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Universidade Tiradentes - Medicina Ciclo cardíaco, curvas de volume e pressão fisiologia Objetivos da aula: 1 Descreva as mudanças de volume e pressão que ocorrem na artéria aorta e nas câmaras cardíacas ao longo da primeira e segunda bulha. 2 Explique porque no tecido cardíaco o pico de fluxo sanguíneo ocorre durante a diástole ● A referência quando falamos em sístole e diástole é o ventrículo esquerdo. ● Pré-carga e pós-carga ● Sincício: atrial e ventricular → trabalho em conjunto ● Incisura dicrótica Ciclo cardíaco: É uma sequência de contrações e relaxamentos dos átrios e dos ventrículos. O ciclo é dividido em duas fases principais: (designadas pelos eventos que ocorrem nos ventrículos) Sístole: o período de contração ventricular e ejeção de sangue. Diástole: o período alternado de relaxamento ventricular e enchimento de sangue. Para uma frequência cardíaca típica de 72 bpm, cada ciclo cardíaco tem uma duração aproximada de 0,8 s, com 0,3 s na sístole e 0,5 s na diástole. Sístole: Contração ventricular isovolumétrica: os ventrículos estão se contraindo, porém todas as valvas do coração estão fechadas, de modo que não ocorre nenhuma ejeção de sangue. As paredes ventriculares estão desenvolvendo tensão e espremendo o sangue em seu interior, com consequente elevação da pressão arterial ventricular (Volume de sangue nos ventrículos é constante). Ejeção ventricular: Quando a pressão crescente nos ventrículos excede a da aorta e do tronco pulmonar, as valvas (semilunares) da aorta e do tronco pulmonar abrem-se, e ocorre o período de ejeção ventricular da sístole. O sangue é forçado para dentro da aorta e do tronco pulmonar à medida que as fibras musculares ventriculares em contração se encurtam. O volume de sangue ejetado de cada ventrículo durante a sístole é denominado volume sistólico (VS). 1 2 Diástole: Relaxamento ventricular isovolumétrico: Os ventrículos começam a relaxar, e ocorre o fechamento das valvas da aorta e pulmonar. Neste momento, ocorre também o fechamento das valvas AV; por conseguinte, não há entrada nem saída de sangue dos ventrículos. O volume ventricular não se modifica. Observe, portanto, que os únicos momentos durante o ciclo cardíaco em que todas as válvulas estão fechadas são os períodos de contração e relaxamento ventriculares isovolumétricos. Enchimento ventricular: Em seguida, as valvas AV abrem-se, e ocorre enchimento ventricular à medida que o sangue flui a partir dos átrios. A contração atrial ocorre no final da diástole, após ter ocorrido a maior parte do enchimento ventricular. O ventrículo recebe sangue durante a maior parte da diástole, e não apenas quando ocorre contração do átrio. Com efeito, no indivíduo em repouso, aproximadamente 80% do enchimento ventricular ocorrem antes da contração atrial. (rápido: 80% pela gravidade e lento: 20% pela contração atrial) Meio da diástole até o final: (Processo) 1 O átrio e o ventrículo esquerdos estão relaxados, porém a pressão atrial é ligeiramente mais alta, visto que o átrio está recebendo sangue proveniente das veias. 2 A valva AV é mantida aberta por essa diferença de pressão, e o sangue das veias pulmonares que entra no átrio continua no ventrículo. 3 Neste momento e durante toda diástole, a valva da aorta está fechada, visto que a pressão aórtica está mais alta do que a pressão ventricular. 4 Durante toda diástole, a pressão aórtica diminui lentamente, visto que o sangue está saindo das artérias e passando pelo sistema vascular. 5 Em contrapartida, a pressão ventricular está aumentando ligeiramente, visto que o sangue proveniente do átrio está entrando no ventrículo relaxado, com consequente expansão do volume ventricular. 2 3 6 Próximo ao final da diástole, o nó SA dispara, e ocorre despolarização dos átrios, conforme indicado pela onda P do ECG. 7 A contração do átrio provoca aumento da pressão atrial. 8 O aumento da pressão atrial força um pequeno volume de sangue adicional para dentro do ventrículo, algumas vezes designado como “pontapé atrial”. 9 Isso nos leva ao final da diástole ventricular, de modo que a quantidade de sangue existente no ventrículo nesse momento é denominada volume diastólico final (VDF). Sístole: (Processo) 10 A partir do nó AV, a onda de despolarização passa para dentro e através do tecido ventricular – conforme indicado pelo complexo QRS do ECG –, e isso desencadeia a contração ventricular. 11 À medida que o ventrículo se contrai, a pressão ventricular aumenta rapidamente; quase imediatamente, essa pressão ultrapassa a pressão atrial. 12 Essa alteração do gradiente de pressão força o fechamento da valva AV, o que impede o fluxo retrógrado de sangue para dentro do átrio. 13 Como a pressão aórtica ainda excede a pressão ventricular nesse momento, a valva da aorta permanece fechada, e o ventrículo não pode se esvaziar, apesar de sua contração. Em seguida, por um breve período, todas as valvas estão fechadas durante essa fase de contração ventricular isovolumétrica. A protrusão retrógrada das valvas AV fechadas produz uma pequena deflexão ascendente na onda de pressão atrial. 