windows (Iniciar-Configurações-Painel de controle-Opções de acessibilidade) são alguns dos recursos mais úteis e fáceis de usar, mas geralmente ainda são desconhecidos. Por meio desses recursos, várias modificações po- dem ser feitas nas configurações do computador para adaptá-las às dife- rentes necessidades dos alunos. Por exemplo, alunos que não conseguem usar o mouse por dificuldade de 4 Retirado em https://blog.equipotel.com.br coordenação motora, mas conse- guem digitar no teclado (o que cos- tuma acontecer), podem configurar o computador por meio das “Opções de Acessibilidade” para que os nú- meros do lado direito do teclado possam ser executados pelo próprio mouse, por meio de todos os mes- mos comandos executados. Além do mouse, outras configurações podem ser definidas, como a “Tecla de Ade- rência”, a opção “Alto Contraste na P 28 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Tela" para pessoas com baixa visão, e outras opções. Em consonância com a autora Sonza (2013), podemos afirmar que existem outros exemplos de Softwa- re Especial de Acessibilidade, os si- muladores de teclado e de mouse. Todas as opções de teclado ou co- mandos e opções de movimento do mouse podem ser exibidos na tela e podem ser selecionados diretamente ou examinando o programa em to- das as opções. Outros recursos bem simples, porém bastante úteis, podem ser desenvolvidos, como por exemplo, diferentes acionadores (switches) com frequência são ne- cessários para a utilização dos Soft- wares Especiais de Acessibilidade. Para o acionamento de diferentes softwares, podem ser feitas adapta- ções nos mouses comuns com a ins- talação de plugs laterais, disponibili- zando, através desses plugs, uma ex- tensão do terminal do clique no bo- tão esquerdo do mouse. Com fre- quência, um simples clique no botão esquerdo do mouse é suficiente para que o aluno possa desenvolver qual- quer atividade no computador, co- mandando a varredura automática de um software, tal como escrever, desenhar, navegar na internet, man- dar e-mail e outros. Para que isso seja possível, também podem ser desenvolvidos diferentes switches para serem conectados nesses plugs dos mouses e, assim, efetuar o co- mando correspondente ao clique no botão esquerdo com a parte do cor- po que o aluno tiver melhor controle voluntário e sincrônico (braços, per- nas, pés, cabeça, etc.). Esses aciona- dores podem ser construídos até mesmo com sucata de computador, aproveitando botões de liga/desliga dessas máquinas, às vezes para serem presos nos próprios dedos do aluno ou para acionamento com a cabeça. São soluções simples, de custo praticamente nulo, porém de alta funcionalidade, e que se tor- nam, muitas vezes, a diferença para alguns alunos entre poder ou não utilizar o computador. De acordo com Schlünzen (2011), existem vários sites na In- ternet que disponibilizam gratuita- mente outros simuladores e progra- mas especiais de acessibilidade. Atualmente, é possível controlar a seta do mouse apenas pelo movi- mento da cabeça, movimento capta- do por uma webcam comum (como o software HeadMouse ou Head- Dev). Ou seja, enquanto a pessoa com tetraplegia mantiver o controle da cabeça, ela pode realizar qualquer atividade no computador movendo a cabeça sem nenhum equipamento especial e software gratuito que pos- sa ser baixado pela Internet. Como softwares especiais para a comuni- cação, existem os que permitem que 29 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS se use as versões computadorizadas dos sistemas tradicionais de comu- nicação alternativa, como o Bliss, o PCS ou o PIC. Para pessoas com deficiência visual existem os softwa- res que fazem a leitura da tela de arquivos por meio de alto-falantes, teclados especiais com pinos metá- licos que levantam e formam carac- teres sensíveis ao tato e que tra- duzem a informação que está na tela ou que está sendo digitadas, e im- pressoras que imprimem caracteres em Braille. Segundo Guimarães e Sousa (2018), existem outros tipos e di- mensões de acessibilidade, como o estudo da "acessibilidade física", que estudou as barreiras construtivas das pessoas com deficiência e como evitá-las. Outro conceito novo é a acessibilidade virtual, que estuda a melhor forma de tornar a Internet acessível a todos. Ressalta-se que a decisão sobre os recursos de acessi- bilidade que serão utilizados com os alunos deve partir de pesquisas detalhadas e personalizadas para cada aluno. Deve primeiro conduzir uma análise detalhada e ouvir em profundidade