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GESTÃO DE PESSOAS E EQUIPES DE VENDAS AULA 5 Prof. Caio Camargo da Silva 2 CONVERSA INICIAL Já conhecemos as partes mais importantes da gestão de pessoas aplicada à gestão de equipes de vendas: recrutamento e seleção de pessoal e de treinamento e desenvolvimento da equipe. Também aprendemos sobre a importância do feedback positivo e negativo e que os vendedores precisam das empresas e vice-versa, e demais soft skills que todo gestor precisa ter. Agora, é a hora de pensar em outras coisas. Como será que é a gestão de uma equipe de vendas, na prática? Como um gestor de sucesso, você deve ser organizado e ter as suas prioridades muito bem definidas. Assim, vamos dedicar um tema desta aula para entender as prioridades dos gestores para que você possa aplicar amanhã mesmo à sua vida. No terceiro tema, vamos explorar um conceito muito difícil para muitos: como trabalhar em equipe? Há muitas pessoas que preferem trabalhar sozinhos, porque é mais rápido, ou porque não têm paciência de orientar o colega, ou ainda porque não sabem delegar as funções. Mas o trabalho em equipe é essencial em qualquer organização, e precisamos ter essa sintonia com os nossos colegas vendedores. Como falamos anteriormente, os vendedores são a orquestra, e você é o maestro! Todos trabalham em perfeita sintonia! Depois, vamos ver os passos para construir confiança com nossos vendedores. Afinal, somos gestores de equipes comerciais e precisamos fazer com que os nossos vendedores confiem na nossa competência, no nosso esforço e no nosso trabalho para que a equipe dê certo. Por último, mas não menos importante, precisamos pensar no futuro. O que será da nossa equipe daqui a 5 anos? Será que podemos planejar exatamente como as coisas vão acontecer? E se o nosso melhor vendedor pedir para sair amanhã, o que faremos? Como gestores de equipes de vendas, precisamos transformar o pensar no futuro em um hábito diário. Afinal, cumprir as metas no dia é muito para o nosso coração. Então sente bem confortável. Tudo o que você vai aprender aqui hoje você poderá colocar em prática amanhã mesmo, mesmo sem ser um gestor de equipes de vendas ainda! 3 CONTEXTUALIZANDO Vamos pegar um exemplo clássico para contextualizar tudo que nós falaremos hoje. Vamos supor que você é o gestor de uma grande equipe de vendas, com 20 vendedores. Desses 20 vendedores, 5 são maravilhosos. Você sabe que eles andam sozinhos, evoluem sozinhos, têm disciplina, são os mais esforçados, resilientes, e os que mais trabalham na sua equipe. Você sempre os cita como exemplos nas reuniões de vendas, pede para eles treinarem os novos endedores etc. Eles são os melhores vendedores da empresa, e talvez os melhores vendedores que você já viu. Dos 15 vendedores restantes, 10 estão no nível intermediário. Eles cumprem com suas metas com frequência, mas nem sempre. Às vezes precisam de uma motivação para seguir em frente, mas na maioria das vezes eles fazem seus trabalhos e não dão problema. Você investe em treinamentos para que eles melhorem e desenvolvam mais habilidades comportamentais, e sempre se reúne com eles para dar feedback positivo. Mas ainda assim, alguns precisam de feedback negativo. Por último, temos os 5 vendedores que estão indo mal. Eles parecem não levar o trabalho muito a sério e podem até cumprir suas metas, mas não chegam nem perto dos cinco melhores. Muitas vezes, eles mostram comportamentos que não são ideais para a sua equipe, e você sempre tem que chamar para uma sessão de feedback negativo. Esses vendedores muitas vezes não mostram vontade de melhorar os seus comportamentos ou as suas habilidades técnicas, e você já percebeu que eles não gostam de participar de treinamentos. Os planos de ação que você monta com eles nas sessões de feedback negativo são raramente obedecidos. Numa situação dessa, o que você faria? Muitos gestores de vendas preferem levantar as pessoas que estão mal. E nós vimos isso nas últimas aulas. É o trabalho do gestor de vendas ser um líder para a sua equipe e é sua responsabilidade também motivar, colocar as pessoas para cima e dar o suporte de que elas precisam. É claro que as pessoas que estão tendo problemas, aqueles cinco vendedores que não conseguem bater as metas, estão precisando do suporte do gestor de vendas. 4 O problema é que, muitas vezes, o gestor de equipes cuida apenas dessas pessoas e esquece das demais. O que o gestor deveria fazer, então? Liderar pelo exemplo. Cuidar das pessoas que precisam de suporte não significa cuidar das pessoas que estão com problemas de desempenho, ou desvios comportamentais. Cuidar das pessoas que precisam de suporte é estar presente para todos os membros da equipe de vendas, especialmente aqueles que trazem o maior resultado para a equipe. Não é só porque os nossos cinco melhores vendedores andam sozinhos e fazem tudo que é preciso ser feito que eles não precisam do seu suporte, da sua ajuda, de uma gestão presente e atuante! E como fazer isso? É o que veremos nesta aula! TEMA 1 – GERINDO A EQUIPE – COM A MÃO NA MASSA O que falamos agora mesmo na introdução é uma técnica usada pelo gestor de equipes de vendas Butch Bellah (2015), que foi gestor de equipes