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Gabrielle Coimbra Mundim Ouvido, Nariz e Garganta 2020 Anatomia dos ouvidos O aparelho auditivo divide-se em três porções: orelha externa, orelha média e orelha interna (labirinto). Orelha externa: A orelha externa compreende; o O pavilhão da orelha é constituído por um esqueleto fibrocartilagíneo e possui uma face externa e outra interna. A externa está voltada para fora e para diante, apresentando saliências e depressões que lhe conferem aspecto característico. o O meato acústico externo é um canal sinuoso que prolonga a concha até a membrana do tímpano. Orelha média: o A orelha média compreende a caixa do tímpano, colocada entre as orelhas externa e interna. o Comunica com a nasofaringe por intermédio da tuba auditiva e com as células mastóideas através de um canalículo, o aditus ad antrum. o A membrana do tímpano é formada por três camadas: externa, interna e média. o No interior da caixa do tímpano estão os ossículos da orelha média: martelo, bigorna e estribo. Orelha interna Também denominada labirinto, visto que contém o labirinto membranoso. Divide- se em dois segmentos: o Anterior: constituído pela cóclea e destinado à função auditiva. o Posterior: aparelho vestibular destinado ao equilíbrio. Fisiologia da audição O aparelho auditivo desempenha duas funções primordiais: auditiva e a vestibular. o A orelha externa tem a função de coletar e encaminhar as ondas sonoras até a orelha média. O pavilhão tem a função de orientação sobre a origem da fonte sonora. o A orelha média tem funções primordiais de transmissão e amplificação da onda sonora. A função da tuba auditiva é manter o arejamento das cavidades da orelha média, o que é assegurado graças à abertura intermitente da tuba no ato de deglutir. o A orelha interna é o segmento do aparelho auditivo no qual a vibração sonora se transforma em estímulo nervoso específico ao nível do órgão de Corti, de onde é conduzido aos centros corticais da audição. O aparelho vestibular ou estatocinético é composto pelos ductos semicirculares, sáculo e utrículo. Ouvidos o Os ductos semicirculares exercem ação sobre o equilíbrio dinâmico do corpo em movimento. o Os órgãos otolíticos (sáculo e utrículo) presidem o equilíbrio estático, que nos fornece a noção exata da posição do corpo e da cabeça no espaço. Exame clínico Anamnese o História clínica do paciente: idade, sexo, profissão, hábitos de vida e condições socioeconômicas. o A surdez por otosclerose surge na mocidade, geralmente entre os 20 e os 40 anos. Maior prevalência no sexo feminino. o A presbiacusia é a surdez que se instala na idade avançada, em geral, após os 70 anos. o A otite média serosa incide de maneira marcante na criança até os 10 anos de idade. o A doença de Ménière é mais comum em adultos de 40 e 50 anos. Sinais e sintomas o Otalgia: dor de ouvido. as vezes é uma dor referida devida à carie dentaria, sinusite, amigdalite e faringite aguda (anastomoses nervosas). o Otorreia: saída de líquidos pelo ouvido. Líquidos claros como água provenientes do líquido cefalorraquidiano. Os serosos, mucocatarrais ou purulentos têm origem em alterações da orelha externa, como eczemas, otites externas, furúnculos, em otites médias agudas ou crônicas e em rnastoidites crônicas. o Otorragia decorre de traumatismos do meato acústico externo, ruptura da membrana timpânica ou fraturas na base do crânio. o Prurido pode ser causado por eczema, diabetes, hepatite crônica e linfomas. o Disacusia significa perda da capacidade auditiva, que pode ser leve ou moderada (hipoacusia), acentuada (surdez) ou total (anacusia ou cofose). A disacusia pode ser: Disacusia de transmissão, devida a lesões situadas no aparelho transmissor da onda sonora; orelhas externa e média e líquidos labirínticos. Disacusia neurossensorial ou de