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‘’ 1 Patologia especial | Medicina Veterinária Fluídos e sistema linfático Forças que determinam a filtração de fluidos através da membrana As forças que determinam a filtração de fluidos através da membrana e são chamadas de Forças de Starling: 1. Pressão de Filtração Capilar (pressão hidrostática) : É a pressão exercida pelo plasma para passagem do fluido para o interstício. 2. Pressão do Líquido Intersticial: É a pressão exercida pelo liquido intersticial contra a passagem do fluido. 3. Pressão Coloidal Osmótica (Coloidosmótica) Capilar: É a pressão com que as proteínas dentro do capilar puxem o fluido para dentro. (osmose para dentro). 4. Pressão Coloidosmótica Intersticial: É a pressão com que as proteínas intersticiais puxam o fluido para fora do capilar (osmose para fora). - O sistema linfático anda junto com o sistema circulatório. - O liquido que circula no sistema linfático é chamado de linfa e ‘’ 2 Patologia especial | Medicina Veterinária todos os líquidos tem origem iguais, o seu nome muda de acordo com o local - O liquido do sangue é chamado de plasma sanguíneo. - O espaço que fica entre os capilares e células é chamado de espaço intersticial e o liquido presente nesse local é chamado de liquido intersticial. - O liquido que corre dentro dos vasos linfáticos e linfonodos é chamado de linfa - O liquido que a célula absorve no espaço intersticial é chamado de Hialoplasma. - O sangue que circula no sistema circulatório leva nutrientes que as células precisam que estão no plasma sanguíneo. - O sangue que vem das artérias e passa para os capilares exerce alta pressão na parede dos capilares. A pressão hidrostática é maior e por conta disso o plasma passa para liquido intersticial para as células absorverem. - A pressão oncótica (de proteínas, principalmente da albumina) sempre atrai a água onde a concentração de proteínas é maior. - Após o plasma ser absorvido a célula produz toxinas que é jogada para o interstício novamente. - No capilar venoso a pressão oncótica é maior do que a hidrostática e faz com que o plasma do interstício seja “sugado” novamente para o capilar venoso por conta alta concentração proteica - . Não é 100% do líquido que é absorvido pelos capilares venosos e uma % acaba ficando pelo interstício. - Os capilares linfáticos tem origem no interstício preferencialmente no lado dos capilares venosos, e a sua função é absorver o liquido intersticial que está em excesso (linfa). - O acúmulo de liquido no interstício é chamado de edema e ocorre com a saída excessiva de líquidos intracelular e não é absorvido novamente pela linfa. ‘’ 3 Patologia especial | Medicina Veterinária Respostas fisiopatológicas z - O miocárdio é composto de um tecido muscular estriado que possui a capacidade de contratilidade e condutibilidade. As anomalias que surgem, podem: Está afetando a formação do coração Alterar o seu ritmo e condução do impulso elétrico Alterar a capacidade contrátil da fibra muscular. As células musculares cardíacas geralmente não se regeneram e as respostas adaptativas do miocárdio frente a essas lesões são, na sua grande maioria de caráter megálico (cardiomegalia) e são reversíveis. - O coração não tem capacidade de se regenerar, ou seja, aumentar o número dos mioblastos. Por isso, ele aumenta o seu volume fazendo hipertrofia. A capacidade dos mioblastos se dividirem decai rapidamente após o nascimento. Exemplos. Um coração de um atleta precisa de uma grande demanda de trabalho, submetendo o coração a sofrer uma sobrecarga constantemente. O resultado é o coração se hipertrofiar, aumentando o seu volume. Isso ocorre com o tempo (meses), e não é de um dia para o outro, é crônico. - No infarto do miocárdio (área de necrose de coagulação) o local afetado é uma área morta, não há células vivas e nesse local não vai hipertrofiar. - Para ocorrer a hipertrofia as fibras dos músculos precisam estar saudáveis. E onde há morte celular, pode haver cicatrização. - Em casos de lesão no coração, irá acontecer cicatrização e não hipertrofia. Hiperplasia (multiplicação celular, mitose). Hipertrofia - aumento de volume Hipertrofia - A hipertrofia é uma resposta compensatória do miocárdio frente a uma sobrecarga de caráter ‘’ 4 Patologia especial | Medicina Veterinária crônico. Essa sobrecarga pode ser de: Pressão (sistólica) Volume (diastólica) Ela é classificada em dois tipos: Hipertrofia excêntrica Hipertrofia concêntrica Hipertrofia excêntrica - Nesse tipo, ocorre o aumento da carga diastólica, irá chegar muito mais sangue nas câmaras cardíacas. Hipertrofia concêntrica - Ocorre quando há sobrecarga de pressão, aumentando a carga sistólica aumentando a espessura da parede ventricular. Alterações post mortem Rigor mortis - É o estado em que a musculatura se torna contraída e fica rígida. Isso ocorre devido à ausência de - - O ATP é necessário para que ocorra a contração e o relaxamento. As pontes dos miofilamentos de actina e miosina ficam afastadas durante o relaxamento muscular e é o ATP que é responsável por isso. No rigor mortis há 3 fases. Fase de pré rigor - O glicogênio muscular fornece ATP necessário para que as miofibrilas fiquem afastadas durante o relaxamento muscular. Fase de rigor - Quando ocorre o óbito, o consumo de reservas de glicogênio continua e quando se esgota ocorre a ausência de ATP que resulta em uma forte união entre os miofilamentos de actina e miosina. Fase pós rigor - O músculo não permanece em contração para sempre, essa contração acaba quando as proteínas musculares são destruídas em um processo autolítico por enzimas lisossômicas ocasionando o relaxamento muscular. - O coração é o primeiro órgão a entrar em rigor mortis, justamente por ser um órgão que está em constante atividade e o coração não reserva muito glicogênio. O rigor mortis pode vir mais rápido em situações em que o glicogênio muscular é consumido rapidamente. ‘’ 5 Patologia especial | Medicina Veterinária Ex: animais que