de vendas em dezenas de empresas, pequenas, médias, e multinacionais, e hoje é consultor e palestrante nos Estados Unidos. Ele nos conta que os gestores de equipes de vendas tendem a focar nos aspectos errados da gestão de equipes e pessoas, e entender muitos conceitos de forma errada. Cuidar dos piores vendedores é um exemplo disso. Ele diz que muitos gestores passam muito tempo preocupados com seus piores vendedores, e se esquecem de valorizar e dar apoio para os seus melhores vendedores. Proporcionalmente, ele diz, os gestores de vendas passam mais tempo com os piores vendedores, que trazem menos resultado e dão mais trabalho do que com os melhores vendedores, que trazem mais resultado e dão menos trabalho. É claro que ele não está dizendo para você apenas desistir dos seus piores vendedores. Eles precisam de um gestor como você que vai colocá-los para cima, conscientizá-los de que há a necessidade de uma mudança, e vai ajudá-los a conquistar novos feitos. O que ele quer dizer é que, muitas vezes, vendedores maravilhosos ficam longe da gestão, quando deveriam ser tratados de maneira especial. Você precisa deixar bem claro que está à disposição deles, e chamá-los para projetos 5 dentro da empresa, reconhecer o esforço deles em público, e mostrar para os demais como eles conseguiram ser tão bons. Isso se chama “gerir do topo para baixo”, ou seja, gerir os seus melhores vendedores para que eles continuem vendendo bem, enquanto os piores vendedores se inspiram no comportamento deles e se motivam pelo reconhecimento que eles têm pela sua parte! Não é só porque eles são os melhores que eles não devem ser desafiados também. É a sua responsabilidade motivá-los para que eles vão além. Dar tarefas mais difíceis, fazer um acordo para uma meta ambiciosa ou desafiar uma meta diferente por um período de tempo maior são maneiras de manter esses vendedores sensacionais motivados. Para Freire (2014), treinamentos podem ser operacionais ou técnicos, táticos ou comportamental, e estratégico e de gestão. Quando falamos de gestão de equipes de vendas, você é responsável pelo desenvolvimento desse pessoal tanto no nível operacional quanto no nível tático. Ou seja, é a sua responsabilidade transformar esses vendedores em futuros gestores de vendas. E como você pode saber da necessidade dos seus melhores vendedores? Eles parecem nunca ter problemas com o seu trabalho e parecem ser extremamente independentes. Como saber quais problemas eles têm? O papel do gestor aqui é a condução; é perguntar onde e como ele pode ajudar, fazer reuniões para brainstorming de novas soluçõespara antigos problemas, por exemplo, e usar o conhecimento desses vendedores a favor da empresa. Assim, o gestor pode criar um ambiente que valoriza o esforço e as conquistas, que valoriza os melhores, que passa uma mensagem para todos de que essa é uma equipe de vendas vencedora pelos próprios méritos, pela autodisciplina e pela colaboração. Um ambiente vencedor cria vendedores vencedores. Os acadêmicos de gestão de pessoas sempre falam do clima organizacional, que é extremamente importante para os resultados da empresa. O raciocínio é simples: climas vencedores criam empresas vencedoras, e climas negativos, tóxicos ou perdedores criam empresas negativas, tóxicas e perdedoras. Em empresas com maravilhosos climas organizacionais e ambientes vencedores, os gestores sabem motivar as pessoas com desafios e recompensas, sabem dar feedback positivo e reconhecem as melhores pessoas. 6 Sabem que ninguém pode ficar na zona de conforto porque lá não existe crescimento. Saiba mais Knapik (2012) resume o que é clima organizacional na página 21 da sua obra Gestão de pessoas e talentos. São duas páginas de conteúdo muito rico e bem sintetizado que vão ajudar você a entender a sua responsabilidade, como gestor de equipes de vendas, no clima da organização e, por consequência, nos resultados da sua equipe. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2012. TEMA 2 – COMO SE ORGANIZAR? Organização em empresas está relacionada ao estabelecimento de prioridades, e não apenas ao uso de ferramentas de produtividade ou ao emprego de métodos japoneses como o 5S para manter ambientes limpos e organizados. O que falaremos aqui sobre organização está diretamente relacionado às prioridades do profissional que tem e está constantemente buscando as habilidades para evoluir na carreira. Entretanto, antes, precisamos entender que, nas organizações e empresas ao redor do mundo, podemos distinguir entre três tipos de profissionais de vendas. Existem profissionais que gostariam de ter mais responsabilidades, de avançar nas suas carreiras, de ser promovidos, de ter um cargo de gestão, mas ainda não têm as capacidades, habilidades e atitudes necessárias para avançar. Existem profissionais que têm muita capacidade, muita habilidade e que mostram atitudes coerentes com evolução e sucesso, mas que não gostariam de assumir um cargo de gestão, uma vez que se veem satisfeitos com a sua posição atual. Mas existe você, que é exemplo do tipo de profissional que tem a capacidade, habilidade, e atitude necessária e que quer crescer na sua carreira. Esses são os líderes que encontramos nas empresas, e é