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2 0 2 1 . 1 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 1 ANATOMIA PATOLÓGICA I AULA 1 Introdução à Anatomia Patológica HISTÓRIA DA PATOLOGIA Nos séculos XIV e XV anatomistas passam a analisar modificações morfológicas através das autópsias. As universidade italianas lideravam esse conhecimento, que se baseava na descrição das alterações de cada órgão correlacionado diretamente com a prática clínica. A partir do século XIX o domínio da geração do conhecimento e da anatomia mórbida passou aos austrosgermânicos. Com isso, o entendimento das doenças passou a ser baseado nas alterações celulares liderada pelo patologista alemão Rudolph Virchow. Anos seguintes, com a evolução da tecnologia tivemos o desenvolvimento de melhores microscópios ópticos e microscópios eletrônicos, o que permitiu o avanço do conhecimento da área. Dessa forma, surgiu a patologia cirúrgica, que possui papel importante no diagnóstico e prognóstico. Posteriormente, a citologia exfoliativa de líquidos e por aspiração, acrescentou mais um material ao arsenal diagnóstico. Na década de 60 foram introduzidos os marcadores celulares por fluorescência e, nos anos 80, eles puderam ser usados em laboratório através da técnica de imuno- histoquímica. Ao final do século XX, o conhecimento patogenético das doenças evoluiu com a introdução dos métodos moleculares. Não demorou muito para que essas técnicas sofisticadas fossem usadas para o diagnóstico e prognóstico da anatomia patológica e mais recentemente na indicação terapêutica com os testes preditivos de resposta. A anatomia patológica é o ramo da medicina responsável pela análise de órgãos, tecidos e células, contribuindo para o diagnóstico de lesões, tratamento e prognóstico das doenças, bem como para sua prevenção. A análise compreende o exercício da histopatologia (biópsias, peças cirúrgicas e exames pré-operatórios), da citopatologia (esfoliativa e aspirativa) e de autópsias. CONCEITOS • Patologia: É o estudo das doenças desde sua causa primária, a etiologia, até seu mecanismo de produção, chamado de patogenia. → Pathos: Doença, sofrimento. → Logos: Estudo. • Etiologia: Causas. • Patogênese: Mecanismos. • Anatomia patológica: Lesões. • Fisiopatologia: Alterações funcionais. • Propedêutica: Sinais e sintomas. • Citopatologia: Estuda as doenças a partir da observação ao microscópio de células obtidas por esfregaço, aspirações, rapados, centrifugação de líquidos e outros métodos. → Identifica alterações morfológicas celulares para o diagnóstico (definitivo ou presuntivo). → Indica a prevenção de doenças a partir do estudo de esfregaços celulares, líquidos corpóreos ou de amostras colhidas por escovações, raspagens imprints ou punções aspirativas. → Unidade fundamental da doença: Alterações moleculares e alterações estruturais do genoma, as quais resultam na produção alterada das proteínas e levam a alterações celulares e histológicas, podendo causar modificações nos órgãos. • Teratodiagnóstico: Capacidade de reunir os aspectos morfológicos, os biomarcadores proteicos, as alterações estruturais dos cromossomos e as alterações do genoma, com o objetivo de estabelecer o prognóstico e apresentar potencial valor preditivo para as terapias-alvo. EXAME DE ANATOMIA PATOLÓGICA • Para requisição do exame deve ser preenchido um papel de requisição contendo todos os dados do paciente, o local de origem do material, os tipos de amostragem, informações clínicas como hipótese diagnóstica e histórico completo com exames anteriores e seus resultados. • Tanto o processo de histopatologia, quanto a citologia, consistem em um processo de desidratação e hidratação do material. • Após congelado e cortado o material é visualizado no microscópio e o diagnóstico é feito em cerca de 5 minutos. HISTOTÉCNICA • É um conjunto de operações que tem por fim transformar as células e os tecidos em preparações destinadas ao exame microscópico. 2 0 2 1 . 1 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 2 • Utilização de um conjunto de substâncias e procedimento com a finalidade de preparas lâminas permanentes para estudo ou diagnóstico. • Fases: 1. Coleta ou colheita do material; 2. Fixação (formol a 10% 9x o volume do material); 3. Clivagem; 4. Desidratação; 5. Diafanização; 6. Impregnação; 7. Inclusão; 8. Microtomia; 9. Coloração de rotina; 10. Montagem ANÁLISE LABORATORIAL • Fase pré-analítica: Começa na coleta do material, seja ela feita pelo paciente (urina, escarro) ou feita pelo médico. → Alterações: Autólise, danificação do material, perda de fixação. • Fase analítica: Corresponde a etapa de execução do laudo propriamente dita. → Preparo do lado dos exames; → Impressão ou transmissão do laudo; → Recebimento do laudo; → Tomada de decisão. → Alterações: Perda de material, corte exagerado, desgaste, pouca impregnação. Compreende todas as alterações da clivagem até a lâmina. • Fase pós-analítica: Inicia-se no laboratório e envolve os processos de validação e liberação de laudos, encerrando-se após o médico receber o resultado, interpretá-lo e tomar sua decisão. → Documentar a liberação de resultados, emissão e entrega de laudos; → Garantir a confidencialidade dos resultados dos laudos; → Fornecer aos colaboradores uma avaliação periódica de desempenho do laboratório no controle interno, verificando a abrangência e adequação desses controles. ERROS NA COLETA • Histopatologia: → Fragmento não representativo da lesão; → Diversos fragmentos sem identificação do local; → Fragmento grande. • Citologia: → Material não representativo; → Esfregaço malfeito; → Material impróprio. ERROS NO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA • Erro na identificação do paciente; • Coleta de amostra inadequada; • Interpretação incorreta da solicitação médica; • Coleta em recipiente inadequado; CONTROLE DA FASE PÓS-ANALÍTICA • Avaliação do resultado obtido frente aos dados do paciente que dispomos: idade, sexo, condições clínicas e laboratoriais. • Coerência → Liberação do resultado. PAPANICOLAU O Papanicolau foi um médico grego, que utilizou a esfoliação vaginal para fazer diagnóstico preventivo. Ele introduziu o exame em 5 classes através dos corantes que ele mesmo desenvolveu, com EA, hematoxilina e o orange G. Cuidados na fase pré-analítica garantem a precisão dos resultados dos exames. IMUNO-HISTOQUÍMICA Atualmente é utilização de uma conjugação avidina-biotina, formada por dois anticorpos com uma enzima conjugada a mais quatro enzimas, aumentando a acuidade, juntamente com antígeno e corpo fluorescente.
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