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GESTÃO DE PESSOAS E EQUIPES DE VENDAS AULA 4 Prof. Caio Camargo-da-Silva 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo a esta aula! Já passamos por mais da metade do nosso conteúdo e estamos a caminho do fim dessa disciplina, mas sente-se bem confortável em sua cadeira porque temos coisas muito legais para ver ainda. Gerir equipes de vendas não é uma tarefa fácil, e temos que prestar muita atenção no que fazemos como gestores de pessoas! Um dos maiores acontecimentos nas equipes de vendas no mundo inteiro são as reuniões. Eu mesmo um dia já fui um vendedor, e era apaixonado pelas reuniões de equipe que nós tínhamos. Eram experiências fantásticas, das quais eu saía mais motivado, com mais vontade de vender, e com muita vontade de aprender ainda mais! Reuniões de equipes de vendas são fenomenais, principalmente quando o gestor da equipe consegue gamificar, ou seja, transformar o trabalho de vendas em um jogo. Essa é a maior tendência no mundo em vendas, e é o que veremos nesta aula também! Para transformar vendas em um jogo, primeiro precisamos ter as regras muito bem definidas. Já imaginou jogar banco imobiliário com alguém que “rouba” no jogo? Não dá, né? Então precisamos estabelecer as regras, e o que conta como os “pontos” que cada jogador vai receber. Nas empresas, esses “pontos” se chamam KPIs, do inglês Key Performance Indicators, ou Indicadores-Chave de Performance. Nos dois últimos temas desta aula, veremos dois aspectos importantes relacionados à liderança. Você deve ter percebido que falamos bastante sobre liderança aqui, não é mesmo? Isso é porque a gestão de uma equipe de vendas não pode ser feita por um chefe qualquer, ela deve ser feita por líderes! Nós veremos conceitos relacionados ao feedback, ou seja, aos elogios (feedback positivo) e críticas (feedback negativos) que todo líder de vendas, todo gestor da equipe, deve apresentar para os seus vendedores. Vamos nessa! CONTEXTUALIZANDO Imagine que você é um vendedor, e que estamos chegando no final do ano. Sua equipe tem 20 pessoas, com desempenhos diferentes, perfis 3 diferentes, e nada no mundo poderia fazer com que elas se unissem se não fosse pelo trabalho! Seu gestor manda um convite por e-mail: “Amanhã, às 10h, tem reunião da equipe de vendas, e todos precisam estar presentes”. Primeiro você fica assustado, será que aconteceu alguma coisa? Depois, você pode pensar que, como estamos chegando no final do ano, pode ser uma reunião para discutir os resultados. Ou, se essas reuniões são frequentes, você pode já saber como funciona. Muita motivação para bater as metas, palavras de ordem, um treinamento com técnicas novas de vendas com um dos melhores vendedores, e todo mundo volta para o trabalho com gás renovado! Ou ainda, podem ser reuniões melhores. Mais produtivas e estratégicas, com objetivos muito bem definidos, e ainda follow-up, ou seja, o que é combinado na reunião precisa realmente ser feito. Nas melhores reuniões, os melhores gestores conseguem transformar vendas em um grande jogo. Quem vende mais leva a TV no final do mês, eles dizem. Mas não é só isso! A equipe é separada em times, cada um com seu líder, engajando ainda mais o pessoal. Ou ainda, cada um expressa suas dificuldades, seus anseios, suas experiências, e todos se ajudam. E depois da reunião, sempre tem aquela conversa individual, com cada um dos vendedores, para dar e receber feedback. Mas um feedback com opiniões e sentimentos legítimos, construtivos, que ajudem as pessoas a se desenvolverem. Eu posso te garantir. Nesta aula, aprenderemos os maiores segredos para construir equipes de vendas para ficar para a história das organizações! Vamos juntos! TEMA 1 – REUNIÕES DA EQUIPE DE VENDAS Antes de tudo, nós sabemos que a coisa mais valiosa para um vendedor é o tempo, certo? Afinal, ele poderia estar vendendo e gerando mais resultados para a empresa. Ou ainda, ele poderia estar sendo treinado e desenvolvido, dentro ou fora da empresa, com o objetivo de gerar ainda mais resultados. Então, por que um gestor de equipes de vendas deixaria seus vendedores indisponíveis durante uma parte do dia para fazer uma reunião? 4 Bom, aqui nós concordamos que tem que ter um motivo especial, certo? Eu, particularmente, já participei de muitas reuniões durante as quais pensei “Meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?”. Para que isso não aconteça com a sua equipe de vendas, você precisa ter um objetivo em mente para a reunião. Por exemplo, você pode convocar uma reunião da equipe de vendas para informá-los de uma nova estratégia, da nova campanha publicitária, do novo presidente etc. Tudo isso vai fazer uma grande diferença no trabalho dos vendedores, e eles precisam saber para contar para os clientes! Planejar também é um bom motivo para chamar uma reunião com seus vendedores. Discutir seus objetivos para os meses a seguir, pedir uma estimativa de vendas de cada um dos vendedores, e fazer um brainstorming, isso é, ter ideias em conjunto de como atingir todos esses objetivos! As reuniões podem servir para treinar e desenvolver, trazendo coisas novas, palestrantes etc. Lembra que também falamos do treinamento dos novos vendedores? Pois é, as reuniões, para Escorsin e Walger (2017), são muito ricas para esse primeiro treinamento de onboarding, ou integração! Elas podem servir para inspirar o time de vendas com um caso de um vendedor que teve resultados muito bons. Podem servir como recompensa por uma meta batida, ou elogiar aqueles que se destacaram e a equipe como um todo. Elas podem ser úteis para criar uma sinergia entre o pessoal, fazer com que eles conversem e se engajem em projetos juntos. O limite das reuniões está só na sua imaginação, e o poder que elas têm sobre a sua equipe é muito grande. É clássico vermos