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Definição: O sarampo é uma doença exantemática viral extremamente contagiosa que pode evoluir para óbitos em crianças < 1 ano e desnutridas. No Brasil, inúmeras são as medidas de controle do sarampo inseridas desde a introdução da vacina em 1968 até o momento atual, oscilando entre períodos de casos suspeitos e confirmados no território nacional. Em 2016, a OMS considerou as Américas livre da circulação do sarampo e, desde então o Brasil em fase de eliminação autóctone do vírus tanto do sarampo, quanto da rubéola. Mecanismo de transmissão: Através de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, falar, espirrar por meio de aerossóis com partículas virais que ficam no ar. Período de incubação e de transmissão: O período de incubação varia de 7-21 dias da data de exposição ao início do quadro exantemático. O período de transmissibilidade ocorre 6 dias antes e 4 dias após o exantema, sendo o pico de transmissão 2 dias antes e 2 dias depois do início do exantema. Quadro clínico: No período prodrômico ocorre febre > 38,5oC, tosse inicialmente seca, coriza, conjuntivite não purulenta, fotofobia, na região da orofaringe é possível notar enantema e, na altura do terceiro molar surgem as manchas de Koplik: manchas brancas/amareladas na mucosa oral. Cerca de 2-4 dias após o início do quadro intensifica-se aquele quadro inicial, o paciente fica prostrado e surge o exantema maculopapular morbiliforme, ou seja, existem áreas de pele livre de lesão entre as lesões. Este exantema tem progressão cefalocaudal (região retro auricular – pescoço – face – tronco – extremidades). Diagnóstico: O diagnóstico é clinico, mas todos os casos suspeitos de sarampo devem ser submetidos a exames sorológicos para identificação de IgM e IgG do vírus em amostras de soro, urina e swabs de naso e orofaringe. A identificação do vírus tem como objetivo conhecer o genótipo do mesmo para diferenciar um caso autóctone de um importado e diferenciar o vírus selvagem do vacinal, já que a vacina é feita com vírus atenuado. Para conseguir realizar essas análises, o Ministério da Saúde recomenda coleta das amostras até o 7º dia após início do exantema, sendo que o IgM é possível ser identificado desde o início da doença até 1 mês após a mesma. Importante ressaltar que, o material coletado deve ser enviado para o laboratório acompanhado daquela Ficha de Notificação. Tratamento: Não há tratamento específico, mas é possível realizar medidas de suporte com sintomáticos. Recomenda-se a administração de vitamina A (palmitato de retinol) em menores de 2 anos de idade (< 6 meses: 50.000 UI, 6-12 meses: 100.000 UI e > 12 meses: 200.000 UI), 1 vez ao dia, por 2 dias. Cuidado com os contactantes e prevenção: Até 4 dias após o início do exantema deve ser realizado precaução respiratória com uso de máscara N95 e isolamento domiciliar do paciente. Deve-se aplicar vacina contra o sarampo até 72h após contágio e após este período, em até 6 dias, aplicar imunoglobulina. Crianças a partir de 6 meses podem receber a vacina, mas, independentemente disto, devem receber as doses usuais programadas aos 12 e 15 meses. Para gestantes, imunocomprometidos e crianças menores de 6 meses deve- se aplicar somente a imunoglobulina. Complicações: O sarampo pode apresentar complicações sobretudo em menores de 1 ano, adultos maiores de 20 anos e pessoas com comorbidades. A persistência da febre por mais de 3 dias após o início do exantema deve ser um sinal de alerta. Dentre as complicações a mais comum é a otite média aguda, mas a pneumonia é a complicação responsável por maior morbi/ mortalidade nas crianças. Além disso, algumas crianças apresentam convulsão febril acompanhada ou não de sinais de irritação meníngea e hipertensão intracraniana como sinais de encefalite após o sarampo, causada por um processo imunológico após a respectiva infecção. Ocorre também uma encefalite causada pelo sarampo onde o vírus ao atingir o sistema nervoso central (SNC), meses após o sarampo, pode acarretar epilepsia focal, perda auditiva, progressão para coma e até mesmo óbito. Outra complicação é a panencefalite esclerosante subaguda (PEES) a qual pode ocorrer meses e até 10 anos após o quadro inicial