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2014 OrganizaçãO dO TrabalhO EducaTivO Em ambiEnTE nãO EscOlar Profª Mônica Conzatti Copyright © UNIASSELVI 2014 Elaboração: Prof. Profª Mônica Conzatti Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 370.733 C882o Conzatti, Mônica Organização do Trabalho Educativo em Ambiente não Escolar / Mônica Constate. Indaial: Uniasselvi, 2014. 259 p. ISBN 978-85-7830-852-0 1. Prática de Ensino. 2. Pedagogia. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Impresso por: III aprEsEnTaçãO Caro(a) acadêmico(a)! A educação direcionada aos ambientes não escolares objetiva ampliar as possibilidades de atuação do pedagogo, visando também desmistificar o olhar reducionista que a este foi empregado. Na concepção da pedagogia diferenciada e na busca dos sentidos relacionados aos conteúdos a serem ministrados, percebemos a importância do pedagogo, enquanto profissional sensível, mediante as diversidades apresentadas pelos educandos. Ao tratarmos das diversidades, estamos nos referindo a uma vasta manifestação cultural que faz parte da formação de cada sujeito envolvido neste processo, sendo a educação uma espécie de ponte que liga o indivíduo ao mundo que o cerca em seus campos de manifestação, como a família, a escola, a comunidade, as organizações, entre outras, que fazem parte de seu cotidiano. Para tanto, cabe-nos mostrar que o pedagogo pode desenvolver seu trabalho independentemente da idade dos que necessitam da mediação dos seus saberes. Este Caderno de Estudos objetiva ampliar a visão relacionada à organização do trabalho educativo em ambientes não escolares e estará acompanhando-o(a) ao longo da sua caminhada por meio das mais diversas possibilidades que vão desde a educação de jovens e adultos (mediante os conceitos de andragogia e heutagogia), até a pedagogia aplicada às políticas públicas, às empresas, aos hospitais e à educação carcerária. A cada nova unidade de estudo, precisamos estar cientes de que todos os espaços de atuação lidam com um coletivo individualizado, ou seja, independentemente do lugar em que o pedagogo atuará, estará carregado de crenças, metodologia própria e diretrizes norteadoras, além de contar com uma equipe multiprofissional já instaurada em cada um dos espaços. Sendo o pedagogo um profissional preparado para o trabalho em equipe, é válido lembrar que os espaços não escolares, em sua maioria, contam com profissionais de outras áreas, implicados na busca do bem-estar e desenvolvimento dos sujeitos que, muitas vezes, fragilizados, possuem condições de crescimento social. Acreditando que educar é amar, faço votos que seu amor pela educação rompa as mais resistentes barreiras, em busca da promoção da qualidade de vida e cidadania, a todos que a ela têm direito. Professora Mônica Conzatti IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS ................................ 1 TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ............. 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3 2 PHILIPPE PERRENOUD: UM NOME DE EXPRESSÃO DA PEDAGOGIA DIFERENCIADA .............................................................................................................................. 3 3 A PEDAGOGIA DIFERENCIADA ............................................................................................... 5 4 BREVE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ........................................................ 9 5 CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ................................................................ 12 RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 17 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 18 TÓPICO 2 – CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES ............................................. 19 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 19 2 PEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA ............................................................................................ 19 3 OUTROS SENTIDOS PARA EDUCAÇÃO ................................................................................. 25 4 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE A EDUCAÇÃO FORMAL, INFORMAL E NÃO FORMAL .............................................................................................................................. 28 RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 32 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 34 TÓPICO 3 – A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO .......................................... 35 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 35 2 TODOS POR UM: O GRUPO NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE .................................... 35 3 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PEDAGOGO ........................................................ 41 3.1 O PAPEL DO PEDAGOGO NA ATUALIDADE ..................................................................... 44 4 ÉTICA APLICADA À PEDAGOGIA – UMA BREVE REFLEXÃO ......................................... 46 5 O PROFESSOR NA PÓS-MODERNIDADE ............................................................................... 50 RESUMO DO TÓPICO3 .................................................................................................................... 55 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 56 TÓPICO 4 – A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES PROFESSOR E ALUNO NA CONSTRUÇÃO DOS SABERES ............................................................................... 57 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 57 2 A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO NO ENSINAR E APRENDER ...................................... 57 3 AS EXPECTATIVAS NA RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO ................................................... 60 4 O PAPEL DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DA AUTOESTIMA DA CRIANÇA .......... 65 5 A DIDÁTICA ASSERTIVA: UM NOVO CAMINHO PARA O TRABALHO DO PROFESSOR ...................................................................................................................................... 69 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 73 RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 76 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 77 sumáriO VIII UNIDADE 2 – ASPECTOS RELEVANTES DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ....................... 79 TÓPICO 1 – DIVERSIDADE CULTURAL: BASE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL .......... 81 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 81 2 A CULTURA E SUAS CULTURAS ................................................................................................ 