sobre as características de organização deles que vamos conversar agora. Você é o tipo de pessoa que está se capacitando, mostra que está buscando as habilidades, conhecimentos e atitudes necessárias para ser um 7 líder em vendas. Você tem a habilidade e a vontade ou, como diríamos por aqui, a faca e o queijo na mão. Mas como atingir esses objetivos? Como será que você poderia crescer, tornar-se um líder e “cortar caminho” para a liderança? Por meio do desenvolvimento de muitas habilidades que veremos agora. Lembre-se de que os líderes têm trabalhos voláteis, ou seja, precisam fazer muitas coisas quase que ao mesmo tempo. Então, a habilidade de definir as prioridades, ou se organizar, é fundamental para tudo isso. O líder precisa ser uma pessoa positiva, ou seja, precisa ser aquela pessoa que está sempre de bem e vê o copo meio cheio. Esse tipo de atitude tende a melhorar o clima organizacional, pois motiva os vendedores. Em suma, líderes têm uma personalidade autêntica que inspira os vendedores. O líder também precisa ser orientado para os objetivos, o que significa que eles sabem o que precisam fazer para atingir as suas metas. Eles são aquelas pessoas que sabem exatamente onde querem estar daqui a cinco, dez e vinte anos. Eles estabelecem metas mensais, bimestrais, trimestrais, semestrais e anuais e conseguem bater todas elas. Além de ser orientado para objetivos, ele precisa resolver problemas diariamente. Ou eles corrigem o problema por eles mesmos, ou eles inventam alguma solução e pedem para alguém corrigir. Eles são aqueles que não se importam em trocar a lâmpada se demorar muito para chamar o responsável para fazer isso, e estão constantemente ativos, resolvendo os problemas daqueles que dizem que “isso não é problema meu”, ou “isso não é o meu trabalho”. Um outro ponto importante para o estabelecimento de prioridades é a orientação para a ação. Os líderes são geralmente orientados para a ação e têm uma mentalidade lean, ou seja, eles pensam: “vamos tentar, e, se não der certo, não tem problema, a gente tenta de outro jeito”. Eles sabem experimentar e preferem testar as coisas do que ficar estudando-as durante um longo período de tempo. Eles não são perfeccionistas, mas sim voltados para a ação. A criatividade também é uma prioridade para líderes de equipes de vendas. E não entenda criatividade como “criar coisas novas”, mas sim como achar novas maneiras para resolver problemas, entregar mais valor para o cliente, ou, ainda, novas maneiras para vender. Nas empresas, encontramos muitas pessoas que falam o famoso “nós sempre fizemos assim por aqui”. Os 8 líderes sempre questionam esse tipo de afirmação e vão buscar novas maneiras para agradar o cliente, gerar mais resultados e deixar as pessoas dentro e fora da organização mais felizes. O aprendizado constante é, para mim, a maior prioridade de um líder. Para tomar decisões rápidas, aprender com o erro de outras pessoas e ainda descobrir novas maneiras de fazer as coisas com criatividade, é muito importante que o líder continue aprendendo não apenas sobre a sua função, mas sobre tudo que puder! Grandes líderes são como esponjas que sugam todo o conhecimento que podem. Eles não têm medo de fazer perguntas, de ir para eventos e congressos, nem de errar. Os maiores líderes do mundo e os presidentes das maiores empresas do mundo têm hábitos de leitura fantásticos! Por último, mas não menos importante, uma das prioridades dos líderes é pensar nas pessoas. Por isso, eu quero dizer que os líderes de vendas precisam colocar em prática o que vimos no Tema 1 e se preocuparem com o clima da organização, com como as pessoas estão se sentindo e o que elas gostariam que fosse diferente. Saiba mais Um dos líderes que mais sabia se organizar e administrar as suas prioridades, apesar de não ter como ponto forte a gestão de pessoas, foi Steve Jobs. Jobs elegeu como prioridade máxima fazer coisas novas do melhor jeito possível. Pegou a sua criatividade e vontade de aprender e teve uma mentalidade voltada para a ação, para fazer coisas e resolver problemas. O filme Jobs é maravilhoso e deveria estar na lista de filmes de todos os gestores de vendas! TEMA 3 – COMO TRABALHAR EM EQUIPE Tenho certeza de que você conhece aquela pessoa que prefere fazer tudo sozinha. Ela acha melhor fazer o seu trabalho sozinha porque fazer em equipe pode “dar muito trabalho”, ou ainda, “ficar desorganizado”. Realmente, o trabalho em equipe é uma coisa muito difícil de se fazer, mas existem diversas maneiras de transformá-lo em um experiência maravilhosa para os integrantes da equipe, e melhor ainda para as empresas! É o papel do líder, do gestor da equipe de vendas, fazer com que os vendedores trabalhem juntos, em sintonia, como se fosse uma orquestra. Para 9 isso, precisamos aprender como fazer com que os membros de nossa equipe trabalhem bem juntos. Afinal, somos os maestros dessa orquestra. Na literatura científica, temos diversas teorias que tentam explicar e esclarecer o que é o líder e como ele lidera a sua equipe. Existem pessoas, por exemplo, que acreditam que o líder já “nasce” um líder. Entretanto, a ciência já deixou muitoclaro que ninguém nasce líder, mas sim se desenvolve, aprende, trabalha