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Introdução à Anatomia Patológica

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ANATOMIA PATOLÓGICA I 
AULA 1 
Introdução à Anatomia Patológica 
 HISTÓRIA DA PATOLOGIA 
Nos séculos XIV e XV anatomistas passam a 
analisar modificações morfológicas através das 
autópsias. As universidade italianas lideravam esse 
conhecimento, que se baseava na descrição das 
alterações de cada órgão correlacionado diretamente 
com a prática clínica. 
A partir do século XIX o domínio da geração do 
conhecimento e da anatomia mórbida passou aos 
austrosgermânicos. Com isso, o entendimento das 
doenças passou a ser baseado nas alterações celulares 
liderada pelo patologista alemão Rudolph Virchow. 
Anos seguintes, com a evolução da tecnologia 
tivemos o desenvolvimento de melhores microscópios 
ópticos e microscópios eletrônicos, o que permitiu o 
avanço do conhecimento da área. Dessa forma, surgiu a 
patologia cirúrgica, que possui papel importante no 
diagnóstico e prognóstico. 
Posteriormente, a citologia exfoliativa de líquidos 
e por aspiração, acrescentou mais um material ao 
arsenal diagnóstico. Na década de 60 foram 
introduzidos os marcadores celulares por 
fluorescência e, nos anos 80, eles puderam ser usados 
em laboratório através da técnica de imuno-
histoquímica. 
Ao final do século XX, o conhecimento 
patogenético das doenças evoluiu com a introdução 
dos métodos moleculares. Não demorou muito para 
que essas técnicas sofisticadas fossem usadas para o 
diagnóstico e prognóstico da anatomia patológica e 
mais recentemente na indicação terapêutica com os 
testes preditivos de resposta. 
A anatomia patológica é o ramo da medicina 
responsável pela análise de órgãos, tecidos e células, 
contribuindo para o diagnóstico de lesões, tratamento 
e prognóstico das doenças, bem como para sua 
prevenção. A análise compreende o exercício da 
histopatologia (biópsias, peças cirúrgicas e exames 
pré-operatórios), da citopatologia (esfoliativa e 
aspirativa) e de autópsias. 
 
 CONCEITOS 
• Patologia: É o estudo das doenças desde sua causa 
primária, a etiologia, até seu mecanismo de 
produção, chamado de patogenia. 
→ Pathos: Doença, sofrimento. 
→ Logos: Estudo. 
• Etiologia: Causas. 
• Patogênese: Mecanismos. 
• Anatomia patológica: Lesões. 
• Fisiopatologia: Alterações funcionais. 
• Propedêutica: Sinais e sintomas. 
• Citopatologia: Estuda as doenças a partir da 
observação ao microscópio de células obtidas por 
esfregaço, aspirações, rapados, centrifugação de 
líquidos e outros métodos. 
→ Identifica alterações morfológicas celulares para 
o diagnóstico (definitivo ou presuntivo). 
→ Indica a prevenção de doenças a partir do estudo 
de esfregaços celulares, líquidos corpóreos ou de 
amostras colhidas por escovações, raspagens 
imprints ou punções aspirativas. 
→ Unidade fundamental da doença: Alterações 
moleculares e alterações estruturais do genoma, 
as quais resultam na produção alterada das 
proteínas e levam a alterações celulares e 
histológicas, podendo causar modificações nos 
órgãos. 
• Teratodiagnóstico: Capacidade de reunir os 
aspectos morfológicos, os biomarcadores proteicos, 
as alterações estruturais dos cromossomos e as 
alterações do genoma, com o objetivo de 
estabelecer o prognóstico e apresentar potencial 
valor preditivo para as terapias-alvo. 
 
 EXAME DE ANATOMIA PATOLÓGICA 
• Para requisição do exame deve ser preenchido um 
papel de requisição contendo todos os dados do 
paciente, o local de origem do material, os tipos de 
amostragem, informações clínicas como hipótese 
diagnóstica e histórico completo com exames 
anteriores e seus resultados. 
• Tanto o processo de histopatologia, quanto a 
citologia, consistem em um processo de 
desidratação e hidratação do material. 
• Após congelado e cortado o material é visualizado 
no microscópio e o diagnóstico é feito em cerca de 
5 minutos. 
 
HISTOTÉCNICA 
• É um conjunto de operações que tem por fim 
transformar as células e os tecidos em preparações 
destinadas ao exame microscópico. 
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• Utilização de um conjunto de substâncias e 
procedimento com a finalidade de preparas lâminas 
permanentes para estudo ou diagnóstico. 
• Fases: 
1. Coleta ou colheita do material; 
2. Fixação (formol a 10% 9x o volume do material); 
3. Clivagem; 
4. Desidratação; 
5. Diafanização; 
6. Impregnação; 
7. Inclusão; 
8. Microtomia; 
9. Coloração de rotina; 
10. Montagem 
 
 
 
ANÁLISE LABORATORIAL 
• Fase pré-analítica: Começa na coleta do material, 
seja ela feita pelo paciente (urina, escarro) ou feita 
pelo médico. 
→ Alterações: Autólise, danificação do material, 
perda de fixação. 
• Fase analítica: Corresponde a etapa de execução do 
laudo propriamente dita. 
→ Preparo do lado dos exames; 
→ Impressão ou transmissão do laudo; 
→ Recebimento do laudo; 
→ Tomada de decisão. 
→ Alterações: Perda de material, corte exagerado, 
desgaste, pouca impregnação. Compreende 
todas as alterações da clivagem até a lâmina. 
• Fase pós-analítica: Inicia-se no laboratório e 
envolve os processos de validação e liberação de 
laudos, encerrando-se após o médico receber o 
resultado, interpretá-lo e tomar sua decisão. 
→ Documentar a liberação de resultados, emissão e 
entrega de laudos; 
→ Garantir a confidencialidade dos resultados dos 
laudos; 
→ Fornecer aos colaboradores uma avaliação 
periódica de desempenho do laboratório no 
controle interno, verificando a abrangência e 
adequação desses controles. 
 
ERROS NA COLETA 
• Histopatologia: 
→ Fragmento não representativo da lesão; 
→ Diversos fragmentos sem identificação do local; 
→ Fragmento grande. 
• Citologia: 
→ Material não representativo; 
→ Esfregaço malfeito; 
→ Material impróprio. 
 
 
 
ERROS NO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA 
• Erro na identificação do paciente; 
• Coleta de amostra inadequada; 
• Interpretação incorreta da solicitação médica; 
• Coleta em recipiente inadequado; 
 
 
 
CONTROLE DA FASE PÓS-ANALÍTICA 
• Avaliação do resultado obtido frente aos dados do 
paciente que dispomos: idade, sexo, condições 
clínicas e laboratoriais. 
• Coerência → Liberação do resultado. 
 
 
PAPANICOLAU 
O Papanicolau foi um médico grego, que utilizou 
a esfoliação vaginal para fazer diagnóstico 
preventivo. Ele introduziu o exame em 5 classes 
através dos corantes que ele mesmo desenvolveu, 
com EA, hematoxilina e o orange G. 
Cuidados na fase pré-analítica garantem a 
precisão dos resultados dos exames. 
 
IMUNO-HISTOQUÍMICA 
Atualmente é utilização de uma conjugação 
avidina-biotina, formada por dois anticorpos com 
uma enzima conjugada a mais quatro enzimas, 
aumentando a acuidade, juntamente com antígeno 
e corpo fluorescente.

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