81 3 EDUCANDO PARA A DIVERSIDADE ....................................................................................... 89 RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 95 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 96 TÓPICO 2 – INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ......................................................................................................................... 97 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 97 2 O SIGNIFICADO DO APRENDER E A DEFINIÇÃO DE EDUCADOR .............................. 97 3 O ESTUDO ATIVO E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ............................................................ 99 RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 109 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 110 TÓPICO 3 – ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA ........................................................................... 111 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 111 2 A FASE ADULTA DO DESENVOLVIMENTO ........................................................................... 111 3 PEDAGOGIA OU ANDRAGOGIA .............................................................................................. 116 4 HEUTAGOGIA, QUE MODALIDADE DE ENSINO É ESTA? ............................................... 120 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 122 RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 125 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 126 TÓPICO 4 – O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PEDAGÓGICO, ANDRAGÓGICO E HEUTAGÓGICO ..................................................................... 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 127 2 O TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇAO INTEGRAL NO BRASIL ...................... 127 3 O TRABALHO PEDAGÓGICO A PARTIR DA VISÃO HOLÍSTICA .................................. 131 3.1 DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS E FINALIDADES DA EDUCAÇÃO HOLÍSTICA .................................................................................................................................. 133 4 O TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA HUMANISTA ..................................... 134 5 AS BASES DA METODOLOGIA ANDRAGÓGICA PARA A APRENDIZAGEM ............ 137 6 ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO HEUTAGÓGICO .............................................................................................................................. 140 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 142 RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 150 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 151 UNIDADE 3 – PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES ............ 153 TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA SOCIAL E O PAPEL DO PEDAGOGO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................................................................... 155 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 155 2 UM PANORAMA SOBRE HISTÓRIA E ATUALIDADE DA PEDAGOGIA SOCIAL ............................................................................................................................................... 155 2.1 A PEDAGOGIA SOCIAL NA ALEMANHA ........................................................................... 158 2.2 IDENTIDADE E PERSONALIDADE DA PEDAGOGIA SOCIAL ....................................... 161 2.3 A PEDAGOGIA SOCIAL E A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO SOCIAL NO BRASIL ......... 164 3 A INSERÇÃO DA PEDAGOGIA SOCIAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS ........................... 166 IX RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 171 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 172 TÓPICO 2 – PEDAGOGIA HOSPITALAR: O ENSINAR EM UM AMBIENTE DE FRAGILIDADE ............................................................................................................. 173 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 173 2 A CRIANÇA HOSPITALIZADA ................................................................................................... 173 3 A PEDAGOGIA HOSPITALAR ..................................................................................................... 177 4 A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO HOSPITALAR: POSSIBILIDADES E DESAFIOS .......... 179 5 A BRINQUEDOTECA ...................................................................................................................... 183 5.1 OS BRINQUEDOS .......................................................................................................................194 6 A BRINQUEDOTECA HOSPITALAR .......................................................................................... 197 7 COMO FALAR SOBRE A MORTE PARA AS CRIANÇAS? .................................................... 200 RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 207 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 208 TÓPICO 3 – PEDAGOGIA ORGANIZACIONAL ....................................................................... 209 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 209 2 O PAPEL DO SETOR DE RECURSOS HUMANOS NO TREINAMENTO DE PESSOAL ............................................................................................................................................ 209 3 O PEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES .................................................................................... 216 3.1 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO: O ESPAÇO DE TRABALHO DO PEDAGOGO ORGANIZACIONAL ......................................................................................... 220 3.2 A RELAÇÃO ENTRE PESSOAS E ORGANIZAÇÃO ............................................................ 228 RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 234 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 236 TÓPICO 4 – PEDAGOGIA CARCERÁRIA .................................................................................... 237 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 237 2 BREVE HISTÓRICO DAS PRISÕES ............................................................................................ 237 3 LEGISLAÇÃO APLICADA À EDUCAÇÃO DE ADULTOS EM RECLUSÃO ..................... 238 4 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS APLICADA AO CÁRCERE PRIVADO ........... 244 5 O PEDAGOGO E A EDUCAÇÃO CARCERÁRIA: DESAFIOS APLICADOS A ESTE CONTEXTO ............................................................................................................................ 