fizeram muito exercícios gastando o glicogênio e vindo a óbito posteriormente. O que ocorre no coração: - O animal morre -> a função cardiaca para e o coração para em diástole -> com a estagnação do coração o oxigênio não é levado para os demais locais e ocorre a morte dos tecidos -> as células do corpo morrem -> liberam enzimas lisossômicas que digerem o tecido do corpo -> ocorre a autólise (digestão dos substratos celulares pelas enzimas das células.). - Os tecidos do corpo também são digeridos por enzimas microbianas. Isso ocorre porque as defesas orgânicas desaparecem e os patógenos e micróbios invadem o corpo. Eles começam a produzir enzimas e gases (basicamente gás sulfídricos produzidos por micróbios), que colaboram a degradação dos cadáveres. (heterólise ou putrefação) Esses dois processos acontecem simultaneamente. Coágulos post mortem - No rigor mortis, o coração para em diástole, ou seja, cheio de sangue nas câmaras cardíacas. A expulsão completa do sangue se dá pela contração da musculatura do ventrículo no momento do rigor. - No lado direito do coração: é comum achar coágulos no lado direito por conta da espessura da parede desse lado ser menor, no momento da contração do rigor ela não terá força o suficiente para mandar o sangue para a artéria pulmonar, - No lado esquerdo: não é comum achar coágulos no ventrículo esquerdo. A espessura do ventrículo é maiore no momento da contração do rigor o ventrículo tem força suficiente para expulsar o sangue para a artéria aorta. Se houver sangue no ventrículo esquerdo, é chamado de rigor mortis incompleto, podendo sugerir insuficiência cardíaca. O rigor incompleto pode ser causado por lesões de natureza degenerativa, inflamatórias ou necróticas que irão afetando negativamente a capacidade contrátil das fibras cardíacas. Tipos de coágulos - Após o óbito, as células começam a se degenerar por conta da falta de o2, elas liberam uma enzima chamada de tromboquinase que é ‘’ 6 Patologia especial | Medicina Veterinária responsável pelo processo e coagulação. O coágulo fica no sistema cardiovascular até que enzimas façam sua digestão e liquefação. Os coágulos post mortem podem ser classificados em dois tipos Coágulo lardáceo Coágulo cruórico - O primeiro, é formado basicamente de hemácias e possui a cor vermelha. - Já o cruórico, é formado por plaquetas, fibrina, leucócito e por isso possui uma cor amarelada. Coágulo cruórico Coágulo lardáceo Coágulos e trombos Coágulos São lisos Brilhantes Elásticos São soltos dentro do sistema cardiovascular Possuem o formato do local em que se ocupa. ‘’ 7 Patologia especial | Medicina Veterinária Trombos São opacos Friáveis Secos Inelásticos Tem forma e tamanho variável Ficam aderidos a parede do vaso ou endocárdio. Trombo na artéria pulmonar - Quando se tenta remover o trombo, ele deixa uma superfície rugosa no local em que foi retirado. Embebição da hemoglobina - Após 12 a 24h, ocorre a hemólise do coágulo e a hemólise libera hemoglobina que por meio de difusão passiva tinge todo o endocárdio e a íntima dos vasos originando manchas. - As manchas de hemorragia possuem um vermelho mais profundo e definido, já as da hemoglobina possuem uma cor mais vermelho fraco alaranjado e atingem apenas a superficie do local atingido, diferente da hemorragia que é mais profunda. Intima da aorta de um cão com coloração normal ‘’ 8 Patologia especial | Medicina Veterinária Alterações sem significado clínico Anomalias no desenvolvimento Intima da aorta com Embebição da hemoglobina. (vermelho cor de água de salsicha ou uma tinta vermelha diluída) - No miocárdio pode ser encontrado manchas esbranquiçadas que podem levar ao erro no exame post mortem. - Em uma necropsia de um cão por exemplo, quando se visualiza uma área pálida no miocárdio deve-se se pensar em necrose que pode ser causada por várias coisas. Degeneração hidrópica, hialina, gordurosa. Pode ser inflamação Miocardites Cicatriz Neoplasia - linfossarcoma ou linfoma. - A palidez difusa ou multifocal pode não está relacionada com nenhuma outra alteração e para sugerir uma degeneração ou necrose é preciso que essas alterações estejam associadas a outras alterações sistêmicas. Coração de cão. Endocárdio. Câmara ventricular com pontos brancacentos com aspecto de pó de giz (alteração sem significado clínico). - Os pontos brancacentos, distribuídos de forma difusa no endocárdio semelhantes a pó de giz, não possuem significado clínico algum. - As anomalias congênitas do coração são as mais frequentes nos animais domésticos. - Os sinais clínicos irão depender do grau da lesão da anomalia. - As alterações congênitas podem ser causadas durante a vida pré- ‘’ 9 Patologia especial | Medicina Veterinária natal ou por alterações em genes recessivos. - Várias dessas doenças acometem indivíduos de raça pura e a incidência de anomalias irão variar a depender da espécie em questão, Causas de anomalias congênitas fatais: Raio X Uso de talidomida Deficiência nutricional (vitamina A, ácido pantotênico, riboflavina...) Para entender as alterações cardiovasculares, é preciso entender sobre a circulação fetal - No feto, o funcionamento do coração é diferente de um neonato. Os pulmões estão colapsados, fazendo com que a resistência ao fluxo sanguineo pulmonar seja maior do que a circulação pós-natal. - A pressão sanguinea é elevada do lado direito do coração o que no lado esquerdo. - O feto não precisa respirar, o fornecimento de oxigênio se dá através da placenta e o cordão umbilical. Por isso, o pulmão está colapsado (não está em funcionamento) Circulação fetal Durante o desenvolvimento do coração no periodo fetal, existem 3 estruturas que são importantes para a circulação fetal. Septo atrial e forame oval Eles fazem a comunicação entre os dois átrios Septo ventricular Ele faz a comunicação entre os ventrículos Ducto arterioso Faz a comunicação com a artéria aorta e a pulmonar. ‘’ 10 Patologia especial | Medicina Veterinária - O fechamento do septo atrial e ventricular