do sarampo, Sarampo com piora progressiva das funções motoras e cognitivas, convulsões e até morte. (TOGAVÍRUS; GÊNERO RUBIVIRUS; FAMÍLIA TAGAVIRIDAE) Definição: doença de etiologia viral altamente contagiosa e, sua importância epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, natimortos e à síndrome da rubéola congênita (SRC). Após diversas campanhas e ações de vigilância epidemiológica, no ano de 2010, o Brasil cumpriu a meta de eliminação da rubéola e da SRC e, em 2015 a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) declarou as Américas livre da rubéola e SRC. Mecanismo de transmissão: A transmissão ocorro por gotículas de secreções nasofaríngeas e contato direto com pessoas infectadas. Período de incubação e de transmissão: O período de incubação é entre 12 e 23 dias, sendo o período de transmissibilidade 7 dias antes e 7 dias após o início do quadro exantemático. Quadro clínico: Febre baixa e linfoadenopatia retroauricular e/ou occipital e/ou cervical podem ocorrer 5-10 dias antes do exantema, no entanto, em crianças pode não ocorrer tais pródromos. O exantema é maculopapular puntiforme róseo difuso com início na face – couro cabeludo – pescoço – tronco – extremidades, tais lesões têm curta duração (3 dias ou menos) e, conforme o exantema progride para um novo local, as manchas presentes no local anterior vão desaparecendo. Em alguns casos, nota-se petéquias no palato mole conhecidas como sinal de Forschemeir que não é patognomônico.. (ERITROVÍRUS – PARVOVÍRUS HUMANO B19) Definição: O eritrovírus B19 é um vírus de DNA com tropismo por células eritropoiéticas, replicando-se em células eritroides da medula óssea. Boa parte dos infectados é assintomático, no entanto, devido a estas características do vírus, indivíduos saudáveis podem desenvolver aplasia eritroide acompanhada do quadro exantemático que veremos a seguir, enquanto que, pacientes com doenças hematológicas (síndromes falcêmicas, talassemias...) e imunodeprimidos podem desenvolver quadro importante da anemia e até crise aplástica. Mecanismo de transmissão: Transmitido por via respiratória, sobretudo, em comunidades fechadas. Também pode ser transmitido por via placentária em caso de mães infectadas, o que pode levar a hidropsia fetal. Período de incubação e de transmissão: Estima-se que o tempo de incubação seja entre 14-21 dias. A transmissão ocorre antes do exantema, porém não se sabe ao certo quantos durante quantos dias antes do surgimento do mesmo. Logo, quando há o surgimento do exantema o paciente não elimina mais o vírus, portanto, não há necessidade de isolamento. Quadro clínico: Geralmente não costuma ter pródromos, mas alguns casos surgem sintomas prodrômico leves como mialgia, febre, coriza e cefaleia. O exantema maculopapular se inicia em face em região malar, dando o aspecto que alguns autores chamam de “face esbofeteada” associado a palidez perioral ou sinal de Filatov. Cerca de 4 dias depois o exantema evolui para membros superiores e inferiores, a mácula aumenta de tamanho deixando uma palidez central conferindo o aspecto rendilhado do exantema que pode durar até 3 semanas. Importante ressaltar que após desaparecimento pode haver recorrência do eritema após exposição ao sol, variação da temperatura, exercícios e estresse devendo-se, portanto, explicar à família que tal fenômeno pode ocorrer não significando recorrência da doença em si. Diagnóstico: O diagnóstico além de clínico, deve ser feito através da sorologia com detecção de anticorpos IgM para Parvovírus humano B19. Tratamento: O eritema infecioso em geral é autolimitado e não há tratamento específico.Deve ser realizado tratamento de suporte com sintomáticos. Cuidado com os contactantes e prevenção: Não é necessário realizar o isolamento do paciente, no entanto, deve-se tomar cuidados com contactantes caso algum possua hemoglobinopatias (conforme veremos a seguir pode haver complicações para pacientes com este diagnóstico). Rubéola Eritema Infeccioso Não existem medidas de prevenção a serem tomadas, pois não há vacina que garanta imunidade contra tal vírus. Complicações: A artropatia é uma complicação presente em cerca de 8% das crianças infectadas pelo eritrovírus B19, mas é mais comum em mulheres adolescentes