247 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 249 RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................................... 251 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 252 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 253 X 1 UNIDADE 1 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • conhecer o conceito e a aplicação da Pedagogia Diferenciada de Philippe Perrenoud; • identificar os espaços educativos em ambientes não escolares a partir da compreensão do conceito de educação não formal; • reafirmar a identidade do pedagogo diante do perfil de atuação direciona- do à educação não formal; • traçar a importância do estabelecimento dos vínculos entre aluno e professor. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a internalizar os conhecimentos estudados. TÓPICO 1– A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL TÓPICO 2 – CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES TÓPICO 3 – A IDENTIDADE DO PEDAGOGO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES TÓPICO 4 – A RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 1 INTRODUÇÃO Para iniciarmos o estudo relacionado à educação não formal, faz-se necessário termos clareza de alguns conceitos básicos, que darão suporte a esta modalidade educativa. Para tanto, discutiremos, neste primeiro tópico, alguns aspectos que marcam a importância da educação não formal na atuação do pedagogo, bem como a contribuição na fortificação das relações entre a escola e a comunidade. 2 PHILIPPE PERRENOUD: UM NOME DE EXPRESSÃO DA PEDAGOGIA DIFERENCIADA Para compreendermos o que virá a seguir, passaremos a conhecer um pouco mais sobre o estudioso Philippe Perrenoud e sua contribuição no que condiz aos aspectos relevantes da Pedagogia Diferenciada. FIGURA 1 – PHILIPPE PERRENOUD FONTE: Disponível em <http://pedagogiaunicidiesdeguaianas. spaceblog.com.br/624060/PERRENOUD-PHilLIPE-ENSINAR-AGIR- NA-URGENCIA-DECIDIR-NA-INCERTEZA/>. Acesso em: 13 jan. 2014. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 4 De acordo com Paula (2011), Philippe Perrenoud é sociólogo e antropólogo com doutorado nestas duas áreas. Sua atuação concentra-se às relacionadas ao currículo, práticas pedagógicas e instituições de formação, nas faculdades de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Para Perrenoud, o sucesso e o fracasso escolar não são exclusivos ao ambiente escolar, ou seja, o estudioso considera que cada aprendizado objetiva preparar os alunos para enfrentarem as etapas subsequentes ao currículo escolar, tornando o aluno capaz de mobilizar suas aquisições escolares fora do ambiente escolar, tornando assim qualquer ambiente pedagógico, independente de quaisquer situações. Perrenoud, conforme Paula (2011), reforça que o problema da transposição didática ou da construção das competências, vem de encontro a uma proposta norteadora em relação ao desenvolvimento significativo do potencial dos alunos, tanto dentro, quanto fora do ambiente escolar. Para ele, competência significa capacidade de agir de maneira eficaz em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimento, mas sem limitar-se a ela; lembrando que o mundo do trabalho se apoia na noção de competência e que a escola deve seguir estes passos no intuito de buscar a modernização e a inserção, na corrente de valores da economia de mercado. Em suas obras, Perrenoud abarca o conceito de competência, porém enfoca que não há uma definição clara e objetiva do seu significado. Para este estudioso existem três aspectos do que pode vir a ser competência: desempenho, hábito e sucesso. Perrenoud em sua proposta, enfatiza também, que quando os professores aceitam a ideia de competência, consideram-se encarregados de dar conhecimentos básicos aos seus alunos, pensando que antes de mobilizá-los em determinada situação, devem prestar-lhes informações básicas e metódicas no contexto do saber. Desta forma o estudioso inicia a discussão sobre uma das suas linhas de trabalho a transposição didática, assunto que trataremos no decorrer de nossos estudos. TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 5 NOTA Acadêmico(a)! A fim de esclarecer uma das áreas de formação deste estudioso, veremos o conceito de Antropologia, que é a ciência que estuda o homem e as implicações e características de sua evolução física (Antropologia Biológica), social (Antropologia Social), ou cultural (Antropologia Cultural). A palavra antropologia deriva das palavras gregas antropos (humano, ou homem) + logos (pensamento ou razão). Esta é uma ciência tardia que surgiu, ou se constituiu como disciplina científica, em meados do século XIX, a partir das descobertas de Darwin e sua teoria evolucionista, quando se concentrava na elaboração de teorias sobre a evolução do homem, sociedade e cultura. O homem não era mais fruto da criação Divina, então os cientistas começaram a procurar pela sua origem:o chamado “elo perdido”, que ligaria o homem moderno a seus ancestrais hominídeos. Com o tempo, os estudos sobre o homem ganharam forma, os cientistas começaram a se interessar pelos grupos humanos primitivos e seus costumes, cultura e características, passando a entender o homem não mais como uma criação de Deus, mas da natureza. FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/ciencias/antropologia/>. Acesso em: 13 jan. 2014. 3 A PEDAGOGIA DIFERENCIADA Antes de abordarmos a pedagogia aplicada aos ambientes não formais, vamos concentrar nossos estudos na pedagogia diferenciada como uma maneira de transpormos nossa visão além dos métodos clássicos. Para Perrenoud (2000) diferenciar (no aspecto social) significa lutar pelas desigualdades diante do espaço escolar, objetivando elevar o nível do ensino. Diante deste pressuposto, nós pedagogos, devemos ir muito além dos conteúdos, valorizando as experiências vivenciadas pelos alunos, objetivando acrescentar também estes conhecimentos, inserindo-os no currículo. O pedagogo que apresenta sensibilidade aos níveis de fracasso escolar, preocupa-se com a forma de ajustar suas aulas às características individuais dos alunos, buscando novos métodos de ensino que respeitem a diversidade. Permanecendo rígido aos métodos tradicionais e posteriormente aplicando-os da mesma forma a todos os alunos, o pedagogo estará sendo indiferente às diferenças. Perrenoud (2000) deixa claras as consequências a partir do momento em que o pedagogo: a) Evidencia o êxito daqueles que dispõem de maiores condições e acesso a estímulos culturais, dos códigos, do nível de desenvolvimento, das atitudes, dos interesses e apoios que permitem um aprendizado mais ágil que refletem nas notas das provas. b) Provoca o fracasso nos que não dispõem das mesmas condições, convencendo- os de que são incapazes de aprender, fazendo-os acreditar que o fracasso é sinal de insuficiência pessoal mais do que da inadequação da escola. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 6 Acadêmico(a)! Você já presenciou ou vivenciou estas situações enquanto frequentava a escola regular? Saiba que a forma como o sucesso e o fracasso escolar é exposta pelos professores, influenciam diretamente na construção da personalidade do estudante, principalmente no que tange à sua autoestima. Procure refletir sobre sua postura em relação a esta problemática enquanto futuro educador. DICAS O filme Escola de Rock retrata esta questão do reforçamento realizado pelo professor referente ao sucesso ou fracasso escolar. Dewey Finn (Jack Black) é um músico que acaba de ser demitido de sua banda. Cheio de dívidas para pagar e sem ter o que fazer, ele aceita dar aulas como professor substituto em uma escola particular de disciplina rígida. Logo Dewey se torna um exemplo para seus alunos, sendo que alguns deles se juntam ao professor para montar uma banda local, sem o conhecimento de seus pais. Assista! FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-47016/>. Acesso em: 13 jan. 2014. Perrenoud (2000) reforça que a pedagogia diferenciada está relacionada à didática, ao questionamento sobre o sentido do trabalho escolar, à relação com os outros saberes e à utilização dos conteúdos ministrados. É bem possível que você já se questionou, no período em que frequentou a escola regular, sobre a importância de aprender fórmulas matemáticas, composições químicas, espaços geográficos e até mesmo fatos históricos, buscando um sentido maior do que as reproduções mecanizadas nas avaliações. Em relação às dúvidas a respeito da aplicabilidade das informações, Perrenoud (2000) aponta que é preciso refletir sobre duas questões: TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 7 • A primeira refere-se à finalidade da informação a ser repassada, pois se considerarmos que o objetivo da escola é influenciar o mundo, os conhecimentos não transferíveis não despertam interesse. Portanto, para que serve a democratização do acesso ao saber, se não for mobilizável fora da escola? • A segunda refere-se à didática, sendo que a falta de sentido relacionado às aprendizagens origina uma parte das dificuldades deste contexto, pois traz como consequência uma visão limitada sobre dois campos de grande significação: as relações entre os saberes escolares e as práticas sociais. A educação nos provoca a pensarmos nos sentidos relacionados aos conteúdos escolares e, à consciência do trabalhar objetivando favorecer a transferência de conhecimentos no intuito de desenvolver competências. Este posicionamento nos direciona a outra forma de atuarmos, ou seja, buscar e transferir os significados do que queremos ensinar. Podemos arriscar dizer, que uma parcela dos alunos em fracasso escolar resiste às aprendizagens escolares, por não verem sentido nas informações que o educador fornece. Perrenoud (2000, p. 55) reforça esta questão ao comentar que O melhor a ser dito é que não se deve esperar dominar um saber para perguntar-se o que se poderia fazer com ele! Se uma parte dos jovens adultos oriundos da escolaridade obrigatória lê com muita dificuldade, se alguns correm o risco de tornarem-se analfabetos funcionais, não é apenas por não transferir um savoir-faire adquirido, é simplesmente por não tê-lo realmente construído durante sua escolaridade. NOTA Acadêmico(a)! A expressão savoir-faire significa habilidade para executar algo. FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioweb.com.br/savoir-faire/>. Acesso em: 21 jan. 2014. Neste sentido, o educador necessita estar atento ao constatar que o aluno está aquém do esperado para sua idade ou formação, na execução de alguma atividade, para que não corra o risco de rotulá-lo precipitadamente, como incapaz. É interessante questionar o aluno sobre como foram formadas as bases que sustentam aquela atividade, por exemplo: o aluno com dificuldades em matemática pode não ter compreendido as operações fundamentais consideradas simples, como adição, subtração, divisão e multiplicação, sendo esta a causa de sua dificuldade em avançar nos conteúdos mais complexos em relação à disciplina. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 8 Um educador comprometido com o processo de aprendizagem, fará o possível para que este educando possa avançar na aprendizagem, buscando métodos alternativos como: aulas extras, encaminhamento a outros profissionais, formulação de uma metodologia mais lúdica e realista etc., evitando movimentar- se de forma desnecessária na busca de culpados pela condição do aluno. É neste momento que Perrenoud (2000) traz a importância do conceito de transferência ao caracterizá-la como a capacidade de um sujeito de reinvestir suas aquisições cognitivas, ao se fazerem necessárias mediante outras situações (que fogem do contexto escolar), considerando que sem o mínimo de transferência, toda aprendizagem seria, portanto, totalmente inútil, visto que corresponderia a uma situação passada e não reprodutível em outra ocasião. A transferência traz à tona a necessidade de pensarmos em novas formas de demonstração, no que condiz a possibilidade de tornamos os conteúdos menos abstratos e mais próximos da realidade vivenciada naquela comunidade, constituída pelos alunos e suas famílias. Desta maneira estaremos preparando- os para que os conhecimentos adquiridos sejam reinvestidos nos mais variados cenários ao longo do seu desenvolvimento, sendo estes: na vida cotidiana, política, familiar e pessoal. FIGURA 2 – TRANSFÊNCIA DE CONHECIMENTO FORA DA ESCOLA FONTE: Disponível em: <http://paradigmasdapedagogia.blogspot.com. br/2011_05_01_archive.html>. Acesso em: 22 jan. 2014. Desta forma, Perrenoud (2000, p. 57) enfatiza que “globalmente, a importância atribuída à transferência de conhecimentos está ligada à mobilidade das pessoas e ao ritmo de transformação das sociedades”. Porém, não significadizer que as formas tradicionais de aprendizagem tenham que desaparecer por completo e nem que toda a aquisição precisa ser transferível a situações diferentes para ser digna de interesse; mas que seja considerada e valorizada a bagagem cultural e os saberes da criança ou adulto no decorrer da vida escolar. Pense nisso! TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 9 4 BREVE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO NÃO FORMAL Sendo a educação não formal um dos campos de atuação do pedagogo, torna-se interessante conhecer os momentos mais importantes da construção desta modalidade educacional. Gohn (2011) coloca que até a década de 80, a educação não formal era um campo pouco valorizado no Brasil, tanto nas políticas públicas quanto entre os educadores, pois todas as atenções estavam voltadas à educação formal. Mesmo que de maneira discreta, alguns estudiosos da época, acreditavam que se tratava de uma extensão das atividades escolares e enfatizavam esta ideia. Nesta