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HAS Definição Elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva. Ela é o principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura Fatores de risco Genética Idade Sexo Etnia Sobrepeso/Obesidade Ingestão de Sódio (Potássio como redutor) Sedentarismo Álcool em excesso Fatores socioeconômicos SAHOS Medicamentos Índice Tornozelo-Braquial (ITB) O ITB é a razão entre a pressão sistólica no tornozelo e no braço. É considerado um marcador de rigidez arterial em pacientes sem doença arterial periférica Velocidade de Onda de Pulso (VOP) A VOP tem sido considerada padrão-ouro na avaliação da rigidez arterial, não apenas pela facilidade em sua obtenção, mas também devido ao grande corpo de evidências demonstrando sua associação a doenças CV, independentemente dos fatores de risco tradicionais Diagnóstico A avaliação inicial de um paciente com hipertensão arterial (HA) inclui a confirmação do diagnóstico, a suspeita e a identificação de causa secundária, além da avaliação do risco cardiovascular (CV). As lesões de órgão-alvo (LOA) e as doenças associadas também devem ser investigadas A PA deve ser inicialmente medida nos dois braços e idealmente estabelecida por medição simultânea. Caso ocorra uma diferença > 15 mmHg da PAS entre os braços, há o aumento do risco CV,167 o qual pode estar relacionado com a doença vascular ateromatosa. Em idosos, diabéticos, disautonômicos ou naqueles em uso de anti-hipertensivos, a PA também deve ser medida 1 minuto e 3 minutos após estar em pé (imóvel). A hipotensão ortostática é definida como uma redução na PAS ≥ 20 mmHg ou na PAD ≥ 10 mmHg dentro do 3o minuto em pé e está associada a um risco aumentado de mortalidade e eventos cardiovasculares Classificação A classificação é feita de acordo com o nível mais elevado de PA, seja ele diastólico ou sistólico. Existe ainda a possibilidade de HA Sistólica Isolada ou HA Diastólica Isolada. MRPA e MAPA são as formas de se obter o PA fora do consultório. Cuidado para não confundir com a AMPA. Passo-a-passo para medição da PA 1. Determinar a circunferência do braço no ponto médio entre o acrômio e o olécrano 2. Selecionar o manguito de tamanho adequado 3. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital 4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria radial 5. Estimar o nível da PAS pela palpação do pulso radial 6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva 7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da PAS obtido pela palpação 8. Proceder a deflação lentamente (velocidade de 22mmHg por segundo) 9. Determinar a PAS pela ausculta do primeiro som (fase 1 de Korotkoff) e, depois, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação 10.Determinar a PAD no desaparecimento dos sons (fase 5 de Korotkoff) 11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e, depois proceder, à deflação rápida e completa 12.Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a PAD no abafamento dos sons (fase 6 de Korotkoff) e anotar valores de PAS/PAD/zero Avaliação Clínica Deve ser realizada anamnese, com história clínica completa, perguntas obrigatórias sobre o tempo de diagnóstico e tratamentos anti-hipertensivos instituídos previamente (medicamentos e doses). Além disso, convém apurar os sintomas que indiquem a evolução da doença hipertensiva, especialmente a presença de lesão de órgãos-alvo (LOA). Importante checar PA, FC, IMC, Circunferência Abdominal, Palpação e Ausculta Cardíaca e das Carótidas, Verificação dos pulsos, ITB (Normal >0,90), Fundoscopia. Histórico familiar, história