percepção, quando o fator lesivo se localiza no órgão de Corti. o Zumbidos são sensações auditivas subjetivas, que ocorrem sem que haja estímulo exterior. As causas dos zumbidos podem ser óticas e não óticas. Óticas encontram-se tampão de cerume obturante, corpo estranho, otite externa, inflamações agudas ou crônicas da orelha média, timpanosclerose, otosclerose, obstrução tubária, afecções da orelha interna, doença de Méniere, ototoxicoses, otosclerose coclear, trauma sonoro e presbiacusia. Os não óticos podem ser causados por hipertensão arterial, angiospasmo, estase cefálica, hipertireoidisrno, menopausa e tabagismo. o A vertigem labiríntica consiste em uma sensação subjetiva na qual o paciente acredita estar girando em torno dos objetos (vertigem subjetiva) ou que os objetos estão girando em torno dele (vertigem objetiva). Exame físico Inspeção A inspeção possibilita reconhecer os processos inflamatórios e neoplásicos do pavilhão da orelha, os cistos, as fístulas congênitas (coloboma), as reações edematosas da região mastóidea no decurso da mastoidite aguda e da furunculose do meato acústico externo, os corpos estranhos, as rolhas ceruminosas e os pólipos do mesmo meato acústico e as malformações congênitas da orelha externa. Palpação A palpação fornece elementos de valor na orientação diagnóstica pela comprovação de pontos dolorosos à pressão do antro mastóideo nas mastoidites agudas, assim como do pavilhão da orelha nas otites externas agudas. Poderá, ainda, revelar reações linfonodais periauriculares nos processos infecciosos das orelhas externa e média. Otoscopia A otoscopia consiste no exame do meato acústico externo e da membrana do tímpano, por intermédio de um espéculo auricular. Exames complementares Prova de Weber O diapasão de 512 cps (ciclos por segundo) é colocado no vértice da abóbada craniana. Normalmente, sua vibração é percebida igualmente por ambos os ouvidos (Weber "indiferente"). o Quando há surdez unilateral, entretanto, as vibrações são bem mais audíveis por um dos ouvidos. o Quando se trata de surdez unilateral por lesão da orelha interna (surdez neurossensorial), a vibração sonora é mais bem percebida pelo ouvido normal. o Quando há lesão da orelha média ou do ouvido externo (surdez de transmissão), a vibração sonora é mais audível pelo ouvido surdo. Diz-se, então, que o Weber está lateralizado, para a esquerda ou para a direita. Prova de Rinne Esse exame compara a percepção dos sons transmitidos pelo ar ou através da condução óssea através do osso temporal (p. mastóide). Desta maneira, pode-se rapidamente suspeitar se uma pessoa tem perda auditiva condutiva. o Normal = Rinne positivo (CA>CO) 2:1. o Se não volta a ser escutada- alterado= Rinne negativo (CO>CA). Perda auditiva condutiva, comprometimento do ouvido médio. Doenças do ouvido Otite externa A otite externa aguda caracteriza-se por processo inflamatório da pele do canal auditivo externo (dermatite). o As causas desencadeadoras do processo infeccioso são múltiplas: retenção de água no meato acústico externo, permanência prolongada de corpos estranhos, corrimentos purulentos crônicos das otites médias, ferimentos ou escoriações do epitélio em consequência de instilações cáusticas e do atrito no ato de coçar o ouvido. o Há exsudação serosa, que pode tornar-se purulenta. A dor é, por vezes, intensa, piora ao toque do trágus e é exacerbada pela mastigação, irradiando-se, com frequência, à região temporal. o O edema inflamatório pode chegar a obstruir completamente o lúmen do meato (com hipoacusia consequente). A otite externa eczematosa caracteriza uma reação de hipersensibilidade da pele do meato acústico externo e/oudo pavilhão da orelha. o Os sintomas são pruridos de intensidade variável e o corrimento auricular seroso de coloração amarelado. o No exame físico, nota-se descamação