14 Essa fase breve termina quando a rápida elevação da pressão ventricular ultrapassa a pressão aórtica. 15 O gradiente de pressão força agora a abertura da valva da aorta, e começa a ejeção ventricular. 16 A curva de volume ventricular mostra que a ejeção é rápida no início e, em seguida, torna-se mais lenta. 17 A quantidade de sangue que permanece no ventrículo após a ejeção é denominada volume sistólico final (VSF). volume sistólico = volume diastólico final – volume sistólico final VS VDF VSF 18 À medida que o sangue flui para dentro da aorta, a pressão aórtica aumenta, juntamente com a pressão ventricular. Durante toda ejeção, existem diferenças de pressão muito pequenas entre 3 4 o ventrículo e a aorta, visto que a valva da aorta aberta oferece pouca resistência ao fluxo. 19 Observe que as pressões ventricular e aórtica máximas são alcançadas antes do final da ejeção ventricular, isto é, essas pressões começam a diminuir durante a última parte da sístole, apesar da contração ventricular continuada. Isso se deve ao fato de que a força da contração ventricular diminui durante a parte final da sístole. 20 Essa redução de força é demonstrada pela redução da velocidade de ejeção do sangue durante a última parte da sístole. 21 O volume e a pressão na aorta diminuem à medida que a velocidade de ejeção do sangue dos ventrículos torna-se mais lenta do que a velocidade com que o sangue drena das artérias para os tecidos. Início da diástole: (Processo) 22 Lembre-se de que a onda T do ECG corresponde à repolarização ventricular. 23 À medida que os ventrículos relaxam, a pressão ventricular diminui abaixo da pressão aórtica, que permanece significativamente elevada, devido ao volume de sangue que acabou de entrar. A mudança no gradiente de pressão força o fechamento da valva da aorta. A combinação da retração elástica da aorta e rebote do sangue contra a valva produz um rebote da pressão aórtica, denominado incisura dicrótica. 24 A valva AV também permanece fechada, visto que a pressão ventricular ainda está mais elevada do que a pressão atrial. Em seguida, por um breve período, todas as valvas mais uma vez estão fechadas durante essa fase do relaxamento ventricular isovolumétrico. 25 Esta fase termina quando a pressão ventricular em rápido declínio diminui abaixo da pressão atrial. 26 Essa alteração no gradiente de pressão resulta na abertura da valva AV. 27 O sangue venoso que se acumulou no átrio desde o fechamento da valva AV flui rapidamente para dentro dos ventrículos. 28 A velocidade do fluxo sanguíneo aumenta durante essa fase de enchimento inicial, devido a uma rápida diminuição da pressão ventricular. Isso ocorre porque a contração prévia do ventrículo comprimiu os elementos elásticos da câmara, de modo que o ventrículo tende, na realidade, a se retrair para fora com o término da sístole. Por sua vez, essa expansão diminui a pressão ventricular mais rapidamentedo que ocorreria de outro modo e pode até criar uma 4 5 pressão negativa (subatmosférica). Por conseguinte, alguma energia é armazenada dentro do miocárdio durante a contração, e a sua liberação durante o relaxamento subsequente ajuda o enchimento. A pressão sistólica e diastólica na artéria aorta é o que mensuramos na pressão arterial → 120mmHg e 80mmHg respectivamente. A parede do ventrículo direito é muito mais fina que a do ventrículo esquerdo. Entretanto, apesar da diferença de pressão durante a contração, os volumes sistólicos de ambos os ventrículos são idênticos. Duas bulhas cardíacas, que resultam da contração cardíaca, são normalmente ouvidas por meio de um estetoscópio colocado sobre a parede torácica. Esses sons, que resultam de vibrações causadas pelo fechamento das valvas, são normais; A primeira bulha: um som grave e suave lub, está associada ao fechamento das valvas AV; marca o início da sístole; A segunda bulha: um som mais alto dup, está associada ao fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta; ocorre no início da diástole. O volume de sangue bombeado por cada ventrículo, em função do tempo, habitualmente expresso em litros por minuto, é denominado débito cardíaco (DC). No estado de equilíbrio dinâmico, o débito cardíaco que flui pelos circuitos sistêmico e pulmonar é o mesmo. O débito cardíaco é calculado multiplicando-se a frequência cardíaca (FC) – o número de batimentos por minuto – pelo volume sistólico (VS) – o volume de sangue ejetado por cada ventrículo a cada batimento: DC = FC × VS Ex: DC = 72 bpm × 0,07 ℓ/batimento = 5,0 ℓ/min Repouso: 5L/min Um atleta em exercício: 35L/min Um sedentário em exercício: 20-25 L/min Esses valores são típicos de um adulto de constituição média em repouso. Tendo em vista que o volume total de sangue é, em média, de cerca de 5,5 ℓ, quase todo o sangue é bombeado uma vez pelo circuito a cada minuto. A descrição seguinte dos fatores que alteram os dois determinantes do 5 6 débito cardíaco – a frequência cardíaca e