de pré-eclâmpsia, pressão de pulso acima de 65 em idosos também são dados importantes Investigação Laboratorial Glicemia, Hemoglobina Glicada, Potássio sérico, Ácido Úrico, Creatinina, Glicemia, Perfil Lipídico, Sumário de Urina, ECG. Utilização das fórmulas de MDRD, CKD-EPI para estimativa da TFG é importante, para estratificação em 5 possíveis estágios (E1-E5). Associadas a albuminúria, tais informações podem levar ao prognóstico para Doença Renal Crônica, de acordo com o KDIGO. Indicações de exames Rx de Tórax - Para pacientes com suspeita de acometimento cardíaco e/ou pulmonar. Também deve ser indicado para investigação de acometimento de aorta (quando ECO não estiver disponível) ECO: Suspeitas de HVE - maior detalhamento na descrição da hipertrofia. Também há indicação na suspeição de IC. (Considera-se HVE quando a massa do ventrículo esquerdo indexada para a superfície corpórea é igual ou superior a 116 g/m2 no homem e 96 g/m2 na mulher) Albuminúria: Hipertensos diabéticos, Síndrome Metabólica ou com 2 ou mais fatores de risco para SM. USG de Carótidas: Presença de sopro carotídeo, suspeição de doença cerebrovascular, presença de doença aterosclerótica em outros territórios. Espessamento (>0,9) das camadas íntima e média (EIM) ou identificação de placas ateromatosas prediz a ocorrência de AVC e IAM, de forma independente a outros FR. USG Renal: Massas abdominais ou sopro abdominal Glicemia ou Hemoglobina Glicada: Histórico familiar de DM ou diagnóstico prévio de DM2. Além disso, solicitar em pacientes obesos Teste Ergométrico: Suspeita de doença coronária estável, DM ou histórico familiar de doença coronária (mesmo para pacientes com PA controlada) RNM Cerebral: Pacientes com distúrbios cognitivos e demência MAPA/MRPA/VOP Risco Cardiovascular Fatores de Risco para pior prognóstico - História familiar - Nível muito alto em um FR individual (incluindo HA estágio 3) - SAHOS - Pré-Eclâmpsia ou Eclâmpsia - Pressão de pulso > 60mmHg (idosos) - Ácido Úrico >7 (homens) e 5,7 (mulheres) - PCR >2 - FC >80 - Síndrome Metabólica - Sedentarismo - Fatores Psicossociais e econômicos - Distúrbios Inflamatórios Crônicos Metas Terapêuticas De modo geral, o foco é manter a PA abaixo de 140/90 mmHg, e acima de 120/70 mmHg (Importante). Em indivíduos mais jovens e sem FR → Meta é abaixo de 130/90 mmHg e acima de 120/70 mmHg Tratamento Medicamentoso Monoterapia Estratégia Inicial para: 1. HA estágio 1 com baixo risco CV 2. PA 130-139/85-89 (Pré-hipertensos) com RCV alto 3. Idosos ou pacientes frágeis Combinação de Medicamentos Estratégia preferencial para maioria dos hipertensos, independente do estágio e RCV. Combinação inicial é feita com a associação de 2 medicamentos com mecanismo de atuação distintos (Exceto Tiazídico com Poupadores de Potássio), que podem ser utilizados em conjunto. Caso a meta pressórica não seja alcançada, terceiro agente é introduzido. Vantagens → Menores efeitos adversos, visto menor dose. → Incremento de outro mecanismo, maior ação sinérgica, redução de mecanismos contraregulatórios. Tratamento de Primeira Linha ● Diuréticos (DIU) ○ Mecanismo → Ação natriurética, diminuição do volume circulante e extracelular → Redução da Resistência Vascular Periférica. ○ Ação anti-hipertensiva não guarda relação com dose, porém efeitos colaterais apresentam relação dose-efeito ○ Preferência deve ser dada a: Tiazídicos, como Hidroclorotiazida; Clortalidona e Indapamida. Todos sendo utilizados em doses baixas. ○ Diuréticos de Alça (Furosemida e Bumetanida) → Retenção de água e sódio → Insuficiência Renal, Insuficiência Cardíaca e