e adultas infectadas por tal vírus. Como dito anteriormente, em pessoas com doenças hematológicas como doença falciforme, talassemias, anemias hemolíticas e aqueles que possuem algum tipo de imunodeficiência, podem desenvolver uma crise aplástica transitória (CAT) decorrente da infecção viral direta pelo parvovírus B19 que bloqueia transitoriamente a produção de eritrócitos. Com isso, ocorre redução abrupta da hemoglobina, dos reticulócitos e dos percussores eritroides na medula óssea havendo ou não plaquetopenia e leucopenia. A maior parte dos casos apresenta resolução do quadro com 2 semanas, porém alguns podem evoluir com óbito. Estes pacientes com CAT podem necessitar de transfusão de hemácias durante o período de recuperação medular, porém alguns não possuem boa resposta ou não têm anticorpos suficientes, sendo necessário o tratamento com imunoglobulina humana. (HERPES VÍRUS HUMANO 6 OU 7) Definição: Esta doença viral de evolução benigna, também chamada de roséola infantum, é causada pelo herpes vírus 6 e 7, sobretudo, o tipo 6 que é o mais frequente. A doença acomete apenas crianças entre 6 meses e 6 anos de idade, sugerindo que haja uma proteção por meio de anticorpos maternos e que o vírus seja bastante prevalente na comunidade já que na idade pré-escolar quase todas as crianças já estão imunes. É mais prevalente em menores de 2 anos. Mecanismo de transmissão: Transmitida por secreção oral. Período de incubação e de transmissão: O tempo de incubação é de 5-15 dias. A transmissão ocorre na fase de viremia que acontece principalmente no período febril. Quadro clínico: Assim como sugere o nome da doença, o início do quadro clínico é súbito e sem pródromos, caracterizando-se por uma febre alta (39-40oC) e contínua que resulta em irritabilidade da criança e convulsão febril. Pode haver linfonodomegalia associado. Após 3-4 dias de febre esta cessa bruscamente e aparece o exantema de modo também súbito de aspecto maculopapular róseo com lesões que não coalescem com evolução de tronco – face – membros, de curta duração e sem descamação. Diagnóstico: Clínico e laboratorialmente pode ser realizada sorologia na busca de anticorpos IgM e IgG dos herpes vírus 6 ou 7. Tratamento: O tratamento de suporte é realizado principalmente com antitérmicos por conta da febre alta. Em caso de imunodeprimidos pode-se usar Ganciclovir pelo risco de acometimento do SNC. Cuidado com os contactantes e prevenção: O isolamento é desnecessário uma vez que, como dito, a maioria das pessoas já terá entrado em contato com o vírus e, não existem medidas de prevenção a serem adotas. (VARICELA-ZOSTER; FAMÍLIA HERPETOVIRIDAE) Definição: Também conhecida por catapora, esta doença atualmente é prevenida por vacina na tetra viral o que levou a redução da sua incidência (1o dose com 15 meses e reforço aos 4 anos de idade). A infecção confere imunidade permanente, embora, raramente possa ocorrer um segundo episódio de varicela. É uma doença de notificação compulsória apenas se caso grave, ou seja, que necessite internação. Apesar do maior número absoluto de internações ser entre crianças, os adultos têm mais risco de evoluir com complicações e óbito. Em crianças imunocompetentes a varicela tem curso benigno, repentino e autolimitado. Mecanismo de transmissão: Pessoa a pessoa por meio de secreções respiratórias ou contato direto e, de modo indireto, ocorre por meio do contato com objetos contaminadoscom a secreção das lesões de pele (vesículas). Período de incubação e de transmissão: O período de incubação é de 10-21 dias e a transmissão se inicia 1-2 dias antes do surgimento do exantema e permanece até que as lesões estejam em fase de crosta. Exantema súbito Varicela Quadro clínico: Apesar de na infância não costumar ocorrer pródromos, os mesmos podem aparecer como febre moderada/ baixa, cefaleia, anorexia e vômito por 2-3 dias. O exantema de característica papulovesicular polimórfico pruriginoso costuma surgir nas partes cobertas do corpo, como couro cabeludo, axilas e mucosas oral e das vias aéreas superiores. Tais lesões surgem em surtos de evolução rápida coexistindo, em uma mesma região do corpo, diferentes estágios: máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas. Diagnóstico: O diagnóstico da varicela é clínico e costuma ser típico não necessitando a realização de testes comprobatórios, no entanto, é possível em casos graves quando é necessário realizar diagnóstico diferencial pode-se realizar coleta do líquido das lesões vesiculares nos primeiros 3-4 dias de erupção. Também está disponível sorologia com IgM e IgG. Tratamento: O tratamento envolve o uso de sintomáticos como anti-histamínicos para atenuar o prurido, antitérmico e analgésicos (estes, não salicilatos). O tratamento específico é com Aciclovir para menores de 12 anos ou pessoas com imunocomprometimento, comorbidades ou risco para agravamento do quadro. Além disso, deve-se recomendar a lavagem das lesões de pele com água e sabão, bem como é fundamental cortar as unhas da criança como forma de prevenir lesões de pele secundárias em decorrência o intenso prurido. Cuidado com os contactantes e prevenção: Em situações de surto deve-se identificar as pessoas que entraram em contato com o caso da doença para realização do bloqueio com vacina e imunoglobulina antivaricela. A vacina deve seguir as indicações do calendário nacional de imunizações e deve ser administrada no período de 120h após contato com caso, podendo ser realizada em crianças a partir dos 9 meses, devendo manter neste caso, posteriormente, o esquema vacinal de rotina. Crianças < 9 meses, gestantes ou pessoas imunodeprimidas devem receber a imunoglobulina antivaricela na dose de 125UI para cada 10kg. A criança com varicela deve permanecer em isolamento respiratório e de contato até que todas as lesões fiquem em forma de crosta. A prevenção deve ser feita através da vacina. Complicações: A principal complicação é a infecção bacteriana secundária das lesões de pele, causadas por estreptococos e estafilococos, em decorrência do prurido que abre porta de entrada para estes patógenos presentes na pele e que podem causar piodermites, erisipela e celulite. A pneumonia intersticial também é uma complicação comum, sobretudo, em crianças imucomprometidas sendo importante causa de óbito neste grupo. Além disso, podem ocorrer manifestações hemorrágicas, hepatites e complicações no SNC, esta última é mais frequente em crianças < 5 anos e pode tanto atingir o cerebelo causando ataxia, quanto pode levar ao quadro de encefalite responsável por sonolência, coma e hemiplegia. Herpes zoster: Apesar deste quadro ocorrer tipicamente na fase adulta, ou seja, não ser classicamente uma doença exantemática da infância, o mesmo será abordado de forma breve aqui de modo a acrescentar mais elementos para o diagnóstico diferencial entre ambas condições que podem estar eventualmente presente na infância. A herpes zoster é decorrente da reativação do vírus da varicela, pois este após a infecção fica latente nos gânglios nervosos podendo ser reativado em pessoas adultas (maiscomum) ou em crianças/adolescentes que possuam um comprometimento da sua imunidade – portadoras de doenças crônicas, neoplasias, AIDS, etc. Definição: A doença de Kawasaki (DK) é importante causa de vasculite na faixa etária pediátrica, sendo causa importante de cardiopatia e infarto agudo do miocárdio. Sua etiologia é desconhecida, mas acredita-se que seja decorrente de uma resposta imune patológica a agentes ambientais ou infecciosos em indivíduos com predisposição. O diagnóstico e tratamento precoce até o 10o dia da doença é fundamental para a redução da complicação mais temidas que é o aneurisma de coronárias. Diagnóstico e quadro clínico: O diagnóstico da DK é eminentemente clínico, sendo baseado nos seguintes critérios: A febre costuma ser abrupta com duração de 10-12 dias, podendo durar até 4 semanas, uma vez que não responde Doença de Kawasaki aos antitérmicos. O exantema ocorre em 90% dos casos e é maculopapular polimórfico. Nas extremidades, em 80% dos casos nota-se edemas, eritema palmo-plantar e descamação laminar em região periungueal. Outros achados clínicos podem estar presentes como artralgia, diarreia, dor abdominal de modo que a diferenciação inicial entre a DK e as outras doenças exantemáticas da infância é difícil, sobretudo, nos primeiros dias de doença. Boa parte das crianças não preencherá 4 ou mais critérios diagnósticos acima, tendo o que é chamada