ocorre durante a vida intrauterina – pré natal - O fechamento do forame oval e do ducto arterioso ocorre no período neonatal. - Se não houver o fechamento adequado dessas estruturas, o sangue não irá seguir o seu caminho adequado. Fisiologia da circulação fetal - No feto, os pulmões estão colapsados e por conta disso a resistência do fluxo sanguíneo pulmonar é alta. O sangue não se oxigena pelos pulmões e sim pela placenta. - O sangue oxigenado vem da placenta através do cordão umbilical. Em seguida, ele segue pelo ducto venoso, que é uma estrutura que cria um atalho com o cordão umbilical e a veia cava inferior. Ele não passa pelo fígado, por conta do fígado não ter pleno metabolismo, por isso o fígado desvia e o pouco sangue que entra é para manter células hepáticas sadias. - O sangue segue pela veia cava inferior e desemboca no átrio direito e através do forame oval ele segue para o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo indo para a artéria aorta que irá distribuir o sangue pela circulação sistêmica. - O sangue que vem da veia cava superior e entra no átrio direito, ‘’ 11 Patologia especial | Medicina Veterinária vem lá da cabeça e pescoço desoxigenado, ele não vai para o átrio direito e sim para o ventrículo direito seguindo pela artéria pulmonar. - Como o pulmão não está funcional e colapsado, uma pequena quantidade de sangue vai para os pulmões e a outra é desviada para a artéria aorta por uma estrutura chamada ducto arterial. - Esse sangue segue a circulação sistêmica novamente e o ciclo se inicia. O sangue é levado pelas artérias umbilicais até a placenta, onde então é oxigenado e volta pelo cordão umbilical. Persistência do ducto arterioso - Quando o animal nasce, os pulmões são insuflados e a resistência ao fluxo sanguineo diminui, a placenta interrompe o fluxo sanguineo e a pressão da aorta se eleva. ‘’ 12 Patologia especial | Medicina Veterinária - Em poucas horas a parede muscular do ducto arterioso se contrai e dentro do período de a 8 dias o ducto está finalmente contraído interrompendo o fluxo sanguíneo. Entre 1 e 4 dias, ocorre a proliferação de tecido conjuntivo fibroso formando o ligamento arterioso e o ducto fica totalmente ocluído. - Quando esse canal não se fecha, tem-se a persistência do ducto arterioso. - É a alteração congênita mais comum principalmente nos cães. - Como o ducto continua aberto, a comunicação da artéria aorta com a artéria pulmonar continua aberta e osangue desvia do lado esquerdo para o lado direito. - Quando o ducto é grande o ventrículo esquerdo vai sofrer uma sobrecarga de volume, ocasionando a hipertrofia excêntrica. Pois, o sangue da grande circulação volta para a artéria pulmonar novamente e segue para os pulmões que irão oxigenar esse sangue e envia-lo de volta para o átrio esquerdo. (em maior quantidade) - Já o ventrículo direito, é submetido ao aumento de pressão, levando a hipertrofia concêntrica, pois o ventrículo precisa de mais força para impulsionar o sangue em excesso. ‘’ 13 Patologia especial | Medicina Veterinária - O pulmão inunda de sangue e tende a ficar congesto, pode ter Hipertensão pulmonar no interior dos vasos sanguíneos pulmonares. - O átrio pode sofrer uma dilatação (do átrio esquerdo) O sangue da artéria aorta pra pulmonar é turbilhonado, expondo o colágeno subendotelial e podendo causar trombose. P – artéria pulmonar A – Artéria aorta * - Ducto arterioso Defeito no septo ventricular - O septo interventricular é formado na fase embrionária e separa os dois ventrículos. Ele é formado por uma porção membranosa e outra porção muscular. - As alterações do septo estão relacionadas com o tamanho do orifício. Quando o orifício é consideravelmente grande, o sangue é desviado do ventrículo esquerdo para o ventrículo direito podendo levar o animal à morte. - A pressão do ventrículo esquerdo é bem maior do que o do ventrículo direito. - O que se observa é uma hipertrofia excêntrica do ventrículo esquerdo, por ele aumentar o volume sanguíneo. - Já no ventrículo direito, se observa a hipertrofia concêntrica devido a sobrecarga de pressão. O ventrículo precisa de mais força para ejetar o sangue em excesso. - Nesse caso, o que supera é a pressão, a sobrecarga de pressão supera a de volume vindo do ventrículo esquerdo que manda o sangue com muita pressão para o outro ventrículo. - Os pulmões podem sofrer congestão por serem inundados de sangue e hipertensão ‘’ 14 Patologia especial | Medicina Veterinária - O sangue em grande quantidade que vem pro lado esquerdo pode causar dilatação do átrio esquerdo Defeito no septo interventricular Defeito do septo atrial (persistência do forame oval) - O forame oval permite a comunicação entre os dois átrios. O sangue oxigenado consegue fluir do lado direito do átrio para o lado esquerdo do átrio através desse forame. ‘’ 15 Patologia especial | Medicina Veterinária - Quando o animal nasce, ocorre uma inversão de pressão. No período fetal, a pressão do átrio direito é maior do que o esquerdo e então o sangue passava pelo forame. No nascimento, essa inversão ocorre e a pressão do átrio esquerdo é maior e isso permite o fechamento do forame oval para impedir que o sangue volte para o átrio direito. - Quando ocorre defeito no septo atrial, este fica persistente. Defeitos maiores fazem com que o sangue do átrio esquerdo passe para o átrio direito. - O sangue que vem do átrio para o ventrículo é vem com baixa pressão (escorrendo) e o sangue que passa dos átrios é um sangue que passa devagar. - O resultado disso é: Hipertrofia concêntrica do ventrículo direito, por precisar realizar armazenar mais sangue dilatando sua câmara. - Nesse caso, a supremacia é de volume e não de pressão. O sangue não vem com alta pressão do átrio esquerdo, ele vem escorrendo. - O pulmão sofre congestão, hipertensão pulmonar e pode haver dilatação do AE (nem sempre). ‘’ 16 Patologia especial | Medicina Veterinária Coração, cordeiro de 3 meses de idade. Defeito do septo atrial (seta). Um defeito do