Síndrome Nefrítica ○ Poupadores de Potássio (Espironolactona e Amilorida) → Utilizados em associação com Tiazídicos e Diuréticos de Alça. ○ Espironolactona tem sido usada como 4º medicamento em pacientes com HA resistente ou refratária. ○ Clortalidona → Maior potência e meia-vida → DIU preferencial para HA resistente ou refratária.Porém, há maior ocorrência de efeitos adversos, como distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos ○ Indapamida (Tiazídico “símile”) → potência e meia-vida longas. Promissora EFEITOS ADVERSOS ○ Fraqueza, Câimbra, Hipovolemia, Disfunção erétil, Ácido Úrico aumentado ○ Hipopotassemia e Hipomagnesemia → Arritmias ventriculares (extrassístole) ○ Hipopotassemia → ↑ Intolerância a Glicose → Maiores chances de DM2 ○ Espironolactona → Ginecomastia e hiperpotassemia (Déficit de função renal) ● Bloqueador de Canal de Cálcio (BCC) ○ Mecanismo → Redução da disponibilidade de cálcio no interior, que dificulta a contração muscular → Vasodilatação que diminui RVP 2 tipos: Di-hidropiridínicos e Não Di-hidropiridínicos: ○ DI-HIDRO → Anlodipino, Nifedipino, Felodipino, Manidipino, Levandipino, Lercanidipino, Lacidipino → Efeito vasodilatador predominante, pouca interferência na FC e Função Sistólica → Usados como Anti-hipertensivos ○ NÃO DI-HIDRO → Difenilalquilaminas (Verapamila) e Benzotiazepinas (Diltiazem) → Menor efeito vasodilatador, agem na musculatura e sistema de condução cardíacos. Ação importante sobre a FC e ritmo cardíaco → Depressão da função sistólica. Devem ser evitados em pacientes com disfunção cardíaca ○ Deve-se dar preferência a BCCs de ação prolongada, para evitar oscilações indesejadas de FC e PA. EFEITOS COLATERAIS ○ Edema maleolar, cefaléia latejante, tonturas, dermatite ocre, hipertrofia gengival ○ Rubor facial → Di-hidro de ação rápida ○ Efeitos costumam ser dose-dependentes ○ Verapamila e Diltiazem pioram quadros de IC. Verapamila causa obstipação intestinal ○ Em casos de resistência ao tratamento → BCC Lipofílicos → Manidipino, Lercanidipino, Lacidipino ● Inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) ○ Mecanismo → Interrupção da conversão de Angiotensina I em II (vasoconstrictora); além da redução da degradação de bradicinina (efeito colateral). ○ Possíveis propriedades anti-ateroscleróticas ○ “Prilas” → Captoprila, Enalaprila, Benazeprila, Lisinoprila, Fosinoprila, Ramiprila, Perindoprila EFEITOS ADVERSOS ○ Tosse seca (disparadamente o mais comum). Edema angioneurótico, Erupção cutânea também podem ocorrer ○ Em pacientes com função renal reduzida → Piora inicial, elevação da Uréia e Creatinina. → Porém, posteriormente, reduz a progressão da DRC ○ Pode gerar Hipopotassemia em pacientes com Insuficiência Renal ○ Contraindicado também para grávidas ● Bloqueador dos receptores AT1 de Angiotensina II (BRA) ○ Mecanismo → Independem a ação da Angiotensina II ○ “Sartanas” → Losartana, Valsartana, Irbesartana, Candesartana, Olmesartana, Telmisartana EFEITOS ADVERSOS ○ Exantema (embora raro) ○ Piora inicial, elevação da Uréia e Creatinina. → Porém, posteriormente, reduz a progressão da DRC ○ Hipercalemia (especialmente na Insuficiência Renal) ○ Contra Indicados também para grávidas “Coringa” ● Betabloqueadores (BB) ○ Mecanismo → Diminuição inicial do débito cardíaco e da secreção de renina. Leva a readaptação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas ○ Pós-IAM e angina torácica, IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr), para controle de Frequência Cardíaca, Mulheres em idade fértil (potencial para engravidar) ○ “Lols” → 3 classes: Cardiosseletivos, Não