o volume sistólico – aplicam-se em todos os aspectos em ambos os lados direito e esquerdo do coração, visto que o volume sistólico e a frequência cardíaca são os mesmos para ambos em condições de equilíbrio dinâmico. A frequência cardíaca e o volume sistólico nem sempre se modificam no mesmo sentido. Por exemplo, o volume sistólico diminui após a ocorrência de perda de sangue, enquanto a frequência cardíaca aumenta. Essas alterações produzem efeitos opostos sobre o débito cardíaco. Controle da frequência cardíaca: ● Neurônios pós-ganglionares parassimpáticos: - FC ● Neurônios simpáticos: + FC ● Epinefrina: +FC ● Temperatura corporal ● Concentração plasmática de eletrólitos ● Hormônios ● Adenosina O batimento rítmico do coração em uma frequência de aproximadamente 100 bpm irá ocorrer na ausência completa de qualquer influência nervosa ou hormonal sobre o nó SA. Entretanto, a frequência cardíaca pode ser mais lenta ou mais rápida do que esse valor, visto que o nó SA normalmente encontra-se sob a influência constante dos nervos e dos hormônios. Numerosos neurônios pós-ganglionares parassimpáticos e simpáticos terminam no nó SA. A atividade dos neurônios parassimpáticos (que seguem o seu trajeto nos nervos vagos) provoca diminuição da frequência cardíaca (predomina no repouso), enquanto a atividade nos neurônios simpáticos produz um aumento(predomina nos exercícios. A estimulação simpática aumenta a inclinação do potencial marca-passo, aumentando a permeabilidade dos canais tipo F. Como a principal corrente através desses canais consiste na entrada de Na+ na célula, ocorre despolarização mais rápida. Em consequência, as células do nó SA alcançam mais rapidamente o limiar, e a frequência cardíaca aumenta. O aumento dos impulsos parassimpáticos exerce o efeito oposto – a inclinação do potencial marcapasso diminui, devido a uma redução da corrente de influxo. Por conseguinte, o limiar é alcançado mais lentamente, e a frequência cardíaca diminui. A estimulação parassimpática também hiperpolariza as membranas plasmáticas das células do nó SA, aumentando a sua permeabilidade ao K+. Por conseguinte, o potencial marcapasso começa a partir de um valor mais negativo (mais próximo do potencial de equilíbrio do K+) e apresenta uma inclinação reduzida. Controle do volume sistólico: 6 7 ● Aumento da força de contração ● Estimulação nervosa simpática ● Epinefrina e noraepinefrina O volume de sangue é ejetado por cada ventrículo durante cada contração. Os ventrículos não se esvaziam por completo durante a contração. Por conseguinte, uma contração mais forte pode produzir aumento do volume sistólico ao provocar maior esvaziamento. Diversos fatores podem produzir alterações da força durante a ejeção do volume sistólico; (1) alterações no volume diastólico final (o volume de sangue nos ventrículos exatamente antes da contração, algumas vezes designado como pré-carga); (2) alterações na magnitude do impulso do sistema nervoso simpático para os ventrículos; (3) alterações na pós-carga (i. e., as pressões arteriais contra as quais os ventrículos bombeiam. As propriedades mecânicas do músculo cardíaco formam a base de um mecanismo inerente para alterar a força da contração e o volume sistólico; o ventrículo se contrai com mais força durante a sístole, quando teve maior grau de enchimento durante a diástole. Em outras palavras, estando todos os outros fatores iguais, o volume sistólico aumenta quando o volume diastólico final aumenta. Essa relação entre volume sistólico e volume diastólico final é conhecida como mecanismo de Frank-Starling. O neurotransmissor simpático, a norepinefrina, atua sobre os receptores beta-adrenérgicos para aumentar a contratilidade ventricular, definida como a força de contração em qualquer volume diastólico final determinado. A epinefrina plasmática que atua sobre esses receptores também aumenta a contratilidade miocárdica. O aumento da atividade simpática para o coração também aumenta a frequência cardíaca. Com o aumento da frequência cardíaca, o tempo disponível para o enchimento diastólico diminui, porém a contração e o relaxamento mais rápidos, induzidos simultaneamente pelos neurônios simpáticos, compensam, em parte, esse problema, permitindo que maior fração do ciclo cardíaco esteja disponível para enchimento. Pós-carga: Um aumento da pressão arterial tende a reduzir o volume sistólico. À semelhança de um músculo esquelético que levanta um peso, isso se deve ao fato de que a pressão arterial representa uma “carga” contra a qual o músculo ventricular em contração deve trabalhar quando ele está ejetando o sangue. Um termo utilizado para descrever o quanto o coração precisa trabalhar arduamente para ejetar o sangue é a pós-carga. Quanto maior a carga, menor o número de fibras musculares em contração que pode ser encurtado em determinada contratilidade . No coração normal, vários ajustes inerentes reduzem ao máximo a influência global da pressão arterial sobre o volume sistólico. 7
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