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1 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC CLÍNICA CIRÚRGICA JULIANA OLIVEIRA AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO PRÉ-OPERATÓRIO: Identifica-se uma patologia cirúrgica e deve-se fazer uma avaliação completa. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA: ➔ Riscos: ▪ Risco do ato cirúrgico ▪ Risco anestésico ▪ Risco individual Não existe risco zero em cirurgia. VOU OPERAR!!! E AGORA? ▪ Indicação cirúrgica ▪ Local do procedimento ▪ Tempo cirúrgico ▪ Tipo de anestesia ▪ Preparo pré-operatório: - Identificar comorbidades. - Recomendações adequadas: profilaxia, medicamentos e suporte nutricional. ➔ Consulta: Anamnese + exame físico → direcionados ▪ Alergias? ▪ Medicamentos? ➔ Capacidade funcional: METs ▪ MET: É um equivalente metabólico, ou seja, mede o risco cardiovascular. 1 MET = 3,5mL de O2/kg/min → Consumo de O2 de um indivíduo sentado em repouso (homem 40 anos/70kg). ▪ 1 MET: Cuidados próprios. ▪ 4 METs: Subir um lance de escadas, uma ladeira. ▪ 4-10 METs: Trabalho pesado de casa. ▪ >10 METs: Esportes extenuantes. ➔ Exames complementares: Não se tem indicação para fazer a solicitação de exames complementares para todos, variando de acordo com alguns fatores. ▪ Idade: < 45 anos: Sem exames 45-54 anos: ECG para homens 55-70 anos: ECG e hemograma. > 70 anos: ECG, hemograma + ureia/creatinina + eletrólitos + glicemia. ▪ Comorbidades ▪ Tipo de cirurgia ➔ Avaliação anestésica: ASA ▪ ASA I: Não há distúrbio orgânico. ▪ ASA II: Doença sistêmica leve. ▪ ASA III: Doença sistêmica com dano funcional grave a mod. ▪ ASA IV: Doença sistêmica grave, ameaça constante à vida. ▪ ASA V: Moribundo, sobrevida esperada < 24h sem cirurgia. ▪ ASA VI: Morte cerebral. Doação de órgãos. ▪ E: Cirurgia de emergência. ➔ Avaliação cardiovascular: Doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no período perioperatório. ▪ Síndrome coronariana aguda: É o evento mais temido. ▪ Deve-se avaliar ainda variáveis clínicas específicas, capacidade de exercício e risco relacionado à cirurgia. Quais são essas variáveis clínicas? ▪ Preditores clínicos maiores: - S. coronarianas instáveis. - Insuficiência cardíaca descompensada. - Arritmias importantes. - Doença valvar aórtica grave. ▪ Marcadores clínicos de risco: - História de doença cardíaca isquêmica. - História de doença cerebrovascular. - História de IC prévia ou descompensada. - DM (insulinodependente). - Disfunção renal (Creatinina > 2). - Cirurgia de alto risco. ▪ Capacidade funcional: O risco cardíaco perioperatório a longo prazo é elevado em pacientes que não conseguem alcançar 4 METs durante atividade diária normal, visto que a cirurgia é um estresse metabólico grande e para isso os sistemas devem estar em bom estado de conservação para que respondam de forma adequada à esse estresse. ▪ Risco cirúrgico relativo ao procedimento: - Alto risco: > 5%. Cirurgia aórticas ou vascular de grande porte. Cirurgia arterial periférica. - Risco intermediário: 1 a 5%. Endarterectomia carotídea, cirurgias ortopédicas, cirurgias de cabeça e pescoço. Cirurgias intratorácicas ou intraperitoneais. - Baixo risco: <1%. Cirurgias ambulatoriais. 