Cardiosseletivos e Vasodilatadores ○ Não Cardiosseletivos → Propranolol, Nadolol, Pindolol ○ Cardiosseletivos → Atenolol, Metoprolol, Bisoprolol. ○ Vasodilatadores → Carvedilol e Nebivolol ○ Propranolol → Útil no tratamento de Tremor Essencial, Prolapso de de válvula mitral, Hipertireoidismo, Síndrome do Pânico, Cefaléia de origem vascular e Hipertensão Portal. EFEITOS ADVERSOS ○ Broncoespasmo, Bradicardia, Arritmias Atrioventriculares, Vasoconstrição Periférica, Insônia, Pesadelos, Depressão, Astenia e Disfunção Sexual. ○ Contraindicados na Asma, DPOC, Bloqueio Atrioventricular, ○ Impacto sobre metabolismo da glicose → Intolerância à glicose → Aparecimento de DM; Dislipidemia também pode ser gerada. Carvedilol e Nebivolol tem impacto neutro e podem melhorar até melhorar perfil lipídico e glicêmico Demais agentes → Quando não há eficácia entre as possíveis combinações de primeira linha ● Simpatolíticos de Ação Central ○ Mecanismo → Estímulo aos receptores alfa-2 → Inibição da atividade simpática e dos reflexos barorreceptores → Bradicardia relativa e Hipotensão Ortostática. Além disso, diminuição discreta da RVP, débito cardíaco, níveis de renina e retenção de fluidos ○ Metildopa, Clonidina, Rilmenidina ○ Clonidina → Impede liberação de norepinefrina → Interrupções abruptas podem levar à crise adrenérgica. Indicada em HA associada a Síndrome de Pernas Inquietas, a Retirada de Opióides, Flushes de Menopausa, Diarréia associada a Neuropatia Diabética e Hiperatividade Simpática em Pacientes com Cirrose Alcoólica. ○ Rilmenidina → Maior afinidade pelos receptores imidazolínicos do subtipo I → Menores efeitos colaterais que Clonidina ○ Metildopa → Muito indicado na gravidez EFEITOS ADVERSOS ○ Sonolência, sedação, boca seca, fadiga, hipotensão postural e disfunção erétil ○ Metildopa → Reações autoimunes, como febre, anemia hemolítica, galactorreia e disfunção hepática. Todos efeitos são limitados ao tempo de uso ○ Clonidina → Efeito rebote com a descontinuação, especialmente quando utilizada com Betabloqueadores. Perigosa em períodos em situações pré-operatórias. ● Alfabloqueadores ○ Mecanismo → Redução da RVP sem mudanças no débito cardíaco. Promovem maior redução pressórica quando na posição ortostática e na taquicardia reflexa. → Comum hipotensão postural. ○ Contribuição favorável no metabolismo lipídico e glicêmico. ○ Doxazosina e Prazosina ○ Ação coadjuvante benéfica (relaxamento da musculatura de assoalho prostático) para pacientes com Hiperplasia Prostática Benigna (Doxazosina, Tansulosina, Alfuzosina, Silodosina) EFEITOS ADVERSOS ○ Hipotensão postural (sintomática na primeira dose), Tolerância frequente (Taquifilaxia), Incontinência Urinária em mulheres ● Vasodilatadores diretos ○ Mecanismo → Ação direta, relaxamento da musculatura lisa arterial → Redução da RVP ○ Hidralazina, Minoxidil EFEITOS ADVERSOS ○ Retenção de sódio e água → Taquicardia reflexa ○ Hidralazina → Cefaléia, taquicardia reflexa, flushing, reação lupus-like (dose dependente), anorexia, náusea, vômito e diarréia. ○ Minoxidil → Hirsutismo ● Inibidores diretos da Renina ○ Mecanismo → Inibição da ação da renina → Redução do substrato de angiotensina II. ○ Alisquireno ○ EFEITOS ADVERSOS ○ Rash cutâneo, Diarréia; ○ Contraindicado em grávidas. ___________________________________________________________________________ Referências: - H., Oigman, W., & Nadruz, W. (2021). Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq. - (Medgrupo - 2020. Medgrupo - Residência médica 2020). CLÍNICA médica. [São Paulo: Medgrupo, 2007]
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