e luta muito para se tornar um. O líder é um indivíduo que tem o poder, dentro da organização, de entender a habilidade de influenciar como os outros pensam e agem. Esse poder pode vir de diversas fontes, e geralmente as pessoas pensam que ele é baseado nas relações hierárquicas. Ou seja, um chefe tem como função mandar, e um funcionário tem como obrigação obedecer. Entretanto, essa linha de pensamento também não deu muito certo porque o funcionário pode ir embora e oferecer o seu trabalho para as outras empresas. O que temos de mais moderno na nossa visão de liderança está no livro das professores Escorsin e Walger (2017), e aqui, vamos ver mais como nós podemos fazer nossa equipe trabalhar como uma orquestra, para alcançar os maiores resultados que já imaginamos! Para fazer as pessoas trabalharem em equipe, segundo Escorsin e Walger (2017), precisamos que três fatores aconteçam ao mesmo tempo: elas precisam ter um propósito em comum, precisam ter metas específicas para ser atingidas e ainda precisam ter poder para tomar decisões. O propósito em comum se refere ao porquê de essas pessoas estarem trabalhando juntas. Como se sabe, toda organização precisa ter uma missão e uma visão, ou seja, motivos para existir e perspectivas para o futuro. Empresas que desejam apenas o lucro a curto prazo tendem a não dar certo, ou ser péssimos lugares para trabalhar. O propósito, o porquê de estar trabalhando, que seja outra coisa além do salário, além do lucro, além do dinheiro, é fundamental para que as pessoas trabalhem em equipes de alto desempenho! Todo trabalho tem um propósito, um porquê de ser realizado, e que ajuda a vida das outras pessoas. Um sapateiro possibilita que o vendedor vá de porta em porta vender seus produtos. Um feirante possibilita que diversas pessoas tenham o que comer em casa. Eu sempre falo que o mundo das organizações é perfeito, e é exatamente por causa disso. As pessoas se ajudam, permitem com que outras pessoas vivam cada vez melhor, e ainda ganhem dinheiro em troca! 10 O objetivo principal é ajudar as outras pessoas a viverem suas vidas de um jeito melhor, e não ganhar dinheiro! Para que tenhamos propósito no nosso trabalho, precisamos de objetivos para buscarmos. Essas metas nos guiam para aonde queremos chegar e ditam nosso ritmo de crescimento. Afinal, sempre queremos ajudar mais pessoas a realizar as suas tarefas do dia a dia, então precisamos crescer, precisamos vender mais, precisamos estar no mercado e cumprir nossas metas. Por último, precisamos de poder para tomar decisões. E talvez essa seja a maior responsabilidade do líder. E antes que você entenda errado, o líder não é o único que toma decisões. O que eu quero dizer é que o líder é o responsável por delegar, por transmitir a responsabilidade e tomar decisões para os vendedores! Propósito, metas, e tomada de decisão são os três fatores mais importantes para trabalhar em equipe. Mas aqui no papel, ou no computador, isso parece muito bonito para ser verdade. Eu concordo com você, pois geralmente as coisas não acontecem dessa maneira. Mas por quê? Geralmente, temos um problema de confiança, que veremos no próximo tema. Deve existir confiança entre os membros da equipe, e não apenas aquela confiança superficial, relacionada à honestidade da pessoa. A confiança precisa ser total, precisa ser confiança quanto ao trabalho desempenhado pelo colega, quanto à sua capacidade de desenvolvimento, quanto a suas habilidades e atitudes, e também quanto à sua índole e honestidade. Conflitos geralmente acontecem quando as pessoas não confiam nos seus colegas, e é por isso que muitos líderes não conseguem fazer com que suas equipes trabalhem bem juntas. Conflitos acontecem quando a confiança de algum dos membros é quebrada, e ele entra no raciocínio que vimos no começo desse tema: “dá muito trabalho fazer as coisas em equipe, prefiro fazer sozinho”. A confiança é quebrada porque geralmente um membro da equipe está mais comprometido que o outro a atingir os resultados, um membro assume mais responsabilidades que os outros, ou ainda, um dos membros da equipe “carrega” os outros nos ombros, fazendo todo o trabalho. E é exatamente aqui que o líder entra. O líder é um comunicador, um mediador, e um facilitador para os membros da equipe. E cabe a ele supervisionar o trabalho da sua equipe e entender o que 11 está acontecendo. Cabe a ele entender quais vendedores estão mais comprometidos, e quais podem ser aqueles que estão gerando conflitos. Saiba mais 1. No Tema 2, eu lhe disse que talvez Steve Jobs não fosse um líder como imaginamos que fosse, lembra? Assistindo à sua biografia, no filme Jobs, podemos ver que ele tem diversas características centralizadoras e que impedem o trabalho em equipe. Entretanto, nessa entrevista, Jobs conta como o trabalho em equipe foi importante para a Apple. TRECHO de entrevista com Steve Jobs – Trabalho em Equipe. Ederson Peka, 21 maio 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Qdcqng0lY GQ>. Acesso em: 18 fev. 2019. 2. Em adição a esse vídeo, o filósofo pop Mario Sérgio Cortella fala sobre sinergia, sintonia e simpatia das equipes, com observações muito boas para você aplicar amanhã mesmo no seu trabalho! CORTELLA, M. S. O trabalho em conjunto em busca dos resultados. Senior Sistemas, 7 fev. 