epitelial difusa, ao lado de edema mais ou menos acentuado do meato externo. Otite externa grave ocorre, geralmente, em paciente diabético ou muito debilitado. o O agente etiológico mais frequente é a Pseudomonas • aerugmosa. o Instalam-se otorreia purulenta, dor rebelde e processo de osteíte do meato acústico externo. o A otoscopia revela tecido de granulação no meato, geralmente não deixando ver a membrana do tímpano. Furúnculo do meato acústico o É uma infecção estafilocócica do órgão pilossebáceo, decorrente de contaminação local desencadeada por um dos fatores etiológicos da otite externa aguda. o Sintomas princpais são dor “desesperante”, reação linfonodal de vizinhança e infiltração edematosa retroauricular. Otomicose o Trata-se de processo inflamatório do meato acústico externo por fungos do gênero Candida albicans e Aspergillus, este último nas suas espécies niger, fumigatus e albus, que geralmente evolui com dor intensa e lancinante. o No exame otoscópico, comprovam-se massas de descamação epitelial e de conglomerados de micélios de coloração variável. Rolha ceruminosa o A secreção normal das glândulas ceruminosas desempenha papel protetor, no sentido de aglutinar e reter partículas estranhas e microrganismos. Certos indivíduos apresentam hipersecreção ceruminosa que leva à constituição de verdadeira rolha, cuja causa determinante permanece desconhecida. Esta rolha com frequência acarreta surdez súbita e acentuada, sendo necessário removê-la. Otites médias agudas Otite média simples. o Predominante no grupo infantil. o Manifesta-se por dor súbita, às vezes intensa, no fundo do meato acústico externo, acompanhada de hipoacusia, sensação de ouvido "cheio" ou "entupido" e ruídos subjetivos. o Geralmente, pode regredir espontaneamente em 3 a 4 dias. Otite média aguda do lactente o Observada no lactente. o A membrana do tímpano tem aspecto normal, mas sua punção revela pus na orelha média. o Acompanhado de alguns sintomas, como febre elevada, diarreia aquosa e rebelde, vômitos e perda rápida de peso. Otite média aguda necrosante o Em geral, instala-se no decurso de febres eruptivas, notadamente sarampo e escarlatina. o Surgem otorreia purulenta e lesões irreversíveis da mucosa da caixa do tímpano e até, eventualmente, processos osteíticos dos ossículos. Tende à cronicidade, dando origem às otites médias crônicas. Otite média aguda serosa o Caracteriza-se pelo acúmulo de líquido, seroso ou mucoso no interior da orelha média. o Em geral não provoca dor, mas há a sensação de ouvido cheio. Otites médias crônicas Otite média crônica simples É quase sempre secundária a uma otite média aguda necrosante. O exsudato é mucocatarral ou mucopurulento, permanente ou intermitente Otite média crônica colesteatomatosa o O colesteatoma é uma bolsa cística, limitada por uma membrana que se denomina matriz e é responsável pelo crescimento do colesteatoma. o Esse mesmo tipo de cisto também é encontrado nas cavidades do ouvido. o Presença de otorréia fétida e permanente. A deficiência auditiva é, em geral, acentuada. Mastoide aguda o Infecção bacteriana da mastoide caracterizada por processo de osteíte das trabéculas ósseas. o Os principais agentes infecciosos são: Escherichia coli e Staphylococcus (em recém-nascidos), Streptococcus, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. o Há dor espontânea e à pressão da mastoide, junto com elevação da temperatura. A mastoidite exteriorizada acarreta edema retroauricular e deslocamento do pavilhão da orelha para diante. O exame radiográfico não só confirma o diagnóstico, mas também assinala a extensão das lesões. Labirintite o Invasão infecciosa intralabiríntica, isto é, a labirintite propriamente dita: vertigem, zumbidos e surdez neurossensorial. o A evolução de uma labirintite purulenta pode gerar uma complicação intracraniana (meningite, abscesso do cerebelo). Otosclerose o Caracteriza-se por Osteodistrofia da cápsula óssea labiríntica e consequente ancilose da platina do estribo na janela oval. Doença de Ménière o Caracteriza-se por uma crise hipertensiva endolinfática. o Tríade sintomática: vertigens, zumbidos e hipoacusia neurossensorial. o Surtos intermitentes. Trauma sonoro o A lesão inicial da disacusia por trauma sonoro situa-se na frequência de 4.000 Hz. o O estímulo sonoro intenso e prolongado afeta o suprimento sanguíneo da estria vascular e, em consequência, reduz o aporte de oxigênio ao órgão de Corti, o que explicaria o mecanismo patogênico do trauma sonoro (a cóclea é muito sensível à deficiência de oxigênio). Surdez o É a diminuição da audição uni ou bilateralmente. Considera-se surdo o paciente cuja acuidade auditiva esteja abaixo de 70 dB (surdez parcial), podendo chegar à perda total. o Surdez súbita se instala repentinamente, progredindo em horas ou dias, e é, em geral, unilateral. Presbiacusia o Definida pela deficiência auditiva que surge em idade mais avançada. o Com a idade, vão ocorrendo alterações estruturais em todo o aparelho auditivo: o pavilhão da orelha se enrijece, diminui o número de fibras elásticas da membrana do tímpano, que fica despolida e adquire aspecto cinza-mate; por vezes se instala um halo periférico branco, de esclerose; os ossículos vão se tomando osteoporóticos e surgem processos degenerativos articulares que terminam por limitar os movimentos da cadeia ossicular. Anatomia do nariz As fossas nasais constituem o segmento inicial da árvore respiratória; comunicam-se com o exterior por intermédio das narinas e com a nasofaringe, através das coanas. São duas fossas, uma para cada lado, que estão separadas por um septo nasal. Presença de três saliências osteomucosas denominas conchas (inferior, média e superior). Entre essas conchas, existem os meatos. Presença de seios paranasais: frontal, maxilar, etmoide e esfenoide. A mucosa nasal é rica em glândulas caliciformes (produtoras de muco) e infiltrações linfocitárias. Fisiologia do nariz As fossas nasais desempenham papel relevante na fisiologia respiratória, promovendo a filtragem ou purificação, o aquecimento e o umedecimento do ar inspirado. A filtração ou purificação do ar inspirado é assegurada pela ação mecânica das vibrissas (pelos que se implantam no vestíbulo nasal), pela função ciliar, pelo reflexo esternutatório e, também, pela ação química, bactericida, do muco nasal. Juntamente com a secreção mucosa glandular, os cílios vibráteis formam um verdadeiro "tapete mucoso-ciliar" ao longo de toda a árvore respiratória, a qual está em contínuo trabalho de expulsão e eliminação de partículas estranhas e microrganismos. Exame clínico Anamnese Nariz História clínica do paciente: idade, sexo, profissão, antecedentes e condições socioeconômicas. Ozena se instala com mais frequencia no sexo feminino e, quase sempre, na puberdade. Obstrução nasal durante as rinites agudas no lactente. Os desvios de septo nasal são mais comuns nas pessoas brancas. A criança não apresenta sinusite frontal até os 5 a 7 anos de idade, época em que se inicia o desenvolvimento dos seios frontais. Ambientes de trabalho poluído acarretam rinites agudas ou crônicas. Sinais e sintomas Obstrução nasal decorrente das alterações anatômicas, rinites, manifestações alérgicas, pólipos, neoplasias benignas e malignas, imperfuração coanal congênita. A obstrução nasal crônica acarreta respiração bucal de suplência e consequente transtorno de reflexospulmonares, com prejuízo da expansão torácica e da própria ventilação pulmonar. Rinorreia é o corrimento nasal. Corrimento purulento por uma única narina: deve-se pensar na supuração de um seio acessório (sinusite) ou que há um corpo estranho. A secreção torna-se muito fétida (sífilis nasal, neoplasias malignas, corpo estranho, ozena). A secreção serosa pode vir da própria mucosa (hidrorreia nasal) ou ser causada pelo líquido cefalorraquidiano perdido pela lâmina crivada do etmoide (hidrorreia cefálica), em geral logo depois de traumatismo acidental ou cirúrgico. Rinite diftérica, com um corrimento seroso: essas rinites são acompanhadas de hipertrofia dos linfonodos submandibulares. As crises de espirros ou esternutatórias surgem na fase inicial da rinite catarral aguda do resfriado comum e exprimem reação local de defesa. Também são características das rinopatias “alérgicas”. O prurido nas crises de espirro constitui, praticamente, o selo para o diagnóstico de alergia nasal. Alterações de olfato Hiposmia= diminuição do olfato. Anosmia= abolição do olfato. Podem ter uma causa intranasal (pólipos, edema da rinite alérgica crônica, hipertrofia dos cornetos), além disso, pode estar relacionada ao ozena, lesões das terminações nervosas, tumores, abscessos e traumatismos. Hiperosmia= aumento do olfato. Surge na gravidez, hipertireoidismo, neuroses, lesões na pongta do lobo temporal. Cacosmia= sentir maus odores. Na cacosmia subjetiva, somente o individuo percebe o mau cheiro, como ocorre na sinusite purulenta crônica. Na cacosmia objetiva, o individuo e as pessoas que dele aproximam o percebem, como corre na sífilis nasal, tumores, corpo estranho, rinite atrófica ozenosa. Parosmia= interpretação errônea de uma sensação olfatória. Perversão do olfato. Surge em neuropatias, neurite gripal, aura na epilepsia. Dor Há dor principalmente nos processos inflamatórios agudos das cavidades sinusais e nas neoplasias nasossinusais. A dor se agrava à palpação da região correspondente ao seio. Alterações da fonação As fossas nasais atuam, juntamente com as cavidades sinusais paranasais, como caixa de ressonância durante a fonação. Véu palatino curto ou paralítico, vegetações adenoides hipertrofiadas, amplas destruições do septo nasal, obstrução nasal aguda ou crônica e fenda palatina podem causar voz anasalada. Dispneia A imperfuração coanal congênita, quando bilateral, pode acarretar dispneia, cianose, asfixia e até morte. A síndrome de apneia do sono acontece devido à hipertrofia exagerada das vegetações adenoides. Assim, o individuo apresentará respiração bucal ruidosa durante o sono e sinais de dispneia. Ronco É causado por obstáculo à livre passagem da corrente aérea pelas fossas nasais e faringe. Em consequência deste, a úvula e o véu palatino vibram durante a passagem do ar inspiratório e provocam o ronco. É mais frequente em homens e pessoas obesas. Epistaxe= sangramento nasal é um sinal muito frequente nas patologias nasossinusais. Exame físico Inspeção A inspeção pode mostrar diferentes tipos de nariz. A inspeção possibilita também que as deformações de origem traumática (fraturas) ou decorrentes de destruição das cartilagens nasais e/ou partes ósseas sejam reconhecidas, como ocorre em certas entidades mórbidas. Palpação Crepitação e desnivelamento (fratura). Volume e consistência (tumoração). Pontos dolorosos. Palpar áreas dos seios frontal e maxilar: o Acima e sob a sombrancelha. o Seios maxilares acima e abaixo do processo zigomático. Rinoscopia O exame das fossas nasais faz-se por intermédio da rinoscopia anterior e da posterior. Cabeça do paciente deve ficar inclinada para trás. Em condições normais, a mucosa é de cor vermelho-opaca, úmida, com superfície lisa e limpa. Avaliar desvio do septo nasal, hipertrofia dos cornetos, meatos, assoalho da fossa nasal, fenda olfatória, secreção e epistaxe, presença de pólipos, neoplasias e corpos estranhos. Exames complementares Exames radiológicos: radiografia e tomografia. Rinoscopia endoscópica. Exame das secreções. Biopsia. Doenças do nariz e dos seios paranasais Rinites 43% tem origem alérgica Congestão nasal e edema: vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Mucosa nasal e pálida e edemaciada (rinite alérgica crônica). Espirros e prurido nasal- irritação das terminações nervosas. Rinorreia ou cooriza- aumento da secreção. Prega nasal. Conjuntivite alérgica. 