suas necessidades e, em seguida, escolher o recurso que melhor atende a essas necessidades. Em alguns casos, é necessário ouvir a opinião de diferentes profissio- nais, como terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e outros, antes de decidir sobre o melhor plano de adaptação. Todas as pesquisas, estu- dos e adaptações que foram cons- truídas ou captadas ao longo dos anos, são baseadas nas necessidades específicas dos nossos alunos. Principais Softwares de Tecnologia Assistiva Braille Fácil Conforme Ferraz (2017), o programa Braille Fácil é um softwa- re criado com o objetivo de permitir que a criação de uma impressão Braille seja uma tarefa muito rápida e fácil, que possa ser realizada com um mínimo de conhecimento da co- dificação Braille. Através do Braille Fácil, tarefas simples como impres- são de textos corridos são absoluta- mente triviais. O programa é com- posto de: Editor de textos integrador; Editor gráfico para gráficos táteis; Pré-visualizador da impressão Braille; Impressor Braille automatiza- do; Simulador de teclado Braille; Utilitários para retoque em Braile; Utilitários para facilitar a digitação. 30 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Para Sonza (2013), o texto po- de ser digitado diretamente no Braille Fácil, ou importado a partir de um editor de textos convencional. O editor de textos utiliza os mesmos comandos do NotePad do Windows, com algumas facilidades adicionais. Uma vez que o texto esteja digitado, ele pode ser visualizado em Braille e impresso em Braille ou em tinta (inclusive a transcrição Braille para tinta). A digitação de textos espe- ciais (como codificações matemáti-cas ou musicais) pode ser feita com o auxílio de um simulador de teclado Braille, que permite a entrada direta de códigos Braille no texto digitado. O editor possui ainda diversas facili- dades que agilizam muito a inserção de elementos de embelezamento ou o retoque de detalhes do texto Brail- le. É possível a criação de desenhos táteis através de um editor gráfico simples. DOSVOX Em consonância com Souza (2013), o projeto DOSVOX, desen- volvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE / UFRJ), permite que pessoas com deficiência visual utilizem um microcomputa- dor comum para realizar uma série de tarefas, ganhando assim alto grau de independência no estudo e no trabalho. O sistema se comunica com deficientes visuais por meio de síntese de voz em português, poden- do ser configurado para síntese de textos para outros idiomas. O que diferencia esse software de outros sistemas voltados para uso por deficientes visuais, é que no DOS- VOX, a comunicação homem-má- quina é muito mais simples, e leva em conta as especificidades e limi- tações dessas pessoas. Ao invés de simplesmente ler o que está escrito na tela, o DOSVOX estabelece um diálogo amigável, através de progra- mas específicos e interfaces adapta- tivas. Isso o torna insuperável em qualidade e facilidade de uso para os usuários que vêm no computador um meio de comunicação e acesso que deve ser o mais confortável e amigável possível. Hand Talk De acordo com Sonza (2013), o Hand Talk é um aplicativo tradutor móvel para smartphones e tablets que pode converter conteúdo em português em libras em tempo real, seja por digitação, voz ou fotos. Com opções de conversão de áudio, o aplicativo pode reconhecer vozes e convertê-las em libras. O aplicativo também pode converter fotos, po- dendo ser utilizado a qualquer mo- mento, desde que o aparelho (smart- phone ou tablet) esteja conectado à 31 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Internet. O aplicativo utiliza um bo- neco chamado Hugo (avatar em 3D), que pode mostrar claramente os movimentos dos sinais de libras, a imagem é atraente, o tamanho é au- mentado e pode ser girado 360º pa- ra repetir o movimento do boneco, o que ajuda na visualização e compre- ensão são as ações realizadas por gestos em Libras e português. Para Schlünzen (2011), através da opção de tradução de texto, o usuário pode escrever uma frase ou uma palavra simples, sendo Hugo o responsável pela tradução. Sendo assim, o Hand Talk e o dicionário de Libras, são ferramentas de consulta, e podem diversificar a forma de en- sinar e auxiliar os alunos surdo e ou- vinte na construção de um vocabulá- rio em Libras e português, facilitan- do a interação e a comunicação entre eles. O Hand Talk foi desenvolvido no Brasil, e em 2013, foi eleito o melhor aplicativo social do mundo pela ONU, por seu alcance