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OgfCig3e65w&t=4s>. Acesso em: 18 fev. 2019. TEMA 4 – CONSTRUINDO CONFIANÇA Dentro de uma organização, a confiança talvez seja o primeiro passo para atingir todos os demais objetivos. Estudos já provaram que a confiança influencia diversos fatores do trabalho dos funcionários, como a satisfação, o stress, o comprometimento com os resultados, a produtividade e, ainda, a vontade de compartilhar conhecimento com os colegas. A confiança gera times que cooperam de maneira mais eficiente, que colaboram entre si para alcançar os resultados da organização como se eles fossem realmente o propósito do trabalho, no lugar do dinheiro. Entretanto, a confiança é como diz o ditado: “difícil de conquistar, mas fácil de perder”. Mas afinal, qual é a definição de confiança? Confiança pode ser definida como dar o controle de algo a uma pessoa sem algo que o proteja. Confiança é você ficar vulnerável a outra pessoa, é você correr um risco, é um voto em que você acredita que a pessoa em quem você confia não vai fazer nada que o prejudique, porque você está sem defesa. 12 A confiança, para Peterson e Kaplan (2016), depende de três condições básicas para acontecer: caráter, competência e autoridade. Caráter significa que aqueles em quem confiamos vão levar os nossos interesses como se fossem deles mesmos, afinal, se demos a eles nossa confiança, eles sabem do que precisamos. Além do caráter, as pessoas em quem confiamos têm inteligência, habilidade e atitudes ideais para levar esses nossos interesses adiante e cumpri- los. Um líder confia em seus funcionários porque sabe que eles têm a inteligência e a capacidade de cumprir com os seus objetivos dentro da empresa. Um colega confia no outro porque sabe que, em um sistema cooperativo que é a equipe, eles dependem de si mesmos para atingirem seus objetivos. Por último, a autoridade, que significa que aqueles em quem confiamos têm o poder de fazer o que precisamos que seja feito. Em um trabalho em equipe, em que as funções e os trabalhos são divididos entre os membros, confiamos nos demais para que eles façam os seus trabalhos da melhor maneira possível porque eles têm autoridade, ou seja, têm o poder de fazer aquilo que confiamos a eles. Em organizações, podemos achar diversos níveis de confiança. Organizações que não têm confiança parecem prisões, ou ainda ditaduras, em que os funcionários não quebram aconfiança dos demais geralmente por causa do medo de serem demitidos. Organizações medianas têm sistemas de confiança que favorecem as recompensas financeiras, isto é, os funcionários obedecem e não quebram a confiança porque serão recompensados financeiramente por isso. Nas melhores organizações e empresas que conhecemos, a confiança é mais parecida com um dever, ou seja, não é por causa do medo nem por causa do salário que as pessoas confiam nas outras, mas sim porque sentem que têm o dever de confiar para que os objetivos organizacionais possam ser atingidos. E como você consegue a confiança das pessoas? Como você, gestor da equipe de vendas, pode criar um ambiente em que as pessoas possam confiar umas nas outras? Primeiro, temos uma palavra-chave: integridade. Integridade significa fazer exatamente o que você diz que vai fazer. Em muitas empresas e organizações, o discurso é descolado da prática, ou seja, a gestão é na base do 13 “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”. Essa é a maneira mais rápida de acabar com a confiança das pessoas! Depois, temos que criar um ambiente de respeito. Respeito é exatamente isto: escutar as pessoas sem impor as suas ideias para os problemas que elas têm, mas sugerindo soluções. Com respeito, podemos empoderar as pessoas a escutar ativamente e propor soluções para os mais diversos problemas. Empoderar as pessoas significa dar poder para elas, delegar as suas responsabilidades, e dar o voto de confiança. É claro que junto com o empoderamento vem a prestação de contas, ou seja, você ainda precisa checar se as coisas estão sendo feitas como deveriam. Para termos confiança em nossos colegas, precisamos saber como eles estão avançando nos seus projetos. Imagine que a sua equipe de vendas está negociando um grande contrato, que depende de um dos membros da equipe. É evidente que ele precisa colocar todos a par de como estão as coisas, estabelecer um prazo para o fim da negociação e escutar as suas expectativas para o negócio. Você, como o gestor da equipe de vendas, tem o dever de pegar as informações com a sua equipe e deixar todos a par dos acontecimentos mais relevantes. Seja esta grande negociação que está acontecendo, seja a promoção de um vendedor para um cargo maior, ou as más notícias de que a empresa está em um mal momento financeiro. E não se engane: toda equipe tem conflitos, mesmo com confiança. Ideias são diferentes, e cada pessoa tem experiências diferentes nas suas carreiras. É natural que ocorram conflitos em uma equipe de vendas, assim como eles ocorrem em famílias e em relacionamentos. Entretanto, esses conflitos precisam ser respeitosos. É possível discutir e debater pontos de vista