equipes, depois de reuniões de vendas, fazerem um excelente trabalho, porque receberam informações extremamente importantes que mudaram o dia delas, o jeito de elas trabalharem, e a motivação para fazerem o que amam: vender. Mas tome cuidado. Reuniões de vendas são como comida. Precisamos oferecê-las em um número suficiente, porque vamos passar mal se comermos demais, se tivermos muitas reuniões! Os gestores das equipes de vendas acabam cometendo esse erro com frequência, porque veem que as reuniões dão muito resultado. Então eles marcam outra para amanhã. E outra. E outra. E no final, a equipe fica cansada de ir em reuniões, e não consegue trabalhar direito! Também precisamos planejar muito bem o que vamos falar, qual será a pauta, a agenda da reunião. Podemos nos basear nos objetivos que falamos 5 logo aqui em cima, e elaborá-los conforme nossos objetivos! Além disso, precisamos que todos os vendedores que forem participar das nossas reuniões saibam do que falaremos. Se é sobre planejamento, peça com antecedência para que eles se informem das últimas tendências de vendas que conhecem. Se for sobre resultados, peça para que eles anotem e tragam para a reunião os seus números e indicadores pessoais. O objetivo da reunião de vendas não é, como muitos pensam, que o gestor comece a falar e nunca mais pare. A reunião não é uma aula! É uma reunião: portanto, todos devem ter a oportunidade de falar, de expor suas ideias, e o papel do gestor é fazer a intermediação. O gestor de equipes de vendas é quem precisa pedir a opinião de todos os vendedores presentes! E temos que fazer tudo isso no menor tempo possível, afinal, vendedores precisam vender! Reuniões são excelentes para colocar todos os vendedores no mesmo ritmo, com as mesmas informações, mas elas não podem ser muito longas a ponto de atrapalhar o dia do pessoal! Mas agora pense: e se a gente for além? E se a gente pegar toda a nossa equipe de vendas, e passar um sábado, por exemplo, em um encontro de vendas? Isso também acontece muito nas empresas.Algumas equipes de vendas têm times de futebol e vôlei, ou projetos comunitários, e demais projetos que os ajudem a ser mais unidos. Muitas vezes, o gestor da equipe de vendas organiza um happy-hour com o pessoal, ou seja, uma noite descontraída, ou um dia no final de semana aberto para a família, ao mesmo tempo que os resultados são mostrados e as pessoas são premiadas. Assim, a equipe vai se tornando mais próxima. Outra sugestão é trazer alguém de fora, um palestrante, ou até um colega vendedor de outra empresa, para mostrar como eles fazem as coisas em outros lugares. Isso gera o que podemos chamar de oxigenação – ou seja, novas ideias entram na empresa, e os vendedores conseguem explorar novas maneiras de fazer o seu trabalho. No fundo, todas essas iniciativas, reuniões e encontros de vendas servem para manter a equipe unida, coesa, e com muita sinergia e harmonia. Como afirma Pequeno (2012), as reuniões de vendas são primordiais para a união de um time, e reforçam o envolvimento! Pense na equipe de vendas como uma orquestra, e você é o maestro que tem a batuta para guiar todo mundo. 6 Por último, mas não menos importante: as habilidades de organizar, liderar e executar as reuniões de vendas são requisitos para o cargo de gestão (Knapik, 2012). Mas, como falaremos nas aulas a seguir, não tem problema se você não sabe fazer isso. Todos nós aprendemos a desenvolver esse tipo de habilidade, só depende de nós! Saiba mais A Venda Mais é uma das revistas de vendas mais respeitadas do Brasil, e aqui os sócios da Revista, Raul e Marcelo, conversam sobre reuniões de vendas na prática! Dá uma olhada! VM RESPONDE 3. TVQuantum, 5 abr. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=F7gO-hY_udc>. Acesso em: 5 jan. 2019. TEMA 2 – COMPETIÇÕES DE VENDAS E GAMIFICATION Eu não conheço você pessoalmente, mas com certeza posso dizer muita coisa sobre você. Primeiro, eu sei que você gosta de vendas, e acha que vender é uma profissão maravilhosa. Nós compartilhamos esse gosto pela profissão! Segundo, eu sei que você adora um jogo. Seja um jogo coletivo e de esporte, como futebol e vôlei, um jogo de esporte individual, como natação ou corrida, um jogo de tabuleiro, como banco imobiliário, de baralho, como truco, enfim. Você pode até ser um apaixonado por jogos de videogame ou de computador. Viciado em jogos de celular ou nas redes sociais. Gosta de ver pessoas jogando jogos, gosta da competição que eles inspiram, e a busca pelo primeiro lugar. Talvez uma das primeiras coisas que fazemos na nossa vida é jogar. Jogos são fascinantes, e sempre nos desafiam. Desde pequenos aprendemos o que é um jogo, e nos acostumamos com a competição para ganhar o jogo, certo? Vender também é um jogo. Um grande jogo, e talvez um dos mais divertidos! As competições de vendas e os jogos de vendas são ferramentas que gestores de equipes comerciais podem usar a qualquer hora para atingir um objetivo específico, fazendo com que, além de serem engajados pelo trabalho, os vendedores (ou jogadores) tenham vontade de ganhar, e deem tudo de si mesmos! 