social. Foi escolhido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) como aplicativo dos tabletes distribuídos para alunos e professores da rede pública de ensino em todo o Brasil. Conforme Guimarães e Sousa (2018), o aplicativo Hand Talk não substitui a figura do intérprete e nem a necessidade da comunidade em aprender a Libras. Mas, a partir do momento em que o professor se dispõe a pensar sua aula de forma bilíngue com ajuda do aplicativo, o aluno com surdez já pode se sentir mais integrado na aula. A necessida- de do uso de tecnologias assistivas dentro do espaço educacional é im- portante, pois representa uma ex- pressão de criatividade humana em oposição às características tecnicis- tas. Portanto, pode-se pensar na utilização do Hand Talk, como uma ferramenta de ensino possível, e ainda passível de testes e análises. Access Earth Segundo Ferraz (2017), com a missão de oferecer informações so- bre a acessibilidade dos estabeleci- mentos, o Access Earth é um soft- ware que possibilita a visualização dos lugares que estão acessíveis em diferentes partes do mundo. O obje- tivo é facilitar a locomoção de pes- soas com deficiência, que geralmen- te não podem ir a restaurantes ou hotéis devido ao transporte incon- veniente. E como “acessível” pode ter um significado diferente para cada pessoa, a plataforma permite que os usuários compartilhem infor- mações específicas sobre os estabe- lecimentos. Também é possível ava- liar os aspectos mais básicos, como a presença de estacionamentos acessí- veis e rampas de acesso. 32 33 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 5. Sala de Recursos Multifuncionais Fonte: Demco Interiors5 onforme Noronha (2016), a Sala de Recursos Multifuncio- nais - SRMF são espaços físicos loca- lizados nas escolas públicas onde se realiza o Atendimento Educacional Especializado - AEE. As salas de re- cursos multifuncionais possuem mobiliário, material didático peda- gógicos, recursos de acessibilidade e equipamentos especiais para aten- der o público-alvo da educação espe- cial e alunos que necessitam de AEE 5 Retirado em https://www.demcointeriors.com/ no horário escolar. A organização e gestão deste espaço são da responsa- bilidade da direção escolar, devendo os professores que trabalham neste serviço de educação estarem capaci- tados para a prática de conhecimen- tos básicos e de especialização ad- quiridos em cursos de formação e profissionalização. Para Medeiros (2019), o Aten- dimento Educacional Especial (AEE) é um serviço de educação es- C 34 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS pecial que pode identificar, articular e organizar recursos didáticos e de acessibilidade, removendo assim as barreiras para a participação plena dos alunos levando em consideração as necessidades especiais dos alu- nos. O ensino oferecido na educação especializada é necessariamente dis- tinta da educação escolar, não po- dendo ser caracterizada como um espaço para reforço escolar ou com- plementar as atividades escolares. São exemplos práticos de atendi- mento educacional especializado: Ensino da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); Ensino do código BRAILLE; Introdução e formação do aluno na utilização de recursos de tecnologia assistiva, como a comunicação alternativa e os recursos de acessibilidade ao computador; Orientação e mobilidade; Preparação e disponibilização ao aluno de material pedagó- gico acessível. Em consonância com os auto- res Almeida, Manfredini e Alcici (2014), podemos afirmar que a SRMF é um ambiente com equipa- mentos, mobiliário e materiais didá- ticos e pedagógicos para o atendi- mento educacional especializado, que tem como objetivos: Fornecer condições para que alunos com deficiência, trans- tornos globais de desenvolvi- mento e grandes habilidades ou superdotação, que partici- pam da rede pública de educa- ção regular tenham acesso, participem e aprendam a edu- cação regular. Garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular. Fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e peda- gógicos que eliminem as bar- reiras no processo de ensino e aprendizagem. Assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino. De acordo com Hummel (2015), o conjunto de atividades, re- cursos de acessibilidade e pedagógi- cos que caracterizam o AEE são or- ganizados institucionalmente e prestados de forma complementar ou suplementar à formação dos alu- nos no ensino regular. A produção e distribuição de recursos educacio- nais para