de “DK incompleta”, no entanto, naquelas que forem menores de 6 meses e tiverem febre com mais de 1 semana de duração com evidência laboratorial de inflamação (elevação e VHS e PCR) sem outra causa conhecida, recomenda-se a realização de um Ecocardiograma (ECO). Vale ressaltar que, caso haja doença coronariana comprovada por um ECO, não são necessários 5 dias de febre para estabelecer o diagnóstico. Tratamento: Apesar da incerteza quanto a etiologia, o tratamento deve ser instituído precocemente (antes de completar 10 dias do início quadro) como forma de evitar complicações cardiovasculares e, consiste em administrar imunoglobulina 2g/kg em infusão contínua de 10 horas. Associado a isto, inicia-se o ácido acetilsalicílico (AAS) em dose anti-inflamatória de 80-100mg/kg/dia até que o paciente esteja afebril. A falha terapêutica ocorre naqueles pacientes que mantêm ou têm recorrência da febre após 36h do início do tratamento. Nestes casos, pode-se repetir a imunoglobulina até 2 vezes. Caso a mesma não seja eficaz pode ser feito pulsoterapia com metilprednisolona 30 mg/kg/dia. Complicações: Os aneurismas coronarianos são complicações que ocorrem precocemente, sendo os de tamanho >8mm de diâmetro os mais temidos pelo risco aumentado de obstrução e isquemia. Como forma de monitorar o surgimento desta complicação e prognóstico ruim de alguns pacientes, recomenda-se a realização de ECO em 2 momentos: na fase aguda (2-3 semanas após o caso) e com 6-8 semanas. Caso em alguns desses resultados apareça o resultado de aneurisma de coronárias deve-se proceder um acompanhamento mais frequente do caso. Definição: A mononucleose infecciosa é uma doença causada pelo vírus Epstein Barr. A infecção pelo vírus Epstein Barr (EBV) é comum, afetando cerca de 98% da população mundial 1 . Em países em desenvolvimento e populações socioeconomicamente desfavorecidas, a infecção primária por EBV ocorre normalmente durante a infância e é tipicamente assintomática Epidemiologia: A incidência da infecção sintomática é maior em adolescentes e jovens adultos. Em crianças, costuma ser subclínica. É rara em adultos mais velhos devido a exposição prévia. 1 Transmissão:: A principal forma de transmissão é através da secreção salivar. O EBV pode permanecer viável na orofaringe de pacientes com MI por até 18 meses. Estudos mostram que também pode ocorrer transmissão sexual Clínica: Há presença de linfadenopatia (simétrica, moderadamente dolorosa, principalmente na cadeia cervical posterior; pode ser generalizada), febre e faringite dolorosa (pode ser acompanhada de exsudatos tonsilares e petéquias no palato). Outras manifestações menos comuns são: esplenomegalia e ruptura esplênica, rash cutâneo (maculopapular, urticariforme ou petequial), sintomas neurológicos (síndrome de Guillain- Barré, paralisias de nervos cranianos, meningoencefalites, meningite asséptica, mielite transversa, neurite óptica e encefalomielite), hepatite, colestase, pneumonia, dentre outros. Alguns estudos demonstram que pacientes com EBV possuem risco aumentado de desenvolver esclerose múltipla, linfoma não-Hodgkin e lúpus eritematoso sistêmico. Pacientes que forem equivocadamente tratados com antibióticos (principalmente ampicilina e amoxicilina) quase sempre apresentam rash maculopapular generalizado Laboratório: linfocitose com presença de linfócitos atípicos é a alteração laboratorial mais comum. Pode haver neutropenia e trombocitopenia leves e autolimitadas. Elevação de transaminases pode ser vista na maioria dos pacientes e é fortemente sugestiva do diagnóstico de MI. Diagnóstico: os testes de anticorpos heterófilos (Monoteste, Paul-Bunnell) possuem baixa sensibilidade (85%) e alta especificidade (100%). 