7 E, se você pensar, quando você joga um jogo raramente você espera uma recompensa financeira. Tirando os jogos de azar, todos os outros jogos têm recompensas diferentes. O campeão da copa do mundo de futebol ganha dinheiro, mas a busca principal é pela taça, por ser o melhor. Mas como o gestor da equipe de vendas planeja uma competição, um jogo de vendas? Bom, os maiores estudiosos da gamificação, que significa transformar coisas da nossa vida em um game, em um jogo, concordam que para construir a sensação de estar em um jogo, precisamos de algumas coisas. Primeiro, precisamos de um objetivo. E esse objetivo tem que ser muito, muito bem definido pelo gestor. Por exemplo, o objetivo pode ser aumentar em 50% as vendas na Black Friday, ou em 20% as vendas para o natal. Porque o objetivo é muito bem definido, o prazo para atingi-lo precisa ser curto! Deve ser algo em torno de três meses. Isso vai garantir que o pessoal não “enjoe” do jogo, e se sinta motivado até o final, acompanhando seus resultados dia a dia. Além disso, os especialistas em gamification apontam que precisamos ter um tema para o nosso jogo, o que é fácil em vendas. Geralmente, temos fatores sazonais na maioria das empresas. Ou seja, elas vendem mais no natal, mais nas férias escolares etc. Isso possibilita que o gestor da equipe comercial identifique as épocas com mais vendas no ano para potencializá-las ainda mais! Agora chegou a hora de decidir como os vendedores podem ganhar o jogo, não é mesmo? Essa competição que você vai fazer tem poder de estimular e motivar a sua equipe a atingir os resultados pretendidos (Hillman, 2013). Então você, como gestor da equipe de vendas, pode escolher dentre três tipos de jogo: o vendedor contra ele mesmo, disputas individuais, ou disputas em grupo. Na modalidade do vendedor contra ele mesmo, o gestor precisa conversar com o vendedor e estabelecer uma meta de vendas para ele, com base no histórico de vendas dos últimos períodos. Lembre-se de levar a sazonalidade em conta aqui! Então, ele compete com ele mesmo, tentando superar o que fez no ano passado, por exemplo. Caso não exista o fator de sazonalidade, o gestor pode também prezar pela melhoria contínua do vendedor, muito alinhado com uma rotina de treinamento e mentoria! Na modalidade de disputas individuais, teremos cada vendedor por si, disputando os primeiros lugares em vendas. Assim como em uma corrida de rua, todos os vendedores saem do mesmo ponto de partida, e devem chegar na 8 mesma meta. Com certeza você já ouviu falar de competições do tipo “Funcionário do Mês”. Nesse tipo de competição, os funcionários dão o melhor de si para serem reconhecidos pela organização, e aumentam a sua produtividade (Walger; Viapiana; Barboza, 2014). Por último, na modalidade de disputas em grupo, os vendedores são divididos em times (lembre-se de usar o tema do jogo aqui!), e competem com os demais times formados pelo gestor. Izidoro (2016) nos mostra que competições saudáveis entre times e equipes são muito produtivas, e tendem a gerar excelentes resultados para a organização! Nessa parte, principalmente nas modalidades de disputais individuais e em grupo, é muito importante que o gestor seja o maior motivador de todos os vendedores. Isso acontece porque, se algum dos vendedores ou dos times pensarem que não tem condições de ganharem o jogo, eles podem desistir antes de o jogo acabar! Então é importante que todos estejam engajados em um jogo contra eles mesmos, com metas individuais baseadas na performance anterior, mas com um incentivo para fazer mais pelas vendas! E qual vai ser a recompensa pelo esforço? Não que o gestor seja obrigado a fornecer recompensas, uma vez que as competições promovem espontaneamente a motivação do pessoal e a coesão do grupo (Walger; Viapiana; Barboza, 2014). No começo deste tema, falamos que nem sempre a recompensa precisa ser financeira. O que importa para muitas pessoas (inclusive para mim), é o reconhecimento que elas têm por serem as melhores. Esse reconhecimento coloca esses vendedores nas paredes da empresa, e todas as pessoas começam a falar deles. Eles têm status, e são conhecidos por serem excelentes vendedores, o que pode significar mais oportunidades no futuro próximo! Mas é claro que as recompensas são importantes, e isso precisa ser alinhado com o pessoal do RH e com os seus superiores. Às vezes, o gesto é mais importante que a recompensa em si. Uma recompensa não-financeira pode ser, por exemplo, um dia de folga, ou o direito de sair mais cedo por uma semana. Podemos aproveitar para premiar o vencedor com um treinamento ou uma bolsa de estudos. Ou ainda, com um almoço com o gestor ou com o diretor da área. Com um pouco de imaginação, as recompensase prêmios não-financeiros não tem limites! 9 Mas precisamos colocar nossa imaginação para trabalhar! Geralmente tendemos a pensar apenas em prêmios financeiros, como um aumento, um produto da organização, ou uma viagem. Mas prêmios financeiros podem ser limitados, principalmente porque o funcionário pode comprá-los. Então, imagine que seu vendedor acabou de gastar suas economias para comprar uma TV, ou um carro, e você oferece a mesma TV ou o mesmo carro como prêmio. Talvez porque ele já tenha o bem, ele não vá se esforçar tanto para conseguir outro! O ideal, no final, se houver um prêmio financeiro, é perguntar para o funcionário o que ele gostaria de ganhar, e estabelecer um teto em dinheiro para a premiação. Assim ele pode escolher o prêmio que ele vai ganhar, dentro do orçamento que você tem. E todo mundo fica feliz! Mas eu preciso te falar dos pontos negativos dessa abordagem também. Afinal, nem tudo são flores, não é mesmo? Veja, diversos estudiosos já mostraram que, apesar de competições e jogos de vendas apresentarem resultados, existem alguns problemas com eles. O mais frequente é que o vendedor, sabendo que a empresa vai ter um jogo desse tipo, espera para fechar as suas vendas até que o jogo comece, prejudicando a sua performance nos meses anteriores. Outro problema que pode aparecer é que, por incrível que pareça, quando os vendedores vendem muito, os compradores podem não comprar nos próximos meses, simplesmente porque já compraram tudo o que tinham para comprar. É por isso que um jogo ou uma competição dessa natureza deve ser cuidadosamente planejado, e o gestor precisa ganhar experiência em planejar esse tipo de evento. No final, com certeza valerá muito a pena para todos os participantes! Saiba mais Talvez o maior especialista em gamificação no Brasil seja o Nilton de Melo. Dá uma olhada na palestra dele para o TEDx! É fantástica! GAMIFICAÇÃO. Nilton Melo, 27 jan. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qnCoD-i-9AU>. Acesso em: 5 jan. 2019. 10 TEMA 3 – KPIS (KEY PERFORMANCE INDICATORS) Nesta aula, nós já vimos sobre reuniões e sobre competições, mas faltou uma coisa aí no meio, você consegue identificar qual é? Pois é! Nos dois temas, a gente falou de resultados, de desempenho e de objetivos. Mas como a gente mede tudo isso em vendas? KPIs, acrônimo para Key Performance Indicators, que significa Indicadores Chave de Desempenho, é o que todo mundo usa para medir, controlar, e dar feedback ao desempenho dos funcionários. E em vendas não poderia ser diferente! Os KPIs em vendas dependem muito da área do vendedor, da empresa que ele trabalha, do mercado que ele serve, e da sua rotina de trabalho. Portanto, neste tema, teremos uma visão geral dos principais KPIs dos vendedores em todas as áreas. Afinal, você, como gestor de equipes de vendas, provavelmente será diretor comercial em breve, e nunca sabemos em qual mercado ou indústria você vai parar, não é mesmo? Mas antes disso, precisamos pensar em algumas particularidades em vendas. Todo vendedor é medido pelo número de vendas que ele faz. Esse é um KPI muito importante. Mas como ele faz essas vendas? Na maioria dos casos, o vendedor entra em contato com um cliente em potencial para oferecer o serviço ou produto que quer vender. Geralmente, e eu ouvi muito isso, os gestores falam que, quanto mais contatos um vendedor faz, mais vendas ele tem. Então os contatos feitos são KPIs importantes também! Mas cuidado. Veja que um vendedor que faz muitos contatos por telefone, por exemplo, pode estar incomodando os seus clientes, que podem ficar chateados com a empresa. Vamos pensar no seguinte caso. Imagine que você mede o número de vendas de cada vendedor, e vê que existem diferenças entre eles. O que será que pode causar essas diferenças? Por que um vendedor está melhor que o outro? Muitas vezes, pensamos que talvez ele seja um melhor vendedor. Mas tendo dados em mãos, como o número de contatos, podemos descobrir que talvez os vendedores com baixo desempenho não estão fazendo tantos contatos quanto aqueles de alto desempenho! 11 E por contatos, entenda ligações no telefone, reuniões presenciais, mensagens no WhatsApp, e-mails, e todo meio de contato disponível para começar ou continuar uma conversa sobre vendas! Além de vendas e contatos, o que mais podemos medir em (quase) todos os mercados e indústrias? As apresentações de vendas, é claro! Apresentações de vendas podem acontecer logo depois dos contatos. Pense em um operador de telemarketing que liga para você para oferecer um plano imperdível, que é melhor que o que você tem hoje. Ele primeiro conta que está entrando em contato para oferecer um grande benefício para você: um pacote maior de internet pelo melhor preço do mercado. Se você recusar, ele provavelmente respeitará a sua vontade e encerrará a ligação, ou não. Mas se você continuar a conversa, ele vai começar a sua apresentação de vendas. Em outros mercados, a apresentação de vendas vem em forma de uma reunião marcada na parte inicial, no primeiro contato. Portanto, nossos três grandes KPIs como gestores de equipes comerciais são: número de contatos, número de apresentações e número de vendas. Esses KPIs podem então se transformar em perguntas. Quantos contatos de vendas a sua equipe está fazendo por semana? Ou por mês? Ou, quantos contatos de vendas o nosso melhor vendedor está fazendo por semana? O mesmo pode ser feito com apresentações de vendas, e vendas propriamente ditas! Mas vamos falar de contatos. Como saber quantos contatos nossos vendedores estão fazendo? Você já sabe que fazer contatos é essencial para qualquer vendedor, certo? Afinal, entrar em contato é a única maneira de saber se alguma pessoa ou alguma empresa pode ser um possível cliente. Por isso é muito importante que os vendedores sejam proativos em conhecer pessoas novas, fazer novas amizades, frequentar diversos lugares diferentes, sempre com o intuito de fazer novos contatos. Já as apresentações são em menor número, mas são o seguimento dos contatos. É a ordem natural – se um contato foi identificado como possível cliente, o vendedor vai agendar, ou fazer logo depois do contato, uma apresentação. Veja que podemos medir as vendas dos nossos vendedores. Mas se elas estiverem baixas, a causa pode estar no número de contatos ou no número de apresentações. Se o número de contatos for baixo e o número de vendas for 12 alto, sabemos que temos um vendedor com um grande poder de apresentar a nossa oferta. Agora, se o número de apresentações é alto, mas o número de vendas é baixo, talvez tenhamos que usar o que aprendemos sobre treinamento e desenvolvimento! Por último, e o que as empresas mais medem: o número de vendas. E medir apenas o número de vendas pode causar grandes mal-entendidos. Vamos pensar em uma situação em que temos um vendedor que está com um número baixo de vendas. Se nós não tivermos mais informações sobre as outras áreas, como contatos e apresentações, podemos assumir coisas erradas sobre esse vendedor. Afinal, um vendedor com poucas vendas geralmente faz as pessoas pensarem que ele está trabalhando pouco, ou não está se esforçando, ou ainda não foi “feito” para ser um vendedor. Isso é uma grande bobagem. Não podemos ficar chutando as causas pelas quais um vendedor não está conseguindo vender sem saber dos dados! Você, como o gestor da equipe comercial e a “cara” da equipe para o resto da empresa, precisa vestir a sua camiseta de líder, e medir os KPIs da sua equipe para saber onde cada um dos vendedores precisa melhorar. Se você reparar bem, isso também tem influências imediatas e diretas para o seu programa de treinamento