acessibilidade incluem li- vros didáticos e pedagógicos em Braille, áudio e Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS, notebooks com sin- tetizadores de voz, softwares alter- nativos de comunicação e demais as- sistências técnicas que possibilitem o acessocurrículo escolar. Segundo Kleina (2012), a tec- nologia assistiva, no âmbito da edu- 35 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS cação inclusiva, é voltada para favo- recer a participação do aluno porta- dor de deficiência, nas variadas ati- vidades do dia a dia escolar, associa- das aos objetivos educacionais co- muns. Os principais exemplos de tecnologia assistiva na escola são: Materiais escolares e pedagó- gicos acessíveis; Comunicação alternativa; Recursos de acessibilidade ao computador; Recursos para mobilidade; Recursos para localização; Sinalização; Mobiliário que atenda às ne- cessidades posturais. Conforme Omote, Giroto e Po- ker (2012), o serviço de tecnologia assistiva na perspectiva da educação inclusiva deve ser organizado atra- vés de uma série de ações promovi- das pelos professores e gestores es- colares. No atendimento educacio- nal especializado, os professores de- vem em conjunto com os alunos, identificar as barreiras que eles en- frentam no contexto da educação ge- ral que os impedem ou restringem de participar dos desafios de apren- dizagem escolar. Após a identifica- ção dessas barreiras e da identifica- ção das habilidades específicas de cada aluno, o professor deve pesqui- sar e implementar recursos e estra- tégias que o ajudarão, pois podem promover e ampliar suas possibili- dades de participação e atuação nas atividades, nas relações, na comuni- cação e nos espaços da escola. Para Noronha (2016), a sala de recursos multifuncional é o local adequado para os alunos aprende- rem a usar ferramentas de tecnolo- gia assistiva com o objetivo de de- senvolver a autonomia. Porém, a tecnologia assistiva não deve ser mantida apenas na SRMF, para que o aluno possa usá-la apenas naquele ambiente. Ela só possui sentido, quando acompanha o aluno, no con- texto escolar comum, apoiando a sua escolarização. Portanto, o traba- lho na sala visa avaliar as melhores alternativas de tecnologia assistiva, produzir materiais para o aluno e encaminhar esses recursos e materi- ais gerados para que possam ser uti- lizados por alunos na escola comum, junto com familiares, e nos outros locais que frequenta. São focos im- portantes do trabalho de tecnologia assistiva na perspectiva da educação inclusiva: A tecnologia assistiva numa proposição de educação para autonomia; A tecnologia assistiva como conhecimento aplicado para resolução de problemas funci- onais enfrentados pelos alu- nos; 36 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS A tecnologia assistiva promo- vendo a ruptura de barreiras que impedem ou limitam a participação destes alunos nos desafios educacionais. Em consonância com o autor Medeiros (2019), podemos afirmar que o tema tecnologia assistiva está relacionado ao conceito de reabilita- ção e inicialmente foi vinculado à prática dos profissionais de saúde. A mudança na compreensão da defici- ência, principalmente do novos mo- delo biopsicossocial e ecológico de entendê-la como sendo o resultado da interação do indivíduo, que tem uma alteração de estrutura e funcio- namento do corpo com os obstácu- los impostos pelo meio em que vive, mostra que os impedimentos de par- ticipação nas atividades e a exclusão de pessoas com deficiência, tornou- se hoje uma questão social e tecno- lógica, não apenas médica ou de sa- úde. De acordo com Almeida, Man- fredini e Alcici (2014), os maiores e mais importantes obstáculos muitas vezes são a falta de conhecimento, de recursos técnicos, a inaplicabili- dade da legislação vigente e os méto- dos de organização social que igno- ram as diferentes necessidades de sua população. Nesse sentido, o con- ceito e a prática da tecnologia assis- tiva também evoluíram, saindo da concepção de recursos médicos ou clínicos, e indo para uma categoria de produtos de consumo para usuá- rios que buscam suporte tecnológico para resolver problemas pessoais e funcionais. Nessa perspectiva, os usuários deixam de ser pacientes, mas passam a assumir o papel de quem busca informações sobre o que é mais adequado para sua defi- ciência e os recursos disponíveis pa- ra seu caso específico no âmbito da tecnologia assistiva. Para Hummel (2015), atual- mente a tecnologia assistiva envolve vários campos de conhecimento, como