34% tem origem mista. 23% tem origem não alérgica: Idiopática ou vasomota. Infecciosa. Medicamentos. Hormonal (gravídica). Adenoides A hiperplasia das amigdalas faríngeas. As vegetações adenoides involuem fisiologicamente durante e após a puberdade, e sua hiperplasia pode existir já no lactente, mas sua maior incidência se verifica no decurso da primeira infância. Epistaxe Hemorragia nasal. Com frequência, a epistaxe aparece espontaneamente, sendo sintoma comum nos estados febris, nas afecções hemorrágicas, na pneumonia, na gripe, na febre tifoide, na nefrite aguda, na congestão passiva produzida pelas obliterações da veia cava superior ou nos acessos de tosse da coqueluche. Rinossinusites Agudas (4 semanas) Agentes vírus, bactérias (H. influenzae, pneumococo, M. catarrharis), fungos e alérgenos. Sintomas: dor na face, rinorreia purulenta unilateral, cefaleia, obstrução nasal, gotejamento pós-nasal, cacosmia, hiposmia ou anosmia, tosse e febre. Sub-aguda (4 a 12 semanas) Crônica (acima de 12 semanas) Recorrentes (6 ou mais episódios ao ano) Complicações o Celulite periorbitária (etmoidal) o Trombose seio cavernoso o Meningite o Ulceras córneas. Neoplasias As neoplasias benignas nasossinusais mais frequentes são os papilomas, os osteomas e a mucocele. A principal neoplasia maligna é o carcinoma, que pode ser classificado de acordo com sua localização Anatomia da faringe A faringe é um conduto musculomembranoso que se segue às fossas nasais e à cavidade bucal, terminando, embaixo, na entrada da laringe e na boca do esôfago. Constitui-se em três partes: o Superior ou nasal, também chamada nasofaringe, epifaringe ou cavum. o Média ou bucal, ou oro faringe, que corresponde à cavidade bucal. o Inferior ou laríngea, também denominada hipofaringe ou laringofaringe, que prossegue da orofaringe até a parte superior do esôfago. Fisiologia da faringe o A faringe participa da função respiratória, dando passagem às correntes aéreas, inspiratória e expiratória; o A faringe tem função fonatória, fazendo parte do pavilhão de ressonância faringobuconasal. o A faringe desempenha função primordial na deglutição dos alimentos. Exame clínico Anamnese o Processos inflamatórios agudos da mucosa orofaríngea (anginas) são mais comuns na criança que no adulto. o A hiperplasia das amígdalas palatinas e das vegetações adenoides é considerada fisiológica na criança; porém, na puberdade, essas mesmas vegetações involuem e atrofiam. o O linfoma da amígdala palatina é mais frequente no jovem. o Carcinoma surge após os 40 anos de idade. o A profissão do paciente: faringite granular crônica é comum em profissionais da voz. Alguns indivíduos que trabalham em ambiente frio estão frequentemente predispostos a surtos inflamatórios agudos da faringe. o O mau estado de conservação dos dentes, por vezes, desencadeia surtos de amigdalite ou faringite agudas. o Uso de tabaco e álcool. Faringe o Queixa de dor ou percepções de lesões na boca. o Dificuldade para mastigar. Sinais e sintomas Dor de garganta A dor à deglutição (odinofagia) é encontrada em quase todas as enfermidadesda faringe, inflamatórias ou neoplásicas. Com frequência, provoca dor reflexa nos ouvidos. Pode ocorrer também na neuralgia do glossofaríngeo, associada à dor periauricular. Disfagia É a dificuldade de deglutir, decorrente de processos inflamatórios, neoplásicos e paralíticos do véu palatino e dos músculos constritores da faringe. Pode ocorrer em certos estados emocionais. Halitose Causas locais: higiene local deficiente, higiene deficiente em aparelhos