septo ventricular também é evidente (asterisco) Transposição de grandes vasos (TVG) - A Aorta se origina no ventrículo direito, e a artéria pulmonar se origina do ventrículo esquerdo. - O sangue venoso irá chegar no átrio direito e seguir pela artéria aorta indo para a circulação sistêmica. - Já o sangue oxigenado chega no átrio esquerdo pelas veias pulmonares e é bombeado pelo ventrículo esquerdo novamente para os pulmões através da artéria pulmonar. Tetralogia de Fallot - Predisposição racial em cães - Bulldog Inglês, Poodles, Schnauzers, Fox Terrier, Collie, Pastor de Shetland. - Defeito quase sempre letal nas espécies domésticas (morte logo após o nascimento). - Resulta quase que invariavelmente em sinais clínicos (fadiga, cianose, policitemia). Ocorre 4 anomalias distintas do coração. Dextroposição da aorta (origem biventricular) Defeito do septo ventricular Estenose da artéria pulmonar Hipertrofia ventricular direita secundária. - A aorta tem origem biventricular e recebe sangue dos dois ventrículos. Ela fica mais localizada ‘’ 17 Patologia especial | Medicina Veterinária no lado esquerdo e consegue abranger os dois ventrículos. - O septo ventricular possui um defeito e o sangue do lado esquerdo flui para o lado direito do ventrículo e para a aorta. - A artéria pulmonar apresenta estenosa, e pouca quantidade de sangue do ventrículo direito vai para os pulmões. - O lado direito do coração fica com sobrecarga de pressão e desenvolve hipertrofia concêntrica. A principal alteração fisiológica que os animais acometidos apresentam é o fato de 75% do sangue ser desviado dos pulmões e não ser oxigenado. Estenose subaórtica - É frequente em suínos e em cães das raças Pastor Alemão e Boxer. - Ocorre a formação de uma camada espessa de tecido conjuntivo fibroso no ventrículo - O sangue muito oxigenado e desoxigenado se mistura e vai para o pulmão. - A cianose muito acentuada e intensa é comum na tetralogia de Fallot Resumo: sangue do ventrículo esquerdo pro direito → sangue com grande pressão → a estenose da artéria pulmonar dificulta a passagem do sangue, a válvula muito fechada faz com que o ventrículo tente superar a pressão -> Hipertrofia concêntrica do ventrículo direito ‘’ 18 Patologia especial | Medicina Veterinária esquerdo logo abaixo das válvulas semilunares aórticas. - Isso dificulta o funcionamento da válvula (sua abertura) - O sangue tem dificuldade de passar para uma válvula. - Hipertrofia concêntrica do VE por ter que exercer maior pressão por conta da camada espessa atrapalhar a abertura da válvula. Válvula aórtica espessada e traves de tecido conjuntivo abaixo da válvula aórtica. - Ocorre dilatação da aorta ocasionando um fluxo turbulento por conta da maior pressão. Estenose da artéria pulmonar - Comum em cães e é semelhante a estenose subaórtica. - Relativamente comum em cães como o Bulldog Inglês e rara em outras espécies. - Ocorre a formação de tecido conjuntivo fibroso perto da origem da artéria pulmonar, diminuindo o seu lúmen. - A consequência é hipertrofia concêntrica do ventrículo direito por sobrecarga de pressão. - Dilatação da artéria pulmonar (fluxo turbulento) ‘’ 19 Patologia especial | Medicina Veterinária Artéria pulmonar com estenose e ventrículo esquerdo hipertrófico Persistência do arco aórtico direito. - Na vida embrionária desenvolve arco aórtico ( 6 pares) - Alguns arcos aórticos regridem, e a artéria aorta se desenvolve do 4 arco aórtico esquerdo.Na persistência do arco aórtico a aorta se desenvolve do 4 arco aórtico direito que deveria ter regredido e não regride. ‘ - Quando o ligamento do ducto arterioso se forma, ele acaba abraçando a traqueia e o esôfago. O ligamento vai apertando, formando um anel que laça o esôfago e a traqueia e oclui o esôfago. - O esôfago fica com a com luz diminuída e causa distensão esofagiana e regurgitação fazendo com que o animal tenha disfagia (dificuldade de deglutir) Sinais clínicos: O animal pode ficar magro, crescer, desenvolver megaesôfago secundário pouco e pode aspirar o conteúdo regurgitado (pneumonia por aspiração) ‘’ 20 Patologia especial | Medicina Veterinária Ectopia cordis - O coração se localiza fora da cavidade torácica. Normalmente é na região cervical, mas pode ser na região submandibular, torácica ou abdominal. - Coração para fora é exposição muito grande e há chances de traumatizar e haver uma contaminação ambiental. Animal não sobrevive muito (dias ou horas) Fibroelastose endocárdica - Alteração congênita hereditária que tem sido observada mais frequentemente em gatos das raças Siamês e Burmês - O endocárdio apresenta-se esbranquiçado e espesso, especialmente no ventrículo esquerdo, devido à proliferação de tecido fibroelástico. - Está associada à hipertrofia e dilatação do ventrículo esquerdo na ausência de outras anomalias. - Insuficiência cardiaca pode causar dilatação que se durar muito endocárdio fica muito espesso. . Hematocistos - São cistos preenchidos por sangue nas extremidades das válvulas atrioventriculares. É mais frequente em bezerros. - É uma alteração que regride espontaneamente, podendo persistir por poucos meses a 1 ano, e não causa alterações funcionais na válvula, sendo considerada achado de necropsia. ‘’ 21 Patologia especial | Medicina Veterinária Displasia no miocárdio Melanose A grande massa azulada no centro da imagem e no lado atrial da válvula AV é um hematocisto ou cavidade vascular cheia de sangue que se desenvolveu durante a vida embriológica. Por ser ligeiramente firme à palpação, contém uma massa de sangue parcialmente coagulado. No lado direito da imagem, há três estruturas menores semelhantes na própria válvula. Alterações congênitas - Doença caracterizada pela substituição gradual dos cardiomiócitos por células adiposas e por tecido conjuntivo fibroso. - Alteração dos impulsos elétricos – arritmias. - Alteração observada principalmente na parede livre do ventrículo direito. - Causa de morte súbita em cães. Traço autossômico dominante em cães da raça