época, a visão mais otimista lançada à educação não formal, estava relacionada à educação de jovens e adultos, que além de ter um projeto voltado à alfabetização, objetivava integrá-los ao contexto urbano-industrial. Gohn (2011, p. 100) enfatiza que: Genericamente, a educação não formal era vista como o conjunto de processos delineados para alcançar a participação de indivíduos e de grupos em áreas denominadas extensão rural, animação comunitária, treinamento vocacional técnico, educação básica, planejamento familiar etc. Os conteúdos a serem adquiridos na aprendizagem via educação não formal, incluíam: atitudes positivas em relação à cooperação na família, trabalho, comunidade, colaboração para o crescimento nacional, progresso etc.; a alfabetização funcional; o conhecimento de habilidades funcionais para o planejamento familiar, sustentação econômica e participação cívica, além de uma visão científica para compreensão elementar de determinadas áreas específicas. Em 1990, esta modalidade passou a destacar-se devido a mudanças significativas na economia, na sociedade e no mundo do trabalho, quando houve uma valorização das questões referentes à aprendizagem em grupos e aos valores culturais que regiam as comunidades naquela época, considerando que as crenças e valores sociais eram determinantes na conduta dos indivíduos. Diante disso, outra forma de pensar a educação não formal estava surgindo, ou seja, era necessário investir em uma nova cultura organizacional que apostasse na aprendizagem de habilidades extraescolares. Gohn (2011) coloca que a instauração desta nova visão foi muito além de configurar um novo campo para esta modalidade educacional. Houve organizações importantes posicionando-se em defesa de investimentos nesta área, sendo estas: agências internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 10 FIGURA 3 – UNESCO FONTE: Disponível em: <http://www.concursosmuseologia.com.br/2013/08/ unesco-abre-processo-seletivo.html>. Acesso em: 20 jan. 2014. Em 1990, foi realizada na Tailândia, uma conferência em que dois documentos de considerável expressão foram elaborados, sendo denominados “Declaração mundial sobre educação para todos” e “Plano de ação para satisfazer necessidades básicas da aprendizagem”; particularidades relacionadas à América Latina juntamente com experiências de ONGs (Organizações não Governamentais) em programas de educação na região, elencaram novas possibilidades de trabalho destinadas a esta área. Assim, Gohn (2011, p. 101-102) considera que: A partir da definição de necessidades básicas de aprendizagem, vistas como “ferramentas essenciais para a aprendizagem” e de seus novos “conteúdos básicos”, abrangendo, além dos conteúdos teóricos e práticos, valores e atitudes para viver e sobreviver, e a desenvolver a capacidade humana, os documentos da conferência ampliam o campo da educação para outras dimensões além da escola. [...] Os documentos prosseguem preconizando a necessidade de mudanças, numa visão ampliada da educação, inovando os canais existentes, fazendo-se alianças e utilizando-se recursos de forma a universalizar o acesso à educação e fomentar a equidade. As ONGs ocupam um lugar de grande destaque no cenário educacional não formal, devido a trabalhos desenvolvidos no âmbito educativo comunitário e intrafamiliar, na área de educação fundamental junto a comunidades indígenas e rurais, bem como em programas de educação para o trabalho voltado a entidades que promovam programas sobre tecnologias apropriadas, autogestão, agricultura sustentável e preservação do meio ambiente. Gohn (2011) destaca que as ONGs são agências que possuem know-how em metodologias, estratégias e programas de ação, tendo se firmado ao longo das últimas décadas como incentivadoras do trabalho voluntário, bem como destacam-se no resgate do conhecimento, crenças e costumes das culturas locais, adotando uma postura de valorização e não de desprezo. TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 11 NOTA Acadêmico(a)! O termo know-how provém do inglês e significa “saber como”. Ao ser aplicado a alguém que apresenta know-how em alguma atividade, refere-se à pessoa que sabe desempenhar essa tarefa com conhecimento de causa e experiência. FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/know-how/. Acesso em: 17 jan. 2014. Gohn (2011) coloca que ainda na década de 90, o Brasil sofreu com um balanço na economia, provocando uma onda de desemprego motivada por políticas globalizantes, com características excludentes que desestabilizaram o mercado de trabalho, criando uma situação de precariedade do trabalhador em relação a um sistema de direitos. Os trabalhadores perderam seu status, segurança e, às vezes, a própria identidade, com o findar do sistema salarial. Esta situação trouxe à tona o novo modelo desenhado pela ONU em que enfatizava-se o poder do conhecimento e não mais da economia, ou seja, passava-se a exigir das pessoas o domínio de habilidades consideradas básicas, como por exemplo, ter fluência em mais de um idioma, bem como das questões relacionadas à gestão, sejam na carreira profissional, nos conflitos, ou no trabalho em equipe etc.; visando ao planejamento de todos, na vida pessoal e profissional. Além disso, passa-se a exigir do trabalhador um perfil criativo e compreensivo dos processos, além de uma postura flexível às novas ideias, com capacidades que visem ao raciocínio rápido na tomada de decisões e responsabilidade com suas atividades e com as outras pessoas, nos campos relacionados à sociedade e ao meio ambiente. Gohn (2011) ressalta que para a formação desta nova personalidade profissional preparada a enfrentar as demandas deste mercado de trabalho, foram desenvolvidos alguns cursos por certos programas oficiais, a fim de atender às necessidades básicas do cidadão. Diante do fato do maior problema ser o desemprego, foi preciso alterar políticas públicas, de forma que se priorizasse a retomada do desenvolvimento e a expansão do setor produtivo. Estes cursos fizeram parte das políticas do modelo econômico vigente na época, porém priorizavam os interesses do capital especulativo internacional em detrimento do desenvolvimento nacional. Na prática, a nova organização mundial trouxe benefícios em nível de capacitação profissional e oportunidade de ampliação dos segmentos relacionados à indústria, mas como consequência, a sociedade tornou-se mais competitiva, individualista e violenta, sendo relevante mencionar o aumento considerável de doenças diretamente ligadas ao trabalho. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 12 5 CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL É comum associarmos a educação somente ao ambiente formal (escolar) com suasnormativas e diretrizes, mas é necessário lembrar que seu conceito é amplo e vai muito além dos muros das escolas, ou seja, está diretamente associado ao conceito de cultura. Para Gohn (2011) a cultura é concebida como modos, formas e processos de atuação na história, onde é construída, passando constantemente por modificações, sendo diretamente influenciada por valores que se sedimentam em tradições e são transmitidos de uma geração para outra. Considerando que a educação de um povo consiste no processo de absorção, reelaboração e transformação da cultura existente, entende-se que ela é geradora da cultura política de uma nação. Nos aspectos relacionados à educação não formal, Gohn (2011, p. 106) destaca cinco importantes dimensões que designam este processo: O primeiro envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos, isto é, o processo que gera a conscientização dos indivíduos para a compreensão dos seus interesses e do meio social e da natureza que o cerca, por meio da participação em atividades grupais. Participar de um Conselho de escola poderá desenvolver essa aprendizagem. O segundo, a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades. O terceiro, a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com os objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos. [...] O quarto, e não menos importante, é a aprendizagem de conteúdos da escolarização formal, escolar, em formas e espaços diferenciados. Aqui, o ato de ensinar se realiza de forma mais espontânea, e as forças sociais organizadas de uma comunidade têm o poder de interferir na delimitação do conteúdo didático ministrado bem como estabelecer as finalidades a que se destinam àquelas práticas. O quinto é a educação desenvolvida na e pela mídia, em especial eletrônica. Vivemos em uma época em que as mídias fazem parte do nosso cotidiano e o influenciam diretamente, tornando o acesso à informação quase que instantaneamente no ato do acontecimento. A modernização da sociedade trouxe uma aceleração da rotina, provocando vários efeitos colaterais entre eles: frustração, estresse, relações familiares frágeis, ansiedade, doenças de caráter psicossomático etc. TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 13 NOTA Acadêmico(a)! A psicossomática é uma doença caracterizada por sinais e manifestações apresentadas pelo corpo, onde os exames médicos não conseguem descobrir uma origem orgânica ou biológica para o sintoma. FONTE: Disponível em: <http://elidioalmeida.com/2011/01/doenca-psicossomatica-o-que- e-isso/>. Acesso em: 20 jan. 2014. Diante destes atenuantes, a sociedade busca formas alternativas de lidar com a fragilidade expressa no corpo, na procura por cursos que visam trabalhar maneiras de reduzir os impactos da rotina no organismo, como o: autoconhecimento, o relaxamento, a meditação e os alongamentos etc. Estes recursos vêm crescendo constantemente, sendo considerados um campo da educação não formal. Conforme Gohn (2011), a educação transmitida pela família, nas relações de amizade, clubes, nos teatros, na leitura de jornais, nos livros, nas revistas, entre outros meios são considerados temas da educação informal. A diferença entre educação não formal e informal é que na primeira existem dois sujeitos, ou seja, fazem parte desta modalidade alcançar objetivos e/ou desenvolver competências. Já a educação informal decorre de processos espontâneos não havendo rigidez metodológica na sua condução. Os espaços de educação não formal se desenvolvem: nas associações de bairro, nos movimentos sociais, nas igrejas, nos sindicatos, nos partidos políticos, nas ONGs, nos espaços culturais e nas próprias escolas. As escolas fazem parte desta modalidade de ensino ao serem palco de atividades culturais abertas à comunidade ou mesmo quando proporcionam aos seus alunos oficinas temáticas de trabalho como artesanato, teatro etc. FIGURA 4 – OFICINA DE TEATRO FONTE: Disponível em: <http://www.spbarueri.com.br/workshop-teatro- de-rua-em-barueri-%E2%80%93-inscricoes.html>. Acesso em: 20 jan. 2014. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 14 Nas atividades relacionadas à educação não formal, as questões referentes às categorias de espaço e tempo recebem outra conotação. Gohn (2011) enfatiza que o espaço, neste caso, é algo criado e recriado segundo os modos de ação previstos nos objetivos maiores que dão sentido ao fato de determinado grupo social estar reunido. Já o tempo não é algo fixado a priori e são respeitadas as diferenças existentes para a absorção e reelaboração dos conteúdos, implícitos e explícitos, no processo de ensino-aprendizagem. A educação não formal busca evitar o enquadramento dos indivíduos que participam desta forma educativa, procurando flexibilizar o currículo com o objetivo de atender à demanda da clientela. Considerando que um dos principais objetivos da educação não formal é o exercício da cidadania, busca, entretanto pensar suas ações voltadas ao coletivo, sendo estas elaboradas em função destes, nos quais destacamos: grupos de trabalhadores, grupos de jovens, adultos, mães, terceira idade etc. Gohn apud Afonso (1992) nos contempla com um quadro comparativo entre as escolas tradicionais (educação formal) e as associações democráticas para o desenvolvimento não formal: QUADRO 1 – COMPARATIVO ENTRE AS ESCOLAS TRADICIONAIS (EDUCAÇÃO FORMAL) E AS ASSOCIAÇÕES DEMOCRÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO NÃO FORMAL Tipos de Aprendizagem Escolas tradicionais Associações democráticas para o desenvolvimento Apresentam um caráter compulsório Apresentam um caráter voluntário Dão ênfase apenas à instrução Promovem sobretudo a socialização Favorecem o individualismo e a competição Promovem a solidariedade Visam à manutenção dos status quo Visam ao desenvolvimento Preocupam-se essencialmente com a reprodução cultural e social Preocupam-se essencialmente com a mudança social São hierárquicas e fortemente formalizadas São pouco formalizadas e pouco ou incipientemente hierarquizadas Dificultam a participação Favorecem a participação Utilizam métodos centrados no professor-instrutor Proporcionam a investigação-ação e projetos de desenvolvimento S u b o r d i n a m - s e a u m p o d e r centralizado São, por natureza, formas de participação descentralizada FONTE: AFONSO (1992) TÓPICO 1 | A PEDAGOGIA DIFERENCIADA E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 15 NOTA Acadêmico(a)! A expressão “status quo” significa o estado atual das coisas. No estado que devem estar as coisas. FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/status%20quo/>. Acesso em: 20 jan. 2014. Acadêmico(a)! É importante frisar que as duas modalidades educativas (não formal e informal) possuem aspectos considerados positivos e negativos, sendo assim, na prática educativa necessitamos filtrar as possibilidades que cada uma delas nos oferece. A aprendizagem relacionada à educação não formal se dá através da prática social, sendo pautada