e desenvolvimento! Antes de fecharmos esse tema, quero passar por alguns outros KPIs que as empresas medem, dependendo domercado em que elas atuam! Por exemplo, medir quanto tempo os vendedores levam, desde o primeiro contato até o fechamento, para fazer uma venda, pode ser útil para detectar o que os melhores vendedores estão fazendo em cada uma das etapas, desde o contato inicial, passando pela apresentação, até o fechamento! Isso pode ser um excelente indicador para fazer um treinamento, já pensou? Por outro lado, talvez os vendedores que demorem mais para passar por essas etapas estejam trabalhando com muitos contatos ou enfatizando demais qualquer uma das etapas de vendas! Mas agora nós começamos a entrar em um território mais delicado. Sabendo de todos esses indicadores, todos esses KPIs, como elogiar ou fazer críticas construtivas para os nossos vendedores? É isso que veremos nos próximos temas! Fique ligado! 13 Saiba mais Se você ficou curioso para saber mais, tenho várias recomendações para você! Primeiro, dá uma olhada nesse artigo escrito na página de uma grande empresa que vende softwares de vendas. Nele, o Robson fala sobre os KPIs de vendas que eles usam, que são similares aos que aprendemos aqui, mas com algumas versões alteradas! Vai que uma delas é ideal para o que você precisa! ROBSON. Quais são os KPIs de vendas mais importantes para uma empresa? FoccoErp, 3 fev. 2017. Disponível em: <https://www.foccoerp.com.br/gestao- comercial/kpis-de-vendas/>. Acesso em: 5 jan. 2019. Segundo, os profs. Hillman (2013) e Izidoro (2016) trazem diversos indicadores de vendas complementares aos que veremos aqui! Já o Prof. Pequeno (2012) mostra diversos indicadores de gestão de pessoas, enquanto as Profs. Walger, Viapiana e Barboza (2014) trazem indicadores de motivação do pessoal! Para construir esse tema, eu usei um pouquinho de cada um dos ensinamentos desses gigantes! TEMA 4 – FEEDBACK POSITIVO Se eu fosse escolher a principal característica de um grande líder, de um grande gestor de vendas, talvez seria a habilidade que essa pessoa tem de dar feedback, seja positivo, seja negativo. O problema está na indiferença, sempre. Imagine uma semana na sua vida que você trabalhou como nunca, foi extremamente produtivo, bateu as suas metas, atingiu seus objetivos, enfim. Tudo deu certo para você nessa semana. Você ficou tão feliz, que resolver enviar um e-mail para o seu chefe contando de tudo o que aconteceu, e que estava muito feliz com isso. Agora imagine essas duas situações. Na primeira situação, ele não te responde, nem fala nada com você sobre o seu desempenho, mesmo você tendo uma reunião de vendas com ele. Como você se sentiria? Agora compare com a segunda situação: ele responde o seu e-mail dando parabéns pelo seu esforço, separa um momento na reunião de vendas para falar sobre o seu caso, contar que você se esforçou muito nessa semana, e que conseguiu bater todas as suas metas, e ainda pediu uma salva de palmas pelo seu desempenho. E agora, como você se sentiria? 14 Lembre-se do que falamos na nossa primeira aula. Os vendedores não precisam de um gestor de equipes de vendas para vender. É o gestor que precisa dos vendedores para existir! Portanto, a valorização desse pessoal, principalmente pelo feedback, é fundamental, e talvez seja a característica mais importante de um líder! O feedback positivo é um tipo de recompensa não remunerada, ou seja, não envolve aspectos financeiros, e pode ser feito em diversas oportunidades e ocasiões. Vamos supor que peguemos os principais KPIs, logo aqui em cima. O gestor em posse das informações dos melhores vendedores em cada um dos KPIs selecionados pela empresa pode oferecer um feedback positivo. Em outras palavras, o gestor comunica a sua percepção do trabalho desse vendedor, causando um reforço positivo no comportamento. Todos nós adoramos que reconheçam o nosso esforço, não é mesmo? É por isso que o feedback positivo é tão importante. E não apenas quando atingimos os resultados dos nossos KPIs, ou a nossa meta de vendas. O feedback positivo sobre o esforço realizado, mesmo que as metas não tenham sido alcançadas, é de suma importância. Esse conceito se chama feedback contínuo, segundo o professor Pequeno (2012), e é fundamental para o sucesso do que veremos a seguir! Carol Dweck (2017), pesquisadora da universidade de Stanford, dedicou sua vida a estudar o efeito que o feedback positivo pode ter nas pessoas. Ela chamou isso de uma mudança de mindset, ou seja, de mentalidade. Ela descobriu, por meio de métodos científicos e pesquisas abrangentes, que as pessoas se transformam quando elas têm feedback, não sobre os seus resultados, mas sim sobre o esforço que elas realizaram durante a sua jornada. Martin Seligman (2006) também enfatiza o poder do feedback, e estudou um caso muito particular dos vendedores de seguro em uma grande empresa dos Estados Unidos. Ele descobriu que as pessoas que se preocupavam mais com o esforço diário, com o otimismo, com os resultados, e com a felicidade no trabalho, eram mais produtivas. E é claro que o feedback tem um grande papel motivador aqui. As pesquisas na corrente de psicologia positiva mostram que o feedback positivo sobre o esforço, mesmo quando as coisas não dão certo no final, muda a mentalidade das pessoas, que não encaram mais os resultados não atingidos 15 como falhas ou fracassos, mas sim como parte de um grande processo de aprendizado. Dweck (2017) chama isso de “o poder do ainda não”. Uma das maneiras de dar feedback positivo quando os resultados não foram atingidos é enfatizar o valor do esforço do vendedor, e dizer o que ela aponta como suas “palavras mágicas”: ainda não. A pesquisadora afirma que essa ênfase no “ainda não” é fundamental para que os feedbacks sejam focados no esforço, na garra, na luta e no processo