Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS Instituto Biomédico – IB Disciplina: Química Experimental Professora: Roberta Lourenço Ziolli Aluno: Sofia Costa da Silva Curso: Biomedicina Nº da prática: 1 Prática realizada no dia: 06 de julho de 2021 Medições e Erros Rio de Janeiro, 2021_1 1 - INTRODUÇÃO A vivência laboratorial requer o conhecimento de inúmeras práticas, metodologias e instrumentos — as medições serão rotineiramente efetuadas e seus erros deverão ser levados em consideração para a obtenção de resultados fidedignos, respeitando a metodologia científica. As vidrarias de laboratório são categorizadas de acordo com o fim a que se destinam. Sendo assim, cada prática laboratorial demanda características específicas e que, muitas vezes, apresentam elevado grau de exigência, evitando generalizações de suas especificações. Os materiais utilizados para as medições necessárias às práticas laboratoriais, dessa maneira, são construídos para conter, precisamente, um dado volume líquido e apresentam formatos específicos às suas determinadas funções. Assim, a análise volumétrica realizada nos laboratórios requer a precisão dos materiais utilizados em cada experimento e, para isso, é necessária atenção especial às informações básicas referentes ao manuseio dos mesmos — vale ressaltar, aqui, o volume máximo, o traço de referência e o erro absoluto, muitas vezes dado pelo fabricante de determinada vidraria. Os instrumentos de medição de volume, ademais, podem ser diferenciados em duas categorias: aparelhos volumétricos, os quais são calibrados para a medida de um único volume de líquido; e aparelhos graduados, os quais possuem uma escala graduada, a qual permite a medida de diversos volumes de um líquido. Os materiais utilizados no cotidiano laboratorial, nesse sentido, apresentam suas peculiaridades, como dilatações e contrações provocadas pela variação de temperatura, ação da tensão superficial sobre a superfície líquida, imperfeita calibração dos aparelhos volumétricos e erros de paralaxe — erro, esse, grosseiro e resultado da falta de atenção no momento de leitura. Desse modo, a fim de evitar esse erro, durante a leitura de volumes, o olhar do indivíduo deve encontrar-se igualado ao nível da superfície do líquido, em função da distorção do menisco na superfície d’água, um deslocamento aparente do nível de um líquido ou de um ponteiro de acordo com o ponto de vista do observador. Não obstante, nenhum resultado científico tem valor prático se não houver um controle sobre os erros envolvidos: a análise desses erros é parte fundamental de um processo de modelagem. Os erros possíveis dentro de práticas experimentais, assim, são diversos e são passíveis de acontecerem em todas as etapas do método científico — tanto nos dados de entrada, quanto naqueles dados gerados pelo próprio modelo. Destacam-se, por exemplo, os erros operacionais, instrumentais e de arredondamento, devido à inadequação da representação de números reais com um número finito de algarismos significativos; todavia, dentro da análise numérica subsequente aos erros anteriormente citados, dois tipos de erros devem ser considerados: o erro relativo e o erro absoluto (incerteza). Em primeiro lugar, o erro absoluto não permite uma avaliação da precisão entre dois resultados de forma correta, visto que não possibilita a consideração da grandeza destes números, referindo-se à diferença entre o valor exato de um número e o seu valor aproximado; em contrapartida, o erro relativo leva em consideração as dimensões dos valores em análise, referindo-se à razão entre o erro absoluto e o seu valor aproximado. Portanto, são muitos os tipos de erros, relativos ou absolutos, que podem ocorrer em meio às numerosas atividades práticas e experimentais realizadas no cotidiano laboratorial — desde a indevida escolha de algarismos significativos até cálculos inadequados. O conhecimento das diversas variações que podem ser observadas durante procedimentos laboratoriais se mostra relevante à formação acadêmica de todo e qualquer profissional a trabalhar num laboratório, estudante ou cientista, para a obtenção de resultados compatíveis à exatidão e à precisão necessárias ao método científico. 2 - OBJETIVO Compreender a leitura de instrumentos de medição e distinguir os erros pertinentes aos instrumentos e ao método científico empregados. 