2 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC CLÍNICA CIRÚRGICA JULIANA OLIVEIRA Cirurgias de mama, catarata. Procedimentos endoscópicos. ▪ Quais exames solicitar? - Eletrocardiograma. - Testes não invasivos (teste de esforço) Doença cardíaca ativa. Pacientes de alto risco (> 3 fatores de risco ou CF < 4 METs) - Intervenção coronariana: Só é necessária em pacientes que se identifique alguma alteração que necessite de uma intervenção antes da cirurgia como isquemia percebida no teste de esforço. - Avaliação de risco cardiovascular: Índice cardíaco revisado de Lee. Algoritmo do American College of Physicians. Índice de Goldman Lembrete!! Aguarde de 4 a 6 semanas para realizar cirurgias eletivas em pacientes pós angioplastia coronariana com stent ou pós IAM, para recuperar e minimizar riscos. ➔ Avaliação pulmonar: Faz-se uma avaliação quando se tem procedimentos específicos que possam diminuir a função pulmonar e predispor a complicações respiratórias. No geral é mais comum questionar sobre asma ou DPOC e quando presentes é necessário que essas condições estejam compensadas. Além disso tem-se uma avaliação pulmonar específica, as quais são feitas quando se realiza procedimentos como: - Ressecção pulmonar. - Cirurgias torácicas com ventilação monopulmonar → intubação seletiva, para manter um pulmão funcionando durante a cirurgia e o outro colabado. - Cirurgias abdominais de grande porte. Normalmente, quando se faz a avaliação pulmonar, é necessário realizar uma espirometria para avaliar a capacidade pulmonar desse indivíduo. Quando a VEF1 < 0,81/s ou 30¢ do previsto → alto risco para complicações respiratórias. ▪ Medidas a serem tomadas: - Interrupção do tabagismo → deve ser estimulada para qualquer procedimento cirurgia de 3 a 4 semanas antes do procedimento. - Terapia broncodilatadora → pacientes que possuem asma ou DPOC descompensada. - Antibioticoterapia. - Corticoterapia. ➔ Avaliação renal: Pacientes que tem insuficiência renal com creatinina séria maior igual a 2mg/dL é um fator de risco independente para complicações cardíacas. ▪ Objetivo: Identificar alterações cardiovasculares, circulatórias, hematológicas e metabólicas secundárias à disfunção renal. O paciente renal crônico normalmente possui um grau de anemia, disfunção plaquetária qualitativa, imunossupressão pois perde fatores do complemento do sistema imune e tudo isso intervêm em um desfecho desfavorável e em complicações cirúrgicas aumentadas. Os pacientes que possuem algum tipo de anemia mais grave devem fazer a reposição de eritropoietina, transfusão depende de certos valores. ▪ Pacientes em terapia de substituição renal: Devem fazer hemodiálise na véspera do procedimento para minimizar hipervolemia, distúrbios hidroeleterolíticos e no dia seguinte. ➔ Avaliação hepatobiliar: São feitas em situações específicas, geralmente quando o paciente vai ser submetido a alguma cirurgia no trato biliar. ▪ Histórico de hepatite aguda e crônica. ▪ Classificação Child – Pugh → Determina-se o risco de mortalidade operatória de acordo com a classificação. ▪ Avaliação nutricional. ➔ Avaliação endócrina: ▪ Diabetes mellitus: - Controlar glicemia. - Identificar possíveis complicações sistêmicas. - Antidiabéticos orais x insulinoterapia. - Infusão de soro glicosado 5%: HGT 1h/1h (Alvo: 100 – 200 mg/dL). ▪ Hipertireoidismo: - Deve-se alcançar o estado eutireoideo prévio, pois o aumento dos hormônios tireoidianos na circulação (tireotoxicose) é um fator complicador grave em cirurgias, logo, os pacientes não podem operar em um quadro de hipertireoidismo descompensado. - Medicações: Manter até a manhãdo procedimento. ▪ Insuficiência adrenal e uso crônico de corticoide: - Supressão do eixo hipotálamo – hipófise – adrenal → Impede uma REMIT exacerbada. - Pcte com insuficiência adrenal faz-se reposição de corticoide em níveis fisiológicos e pcts com hiperfunção da adrenal faz-se o uso de inibidores adrenérgicos para minimizar o risco de complicações. - Hidrocortisona: Antes da indução por 24 – 48h após. ➔ Avaliação hematológica: É importante checar anemias e coagulopatias. ▪ Anemia x necessidade de hemotransfusão: - Fatores de risco para isquemia miocárdica. 