de aprendizado das pessoas, e não apenas nos resultados de curto prazo. Por isso, todo feedback pode ser um feedback positivo em potencial. É evidente que, por vezes, como veremos no último tema desta aula, temos que dar feedbacks negativos. Entretanto, o esforço, a luta e a resiliência são características da profissão de vendas, e isso precisa ser reconhecido pelo gestor. E por último, sempre se lembre que o feedback positivo geralmente deve ser feito em público, potencializando ainda mais seus efeitos, e enraizando de vez o comportamento que você quer que seja repetido. O feedback constante e contínuo, em todas as etapas de vendas, em todos os KPIs que você definir, e em todos os momentos, é fundamental para o desenvolvimento de um clima organizacional fantástico, e de uma cultura que favoreça o “ainda não”, o processo, e crescimento, e não apenas o resultado! Ah! E também não se esqueça de dar o feedback positivo na hora que ele acontecer! Escorsin e Walger (2017) mostram para a gente que é muito importante que as pessoas tenham um retorno imediato do que elas estão fazendo para poderem ajustar a sua conduta o mais cedo possível! Saiba mais A Carol Dweck é uma das minhas professoras preferidas no mundo. Ela me ensinou a valorizar o esforço, e a encarar todos os resultados que eu não consegui atingir como parte de um processo maior. Ela também é uma das maiores estudiosas de psicologia do mundo, reconhecida ao redor do globo. Nesse vídeo, ela fala mais sobre o poder do “ainda não”, que vimos ser um ingrediente fundamental para um feedback positivo maravilhoso! 16 THE POWER of believing that you can improve. Ted, 17 dez. 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_X0mgOOSpLU&feature=youtu.be>. Acesso em: 5 jan. 2019. TEMA 5 – FEEDBACK NEGATIVO Quando falamos de feedback negativo, entramos em um terreno perigoso. Para Walger, Viapiana e Barboza (2014), o feedback pode tanto motivar o funcionário, quanto desmotivá-lo demais! O feedback negativo geralmente tem o objetivo de reprimir ou corrigir o comportamento de algumfuncionário ou vendedor que não está se comportando da maneira como deveria. Por exemplo, e ainda tomando como base os KPIs. Imagine que, na sua equipe de vendas, temos um vendedor que não faz muitos contatos. Ele diz que é tímido, tem vergonha de falar com as pessoas pessoalmente ou no telefone, de entregar o seu cartão de visita, e também de fazer as apresentações. Você pode até se perguntar: Mas se ele não gosta de vender, o que ele está fazendo em uma posição de vendas? Você pergunta para o departamento de RH porque ele foi selecionado para o cargo, e a resposta que eles dão é que na entrevista ele mostrou muitas das habilidades de um excelente vendedor, que vimos lá na primeira aula. Ele é muito motivado, leal aos seus colegas, uma pessoa extremamente ética e honesta, e sempre está buscando novos aprendizados. E agora? Qual o seu papel como gestor da equipe de vendas? O que você deveria fazer com esse vendedor? Podemos ver que ele tem um desvio comportamental, certo? Então, precisamos primeiro pensar no problema dele. Aqui, um erro muito grave que muitos gestores cometem é não pensar antes de dar o feedback. Feedback é uma ferramenta poderosíssima, tanto para o bem, quanto para o mal. Um feedback positivo, como vimos, pode ser o elemento que faltava para um vendedor florescer no seu cargo, e se tornar um dos melhores da empresa. Mas um feedback negativo pode ser o que faltava para o departamento comercial desandar de uma vez por todas. Portanto, precisamos pensar no tom com que vamos conversar com esse vendedor, e sempre assumir a posição de um mentor, exatamente como uma sessão de treinamento. Nós, como gestores, precisamos deixar muito claro que existe um problema, mas que ele não é grave e que pode ser resolvido em dupla. 17 Nós dizemos que os problemas que geram feedbacks negativos podem ser resolvidos em dupla porque esse tipo de conversa é sempre ultrassecreta. Enquanto o feedback positivo é geralmente em público, para que todos enxerguem, o feedback negativo é sempre particular, privado, em segredo. Portanto, depois de pensar bem no que falaremos para o vendedor que não está cumprindo com as suas obrigações, chamamos ele para conversar em particular. Primeiro, sempre deixando claro que essa conversa é privada, entre vocês dois. Segundo, deixando mais claro ainda que é do interesse de todos, da empresa, seu, e do vendedor, que ele se desenvolva e seja o melhor vendedor da área. Tendo estabelecido esse território amigável, você pode falar dos resultados, dos indicadores e KPIs que não estão satisfatórios, e ouvir o que o vendedor tem para falar. Nós conversamos na terceira aula que trabalhar em organizações é uma coisa maravilhosa exatamente porque elas são o coletivo de pessoas que se reúnem e trabalham para atingir um objetivo. E é claro que nunca podemos esquecer que todas essas pessoas têm suas histórias, suas experiências, seus conhecimentos, suas famílias, e sua vida fora da organização. Portanto, antes de dar o feedback, se proponha a ouvir o que o vendedor tem para falar. É possível que ele esteja com um problema de saúde, com um problema familiar, fazendo acompanhamento psicológico, dentre outras variáveis que podem afetar o seu comportamento. E tenha certeza que, enquanto ele fala, você escuta de verdade. Muitas vezes, nós escutamos as pessoas, mas estamos, na verdade, fazendo julgamentos do que elas falam, e pensando com a nossa própria linha de raciocínio. Robert Greene (2018), um famoso intelectual, afirma que isso faz parte da natureza humana. Mas, como gestores, precisamos adquirir a capacidade de ouvir profundamente o que as pessoas estão nos falando para que possamos agir com base no que elas estão sentindo. Depois de ouvir profundamente o vendedor, chega a sua hora de falar. E a sua fala é simples: propor um plano de ação para que o comportamento de timidez, ou de introversão, ou ainda de negligência quanto ao trabalho de vendas seja resolvido. Nesse plano de ação, vocês vão, juntos, montar um planejamento de curto prazo para lidar com os maus resultados. 