3 - MATERIAIS UTILIZADOS - Água destilada - Balão volumétrico de 100 ml - Béquer de 250 ml - Erlenmeyer de 200 ml - Pêra de sucção - Pipeta graduada de 10 ml - Pissete - Proveta de 50 ml 4 - METODOLOGIA O experimento foi iniciado com o acréscimo de uma quantidade de água destilada à uma proveta de 50 ml, utilizando o pissete, medindo um valor inferior a 30 ml e, em seguida, anotando os valores observados — prestando especial atenção à marcação do menisco, tangenciando-o para aferir seu volume. Em seguida, nova quantidade de água destilada foi adicionada à mesma proveta, medindo um valor superior a 30 ml e inferior a 50 ml; aferiu-se, nesse momento, seu volume, considerando-se o menisco. Dessa maneira, após a aquisição de ambos os valores, calculou-se o erro relativo para cada uma das duas medidas da proveta. A seguir, encaixou-se a pêra de sucção à pipeta graduada e a mesma foi esvaziada. Vale ressaltar que o funcionamento de uma pêra de sucção se dá por meio de válvulas que possibilitam a retirada de ar de seu interior; para utilizá-la, é necessário acoplá-la à extremidade superior da pipeta. Esvaziando esse material, apertando tanto a válvula A quanto seu corpo, será possível retirar o ar da mesma. Em contrapartida, para a ascensão do líquido pela pipeta, deve-se pressionar a válvula S e, para escoá-lo, deve ser pressionada a válvula E, localizada na lateral, que permite descartar o líquido. Posteriormente, após pipetar a água destilada oriunda do béquer, deve-se zerar a pipeta graduada. Elevada à altura do olhar, o líquido deve ser escoado, lentamente, a fim de tangenciar o menisco ao traço de referência. Um volume de água destilada menor que 5 ml foi escoado, de dentro dessa pipeta, para dentro de um erlenmeyer, sendo, logo, medido. Novamente, um segundo volume superior a 5 ml e inferior a 10 ml, foi escoado para o mesmo erlenmeyer e o dado foi aferido. Posteriormente, foi calculado o erro relativo de ambas as medidas. O experimento, ademais, será encerrado com o preenchimento de um balão volumétrico de 100 ml com água destilada — para aferir seu volume, é necessário tangenciar o menisco ao traço de referência presente no pescoço da vidraria. 5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1. Resultados No decorrer do primeiro experimento, referente à aquisição dos volumes aferidos na proveta de 50 ml, calculou-se o erro relativo de ambas as medidas obtidas. Em primeiro lugar, considerando o erro absoluto do instrumento de 0,5 ml, serão obtidos dois valores. Para a quantidade inferior a 30 ml, aferiu-se 21,0 ml de água destilada na proveta e, conhecendo que o erro relativo expressa a incerteza da determinação como uma fração da quantidade medida, pode ser encontrado um percentual de erro de 2,80%. Em seguida, para a quantidade medida superior a 30 ml e inferior a 50 ml, aferiu-se um valor de 47,0 ml e, a partir da equação abaixo — também utilizada para o cálculo do valor relativo 1a —, encontrou-se um erro relativo percentual de 1,06%. Erel percentual = (Eabs / Xv) x 100 Sendo, na relação acima: Erel percentual referente ao erro relativo, Eabs referente ao erro absoluto e Xv referente ao valor verdadeiro da grandeza. Ademais, vale ressaltar que o erro relativo é adimensional e é frequentemente expresso em partes por cem ou em partes por mil. A tabela acima utiliza-se de partes por cem — um erro relativo percentual. As medidas aferidas após a observação do volume escoado da pipeta graduada para o erlenmeyer, referentes a 2a e 2b, são, respectivamente, 3,50 ml e 8,10 ml. A primeira (2a), pertinente ao volume de água destilada menor que 5 ml escoado,apresentou 1,43% de erro relativo percentual — considerando o erro absoluto da vidraria de 0,05 ml. Além disso, o segundo volume (2b), relativo ao volume de água destilada superior a 5 ml e inferior a 10 ml, apresentou 0,61% de erro relativo percentual. Ambos os cálculos foram realizados utilizando a relação apresentada anteriormente. Posteriormente, a um balão volumétrico de 100 ml, seu erro absoluto apontado pelo fabricante como 0,02 ml, adicionou-se água destilada com o auxílio do pissete até atingir o traço de referência e, portanto, a quantidade medida aferida (3) é de 100,00 ml e seu erro relativo é de 0,02%. Escreveu-se a porcentagem peso por volume de H2O2 na água oxigenada, considerando os algarismos significativos de cada medida. Considerou-se uma análise e as seguintes medições: volume de água oxigenada = 2,0 ml volume de KMnO4(aq) = 16,24 ml [KMnO4(aq)] = 6,82 g L-1 M(KMnO4) = 158,1 g mol-1 M(H2O2) = 