no pressuposto que por meio das experiências vivenciadas pelo grupo o aprendizado é originado, considerando que esta prática educativa é de caráter coletivo. FIGURA 5 – APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL FONTE: Disponível em: <http://www.gthidro.ufsc.br/comunidade-de-aprendizagem- em-governanca-do-saneamento>. Acesso em: 20 jan. 2014. A respeito disso Gohn (2011, p. 112) nos enfatiza que: A maior importância da educação não formal está na possibilidade de criação de novos conhecimentos, ou seja, a criatividade humana passa pela educação não formal. O agir comunicativo dos indivíduos, voltado para o entendimento dos fatos e fenômenos sociais cotidianos, UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 16 baseia-se em convicções práticas,muitas delas advindas da moral, elaboradas a partir das experiências anteriores, segundo as tradições e as condições histórico-sociais de determinado tempo e lugar. O conjunto desses elementos fornece a amálgama para a geração de soluções novas, construídas em face dos problemas que o dia a dia coloca nas ações dos homens e das mulheres. A educação não formal proporciona aos seus participantes um espaço importante de reflexão e posteriormente, ações que possam vir a beneficiar diretamente a comunidade no qual estão inseridos. Para que isso seja concreto, é necessário empenho e determinação dos grupos envolvidos com essa prática educativa, motivando a participação da comunidade. Gohn (2011) considera que é importante esclarecer que os processos metodológicos utilizados na educação não formal estão pouco relacionados à leitura e à escrita, ou seja, a discussão e a troca de ideias se dão por meio dos saberes disponíveis, no passado e presente e são consideradas prioridades nesta modalidade. Estes momentos possibilitam aos participantes a expressão de seus desejos, emoções e pensamentos, que por algum motivo (carência socioeconômica, direito individual, demanda não atendida) permaneceram calados. Acadêmico(a)! A educação não formal exige do pedagogo um pensamento crítico e aberto às diferentes situações que irão fazer parte do seu cotidiano; pois como vimos anteriormente, as modalidades educativas estão separadas somente por conceitos teóricos, porém a realidade as une. Pensar a escola hoje é reconhecer a existência de demandas individuais e coletivas, orientando para a liberdade do sujeito, preparando-o para o exercício do diálogo democrático e para as mudanças sociais. Buscar desenvolver a capacidade do sujeito em compreender o outro em sua cultura, deve fazer parte do conteúdo programático das atividades a serem desenvolvidas, quebrando paradigmas. 17 Neste tópico, você aprendeu que: • Para Perrenoud (2000), o sucesso e o fracasso escolar não são exclusivos ao ambiente escolar, pois o estudioso considera que cada aprendizado objetiva preparar os alunos para enfrentarem as etapas subsequentes ao currículo escolar, tornando o aluno capaz de mobilizar suas aquisições escolares fora do ambiente escolar, tornando qualquer ambiente, um ambiente pedagógico, independente de quaisquer situações. • O conceito de competência enfocado por Perrenoud diz que não há uma definição clara e objetiva do seu significado, sendo que para o estudioso existem três aspectos do que pode vir a ser competência, como: desempenho, hábitos e sucesso. • Perrenoud (2000) nos coloca ainda que a pedagogia diferenciada está relacionada com: a didática, o questionamento sobre o sentido do trabalho escolar, a relação com os outros saberes e a utilização dos conteúdos ministrados. • Um educador comprometido com o processo de aprendizagem, fará o possível para que este educando possa avançar na aprendizagem, buscando métodos alternativos como: aulas extras, encaminhamento a outro profissional, formulação de uma metodologia mais lúdica e realista etc., evitando movimentar-se de forma desnecessária na busca de culpados pela condição do aluno. • A diferença entre educação não formal e informal é que na primeira existem dois sujeitos, ou seja, fazem parte desta modalidade alcançar objetivos e/ ou desenvolver competências. Já a educação informal decorre de processos espontâneos não havendo rigidez metodológica na sua condução. • ONGs são agências que possuem know-how em metodologias, estratégias e programas de ação, tendo se firmado ao longo das últimas décadas como incentivadoras do trabalho voluntário. Elas se destacam no resgate do conhecimento, crenças e costumes das culturas locais, adotando uma postura de valorização e não de desprezo. RESUMO DO TÓPICO 1 18 1 Para Perrenoud (2000) diferenciar significa lutar pelas desigualdades diante do espaço escolar, objetivando elevar o nível do ensino. Desta forma, como o profissional da educação precisa trabalhar este conceito de diferenciar? 2 Como você, acadêmico(a), visualiza a educação não formal e como ela acontece dentro desta estrutura? Exemplifique. AUTOATIVIDADE 19 TÓPICO 2 CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Durante seus estudos nesta disciplina, vamos juntos caminhar pelos espaços não escolares, seus significados e forma como o pedagogo se destaca neles em seus formatos de atuação. Inicialmente, faremos um resgate de alguns conceitos importantes, sendo estes: educação formal, informal e não formal, bem como o conceito de pedagogia. Posteriormente, veremos alguns dos possíveis ambientes de educação não formal, nos quais os saberes pedagógicos contribuem de forma significativa no transcorrer dos processos educativos. Desejamos, acadêmico(a), que seus estudos sejam produtivos e que enriqueçam sua visão diante destas possibilidades de trabalho. Bons estudos! 2 PEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA Por muito tempo a visão sobre o conceito e missão da Pedagogia, permaneceu limitada ao modo como se ensina ou o uso de técnicas de ensino, sendo então restritos ao ambiente escolar. Porém, um novo cenário da educação inicia-se a partir de novas perspectivas para o profissional, tornando seu significado mais amplo e complexo. Libâneo (2010, p. 29) aponta que a Pedagogia [...] é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa. O pedagógico refere-se às finalidades da ação educativa, implicando objetivos sociopolíticos a partir dos quais se estabelecem formas organizativas e metodológicas da ação educativa. Nesse entendimento, o fenômeno educativo apresenta-se como expressão de interesses sociais em conflito com a sociedade. É por isso que a Pedagogia expressa finalidades sociopolíticas, ou seja, uma direção explícita da ação educativa. A pedagogia ensaia novos passos que vão além dos muros das escolas direcionando o ato educativo a uma prática concreta realizada para a sociedade como um todo, respondendo aos novos movimentos que estão sendo estabelecidos UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 20 