18 Você pode usar diversas ferramentas que já vimos aqui, e muitas das que ainda veremos ainda. Por exemplo, você pode fazer uma competição de vendas de um só vendedor, transformando a sua evolução semanal ou mensal em um grande jogo, com desafios muito bem colocados. Você pode pedir para que ele faça sessões de shadowing com os melhores vendedores do departamento. Ainda veremos muitas outras opções ao longo de nossas aulas aqui! O ponto principal a se pensar no feedback negativo é que nem sempre (na verdade, quase nunca), a culpa pelo desempenho ruim de um dado vendedor é exclusivamente dele. Se pensarmos, quem gostaria de ser uma pessoa com um desempenho ruim? Ninguém quer ser o pior vendedor, ou ainda, passar por dificuldades no trabalho. Mas essas coisas acontecem, e nós, como gestores de vendas, não podemos julgar superficialmente a situação. Precisamos escutar e montar um plano de ação efetivo para que o vendedor possa melhorar o seu desempenho, a sua autoestima, e se animar com o seu trabalho. Afinal, todos nós somos humanos e já erramos, não é mesmo? Às vezes apenas precisamos de alguém para pensar em nós e nos ajudar! Esse é seu papel. É o papel do gestor da equipe de vendas! Saiba mais O consultor Wellington Moreira é especialista em feedback, e nesse vídeo, conta algumas sacadas que ele já teve como consultor de empresas. Dá uma olhada! COMO dar feedback negativo. Caput Consultoria, 11 ago. 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OqNOmez8Fho>. Acesso em: 5 jan. 2019. TROCANDO IDEIAS Estamos chegando no final, mas antes, quero conversar com você! Nesta aula, vimos a importância da interação com as pessoas, sempre mediada por indicadores, você percebeu? Como pessoas, somo seres sociais que sempre procuram estar em grupo. Estamos em organizações para resolver problemas que outras pessoas têm, e fazemos o nosso trabalho para resolver esses problemas! Como vendedores, nós resolvemos os problemas dos outros por meio do oferecimento de produtos e serviços que podem ajudar as pessoas. Isso para mim é maravilhoso! Ter a oportunidade de oferecer algo que vai ajudar as 19 pessoas a atingirem os seus objetivos, sejam eles desejos ou necesidades, é sensacional! Mas vamos voltar os olhos para a nossa equipe! Como gestores, a nossa missão é resolver um problema da organização: os vendedores precisam ser gerenciados para que a organização siga em frente conforme os objetivos da organização, e não dos vendedores! E para isso, precisamos dos nossos KPIs, que são indicadores de desempenho que vão nos mostrar como os nossos vendedores estão se saindo, e o que podemos fazer para ajudá-los. Porque, como estamos vendo desde o começo, nós não resolvemos apenas o problema da empresa, nós também ajudamos os nossos vendedores! Sabendo os indicadores dos vendedores, podemos dar feedback positivo ou negativo. Podemos usar as reuniões de vendas como comunicação da empresa para os vendedores e dos vendedores para a empresa! O gestor de equipes de vendas é a pessoa que liga, que representa, que é a cara da equipe para a empresa, lembra? Mas ele também é a “cara” da empresa para a equipe! É muito importante que as organizaçòes dêem suporte para esse tipo de convivência mais harmônica e saudável entre as pessoas, investindo em qualidade de vida no trabalho, competições de vendas, e valorizando muito o feedback entre as pessoas! O que você acha? O gestor de equipes de vendas precisa ser aquele que busca harmonizar os interesses dos vendedores e da empresa? NA PRÁTICA Imagine que você foi contratado como gestor de equipe de vendas em uma grande empresa. Você será responsável por 20 vendedores. A empresa está passando por uma grande reestruturação no departamento comercial,porque teve resultados ruins com a gestão anterior. O pessoal do RH te conta que a gestão anterior só se preocupava com resultados de curto-prazo, e por isso sempre vivia em cima dos vendedores, cobrando resultados. Não existia nenhum tipo de KPI além das vendas realizadas, e o gestor fazia questão de mostrar para todos quem eram aqueles que ainda não haviam batido as metas. Em uma reunião com a diretoria comercial, eles abrem o jogo para você e informam que o seu objetivo é fazer com que a sua equipe de vendas tenha 20 harmonia, consiga trabalhar em equipe, e que esperam resultados de médio prazo, para os próximos dois anos. Eles ainda esperam que os resultados sejam melhores do que os da gestão anterior, devido a esse processo de humanização. Para saber a sua posição, eles pedem que você elabore um relatório com as primeiras medidas que você tomará com a equipe, com os indicadores, e com o clima da organização. Tendo em vista as aulas que tivemos até aqui: Qual seria sua primeira medida como o novo gestor da equipe de vendas? Quais indicadores de performance você adotaria para a sua equipe? Como você trabalharia para melhorar o clima entre os seus vendedores? Para responder essas perguntas, você pode fazer que nem eu fiz: Corra para a página 176 do livro das Profs. Escorsin e Walger (2017)! O estudo de caso que elas apresentam lá é muito similar a esse! Então vamos lá! A primeira coisa que eu faria seria uma reunião de vendas para que os vendedores possam se apresentar para mim. Repare que eu quero ouvi-los, e não falar de mim mesmo. Eu falaria de mim mesmo apenas quando todos tiverem se apresentado. Eu formularia um questionário perguntando o que eles esperam da nova gestão de vendas, e o que a nova gestão da equipe pode esperar deles. Tendo as