saúde, reabilitação, educação, design, arquitetura, engenharia, in- formática e tecnologia da informa- ção. A tecnologia assistiva é antes de mais nada os recursos disponibiliza- dos aos seus usuários, e a equipe po- de utilizar seus conhecimentos para que possam encontrar recursos ou estratégias que atendam às necessi- dades de suas ações e participação em tarefas e atividades de seu inte- resse. Na prática, para as crianças com deficiência, o local onde se des- tacam em tecnologia assistiva é a sala de recursos multifuncional, cu- jos serviços oferecidos podem iden- tificar, elaborar e fornecer recursos que possam ampliar a participação dos alunos com deficiência nos desa- fios educacionais propostos por es- colas normais. 37 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS O Que é e o Que não é Tec- nologia Assistiva Conforme Kleina (2012), a tec- nologia assistiva deve ser entendida como um recurso do usuário e não como um recurso do profissional. Visto que, ela serve à pessoa com de- ficiência que necessita desempenhar funções do cotidiano de forma inde- pendente. Por princípio, o recurso de tecnologia assistiva acompanha naturalmente o usuário que neces- sita utilizá-lo em diferentes espaços na sua vida cotidiana. Segundo os autores Omote, Giroto e Poker (2012), é preciso di- ferenciar a tecnologia assistiva de outras tecnologias, como as aplica- das na área médica e de reabilitação. Na área da saúde, a tecnologia visa promover e limitar a atuação dos profissionais em procedimentos de avaliação e intervenção terapêutica. São equipamentos usados para diag- nóstico de saúde, tratamento de do- enças ou atividades específicas de reabilitação, como melhorar a força muscular individual, a amplitude de movimento ou a capacidade de equi- líbrio. Esses equipamentos não são tecnologias assistivas, mas tecnolo- gias médicas ou de reabilitação. A tecnologia educacional também é fa- cilmente confundida com a tecnolo- gia assistiva. A tecnologia pode ser considerada assistiva no contexto educacional quando: É utilizada por um aluno com deficiência e tem por objetivo romper barreiras sensoriais, motoras ou cognitivas que li- mitam e impedem seu acesso às informações, ou limitam e impedem o registro e expres- são sobre os conhecimentos adquiridos por ele; Quando favorecem seu acesso e participação ativa e autô- noma em projetos pedagógi- cos; Quando possibilitam a mani- pulação de objetos de estudos; Quando o professor percebe que sem este recurso tecnoló- gico a participação ativa do aluno no desafio de aprendiza- gem seria restrito ou inexis- tente. Em consonância com o autor Hummel (2015), podemos citar os seguintes exemplos de TA no con- texto educacional: Mouses diferenciados; Teclados virtuais com varre- duras e acionadores; Softwares de comunicação al- ternativa; Leitores de texto; Textos ampliados; Textos em Braille; Textos com símbolos; 38 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Mobiliário acessível; Recursos de mobilidade pes- soal. De acordo com Pimentel (2013), no âmbito educacional, pode haver uma distinção sutil entre tec- nologia assistiva e tecnologia educa- cional e para que não haja dúvidas a respeito, é preciso que o professor faça as seguintes reflexões: Se o recurso está sendo utiliza- do por um aluno que enfrenta alguma barreira em função de sua deficiência (sensorial, mo- tora ou intelectual), e se este recursoou estratégia o auxilia na superação desta barreira. Se o recurso está apoiando o aluno na realização de uma ta- refa e proporcionando a ele a participação autônoma no de- safio educacional, visando sempre chegar ao objetivo educacional proposto. Se sem este recurso o aluno es- taria em desvantagem ou ex- cluído de participação. Segundo Almeida, Manfredini e Alcici (2014), sendo assim, a tecno- logia educacional comum nem sem- pre é assistiva, mas ela pode exercer a função assistiva quando favorecer de forma significativa a participação do aluno com deficiência no desem- penho de uma tarefa escolar pro- posta a ele. Uma tecnologia é consi- derada assistiva quando, o profissio- nal percebe que retirando o apoio dado pelo recurso, o paciente apre- senta dificuldades de realizar a ta- refa e será excluído da participação. 39 40 ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 6. Referências Bibliográficas ALMEIDA, N; MANFREDINI, B. Y. B; AL- CICI, S. Tecnologia na Escola: Abordagem Pedagógica e Abordagem Técnica. Ma- naus, AM. 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