1 Têm sido gradualmente substituídos pela pesquisa de anticorpos específicos para EBV, sendo os principais o EBV anti-VCA IgG e IgM.1,2 Os anticorpos não são essenciais para o diagnóstico, podendo ser pesquisados em situações em que a clínica e o hemograma não são suficientes. Definição: A escarlatina é uma doença infecciosa aguda causada pelo estreptococo ß hemolítico do grupo A, produtor de toxina pirogênica (eritrogênica), que raramente pode ser devida à infecção pelo estreptococo dos grupos C e G. A doença ocorre mais frequentemente associada à faringite e, ocasionalmente, aos impetigos. Atualmente, a forma toxêmica grave é pouco comum.. Aspectos epidemiológicos A escarlatina pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais frequente em escolares entre 5 e 18 anos. Mononucleose Escarlatina É rara no lactente, provavelmente devido à transferência de anticorpos maternos contra a toxina eritrogênica. Acomete igualmente ambos os sexos. A maior taxa (11,3%) de portadores sadios ou assintomáticos de estreptococos do grupo A encontra-se na faixa etária de crianças, de ambos os sexos, enquanto para adultos a taxa é de 0,8%. Em estudo realizado na cidade de Recife com 753 escolares de 5 a 19 anos foi encontrada uma taxa baixa, de 0,8%, e a frequência foi maior na faixa etária de 7 anos. Em estudo realizado em Minas Gerais, a prevalência de febre reumática entre escolares foi de 3,6/1.000. A distribuição é universal, com maior incidência no final do inverno e início da primavera. Agente etiológico É o Streptococcus ß hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes), eventualmente dos grupos C,DeG. Reservatório O homem é o hospedeiro natural do estreptococo do grupo A. Outros possíveis veículos de transmissão do estreptococo dos grupos D e G são os alimentos e a água. Modo de transmissão: A transmissão da escarlatina dá-se por contato direto e próximo com paciente que apresenta a faringoamigdalite estreptocóccica aguda, por intermédio de gotículas de saliva ou secreções nasofaríngeas. Aglomerações em ambientes fechados, como creches e escolas, principalmente nos meses frios, e após ou concomitante a quadros de varicela e feridas cirúrgicas infectadas favorecem a transmissão, podendo levar ao aparecimento de surtos. Poeira, roupas, utensílios contaminados e outros fômites não têm importância significativa na transmissão. A água e os alimentos contaminados podem causar surtos de estreptococcias (principalmente dos grupos C, D e G). Período de incubação da escarlatina: de 2 a 5 dias, sendo discutível a transmissão nessa fase da doença. Período de transmissibilidade:a transmissão tem seu início junto com os primeiros sintomas. Nos casos não tratados e sem complicações dura de 10 a 21 dias. Nos adequadamente tratados, até 24 horas do início do tratamento. Suscetibilidade e imunidade: para que ocorra a doença é necessário que o indivíduo infectado não tenha imunidade contra o estreptococo (imunidade tipo-específica), nem imunidade antitóxica contra a exotoxina pirogênica (toxina eritrogênica). Em pacientes que não são tratados especificamente para faringite estreptocócica, anticorpos tipo- específicos são frequentemente detectáveis no soro entre 4 a 8 semanas após a infecção Manifestações clínicas: na escarlatina ocorre um curto período prodrômico, geralmente de 12 a 24 horas, no qual pode ocorrer febre alta, dor à deglutição, mal-estar geral, anorexia e astenia; sintomas estes que podem estar acompanhados de náuseas, vômitos e dor abdominal, especialmente em crianças. Após esse período, o paciente pode apresentar faringoamigdalite com exsudato purulento, adenomegalia cervical, enantema em mucosa oral acompanhado de alteração na língua. Nos primeiros dias, a língua se reveste de uma camada branca, com papilas protuberantes que se tornam edemaciadas e avermelhadas. Após um ou dois dias a camada branca se descama, ressaltando as papilas hipertrofiadas e avermelhadas (língua em framboesa). A erupção de pele surge tipicamente após 12 a 48 horas, manifestando-se como um exantema micropapular, iniciando-se no peito e expandindo-se para o tronco, pescoço e membros, poupando as palmas das mãos e as plantas dos pés; caracteristicamente, confere à pele o aspecto de lixa e desaparece à digitopressão. Na face são encontradas lesões puntiformes, com a testa e bochechas hiperemiadas, contrastando com a palidez da região perioral (sinal de Filatov). O exantema apresenta-se mais intenso nas dobras cutâneas e nas áreas de pressão, como nádegas; surgem nesses locais áreas de hiperpigmentação e nas dobras de flexão há formação de linhas transversais (sinal de Pastia). A faringoamigdalite, a erupção e a febre, assim como as outras manifestações clínicas, desaparecem em torno de uma semana, seguindo-se