diferentes sem faltar com respeito aos colegas, às lideranças e à organização. O líder não tem papel de juiz quando acontecem esses conflitos, mas sim um papel de mediador, de facilitador para que os conflitos se resolvam respeitosamente. Por último, mas não menos importante, está a humildade. Quando somos gestores de uma equipe, precisamos ser os primeiros a ser humildes, apesar do nosso cargo. Os vendedores da sua equipe trabalham por uma missão e não para você. Eles têm um propósito que é muito maior do que você. O seu papel é ser humilde e reconhecer que muitos deles podem ser melhores vendedores que você mesmo, e isso é fantástico. O importante é que em todas as suas 14 intervenções em conflitos da equipe de vendas, e em assuntos relacionados à confiança, você sempre tente resolver as coisas na base do ganha-ganha, isto é, todos os lados saem ganhando como resultado final. Não apenas um vendedor, ou a empresa, mas também o cliente e você. Saiba mais Esse vídeo retoma vários conceitos que vimos aqui sobre confiança, e ainda traz 9 dicas para aumentar a confiança da equipe na liderança, que acaba por influenciar o resultado de todo mundo. Dê uma olhada: 9 DICAS para aumentar a confiança na sua equipe. Portal de ideias, 3 out. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=j4o8zr-m6w4>. Acesso em: 18 fev. 2019. TEMA 5 – PENSANDO NO FUTURO Como um líder, você não se pode dar ao luxo de viver no presente. Já sabemos que uma das principais funções do gestor de equipes e de pessoas é planejar o futuro, estabelecer metas e novos objetivos que estejam ligados à missão e à visão da organização. Como gestor da equipe de vendas, pensar no futuro inclui o futuro próximo, ou seja, o curto prazo, que está relacionado às metas de vendas, por exemplo, mas também inclui o futuro mais distante! O médio e o longo prazo são de extrema importância para os gestores de equipes de vendas porque são eles que determinam a sustentabilidade do negócio! Planejar para o futuro envolve diversos fatores. Afinal, em 5 anos, você pode ser promovido para diretor comercial caso seu planejamento para o futuro esteja certo. Ou você pode receber uma proposta de outra empresa para ser o gerente de outra equipe de vendas, e precisa definir e treinar o seu substituto. Nassim Nicholas Taleb, em seu livro A lógica do cisne negro: o impacto do altamente improvável (2006), nos explica como funcionam nossos planos para o futuro. Principalmente quando falamos de gestão, tendemos a planejar muito e esquecer que não fazemos a mínima ideia do que pode acontecer amanhã. Quem garante que amanhã não vá estourar uma crise no seu setor, por exemplo? De qualquer maneira, o planejamento serve para as situações em que tentamos construir, e não prever, o nosso futuro. O planejamento deve ter em 15 vista o que precisamos fazer, o que está sob nosso controle, e não sob o controle de outras pessoas ou organizações! Muitos gestores de pessoas têm receio em contratar pessoas melhores que eles mesmos. Afinal, eles têm medo de que essa pessoa trabalhe tão bem que possa ofuscar a sua estrela, ou ainda “roubar” o seu lugar. Mas não existe prova maior de que o líder está pensando no futuro da organização quando ele contrata uma pessoa melhor do que ele mesmo. Ele está semeando no presente para colher no futuro. Trata-se de uma das atribuições que ele decide em fazer pensando no longo-prazo. Liderar uma equipe é o mesmo que desenvolver pessoas. Depois que um novo vendedor entra para a nossa equipe por meio dos processos de recrutamento e seleção, temos que treiná-lo e desenvolvê-lo para que ele possa se tornar um possível substituto para nós mesmos. É claro que, como vimos no tema 1, algumas pessoas têm as capacidades necessárias para se tornarem gestores, mas não gostariam de evoluir. Outras querem muito um papel de liderança, mas ainda não têm as capacidades de um líder. O seu papel é o de desenvolver todos eles, conformando-se com as vontades e desejos individuais, respeitando-os e fazendo o que é melhor para os seus vendedores e para a sua organização. Afinal, já imaginou se todo mundo quisesse ser um gestor de equipes? Faltariam vendedores e sobrariam gestores. Por outro lado, temos que entender as evoluções tecnológicas quando estamos pensando no futuro. Cada vez mais, robôs assumem o papel de vendedores. Já pensou quantos vendedores não migraram para outras posições dentro das empresas com as lojas na internet, e-commerces e demais tecnologias? A chave é entender o que o consumidor quer, e para que sua equipe e você possam entender as necessidades e desejos dos clientes, vocês precisam estar muito próximos a eles! Nós estamos vivendo em um tempo único de inovação e criatividade. Enquanto muitas pessoas enxergam isso como uma ameaça, outras enxergam essa evolução tecnológica e cultural como uma oportunidade muito grande. Para vendas, estamos enfrentando tempo de grandes mudanças, que acentuarão um efeito chamado “o vencedor leva tudo” (Taleb, 2006). Nesse caso, o vencedor é o vendedor mais bem capacitado, que realiza um trabalho consultivo e de altíssimovalor agregado. Ele é a pessoa mais 16 inteligente da empresa, porque sabe exatamente como aplicar os produtos e