respostas, poderia ver qual o perfil dos vendedores, o que eles valorizam, e como eles gostam de trabalhar! E eu descobriria tudo isso, mais uma vez, escutando-os. O fato de o líder escutar mostra que ele quer servir, e não impor a sua vontade. Assim como vimos anteriormente, com o livro O Monge e o Executivo, o papel do líder é servir. Esse seria o meu primeiro passo para transformar esses vendedores em uma equipe campeã! Toda equipe campeã precisa de indicadores que mostrem que ela é de fato campeã, certo? Um time não pode vencer um campeonato sem vencer jogos, e não pode vencer jogos sem marcar gols. Mas isso não significa que a defesa não seja importante, não é mesmo? Portanto, eu usaria os três indicadores que vimos: número de contatos, número de apresentações, e número de vendas. Eu encaro o número de contatos como a fase de “ataque”, quando o vendedor precisa ser proativo, incisivo, e ter atitude para fazer esses contatos. Já a apresentação para mim é como uma boa defesa, porque é 21 provável que o comprador nessa situação tenha muitos questionamentos e dúvidas a serem respondidas. A venda para mim é um gol marcado, a junção entre ataque e defesa, que leva ao principal objetivo do jogo! Por último, para melhorar o clima entre os vendedores, eu investiria em sessões de treinamento conjuntas, ministradas entre as equipes do departamento. O departamento tem 20 pessoas, então eu provavelmente dividiria 4 equipes de 5 pessoas para montarem grupos de estudo em, por exemplo, psicologia, economia, técnicas de vendas, e persuasão. O intuito é que eles se unam para estudar, aprender e crescer juntos. Depois, faria uma competição de vendas, com prêmios financeiros e não financeiros, com o tema da época, seja páscoa, dia dos namorados, das mães, dos pais, natal etc. Por último, em uma reunião de vendas, eu mostraria que todos os vendedores passariam por sessões de feedback de 15 minutos cada, para reforçar que eu, como gestor, estou ali para escutar e servir, e não para mandar! FINALIZANDO Chegamos ao final de nossa aula com muitos conhecimentos novos, não é mesmo? Você percebeu o quanto aprendemos nesta aula? Primeiro, nós vimos a importância e até o misticismo por trás das reuniões de vendas, que podem ser verdadeiras injeções de motivação, aprendizado, e busca por resultados! Aprendemos as melhores práticas de reuniões, como fazer e organizá-las, e como montar uma equipe harmônica, quase como uma orquestra, da qual você é o maestro! Depois, vimos outra maneira de motivar nossos vendedores, nos apoiando em um conceito que está muito em voga ultimamente nas melhores empresas do mundo: a gamificação. Os jogos existem há séculos, e continuam a animar, entreter e motivar as pessoas a atingir seus objetivos, não é? Então faz muito sentido trazermos esse clima de jogo para dentro da organização, com objetivos muito bem definidos, e prêmios financeiros e não-financeiros para aqueles jogadores, ou vendedores, com melhor desempenho! Entretanto, também vimos algumas limitações dessa abordagem! Nós ainda aprendemos que, para termos jogos, precisamos medir corretamente o progresso dos nossos jogadores, certo? Então, se trouxermos jogos para dentro das empresas, precisamos de KPIs, ou seja, de indicadores 22 chave de desempenho, que sejam muito bem conectados com o nosso objetivo final. Nós concordamos que o objetivo do vendedor é vender, mas, antes disso, ele precisa passar por uma série de etapas: fazer vários contatos, várias apresentações, e passar pela etapa de fechamento da venda. Por último, vimos dois mecanismos diferentes de feedback, nos apoiando nos ensinamentos dos maiores pesquisadores de psicologia do mundo. Vimos o poder que o feedback positivo tem ao encorajar o esforço, e não o resultado. Com essa receita, todos podem receber feedbacks positivos com base em seu esforço, o que, segundo os cientistas de Stanford e da Universidade da Pensilvânia, tem o potencial de causar uma melhoria significativa nos resultados. Vimos que feedbacks positivos geralmente devem ser dados em público, e que a sua missão como gestor da equipe de vendas é fazer com que as pessoas se sintam valorizadas na sua profissão! E para terminar, como nem tudo são flores, vimos também a parte mais delicada do feedback negativo. Nós aprendemos que, por muitas vezes, as pessoas têm problemas de desempenho, e isso não é porque elas querem ter esse tipo de problema! Afinal, ninguém acorda um dia e diz: “vou ter um desempenho horrível hoje porque eu quero ser ruim no meu trabalho”, não é mesmo? Desempenho abaixo da média vem como resultado de diversos fatores, e aí entra a grande missão do gestor da equipe de vendas: escutar. Escutar é muito importante, porque passa a certeza de que você realmente se importa com a pessoa, e não apenas com o profissional. Depois de escutar, você, junto com o vendedor que está recebendo o feedback negativo, pode formular um plano de ação para melhorar o desempenho, o que inclui diversas ferramentas que já vimos aqui, e que ainda veremos nas nossas duas últimas aulas! 23 REFERÊNCIAS DWECK, C. Mindset: A nova psicologia do sucesso. São Paulo: Objetiva, 2017. ESCORSIN, A. P.; WALGER, C. Liderança e desenvolvimento de equipes. Curitiba: InterSaberes, 2017. GREENE, R. The laws of Human Nature. New York: Viking, 2018. HILLMAN, R. Administração de vendas, varejo e serviços. Curitiba: InterSaberes, 2013. IZIDORO, C (Org). Administração de vendas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2012. PEQUENO, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. SELIGMAN, M. E. Learned Optimism: how to change your mind and your life. São Paulo: Vintage, 2006. WALGER, C.; VIAPIANA, L.; BARBOZA, M. M. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: InterSaberes, 2014.
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