Boxer. Miocárdio do cão com displasia Nota-se um coração globoso, dilatado, com extensas áreas pálidas e diâmetro transversal semelhante ao longitudinal, ápice achatado. Dica: O ápice do coração é do ventrículo esquerdo, porque a massa é maior. - É possível ver manchas de coloração marrrom/enegrecida - Ocorre pela migração errada de melanócitos - As manchas são planas e não tem tipo de elevação e nodulação - Se não for plana é melanoma porque tem elevações. ‘’ 22 Patologia especial | Medicina Veterinária Hemorragias Hidropericárdio - Ocorre um acúmulo de liquido no interior do saco pericárdico. Esse liquido é um transudato (com baixo teor de proteína). Coração de equino. Epicárdio com hemorragias petequiais e sufusões - O liquido do hidropericardio é um fluido aquoso, transparente, claro, um pouco amarelado e não se coagula quando é exposto ao ar. - O pericárdio contém liquido em baixa quantidade para lubrificação dos folhetos, mas, nessa patologia se trata do excesso. - Hemorragia no coração nem sempre é isolada, pode ser causada por outras patologias generalizadas no organismo. Causas Processos patológicos que levam o: Aumento da pressão hidrostática Diminuição da pressão oncótica Aumento da permeabilidade vascular Redução da drenagem linfática O hidropericádio pode ocorrer com acúmulo lento e rápido Lento: Quando é lento pode haver espessamento do folheto parietal Pode haver compensação do ventrículo gerando hipertrofia concêntrica do coração progredindo para uma insuficiência. Acumulo rápido A bolsa pericárdica enche rapidamente, não dá tempo do coração compensar e isso impede a expansão ventrículo durante a diástole levando o animal a morte por choque. Macroscopia - Acumulo excessivo de fluído no saco pericárdico. - Folhetos permanecem brilhantes e lisos - Líquido geralmente é amarelado e translúcido - Os folhetos parietais podem se encontrar espessos ‘’ 23 Patologia especial | Medicina Veterinária O liquido pode estar avermelhado pela embebição da hemoglobina (alteração post mortem) Hidropericárdio . Líquido dentro da bolsa pericárdica. O liquido está em quantidade excessiva. A espessura do folheto parietal do pericárdio está maior, está opaco, brancacento (deveria ser algo mais transparente e mais fininho) Consequências: O acumulo lento e de grande quantidade pode causar: Hipertrofia excêntrica do coração Insuficiência cardíaca O acumulo rápido de liquido pode causar: Tamponamento cardíaco agudo por conta do ventrículo direito ter dificuldade de se encher na diástole. Hemopericárdio É o acumulo de sangue dentro do saco pericárdico. Causas comuns: Rompimento de vasos Rompimento de átrios por trauma Perfuração do coração Ruptura intrapericárdica da aorta Ruptura de hemangiossarcomas Ruptura da artéria coronária e do átrio decorrente de deficiência de cobre em suínos. (o tecido conjuntivo da parede vascular precisa do cobre e vitamina c) O hemangiossarcoma no cão pode se originar em qualquer local que tenha vaso sanguíneo com frequência em átrio direito e baço. Ele pode produzir sangramento e hemopericárdio ou sangramento e hemoperitôneo. Consequência Choque cardiogênico Insuficiência cardiaca aguda Hemopericárdio ‘’ 24 Patologia especial | Medicina Veterinária Macroscopia Liquido denso e viscoso A cor do liquido é bem forte e não se compara a embebição por hemoglobina. Alterações degenerativas - Importante doença valvular em cães idosos - A maioria dos animais que possuem endocardiose não desenvolvem insuficiência cardíaca por conta disso. Válvula mitral bastante espessada, com formação de nódulos nas bordas livres da válvula. Área pálida e com nódulos firmes que não se rompem. Macroscopia - Espessamento nodular, de consistência firme, de coloração brancacenta ou amarelada, com superfície lisa e brilhante, localizado nas bordas livres das válvulas - O átrio pode sofrer dilatação, pode se romper, e levar o desenvolvimento de hemopericárdio Alterações inflamatórias Endocardite - É o processo inflamatório do endocárdio. - É o diagnóstico diferencial de endocardiose Essa inflamação pode ser nas válvulas (chamada de ‘’ 25 Patologia especial | Medicina Veterinária endocardite valvular) ou nos átrios e ventrículos (chamados de endocardite mural) Endocardite valvular - Acomete mais a válvula atrioventricular esquerda nos animais domésticos - No bovino, a válvula mais afetada é a atrioventricular direita Causas Bactérias (90% dos casos) Parasitas Fungos Processos inflamatórios infeciosos em outros locais do organismo Como ocorre - As válvulas estão em situação de aposição de suas margens, e o seu constante movimento causa um desgaste fisiológico. Esse desgaste favorece a proliferação de bactérias no endotélio das válvulas. As enzimas das bactériaspodem favorecer a destruição do tecido valvular e a ruptura de cordas tendíneas. - Os agentes bacterianos mais frequentemente isolados são Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes, Streptococus spp (bovinos), Streptoccocus suis e Erysipelothrix rhusiophatiae (suínos), Streptoccocus equi e Actinobacilus equuli (equinos), Staphiloccocus aureu, Streptococus spp Escherichia coli (cães). - Se uma válvula estiver lesada e estiver um processo inflamatório qualquer no organismo as bactérias presentes irão causar formação de embolo sépticos (bacteremia). - A bactéria se adere na válvula e ela agrava a lesão. Lesões - Ulcerações irregulares nas bordas das válvulas - Massa e coloração amarelada, acinzentada (Restos celulares de fibrina) - As massas são friáveis e promovem erosão do endotélio valvular quando são retiradas. Consequências - Estenose ‘’ 26 Patologia especial | Medicina Veterinária - Insuficiência valvular - Endocardite mural - Geralmente é uma extensão da endocardite valvular -. Observa-se as algumas áreas do endocárdio atrial com superficie irregular, rugosa opaca ou esbranquiçada. - Ocorre a deposição de minerais -Pode haver trombos Endocardite atrial ulcerativa - Lesão caracterizadas de placas irregulares, com áreas