serviços de uma empresa aos seus clientes, porque ele entende para onde o mercado está indo, e ele não tem medo de avanços tecnológicos que podem ser encarados como ameaças pelos outros vendedores que não se desenvolvem. Nesse caso, o vencedor é o líder que tem conhecimento da quarta revolução industrial e tem seus comportamentos voltados à prototipagem, experimentação e ação. O empreendedorismo não é mais apenas para quem quer abrir uma empresa, mas também para aqueles gestores que entendem que a inovação é o único caminho que leva as empresas a prosperarem em um ambiente que muda tanto, e tão rápido! Ries (2012) ensina para empreendedores e inovadores que as empresas precisam ter uma maior tolerância a erros ao lançarem produtos novos e ações inovadoras. Em um departamento de vendas, por exemplo, é preciso engajar-se em novos tipos e modalidades de atendimento aos clientes, numa maior conexão de vendas com a produção, com o marketing e a logística, o que faz todo o sentido, mas, mesmo assim, muitas vezes isso não é encorajado. Com as inovações disruptivas e as novas tecnologias, as empresas precisam cada vez mais se tornar sistemas orgânicos de relacionamentos. Em outras palavras, elas precisam se comunicar melhor internamente para atender melhor seus clientes e não abrir brechas para que outras tomem a dianteira. Você, gestor de equipes de vendas, é quem vai ditar o futuro para a organização que você trabalha. Já estamos testemunhando diversas mudanças no ambiente de negócios, na economia, e no jeito de comprar e vender. Tudo depende da sua atitude, da sua vontade de aprender, da sua orientação para a ação e, é claro, da sua vontade de ter sucesso! Saiba mais A Deloitte é uma das 4 maiores empresas de consultoria do mundo. Eles reuniram as maiores empresas para responder a um questionário sobre a revolução 4.0 que o mundo está passando. Acesse o link a seguir e entenda mais sobre essa revolução assistindo a este vídeo: 17 1. INDÚSTRIA 4.0: Preparados para revolução? Delloite Brasil, 11 jul. 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DL-DS9A8nvE>. Acesso em: 18 fev. 2019. 2. Já o André Ortiz é expert em vendas e gravou um vídeo sobre as maiores tendências de vendas para os anos que estão por vir! Acesse o link a seguir e dê uma olhada: ORTIZ, A. Tendências de vendas 2018/2019 – Sales Force. Palestrante PhD André Ortiz, 20 nov. 2018. TROCANDO IDEIAS Nesta aula tivemos uma abordagem diferente em relação às vendas. Falamos mais dos seus comportamentos como um líder, como um gestor de equipes de vendas e menos dos seus vendedores. Essa transição é muito natural, principalmente se você entendeu o último tema desta aula! Como profissionais da área de vendas, precisamos pensar que o nosso futuro vai ser muito diferente do que estamos vivendo agora. Precisamos pensar no que iremos fazer com as nossas carreiras, mais do que aprender técnicas de vendas. Precisamos entender o que está acontecendo com as mudanças tecnológicas do mundo e precisamos entender como lidar com as pessoas para apresentar isso para elas. Nesta aula, vimos que gerenciar equipes e organizar as nossas prioridades são os primeiros passos para conseguirmos trabalhar em equipe e construir confiança. Com esses 4 elementos fundamentais, conseguiremos pensar no futuro da nossa profissão, dos nossos vendedores e da nossa organização. Mais do que entender de tecnologia, de economia e de política, precisamos entender de gente. Muitas pessoas acreditam que robôs vão “substituir” as pessoas, sem enxergar que pessoas são insubstituíveis. Elas são únicas e têm muito mais poderes do que podemos imaginar. O papel do gestor é enxergar os pontos fortes das pessoas, e principalmente dos vendedores, e prepará-los para o que está por vir: mudanças, mudanças e mais mudanças! O seu papel como gestor de equipes de vendas já está sendo cumprido, e eu preciso lhe dar os parabéns por isso. Você está trabalhando duro para se capacitar, leu a aula inteira, assistiu aos vídeos e está se desenvolvendo como líder e como vendedor. 18 Agora, é a hora de você pensar nas empresas que estão ao seu redor, na organização em que você trabalha e entender como as mudanças no mundo afetam as pessoas, e como você vai gerenciar a sua equipe para construir uma orquestra! Afinal, você é que é o maestro! NA PRÁTICA Suponha que você acabou de ser contratado para gerenciar uma equipe de vendas em uma organização de tecnologia. A empresa vende softwares de gestão para microempresas no varejo, que emitem nota fiscal, fazem o controle do caixa, do estoque, e as principais movimentações financeiras da empresa. Na entrevista que você teve com o diretor da empresa, ele lhe contou que o antigo gestor de vendas tinha alguns problemas que ele não gostaria de ter de novo. Primeiro, o antigo gestor não era organizado e buscava objetivos que não estavam alinhados com os objetivos da empresa. Segundo, o antigo gestor preferia trabalhar sozinho e, por consequência, os vendedores trabalhavam sozinhos também. Terceiro, o antigo gestor desconfiava de um de seus vendedores, o Ricardo, e achava que ele queria tomar o lugar dele. Por último, o diretor lhe revelou na entrevista que ele achava que o pessoal do desenvolvimento do software, da instalação e de vendas não conversava muito, e ele achava que deveria haver uma maior interface entre essas áreas. Você chega ao trabalho com uma equipe de 10 vendedores de todos os tipos. O Ricardo é o primeiro a vir cumprimentá-lo e se apresentar e pergunta tudo sobre você. Você tenta marcar reuniões com os gestores de desenvolvimento e instalação, mas eles nunca estão disponíveis para um horário. 