um período de descamação, característico da escarlatina. A descamação começa na face e pescoço, em finas escamas, desce para o tronco e por último para as extremidades, na segunda ou terceira semana. As mãos e os pés são os últimos que descamam, e de forma mais intensa. A apresentação clássica da escarlatina é incomum em pacientes com menos de 3 anos de idade, que geralmente apresentam quadros atípicos, com sinais e sintomas inespecíficos, como febre baixa, irritabilidade, anorexia e adenite cervical. A doença ocorre mais comumente em associação com a faringite e raramente com piodermite ou ferida cirúrgica ou traumática infectada. Nos raros casos de escarlatina provocados por impetigo não há a presença da angina estreptocóccica. Ressalte-se que a evolução clínica típica é alterada com o diagnóstico e tratamento precoces. Complicações: Podem ser de dois tipos: - Supurativas: abscessos, fasciíte necrotizante, bacteremia, síndrome do choque tóxico estreptocóccico, meningite, pioartrite, endocardite, osteomielite, peritonite, sinusite e até meningite e abscesso cerebral, devido à infecção por contigüidade via mastóide ou disseminação hematogênica; - Não-supurativas: glomerulonefrite difusa aguda, febre reumática, eritema nodoso, eritema multiforme, poliarterite nodosa, artrite reativa. A letalidade é alta nos casos de bacteriemia estreptocóccica e choque séptico estreptocóccico. Diagnóstico laboratorial: Laboratorial: a cultura de orofaringe é o principal exame (padrão ouro) para a identificação do estreptococo ß hemolítico do grupo A. Deve-se utilizar swab adequado (Dracon ou Rayon), flexível, estéril, com haste de plástico (não usar swab de algodão ou alginato de cálcio) para a coleta de material da orofaringe, que deverá ser colocado em tubo estéril para encaminhamento imediato ao laboratório, em temperatura ambiente. Os testes para anticorpos no soro da fase aguda e de convalescença, como a antiestreptolisina O (ASLO); são úteis e contribuem como mais um dado presuntivo de infecção por estreptococo do grupo A, porém não têm valor para o diagnóstico imediato ou tratamento da infecção aguda, pois a elevação do título obtido após 2 a 4 semanas do início do quadro clínico é muito mais confiável do que um único título alto Os testes rápidos de detecção de antígeno como o látex, se disponíveis, podem ser usados; entretanto, apesar da alta especificidade (95%), sua sensibilidade é baixa (76% a 87%). Assim, quando o látex estiver disponível será utilizado. No entanto, também deverá ser feita coleta para cultura. ! O hemograma apresenta-se com leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda, e eosinofilia (5% a 10%), principalmente nos primeiros dias de infecção Tratamento Pode ser iniciado até oito dias após o início do quadro, e as penicilinas continuam sendo o tratamento de escolha para a escarlatina. Devem ser usadas, a menos que o paciente seja alérgico. Pode ser usada a forma de penicilina G benzatina, nas doses de 600.000 UI, intramuscular, para crianças menores de 25 quilos, e 1.200.000 UI para maiores de 25 quilos e adultos, em dose única. Também pode ser utilizada a penicilina V oral, em doses de 200.000 UI (125 mg) para menores de 25 quilos, e 400.000 UI (250 mg) para maiores de 25 quilos e adultos, a cada 6 ou 8 horas, durante dez dias. A eficácia clínica é similar nas duas formas, embora haja mais recaídas com a forma oral. Ambas previnem o aparecimento da febre reumática. A amoxacilina, ou amoxacilina com clavulanato, também pode ser utilizada por dez dias, nas doses de 500 mg de 8/8horas VO (via oral) para adolescentes e adultos e 50-40mg/kg/dia, de 8/8horas, para crianças. Aeritromicina é indicada para pacientes alérgicos às penicilinas. O estolato de eritromicina é usado nas doses de 20mg a 50mg/kg/dia, por 3 ou 4 doses, via oral. Os novos macrolídeos, como a azitromicina (12mg/kg/dia, em 1 dose/dia – dose máxima 500mg/dia por cinco dias) e a claritromicina (7,5mg/kg/dia, de 12/12horas – dose máxima 500mg por sete dias) também podem ser utilizadas; no entanto, o custo do tratamento limita sua indicação. As cefalosporinas de uso oral podem ser usadas nos pacientes alérgicos às penicilinas, embora 5% a 15% apresentem alergia às