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Acidentes por animais peçonhentos- ACIDENTE ARACNÍDICO

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ACIDENTE ARACNÍDICO 
 
• As picadas por aranhas são um evento médico raro. 
• Existem cerca de 41.000 espécies de aranha e todas produzem uma espécie de veneno em suas 
quelíceras, na maior parte dos casos inofensivos para humanos. Assim, muitas poucas espécies 
têm alguma relevância do ponto de vista médico. 
Obs.: As aranhas caranguejeiras, por exemplo, são conhecidas por atingirem grandes 
dimensões, entretanto, na maioria das vezes possuem um tipo de veneno com pouca 
relevância para o ser humano. 
• A principal preocupação são as lesões necróticas, mas que só ocorrem pelas picadas de aranhas 
do gênero Loxosceles. 
• No Brasil, três gêneros de aranhas têm relevância médica: Phoneutria, Loxosceles e 
Latrodectus. 
• Menor letalidade 1/1000 
AS ARANHAS 
Phoneutria 
• As aranhas desse gênero são conhecidas como aranhas armadeiras. 
• Podem atingir até 15 cm. 
• São aranhas noturnas e solitárias, e só ocasionalmente entram em domicílios. quando isso 
ocorre, assumem postura agressiva caraterística, o que lhes dá o nome popular. 
Loxosceles 
• Também denominada de aranha reclusa ou aranha marrom. 
• Pequeno porte 3-4cm. 
• Têm hábito predominantemente noturno. 
• São encontradas em locais secos e escuros, sobre pedras ou madeira. 
• Elas podem se adaptar ao ambiente doméstico e se esconder em roupas, móveis e lençóis. 
• São aranhas com características difíceis de diferenciar em relação a outras espécies de aranhas, 
mas que apresentam 6 olhos, com um par na frente e dois pares laterais, ao contrário dos oito 
olhos usuais divididos em 2 fileiras. 
• Essas aranhas raramente picam espontaneamente seres humanos; isso ocorre em geral quando 
são atacadas ou como última linha de defesa (quando são comprimidas contra o corpo). 
Latrodético 
• Viúva negra. 
• Pequena 3 cm. 
• Vive em vegetações arbustivas e gramíneas, podendo apresentar hábitos domiciliares e 
peridomiciliares. 
• Existem pelo menos 30 diferentes espécies. 
• Aparência negra brilhante com marcas vermelhas pelos corpos. 
EPIDEMIOLOGIA 
Phoneutria 
• São descritos milhares de eventos no Brasil anualmente. 
• Ocorrem principalmente na América do Sul e na Costa Rica. 
• No país, ocorre mais região Sul e Sudeste. 
Loxosceles 
• Existem mais de 100 espécies de distribuição mundial, mas a maioria delas se encontram na 
América do Sul. 
• A maioria dos acidentes, no país é descrita na região Sul e Sudeste. 
• As mulheres são um pouco mais afetadas que os homens. 
• Ocorrem sobretudo nos meses de temperatura mais quente. 
Latrodético 
• Sua epidemiologia varia de acordo com a localização mundial. 
• No país ocorrem mais na faixa litorânea do Rio de Janeiro até o Nordeste. 
• Na américa do Sul são mais frequentes picadas em trabalhadores rurais. 
• Ocorre principalmente no sexo masculino na faixa etária entre 10 e 30 anos. 
O VENENO 
Phoneutria: Seu veneno tem ação neurotóxica com liberação de adrenalina e acetilcolina, causando 
manifestações de sistema nervoso central simpático e parassimpático. 
Loxosceles: possui ação proteolítica, hemolítica, coagulante e dermonecrótica. 
Latrodético: Suas picadas características produzem alterações sensoriais no local, há o envolvimento do 
sistema nervoso autônomo com liberação de neuromediadores, podendo ocorrer contratura facial e 
trismo, retenção urinária, hipertensão arterial, taquicardia ou bradicardia. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Phoneutria 
• As picadas causam dor local imediata com diaforese localizada e radiação proximal, piloereção 
e eritema. Na maioria dos casos, os sintomas se limitam ao quadro doloroso. 
• Os sintomas sistêmicos incluem naúseas, vômitos e tonturas, salivação, alterações visuais e 
priapismo. Casos mais graves podem apresentar priapismo, choque, edema pulmonar agudo. 
Loxosceles 
A patogênese das manifestações clínicas não é completamente conhecida, mas parece ser importante o 
envolvimento de componentes da família das fosfolipases D, que estão envolvidas na necrose cutânea. 
• Forma cutânea: De instalação lenta e progressiva, é caracterizada por dor, edema endurado e 
eritema no local da picada. Os sintomas locais se acentuam nas primeiras 24 a 72 horas após o 
acidente, podendo variar sua apresentação: bolha, calor e rubor, dor em queimação, lesões 
hemorrágicas focais mescladas com áreas de isquêmia e necrose (esses dois últimos auxiliam 
no diagnóstico). 
• Forma cutâneo visceral (hemolítica): Além do comprometimento cutâneo, observam-se 
manifestações clínicas em virtude de hemólise intravascular como anemia, icterícia e 