elevadas de coloração amarelada no átrio esquerdo. Pode observar alguns focos de hemorragia. - As áreas amarelas caso cortadas podem ranger ao corte (mineralização) Miocardite - Processo inflamatório do miocárdio e está associada à doenças sistêmicas. - Pode ocorrer por conta de pericardites e endocardites existentes. • Pericardite pode causar endocardite por extensão. - Pode se observar fibrose nos processos inflamatórios focais. - Nos casos difusos uma ICC aguda ou crônica com óbito do animal - Pode ser foca, multifocal ou difusa Miocardite supurada/, supurativa/purulenta - Causada por bactérias piogênicas - Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes em bovinos e Actinobacillus equuli em equinos, - Geralmente ocorre por embolismo Macroscopia • Áreas pálidas multifocais • Múltiplos abcessos no miocárdio. Macroscopia • Se observa infiltrado inflamatório neutrofílico ‘’ 27 Patologia especial | Medicina Veterinária intenso associado à necrose de fibra muscular Coração de cão. Coração com tendencia a ficar globoso, áreas pálidas no miocárdio. Na parede do VE, próximo ao ápice existe uma área extensa, de formato irregular acompanhada de hemorragia. Miocardite hemorrágica - Aparece em casos de carbúnculo sintomático de bovinos causados pelo Clostridium chauvoei - É evidente uma musculatura hemorrágica e áreas de crepitação, formadas pelos gases do clostridium Macroscopia É possível notar o músculo cardíaco de coloração vermelho- escura ou marrom-escura e de aspecto poroso, semelhante aos músculos estriados esqueléticos também afetados. Coração bovino. Áreas multifocais vermelho escuras com tendência a coalescência. Áreas de necrose, crepitação e hemorragia Miocardite granulomatosa - Pode ocorrer em casos de tuberculose bovina, mas não é comum Em ovinos: Corynebacterium ‘’ 28 Patologia especial | Medicina Veterinária Algas do gênero Prothoteca está associada a infecção sistêmica em cães - Observa-se nódulos branco- amarelados com material caseoso e, às vezes calcificado. • Átrio esquerdo é menor que o direito Ventrículo direito com uma grande área de formato ovoide com um material brancacento, friável. Lesão granulomatosa Miocardite linfocítica - Causada por vírus - Parvovírrus canino do tipo 2 em cães Oração de cão. Ventrículo direito maior, extensas áreas pálidas. Pericardite Processo inflamatório do pericárdio envolvendo os folhetos visceral e parietal Pode ser: Seroso Fibrinoso Supurado Pericardite fibrinosa Tipo mais comum, o miocardio fica coberto por um material friável (fibrina) que possui coloração amarelo-acinzentada. Pericardite fibrinosa. Hemorragias e material fibrinoso e acinzentado no epicárdio e pericárdio. Há liquido no pericárdio (hidropericárdio) causado pela inflamação que aumenta a permeabilidade vascular. O pericárdio parietal possui manchas arroxeadas e vermelhas (hemorragias). - Pode ocorrer também formação de grumos na superfície do ‘’ 29 Patologia especial | Medicina Veterinária coração que em certas áreas formam filamentos de fibrina. Coração de feto de bovino. Há um material fibrinoso recobrindo o coração formando uma capa extensa. - A pericardite fibrinosa tem exsudato inflamatório rico em fibrina e com o tempo ela sofre o processo de organização (reparo). No local onde tinha fibrina se forma tecido conjuntivo cicatricial (fibroso). - No processo inicial tem fibrina, se o animal sobreviver se forma o tecido fibroso (processo cicatricial). Então, a fibrina é diferente de fibrose e é mais solta se desfazendo facilmente. Pericardite constritiva (evolução da pericardite fibrinosa severa ou purulenta) - A depender da quantidade de fibrina, ela pode ocluir totalmente a bolsa pericárdica por tecido conjuntivo fibroso causando hipertrofia concêntrica ventricular (tanto do direito e do esquerdo) Pericardite purulenta - Causada por bactérias piogênicas e pode estar associada a piotórax em cães e cavalos. - Essa alteração é comum em bovinos em decorrência de reticulo pericardite traumática causada por corpos estranhos perfurantes oriundos do retículo. -O exsudato é fino, amarelo verde ou cinza. Pode ter sangue junto e o animal pode morrer nas fases mais precoce da doença por conta de choque séptico. - A bolsa pericárdica pode ficar muito distendida - - Caso não venha a óbito, a infecção pode avançar e o animal irá ficar sem comer e sentir dor por conta da perfuração. ‘’ 30 Patologia especial | Medicina Veterinária Coração de bovino. Pericardite supurada. Consequência de reticulopericardite traumática. Há também atrofia gelatinosa de gordura (o animal ficou sem comer) * O corpo estranho pode perfurar a câmara cardíaca Alterações degenerativas do miocárdio - As fibras musculares cardíacas são suscetíveis a tipos de lesão por exercerem trabalhos contínuos. Degeneração hidrópica - Acumulo de água e eletrólitos no citoplasma das fibras musculares cardíacas, deixando-as tumefeitas. - Músculo possui aspecto de carne cozida Causas: Hipóxia Hipertermia+ Toxinas Como ocorre: A célula retém sódio, acumula potássio, aumenta a pressão osmótica e a água entra para o citoplasma da célula. Microscopia Miocardio de coloração cinza-pálida com consistência friável. Degeneração gordurosa Esteatose - É o acúmulo de lipídios no citoplasma das fibras musculares cardíacas. Causas: Anemia grave Toxemia Macroscopia - Órgão apresenta coloração amarelada alternando com áreas de coloração normal. Degeneração hialina Acúmulo de material acidófilo no interior da célula cardíaca por conta de uma coagulação de proteínas das células musculares. Causas: Endotoxinas bacterianas Deficiência de vitamina E Vírus da febre aftosa Atrofia do miocárdio As fibras do miocárdio diminuem de tamanho. Geralmente ocorre por conta de doenças caquetizantes e desnutrição. ‘’ 31 Patologia especial | Medicina Veterinária Macroscopia: áreas pálidas Doença do musculo branco. Bovio. Áreas brancacentas na musculatura. - A vitamina E previne oxidação celular por radicais livres - Radicais livres reagem com