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Genética e Câncer - O câncer é uma doença genética, independentemente de ocorrer de forma esporádica ou hereditária, pois a carcinogênese sempre inicia com danos no DNA. - Geralmente, esses danos são potencializados por agentes químicos, físicos ou virais. - A formação das neoplasias se dá pelo desequilíbrio entre a proliferação celular (ciclo celular) e a apoptose (morte celular programada). - Esses eventos são regulados por uma grande quantidade de genes, que, ao sofrerem mutações, podem ter seus produtos expressos de maneira alterada, iniciando a formação de um tumor. Uma vez danificado o DNA, há três processos que podem ocorrer na célula: - A morte celular pelo erro em si ou pela ativação da apoptose; - O reconhecimento e reparo do dano; - Ou, mais raramente, a transmissão do dano para as células descendentes por falhas nos outros mecanismos. Em alguns casos, danos ao DNA provocam uma alteração celular morfológica e funcional chamada displasia. - A displasia confere vantagem à célula, pois ela passa a potencializar seu metabolismo anaeróbico, ficando menos suscetível à hipóxia. - A displasia pode ser diagnosticada por estudo anatomopatológico do tecido acometido e tratada precocemente. Se isso não ocorrer, mais danos no DNA serão acumulados, e a displasia passa a ser severa, podendo logo evoluir para um tumor maligno. Para que a carcinogênese ocorra são necessárias algumas condições, entre elas: - Ocorrência de mutação não-letal que confira algum tipo de vantagem à célula (por exemplo, vantagem proliferativa); - Ocorrência de outras mutações em outros genes da mesma célula que também confiram vantagens e que não sejam letais; - Existência de uma instabilidade genética (acúmulo de mutações gênicas por defeitos no reparo do DNA e/ou instabilidade cromossômica), isto é, deve haver uma diminuição dos mecanismos de controle celular sobre as mutações. Todavia, essa instabilidade não pode ser muito intensa a ponto de ativar o mecanismo de apoptose celular. PROTO-ONCOGENES: - Controle das atividades celulares normais; - Os oncogenes são proto-oncogenes que sofreram mutações ativadoras, ou seja, que passaram a ter ganho de função ou hiperexpressão; - Efeito dominante na célula (um único alelo mutado é suficiente para alterar o fenótipo de uma célula normal para maligna); - Aumentar a proliferação celular, ao mesmo tempo em que inibem a apoptose; OBS: As mutações formadoras de oncogenes são adquiridas, uma vez que, se ocorrerem na linhagem germinativa (mutações herdadas), são letais para o embrião. ● MUTAÇÕES GÊNICAS: As formas mais comuns são as mutações pontuais, ou seja, troca de um par de bases na fita dupla de DNA. Muito frequentemente são causados por agentes químicos. ● MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS: Um mecanismo importante envolvido na carcinogênese é a translocação cromossômica. ● AMPLIFICAÇÃO GÊNICA: É a existência de múltiplas cópias de um proto oncogene potencializando a sua função. Pode ser encontrado em muitos tipos tumorais. ● SUPEREXPRESSÃO GÊNICA: É o aumento da função de um gene, mesmo não ocorrendo aumento do número de cópias. GENES SUPRESSORES TUMORAIS: - São genes que expressam produtos que regulam negativamente o ciclo celular. - Quando mutados deixam de exercer seus papéis através de processos específicos para cada gene. - Apesar do meio mais comum de perda de função desses genes se dar através de mutação na estrutura do DNA, em alguns casos, pode ocorrer silenciamento do gene por um processo epigenético (não altera a estrutura do DNA). Hoje existem dois modelos para explicar a carcinogênese envolvendo genes supressores tumorais: - O primeiro e mais difundido é a HIPÓTESE DE KNUDSON, em que mutações devem provocar perda de função dos dois alelos. Essas mutações têm caráter recessivo, uma vez que um único alelo mutado não é capaz de induzir uma neoplasia. - Nos tumores de caráter hereditário, uma mutação é herdada na linhagem germinativa e outra mutação, desta vez somática, é adquirida ao longo da vida. Nos tumores esporádicos, as duas mutações são somáticas