3 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC CLÍNICA CIRÚRGICA JULIANA OLIVEIRA - Perda estimada de sangue no procedimento → precisa de transfusão ou não? Depende do porte da cirurgia e da perda de sangue estimada. Hb < 6g/dL → Transfusão sempre. Hb 6-10g/dL → Avaliação clínica individual. Hb > 10g/dL → Não transfundir. ▪ Coagulograma: - História de coagulopatia. - Perda estimada de sangue grande. - Sangramento potencialmente catastrófico. PROFILAXIA DO TROMBOEMBOLISMO O tromboembolismo venoso (TEV) é a principal causa de morte intra-hospitalar passível de prevenção. ➔ Fatores de risco em pacientes cirúrgicos: ▪ Idade > 40 anos. ▪ Obesidade. ▪ TEV prévio ▪ Imobilização restrição ao leito. ▪ Câncer → as neoplasias de forma geral já aumentam a chance para tromboembolismo. ▪ Insuficiência cardíaca. ▪ Politrauma, fraturas, TRM. ▪ Gestação, uso de ACO. Risco baixo: <10% - Cirurgia de pequeno porte. - Deambulação precoce. Risco moderado: (10 – 40%) - Cirurgias médio porte. - Profilaxia química. - Profilaxia mecânica. Risco alto: (40 – 80%) - Artroplastia de quadril ou joelho. - Cirurgia de correção de fratura de quadril. - Politrauma e TRM. - Profilaxia química → medicamentos. - Profilaxia mecânica → deambulação precoce ou compressão pneumática intermitente caso o paciente não possa deambular. ➔ Medicação e doses: No internamento hospitalar. ▪ Heparina de baixo peso molecular (HBPM): Enoxaparina 40mg/dia – SC → dose profilática, ou seja, não é para anticoagular, é para prevenir. ▪ Heparina não fracionada (HNF): 5000UI 12/12h ou 8/8h – SC → indicada para pacientes que tem difunção renal. ▪ Fondaparinux: 2,5mg/dia – SC. Medicamentos orais são utilizados somente quando é necessário anticoagular mesmo o paciente, mas pensando em profilaxia é dessa maneira. ANTIBIOTICOPROFILAXIA Depende do tipo de cirurgia e qual a classificação em relação a ser limpa, contaminada ou infectada. Limpa (classe I) - Não traumática. - Sem inflamação. - Sem quebra na técnica. Trato respiratório, alimentar ou geniturinário não penetrado. 2,1% Limpa/ contaminada (classe II) - TGI ou trato respiratório penetrado sem derramamento significativo. 3,3% Contaminada (classe III) - Grande quebra da técnica. - Grande derramamento do trato gastrointestinal. - Ferida traumática, fresca. - Entrada no TGI ou trato biliar em presença de urina infectada ou bile. 6,4% 4 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC CLÍNICA CIRÚRGICA JULIANA OLIVEIRA Suja e infectada (classe IV) - Inflamação bacteriana aguda sem pus. - Secção de tecido limpo a fim de ter acesos cirúrgioc para coleta de pus. - Ferida traumática com tecido desvitalizado retido, corpos estranhos, contaminação fecal ou tratamento retardado ou tudo isso de fonte suja. - Normalmente utiliza-se antibioticoprofilaxia + antibioticoterapia. 7,1% AVALIAÇÃO E SUSPENSÃO DE MEDICAMENTOS ➔ Manter: ▪ Anti-hipertensivos. ▪ Psicotrópicos. ▪ Anticonvulsivantes. ▪ Drogas pulmonares. ▪ Levotiroxina. ➔ Suspender no dia anterior: ▪ Antidiabéticos orais. ▪ Diuréticos. ➔ Suspender previamente: ▪ AAS → cerca de 7d antes do procedimento cirúrgico. ▪ Clopidogrel. ▪ AINE → 1 a 3 dias. ▪ Anticoagulantes orais → p.ex. marevan, no entanto, o internamento do paciente é feito antes para que seja feita a anticoagulação com heparina sendo possível reverter a situação se necessário.
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