células e a vitamina E previne odano causado pelos radicais - Pouca vitamina E e selênio na dieta > maior oxidação. Lipofuscinose (atrofia parda) - Está sociada ao processo de envelhecimento celular. A lipofuscina é um pigmento que aparece como grânulos amarronzados intracitoplasmáticos oriundos de restos celulares. - O músculo do miocárdio apresenta coloração marrom escura. - Acomete animais mais velhos / doenças caquetizantes. Mineralização - Ocorre precipitação de cristais de fosfato de cálcio intracelulares que estão presentes no interior de mitocôndrias e extracelulares presentes nas vesículas da matriz. Essa precipitação ocorre após um processo de necrose e/ou fibrose das fibras musculares cardíacas. - Na macroscopia, observa-se áreas branco-amareladas que rangem ao corte - A mineralização distrófica é uma lesão seguida de mineralização Causas: • Hipercalcemia → hiperparatireodismo • Hipervitaminose D - excesso de reabsorção de cálcio • Intoxicação por planta calcinogênica → tem princípios ativos semelhantes a vitamina D → aumentando a absorção intestinal de cálcio → calcificação de tecidos moles nas paredes de vasos sanguíneos ‘’ 32 Patologia especial | Medicina Veterinária Mineralização do miocárdio - Cão Alterações metabólica do pericárdio Atrofia gelatinosa do tecido adiposo - O tecido adiposo do epicárdio se apresenta com uma forma gelatinosa e ocorre em quadros de caquexia em que os depósitos de tecido adiposo são mobilizados para a produção de energia. - O epicárdio possui um deposito de gordura e nesse caso fica com um aspecto gelatinoso e brilhante. Em quadros de caquexia, inanição ou anorexia um dos primeiros depósitos de gordura que é mobilizado é o do epicárdio. - Não mata e nem altera a função cardíaca Gota úrica visceral - Caracteriza-se pelo o acúmulo de urato no pericárdio, fígado, baço, sacos aéreos e peritônio parietal. - O rim fica com incapacidade de excretar o urato, e ocorre a sua deposição dos cristais em vários locais do organismo. Observa-se substância branca semelhante a pó de giz nos folhetos parietal e visceral. ‘’ 33 Patologia especial | Medicina Veterinária Material giz branco (cristais de ácido úrico) cobrindo o coração. Causas: Insuficiência renal Desidratação Dieta hiperproteica Deficiência de vitamina A ou excesso - Acumulo do material não prejudica o animal em si, mas indica uma doença adjacente. Alterações proliferativas Neoplasias As neoplasias secundárias que se originam de metástase são mais comuns nos animais, principalmente o: Carcioma Linfoma Rabdomioma É uma neoplasia benigna das fibras musculares estriadas primárias do coração. ** é rara nos animais domésticos Frequentes em suínos mais jovens Macroscopicamente Apresenta nódulos na parede ventricular. Esses nódulos são: Nódulos múltiplos ou únicos Acinzentados Bem delimitados Não encapsulados Sólidos ou císticos Tamanho variando até 3cm Histologicamente Células grandes, poligonais e redondas Núcleos grandes com um ou dois nucléolos Citoplasma abundante e bem eosinofílico e vacuolizado. Pode ter celulas bi ou multinucleadas Neurofibroma - Neoplasia benigna dos nervos periféricos, provavelmente originado nas células de Schwann Macroscopicamente São nódulos solitários ou múltiplos ‘’ 34 Patologia especial | Medicina Veterinária Os nódulos ficam localizados no epicárdio ou miocárdio Microscopia Células fusiformes e dispostas em feixes ou redemoinho e as vezes em paliçada. Quantidade variável de colágeno nas células Hemangiossarcoma - Neoplasia maligna de células endoteliais. - É mais frequente em cães e geralmente se localiza no átrio direito. Macroscopicamente A massa é Vermelha Friável Sem limite preciso Com coágulos sanguíneos no seu interior. - Pode ocorrer metástase que afetam o pulmão e se caso essa massa se romper pode haver hemopericárdio que pode causar óbito por tamponamento cardíaco que leva a insuficiência. Aguda por conta do sangue vazar da massa para dentro do pericárdio. Hemangiossarcoma no átrio direito de um cão. O átrio direito apresenta aumento de volume, com nodulações com área vermelho escura, esbranquiçada e rosadas. O hemangiossarcoma pode ter área sólida que não forma vaso e tem área cavitaria que tem formação de vaso. Quanto mais maligno ele for, mais área sólida ele terá. Motivo: a célula endotelial forma vasos sanguíneos. O hemangioma benigno é bem diferenciado e forma muito vaso sanguíneo e não tem área sólida nessa neoplasia. O hemangiossarcoma é maligno por conta das células serem bem indiferenciadas e perdem habilidade de formar vasos sanguíneos formando mais área sólida diferente de um hemangiossarcoma com menor diferenciação. ‘’ 35 Patologia especial | Medicina Veterinária Mesotelioma - Neoplasia oriunda do mesotélio (camada de células que recobre os órgãos e cavidades corporais). - É rara nos animais domésticos Macroscopia - Nódulos difusos ou com placas cobrindo as serosas - Nos nódulos pode haver componente fibroso envolvido. Microscopia - Proliferações de estruturas ramificadas ou papilares de células mesoteliais basais alinhadas sob um estroma de sustentação fibrovascular. A neoplasia pode apresentar invaginações com aparência de ácinos que lembram adenocarcinomas. As células mesoteliais são cuboides a poligonais, com núcleos grandes e ovais e citoplasma distinto Linfoma . - É uma neoplasia maligna de linfócitos e tem origem em qualquer tecido linfoide. - É frequente em coração de bovino e cães. Macroscopia Formação de uma ou mais massas nodulares que são delimitadas ou difusas O coração possui coloração brancacenta e consistência friável As massas são localizadas na parede atrial ou ventricular. Nem sempre o linfoma forma nódulos Quimiodectomas - São tumores da base do coração, que atinge células quimiorreceptoras. - É uma neoplasia de órgãos receptores que estão localizados na carótida e na aorta, junto à base do coração. - Os órgãos receptores são corpos carotídeos ou aórticos. - Os órgãos receptores tem função de: - Detectar alteração