protéticos, doenças gengivais e periodontais, caries dentárias, tabagismo, ingestão de alimentos fortemente aromatizados, caseum. Causas gerais: respiratórias, digestivas (jejum prolongado, ingestão de bebida alcoólica), metabólicas (diabetes, uremia) e psicogênicas (ansiedade). Sialorreia (sialose ou ptialismo) produção excessiva de secreção salivar. Xerostomia ou boca seca. Exame físico Avaliação das condições gerais da boca o Higiene bucal. o Estado dos dentes. o Partes moles. o Uso de aparelhos protéticos. o Halitose. Inspeção e palpação o Lábios: coloração, deformidades, simetria, integridade, umidade, movimentação, estado de hidratação. o Mucosa oral. o Palpar ao longo da mucosa interna. o Palpar ao longo do revestimento externo- nódulos ou ulcerações. o Retrair as bochechas- coloração, edema, sangramento ou lesões. o Língua: tamanho, coloração, higiene, integridade, sangramento, movimentação e simetria. Palpação: segurar a língua com gaze e lateralizar, palpar em toda extensão, palpar região dorsal, áreas endurecidas e ulcerações. o Gengiva: integridade, coloração, edema, hemorragia, processo inflamatório e infeccioso. o Palato mole e palato duro: integridade, ferida palatina, coloração e lesões. Inspeção Mucosa aderida ao osso (queratinização), coloração róseo-pálida com matiz cinza-azulado. Linha média (estreita) coloração esbranquiçada- rafe palatina. Palpação polpa do indicador- densidade, textura e alterações. o Dentes, número, coloração e higiene (conservação, cáries). o o Glândulas salivares. Doenças da cavidade oral Candidíase oral o Infecção por Candida albicans. o Ocorre principalmente na infância e velhice. o Causas predisponentes: etilismo, leucemia, diabetes, uso de ATB ou corticoides, hipovitaminose, gravidez, anemia, desnutrição e AIDS. Língua geográfica ou glossite migratória benigna o Placas eritematosas irregulares (devido perda de papila filiforme). o Circunscrita, circular, borda limitada ou linha branco-amarelada delimitada. o Varia de forma, tamanho e cor. Migratória: pode retornar no mesmo local ou áreas diferentes. Etiologia: psicológicos (estresse), alérgicas, hormonais, diabetes juvenil, fatores genéticos, deficiências nutricionais, fissuras na língua e fatores hereditários. Língua saburrosa o Camada esbranquiçada no dorso da língua. o Acúmulo de microrganismos, saliva e células epiteliais descamadas. o Causas principais: diminuição da produção de saliva, alterações morfológicas da língua, descamação epitelial (acima do normal). Aftas o Lesões ulceradas, recidivantes. o Localizadas em qualquer região da mucosa bucal. o Aparecimento repentino. o Ocorrem principalmente em adolescente e adultos. o Fatores relacionados: estresse, trauma, menstruação, distúrbios digestivos. o Etiologia desconhecida. o Cicatrizam em 7 a 14 dias. Genfivoestomatite herpética o Causada pelo herpevírus simples (primo-infecção). o Período de incubação de 3 a 7 dias. o Manifestações bucais: gengivite, ulcerações rasas, dor, salivação e halitose. o Sintomas associados: mal estar, febre, irritabilidade, anorexia e linfadenopatia. Herpes labial Cárie dentária o Desmineralização de substancias orgânicas. o Destruição das substancias orgânicas (canalículos dentários e polpas). o Etiologia: presença de bactérias cariogênicas, suscetibilidade do hospedeiro (dente), uso de alimentos ricos em carboidratos. Angioderma ou edema de Quincke o Aumento súbito. o Aspecto edematoso não depressível labial (macroqueilia). o Pode estar associado: macroglossia e urticária. o Causa: alergia urticária. Parotidite o Infecção viral aguda causada pelo Paramyxovirus- Caxumba. o Tumefação uni ou bilateral das glândulas parótidas. o Transmissão de gotículas salivares. o Sinais prodrômicos: cefaleia, anorexia, febre, calafrios, náusea, dor submandibular. Hipertrofia amigdala Neoplasias