1. Como você se apresenta para a equipe? Que tipo de líder você é? 2. Como você alinha as prioridades da equipe de vendas aos objetivos da organização? 3. Como você construiria confiança com sua equipe? 4. Como você tentaria conversar com as outras pessoas da empresa? Primeiro, eu me apresentaria da equipe como um colega de trabalho dos demais vendedores, que foi contratado para ajudar a equipe a cumprir com suas metas e entregar resultados positivos para a empresa. Com essa fala, eu 19 assumo que estou no mesmo nível que o restante da minha equipe e tenho a oportunidade de ser um líder servidor. Depois, eu convocaria uma reunião de vendas para redefinir as prioridades, sejam elas de foco no resultado imediato, de aprendizado, ou de ação, por exemplo. Lembre-se de que você só pode ter uma prioridade, e todas as outras serão opções acessórias. Prioridade é aquilo que vem primeiro, e todas as outras coisas vêm depois! Para construir confiança com a minha equipe, o primeiro passo já foi dado, numa demonstração de humildade no momento em que falei que sou um colega de equipe. E lembre-se de que falar não é o suficiente. Não podemos ficar no “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”. Um líder precisa honrar com a sua palavra, e ser o indivíduo que mais trabalha no recinto. Portanto, prepare-se para arregaçar as suas mangas, pelo menos nos primeiros meses, para trabalhar muito, passar muito tempo junto com a sua equipe, conhecer cada um, para ganhar a confiança desse pessoal. Chefes geralmente tendem a se revestir de máscaras e proteções contra falhas. Chefes pensam que as pessoas jamais podem cogitar que eles erram, fracassam, ou fazem coisas que não deveriam ser feitas. Chefes querem ser seres sobre-humanos, que nunca erram, e que tudo que eles tocam vira ouro. Nós sabemos que a realidade não é essa. Um líder expressa suas vulnerabilidades e dá votos de confiança para a sua equipe, contando dos seus fracassos, dos casos em que errou e o que aprendeu com isso. Todas essas“cicatrizes de batalha” inspiram respeito por parte da equipe, outro ponto fundamental para a confiança. Como líder, eu encorajaria as pessoas a discordarem das minhas ideias, porque quando elas o fizerem, sei que estarão à vontade comigo. Por último, para integrar a equipe de vendas com o pessoal do desenvolvimento e implementação do sistema, já entendi que os líderes dessas equipes são chefes. Provavelmente eles não se importam com que eu tenho para falar, mas é a vontade da diretoria que eu faça isso, lembra? Então eu pediria para o diretor marcar uma reunião com os líderes dessas outras áreas, e pediria um canal aberto, sem passar por secretárias ou demais barreiras, para falar com os membros das equipes. FINALIZANDO 20 Nesta aula, aprendemos as habilidades soft que você precisa ter como gestor de equipes de vendas. Em tempos de revolução 4.0, inteligência artificial, inovações disruptivas, crescimento exponencial e mudanças tecnológicas constantes, com impactos diretos no mundo dos negócios, nós, como líderes, precisamos ter atitudes de empreendedores. O intraempreendedorismo, ou o empreendedorismo dentro das organizações, é um modelo de gestão que veio para ficar. Os líderes deste século precisam entender que o aprendizado constante agora faz parte da sua descrição de cargos, e que eles só serão bem sucedidos se estiverem dispostos a aprender e arriscar novos modelos de vendas, atendimento e relacionamento. Os líderes de vendas também são os responsáveis por levar para as outras áreas das empresas, como produção ou desenvolvimento, o que os clientes precisam ou esperam das organizações. Para isso, o líder precisa desenvolver uma habilidade muito forte de análise de mercado, além, é claro, de conversar com os seus clientes e com seus potenciais consumidores sobre o que eles precisam. Cada vez mais, o que vai determinar o sucesso dos líderes de vendas nas organizações é o conhecimento e o relacionamento que eles têm com o ambiente de negócios, seja interno ou externo, seja no segmento ou fora do segmento, seja com parceiros ou concorrentes. 21 REFERÊNCIAS BELLAH, B. Sales management for Dummies. Hoboken, New Jersey: John Wiley and Sons, 2015. ESCORSIN, A. P.; WALGER, C. Liderança e desenvolvimento de equipes. Curitiba: InterSaberes, 2017. FREIRE, D. A. L. Treinamento e desenvolvimento em recursos humanos. Curitiba: InterSaberes, 2014. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2012. PETERSON, J.; KAPLAN, D. A. The 10 laws of trust: building the bonds that make a business great. New York: Amacon, 2016. RIES, E. A startup enxuta. São Paulo: Leya, 2012. TALEB, N. N. A lógica do cisne negro: o impacto do altamente improvável. Best Seller, 2006.
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