de pH, conteúdo de dióxido de carbono e oxigênio e auxiliam na regulação da respiração e circulação. ‘’ 36 Patologia especial | Medicina Veterinária Nódulos múltiplos de tamanhos variados de formato irregular, saliência na superfície endocárdica, localizados no miocárdios. Alterações dos vasos sanguíneos. Alterações do desenvolvimento Desvio ou anastomose portossistêmica congênita - É o desvio da veia porta para a veia cava por meio de estruturas fetais remanescentes, como o ducto venoso persistente. Alterações inflamatórias Arterite - É a inflamação nas artérias - Vasculite ou angiite = inflamação para mais um tipo de vaso (artéria, veias e capilares são afetados) - Flebite e linfangite = utilizado para designar inflamação restrita a veias ou a vasos linfáticos. Causas: Doenças infecciosas, imunomediadas ou tóxicas. Vírus, bactérias, parasitas e fungos. - Nos vasos inflamados há leucócitos na parede ou ao redor dos vasos associados e há alterações degenerativas ou necróticas com deposição de fibrina. - Está associado a trombose Aorta e esôfago de cão. Arterite crônica e aneurisma causados por Spirocerca lupi. Se observa áreas de hemorragia, a parede do vaso está com dilatação (aneurisma). - A inflamação pode causar enfraquecimento da parede vascular. ‘’ 37 Patologia especial | Medicina Veterinária - O aneurisma pode causar trombos por causarfluxo turbulento gerando lesão endotelial e consequente trombose. Arterite parasitária - Causada pela migração de larvas em animais. - As larvas de Spirocerca lupi por exemplo, migram do estômago do cão para a adventícia da arota torácica de cães, onde crescem para a forma adulta e formam nódulos na parede da aorta. - Esse dano pode progredir para um aneurisma e uma ruptura fatal. - As formas adultas da Dirofilária immitis estão presentes nas artérias pulmonares e no coração direito. - A intima da artéria apresenta um aspecto granular em sua superficie endotelial e proliferação fibromuscular. Arterites bacterianas - Ocorrem pela ação do LPS (lipopolissacarídio) ou de endotoxinas citotóxicas de bactérias. Ocorre uma lesão diretamente no endotélio ou indiretamente por ação de prostaglandinas e radicais livres de oxigênio liberados durante a infecção. - São originadas por viroses sistêmicas. - As células endoteliais são atingidas e as suas paredes pequenas e médias apresentam necrose fibrinoide, edema e infiltração linfo-histioplasmocitária. Onfaloflebite - Processos inflamatório que envolve o cordão umbilical. - Ocorre em bezerros devido a contaminação bacteriana do umbigo logo após o parto e pode causar: Septicemia Poliartrite Abcessos hepáticos - Onfaloflebite supurada em bezerro. Parede da veia está irregular e com pus. - A onfaloflebite pode gerar embolo séptico e até infecção generalizada. ‘’ 38 Patologia especial | Medicina Veterinária Dilatações e rupturas Aneurisma - Dilatação localizada e permanente da parede de um vaso arterial sendo mais frequente em artéria elástica. - O motivo do aneurisma é o enfraquecimento da parede vascular, que está distendida além da sua capacidade de resistência por conta de alterações inflamatórias ou degenerativas. - A dilatação que ocorre em veias é conhecida como flebectasia. A telangiectasia é a dilatação dos capilares comprometendo os sinusóides do fígado frequente em bovinos. Rupturas vasculares - Ocorrem devido a um traumatismo e não são espontâneas. - O aumento da pressão arterial e degeneração do vaso está relacionado e a ruptura geralmente ocorre dentro do saco pericárdico levando a morte por tamponamento cardiaco. - O choque hipovolêmico pode ocorrer se houver ruptura de grandes vasos em outras localidades causando hemorragia nas cavidades. Trombose e embolismo - Definição: formação patológica de um coágulo sanguíneo ante mortem que está aderido a à parede vascular Causas: - Lesão endotelial, por conta da exposição de colágeno da íntima levar à aderência de plaquetas ativando a cascata de coagulação. - Agentes infeciosos, produtos tóxicos ou reações imunomediadas - Alteração no fluxo sanguíneo. Turbulência sanguínea Alterações na hipercoagubilidade Aumento dos fatores pré- coagulantes ou diminuição dos fatores anticoagulantes. - Lesão endotelial, alterações no fluxo sanguíneo e hipercoagulabilidade formam a tríade de Virchow. Consequência da trombose Obstrução com isquemia Formação de Êmbolos (tromboembolismo) Embolismo ‘’ 39 Patologia especial | Medicina Veterinária Os êmbolos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos. Eles não ficam aderido a parede do vaso, mas são transportados pela circulação até parar em um vaso de menor calibre Consequências: Obstrução e isquemia tecidual (infarto) Formação de abcessos ou processos inflamatórios tromboembólicos Coração de bovino. Infarto do miocárdio devido a tromboembolismo séptico. Coagulação intravascular disseminada (CID) Hipercoagulação sanguínea que resulta na formação de microtrombos no interior das arteríolas e capilares sanguíneos e sinusóides. Causas: Endotoxemias e septicemias bacterianas Infecções virais, como peritonite infecciosa felina e peste suína clássic Infecções parasitárias, como dirofilariose, queimaduras extensas, Pancreatites agudas; e processos neoplásicos, como hemangiossarcomas e leucemias. Como ocorre: - Pode começar por uma lesão endotelial seguida da exposição do colágeno subendotelial, agregação plaquetária e ativação do processo de coagulação. - A coagulação ocorre de maneira excessiva, depleção dos fatores de coagulação seguida de hemorragia disseminadas. Os trombos recém formados são massas de fibrina firmes, amareladas ou avermelhadas, aderidas focalmente na íntima do vaso, e, nos casos das doenças parasitárias, os vermes são encontrados em seu interior. Os trombos podem obstruir os vasos afetados, causando isquemia tecidual, se desprender e formar êmbolos que obstruem vasos distantes de menor calibre. ‘’ 40 Patologia especial | Medicina Veterinária
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