e adquiridas ao longo da vida. Isso explica como alguns tipos de câncer podem ser tanto esporádicos quanto hereditários. Essa hipótese esclarece também como algumas doenças hereditárias não se manifestam em todos os indivíduos da família, uma vez que a segunda mutação ocorre ao acaso - O segundo é o MODELO DA HAPLOINSUFICIÊNCIA, em que apenas um alelo mutado, associado a eventos adicionais promotores de tumor, seria capaz de induzir a carcinogênese, mesmo com o outro alelo expressando-se normalmente. - A manutenção de um alelo selvagem não suporta o efeito do alelo mutado, quer seja por produção de proteína em níveis insuficientes, quer seja por um efeito dominante negativo, em que o alelo mutado bloqueia a atividade da proteína normal. O defeito na expressão de um alelo contribui para a formação de tumor por conferir vantagem proliferativa à célula (por mutação nos genes gatekeepers) ou por causar instabilidade genética (por mutação nos genes caretakers). A haploinsuficiência não resulta diretamente em um determinado fenótipo neoplásico, necessitando de outros eventos promotores de tumor, como mutação oncogênica, alteração de outro gene supressor tumoral ou alterações epigenéticas. Os genes supressores tumorais são divididos em dois grandes grupos: os Gatekeepers e os Caretakers. GATEKEEPERS OU GENES PROTETORES: Regulam diretamente o ciclo celular. São genes de suscetibilidade para câncer. - Gene p53: Presente no cromossomo 17, este gene está mutado em cerca de 2/3 dos casos de câncer. Ele é responsável pela interrupção do ciclo celular na fase G1 quando há qualquer alteração na sequência de DNA, a fim de que o dano seja reparado. Se o reparo não for feito, o gene induzirá a ativação do mecanismo de apoptose. - Gene RB1: Situado no cromossomo 13, produz uma proteína que bloqueia o ciclo celular quando hipofosforilada. Nesta forma, a proteína pRB se liga ao fator de transcrição E2F, que estimula a síntese de várias outras proteínas necessárias à continuidade do ciclo celular. - Gene APC: Está localizado no cromossomo 5 e produz a proteína apc,que regula a quantidade de b-catenina livre no citoplasma. Em condições normais, quando a célula não precisa se multiplicar, a b-catenina se encontra ligada a E-caderina, inibindo a progressão do ciclo celular. CARETAKERS OU GENES DE MANUTENÇÃO: Atuam reparando danos no DNA, mantendo a integridade genômica e evitando a instabilidade genética. Sozinhos não induzem a formação de neoplasia, pois alterações nesses genes não conferem vantagens proliferativas à célula, mas facilitam a ocorrência de mutações nos genes gatekeepers, as quais darão início à carcinogênese. - Genes BRCA1 e BRCA2: Estão presentes nos cromossomos 17 e 13, respectivamente. São ativados nas fases G1 e S do ciclo celular. Os produtos dos dois genes estão em um mesmo complexo multiprotéico e são responsáveis pela resposta celular às quebras do DNA que ocorrem normalmente na recombinação homóloga ou de forma anormal quando há danos na estrutura do DNA. - Genes MMR: São genes responsáveis por reparar erros de pareamento do DNA (mismatch repair genes). Há inúmeros genes de reparo existentes, mas somente alguns já foram identificados como causadores de tumores como: MLH1, MSH2, PMSL1, PMSL2 e MSH6. As síndromes de câncer hereditário são afecções genéticas nas quais neoplasias malignas parecem se aglomerar em certas famílias. - Apenas uma pequena parcela dos cânceres relatados pode ser considerada parte de uma síndrome de câncer hereditário. A maior parte resulta de defeitos na replicação do DNA, em seus mecanismos de controle, ou da ação de agentes carcinógenos. - Algumas das características clínicas associadas ao câncer hereditário incluem: 1. idade precoce ao diagnóstico; 2. múltiplas neoplasias em um mesmo indivíduo; 3. múltiplos membros de uma mesma família apresentando a mesma neoplasia ou neoplasias relacionadas; 4. múltiplas gerações acometidas Referências: Genéticae Câncer. Disponível em: http://genetica.ufcspa.edu.br/revisaogenecan.htm . http://genetica.ufcspa.edu.br/revisaogenecan.htm
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