cefalosporinas, que estarão contra-indicadas em caso de alergia tipo choque anafilático. Cefalexina, cefadroxil e cefaclor são usadas durante dez dias. Aaxetil cefuroxima para crianças na dose de 20 mg/kg/dia, dose máxima de 250mg/kg/dia VO, de 12/12 horas; e para adultos 250 mg, também de 12/12horas, pode ser usada durante 5 a 7 dias, com eficácia semelhante às penicilinas. O custo do tratamento com as cefalosporinas é alto, limitando sua indicação Definição: são as doenças causadas pelo chamados arbovírus, que incluem o vírus da dengue, Zika, febre Chikungunya e febre amarela. Dengue Definição: A dengue é uma arbovirose, do gênero flavivirus, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e possui 4 sorotipos bem estabelecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e o DENV-4. Quadro Clínico: De forma simplificada, defini-se a Dengue como um quadro febril agudo (de no máximo 7 dias) e que vem acompanhado de pelo menos 2 dos seguintes sintomas: Dor retroorbitária, mialgia, prostração, cefaleia, artralgia, exantema. Contudo, essa é uma forma bem básica de encarar a doença, uma vez que ela pode se apresentar com quadros variando desde a completa ausência de sintomas, até quadros bastante graves em que o paciente apresenta até sinais de choque. Dessa forma, atualmente o que se recomenda é que a gente encare a doença como tendo 3 fases distintas: - Fase Febril; - Fase Crítica; - Fase de Recuperação. ArbovirosesDiagnóstico: Estadiamento: Precisa-se fazer o estadiamento da doença, visto que é justamente isso que vai definir como deverá nossa conduta para o paciente. Tratamento: Deve-se iniciar o tratamento específico para a categoria do paciente e também já decidir como que será o acompanhamento dele. Chikungunya Definição: A Chikungunya é uma doença causada pelo vírus CHIKV (do gênero Alphavirus e família Togaviridae), o qual tem o Aedes aegypti como vetor e o homem como hospedeiro definitivo. Dessa forma, assim que é infectado pelo vírus, o paciente entra em um período de incubação que pode durar entre 1 e 12 dias (média de 3-7 dias) e só depois disso é que ele entra no período sintomático da doença, o qual pode ser dividido em 3 fases distintas: - Fase Aguda (Febril) - Fase Subaguda - Fase Crônica Quadro Clínico: Diagnóstico: Para fazer o diagnóstico de Chikungunya pode ser útil pedir um hemograma (evidenciará uma leucopenia e, mais raramente, uma trombocitopenia) além de VHS e PCR, que costumam ficar aumentadas por semanas. No entanto, para realmente bater o martelo nós temos 3 opções: - RT-PCR (até o 8o após início dos sintomas); - IgM anti-CHIKV (a partir do 5o dia de doença); - Sorologia pareada de IgG anti-CHIKV (uma a partir do 6o dia e outro 15 dias depois) Aumento ≥ 4x fecha diagnóstico. A Chikungunya também é uma doença de notificação compulsória Tratamento: Zika Definição: A Zika é uma doença também causada por um flavivírus (o ZIKAV) transmitido pelo mesmo mosquito Aedes aegypti. No entanto, é importante comentar que existem evidências – ainda não conclusivas – de que esse vírus também é passado por transmissão vertical e sexual. Quadro clínico: Diagnóstico: Idealmente, o diagnóstico de ZIKA deve ser confirmado por meio da dosagem de RT-PCR que pode ser feita no soro (até o 7o dia) ou na urina (até o 14o dia), sendo que no caso do teste na urina é recomendado associar esse achado à dosagem de IgM anti-ZIKA e ao teste de PRNT. Agora, uma vez passado os 14 primeiros dias da doença, aí nossa saída será investir apenas no IgM anti-ZIKA e no PRNT. Tratamento: O tratamento para Zika ainda não está bem estabelecido, deve-se fazer apenas fazer controle dos sintomas, preferencialmente com Paracetamol, Dipirona ou algum anti-histamínico – é bom evitar AINEs pelo risco de infecção simultânea com o vírus da Dengue. Prevenção: Por fim, por ser uma doença com potencial de ser sexualmente transmissível, além de todo o controle com o vetor, é fundamental orientar quanto à prática sexual protegida, especialmente os homens que devem evitar fazer sexo desprotegido durante toda a gravidez da esposa, ou por pelo menos 6 meses após infecção, ou por 8 semanas após viagem para área de risco. Diagnóstico Diferencial:
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