hemoglobinúria que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas. Este quadro pode ser 
acompanhado de petéquias e equimoses, relacionadas à coagulação intravascular disseminada 
(CIVD). Também podem apresentar rash cutâneo, cefaleia, mal-estar. Esta forma é descrita com 
freqüência variável de 1% a 13% dos casos. Casos graves podem evoluir para IRA, principal 
causa de óbito do loxoscelismo, além de alterações clínico laboratoriais de hemólise 
intravascular. 
Latrodético 
• Os pacientes, na sua apresentação no serviço de emergência, têm tipicamente uma história de 
atividade de risco para ocorrer a picada nas últimas 8 horas. 
• Cerca de 75% das picadas ocorrem nas extremidades, em particular nos membros inferiores. 
• Dor é uma manifestação clínica universal nas picadas desse gênero e costuma ocorrer no local 
da picada com irradiação para dorso, tórax e região abdominal. O seu aparecimento é gradual, 
com piora progressiva em períodos de horas a dias, e a irradiação da dor em membro para a 
região superior dele é uma apresentação típica. 
• A diaforese é outra manifestação característica e pode ocorrer em apresentações atípicas. 
Sugere o latrodectismo diaforese apenas no local da picada ou diaforese abaixo dos joelhos ou 
assimétrica. Outro achado relativamente específico é o aparecimento de dor abdominal grave 
ou rigidez de parede abdominal. 
• Em pacientes com manifestações sistêmicas, a mialgia é a mais comum entre elas. 
Manifestações sistêmicas, por sua vez, ocorrem em um terço dos pacientes com sintomas 
inespecíficos, como náuseas, vômitos e cefaleia na maioria dos casos. Fasciculações musculares 
e paralisia local podem ocorrer. A lesão miocárdica é rara e nesse caso pode ocorrer alteração 
de marcadores cardíacos. O priapismo é outra manifestação rara. 
• Os sinais vitais estão dentro dos parâmetros de normalidade em 70% dos pacientes; nos casos 
graves a presença de rigidez muscular intermitente ocorre em 60% dos pacientes. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é usualmente clínico, baseado na história do paciente de ter recebido uma picada de 
inseto identificado como uma aranha. – Na maioria dos casos a identificação é realizada pelo próprio 
paciente, raramente o diagnóstico laboratorial é disponível. 
Exames laboratoriais podem auxiliar no diagnóstico de loxocelismo (hiperbilirrubinemia indireta, anemia 
aguda e elevação de ureia e creatinina, nos casos com insuficiência renal). 
No caso de latrodectismo as alterações laboratoriais são inespecíficas, sendo descritos distúrbios 
hematológicos (leucocitose, linfopenia), bioquímicos ((hiperglicemia, hiperfosfatemia), do sedimento 
urinário (albuminúria, hematúria, leuradicocitúria) e eletrocardiográficas (fibrilação atrial, bloqueios, 
diminuição de amplitude do QRS e da onda T, inversão da onda T, alterações do segmento ST e 
prolongamento do intervalo QT). 
Alterações laboratoriais do foneutrismo são semelhantes ao do escorpionismo, notadamente aquelas 
decorrentes de comprometimento cardiovascular. 
TRATAMENTO 
Phoneutria: Na maioria dos casos apenas tratamento sintomático é necessário com aplicação de 
compressas locais quentes, opioides e sedativos conforme necessidade e uso de anestésicos locais. 
• O soro só é indicado em casos mais graves com manifestações autonômicas, sendo utilizado 
em cerca de 2% das picadas por esse tipo de aranha. O soro é usado por 3 horas e a 
recuperação é completa em usualmente 24 horas.Loxosceles: Existem vários tratamentos propostos para o loxoscelismo, como corticosteroides, antídotos 
e anti-histamínicos, entre outras opções, embora exista pouca evidência que dê suporte para seu uso. 
• Soro antiloxosceles: seu benefício parece se limitar ao uso nas primeiras 4 horas, embora 
estudos sugiram benefício em até 36-48 h. o Ministério da Saúde recomenda seu uso em casos 
de lesões cutâneas extensas, usualmente associado a glicocorticoides. A dose de soro 
específico é de 5 ampolas de soro antiloxosceles em casos sem hemólise e 10 ampolas de soro 
antiloxosceles no caso de hemólise associada. 
• A dose de prednisona recomendada é de 40-80mg ao dia ou 1 mg/kg por 5 dias. 
 
Latrodético: Em pacientes com manifestações apenas locais, são recomendados apenas os cuidados 
locais de limpeza e profilaxia antitetânica se necessário. Analgésicos, sobretudo opioides, são utilizados 
frequentemente. 
• Os benzodiazepínicos podem ser utilizados em casos de fasciculações ou espasmos musculares. 
A evidência para o uso de soro específico nesses pacientes é insuficiente para indicar a sua 
utilização. 
• Constituem uma exceção entre todos os soros antivenenos, pois deve ser aplicado via 
intramuscular.

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