34,02 g mol-1 A fórmula a seguir condiz à porcentagem de H2O2 na água oxigenada. volume KMnO4 x [KMnO4] x M(H2O2) x 0,25 M(KMnO4) x volume de água oxigenada Assim, substituindo os valores correspondentes, obtém-se: 16,24 x 6,82 x 34,02 x 0,25 158,1 x 2,0 3767,946336 x 0,25 316,2 11,9163388235 x 0,25 2,9790847059 = 3,0% 5.2. Discussões Os experimentos realizados ao decorrer da prática permitem uma maior compreensão dos diferentes tipos de erros relacionados à metodologia científica. Observando os diferentes resultados obtidos, é possível assumir que as peculiaridades de cada material utilizado são cruciais para a aferição de resultados verossímeis. O entendimento de alguns conceitos básicos próprios da área, nesse sentido, é significativo para todas as práticas laboratoriais, bem como o conhecimento dos tipos de vidrarias, dos equipamentos e das metodologias aplicadas. A proveta, instrumento cilíndrico graduado utilizado para medir e transferir volumes variáveis de líquidos em grandes quantidades, e a pipeta graduada, vidraria utilizada para medir e transferir volumes, nesse cenário, são ambas materiais de baixa precisão quando comparadas com o balão volumétrico e a pipeta volumétrica, por exemplo. Ademais, nem béquer, nem erlenmeyer podem ser considerados vidrarias de precisão — ao observador, possibilitam apenas uma ideia de volume, não uma medição precisa. Em contrapartida, o balão volumétrico — recipiente em forma de pêra, de fundo plano e com um gargalo retilíneo, comprido, estreito — possui volume definido, sendo considerado uma vidraria de alta precisão; afirmação, essa, visível após a comparação entre os erros relativos referentes a cada instrumento. O erro relativo do balão volumétrico, de 0,02%, é menor aos demais erros observados na tabela presente no tópico anterior. 6 - CONCLUSÕES Conclui-se, nesse sentido, que a metodologia é uma preocupação fundamental: trata as formas de se fazer ciência; cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos (DEMO, 1987). O método científico — a observação do mundo, a coleta de dados, a organização das informações e a busca de regularidades — é parte intrínseca da produção de conhecimento e, portanto, para sua correta aplicação, é imprescindível conhecer os instrumentos utilizados em cada medição, cada leitura, e seus erros inerentes. A familiarização do estudante com os instrumentos que o cercam, sejam eles as vidrarias ou os equipamentos laboratoriais, permite à ciência um progresso contínuo. Em erros e acertos, o cotidiano laboratorial torna-se o próprio conhecimento necessário ao estudo, gerando oportunidades para o desenvolvimento acadêmico e científico do aluno. Assim, a observação da precisão dos materiais, a compreensão dos possíveis erros relativos às medições volumétricas e o cálculo de valores, são etapas cruciais para a vivência laboratorial. 7 - REFERÊNCIAS ATKINS, Peter. JONES, Loretta. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 1055 p. DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987. 108 p. MAHAN, Bruce M.; MYERS, Rollie J. Química - Um Curso Universitário. 1 ed. São Paulo, SP: Editora Blucher, 1995. 604 p. MOLINARO, Etelcia M.; CAPUTO, Luíza F. G.; AMENDOEIRA, Maria R. R. (org.). Conceitos e Métodos para a Formação de Profissionais em Laboratórios de Saúde: Volume 1. Rio de Janeiro. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2010. 290 p. PAWLOWSKY, A. M., et al. Experimentos de Química Geral – Teoria dos Erros. 2 ed. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1996. p. 20-34. 1 Disponível em: https://www.casasbahia.com.br/balao-volumetrico-1000ml-com-rolha-de-poli/p/1501370981. Acesso em: 08 jul 2021. 2 Disponível em: https://shopee.com.br/BEQUER-FORMA-BAIXA-250ML-i.326345269.3565264765. Acesso em: 08 jul. 2021. 3 Disponível em: https://www.fishersci.se/shop/products/pyrex-borosilicate-glass-narrow-neck-erlenmeyer-flask -14/12519115. Acesso em: 09 jul. 2021. 4 Disponível em: https://www.amazon.com/Suitable-Industrial-Laboratories-Agricultural-Chemical/dp/B07TH1M 25Z. Acesso em: 08 jul. 2021. 5 Disponível em: https://www.precisaoabsoluta.com.br/produto/pipeta-graduada-vidro-classe-b-15-ml/. Acesso em: 09 jul. 2021. 6 Disponível em: https://www.didaticasp.com.br/pisseta-sem-graduacao-500ml-bico-curvo-amarelo. Acesso em: 09 jul. 2021. 7 Disponível em: http://laborshopping.com.br/produto/proveta-base-vidro-hexagonal-vidro-boro-3-3/7163. Acesso em: 09 jul. 2021.
Compartilhar