como a globalização, o neoliberalismo, o terceiro setor, e a educação on-line, exigindo dos profissionais pedagogos maior qualificação e preparo. Diante destes novos movimentos, Libâneo (2010) nos mostra que a educação é um conjunto de ações, processos, influências e estruturas, que através de suas práticas intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos, estabelecendo uma relação ativa com o meio natural e social, diante de um determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. O campo de atuação da pedagogia é vasto, pois a educação ocorre em várias instâncias como na família, no trabalho, na rua, nas organizações, nos meios de comunicação, na política, entre outras. FIGURA 6 – EDUCAÇÃO NA FAMÍLIA FONTE: Disponível em: <http://www.novabrasilfm.com.br/blog/marcio-cruz/ familia-familia-acorda-junto-todo-dia-nunca-perde-essa-mania/>. Acesso em: 6 jan. 2014. Estas modalidades educativas manifestam-se de diferentes formas e são classificadas em: educação formal, não formal e informal. Libâneo (2010) as diferencia da seguinte forma: a) Educação informal: corresponde às ações e influências exercidas pelo meio, ou seja, o ambiente sociocultural em que o indivíduo está inserido, por meio das relações do indivíduo com outros indivíduos ou grupos em vários aspectos, sejam estes: social, ecológico, físico e cultural. Este envolvimento resulta em conhecimentos, experiências e práticas que não estão ligadas à uma instituição, sendo assim, não apresentam uma função intencional ou organizada. TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 21 FIGURA 7– EDUCAÇÃO INFORMAL FONTE: Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/03/ fundamentos-historicos-e-filosoficos-da.html>.Acesso em: 6 jan. 2014. b) Educação não formal: caracteriza-se pela relação educacional realizada em espaços fora dos marcos institucionais, mas que obedecem a certo grau de sistematização e estruturação. FIGURA 8 – EDUCAÇÃO NÃO FORMAL FONTE: Disponível em: <http://www.sorocaba.sp.gov.br/pagina/230/>. Acesso em: 7 jan. 2014. c) Educação formal: é composta pelas instâncias de formação, escolares ou não, em que há objetivos educativos explícitos resultantes de uma ação intencional institucionalizada, estruturada e sistemática. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 22 FIGURA 9 – EDUCAÇÃO FORMAL FONTE: Disponível em: <http://gifrana.blogspot.com.br/2009/12/educacao- formal.html>. Acesso em: 7 jan. 2014. Acadêmico(a)! Estas modalidades de educação possuem particularidades, porém não podem ser consideradas de forma isolada. Considerando que as práticas educativas fazem-se presentes em muitos lugares, o pedagogo passa a fazer parte de outros cenários, reconstruindo sua atuação em novos espaços. Gadotti (2005) aponta que a educação não formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática, pois os programas desenvolvidos nesta modalidade educacional não necessitam seguir um sistema sequencial e hierárquico de progressão. Sua duração pode ser de acordo com a necessidade da instituição que o desenvolve, podendo fornecer certificados ou não. Diante do exposto, Gadotti (2005, p. 2) sustenta que: O tempo da aprendizagem na educação não formal é flexível, respeitando as diferenças e as capacidades de cada um, de cada uma. Uma das características da educação não formal é sua flexibilidade tanto em relação ao tempo quanto à criação e recriação dos seus múltiplos espaços. São caracterizados como espaços de atuação do pedagogo para a educação não formal: empresas, hospitais, ONGs, associações, igrejas, eventos, emissoras de transmissão (rádio e TV), penitenciárias, agências de viagem, entre outros lugares em que os saberes pedagógicos façam a diferença. Desta forma o pedagogo acompanha as transformações sofridas pela sociedade fazendo com que esta também a perceba de outra forma, deixando de ser visto como um TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 23 profissional diretamente ligado à educação formal, passando a desenvolver um trabalho mais amplo e diversificado. Para Libâneo (2010), a educação está associada aos processos de comunicação e interação nos quais os membros de uma sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes e valores existentes em um meio culturalmente organizado, ganhando com isso a importância necessária para produzir outros saberes, técnicas, valores etc. Este profissional, que sempre exerceu o papel de transformador do conhecimento e do comportamento humano, agora acompanha as mudanças sociais, efetivando sua atuação além dos muros da escola, e que, no entanto, também objetivam a aprendizagem e a modificação do comportamento humano dentre a educação não formal. Libâneo (2010) chama nossa atenção ao afirmar que o pedagogo é o profissional cuja atuação é ampliada às várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo por objetivo a formação humana previamente definida em sua contextualização histórica. Partindo do pressuposto de que a evolução social tem inserido o pedagogo em um mercado de trabalho cada vez mais amplo e diversificado, faz-se importante compreendermos que muitas foram as mudanças na dinâmica desta sociedade contemporânea, devido à globalização e às modernizações. Também foram valorizadas, com mais intensidade, ações como inclusão social, voluntariado, projetos e pesquisas voltados às várias modalidades educativas (formal, informal e não formal), reforçando que o processo de ensino-aprendizagem não se restringe somente ao espaço escolar. Libâneo (2010) enfatiza que no campo da ação pedagógica extraescolar encontramos profissionais que exercem sistematicamente atividades pedagógicas e outros que ocupam apenas parte de seu tempo nestas atividades, dentre eles: a) Formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos, consultores, orientadores, que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares) em órgãos públicos, privados e públicos não estatais, os ligados às empresas, à cultura e aos serviços de saúde, alimentação, promoção social etc. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 24 FIGURA 10 – ORIENTAÇÃO EM SAÚDE FONTE: Disponível em: <http://linkdigital.ifsc.edu.br/2012/05/21/ifsc-participa- da-semana-municipal-de-conscientizacao-e-orientacao-sobre-saude-mental-em- joinville/>. Acesso em: 8 jan. 2014. b) Formadores que atuam nas empresas com a transmissão de saberes e técnicos ligados a outras atividades profissionais especializadas. Neste quesito temos, por exemplo, engenheiros, supervisores de trabalho, técnicos etc., que dedicam boa parte de seu tempo a supervisionar e ensinar trabalhadores no local de trabalho, orientar estagiários etc. FIGURA 11 – ORIENTAÇÃO DE ESTÁGIO FONTE: Disponível em: <http://economia.terra.com.br/lei-do-estagio-ajuda- empreendedor-a-descobrir-novos-talentos,857832c35076b310VgnCLD200000bb cceb0aRCRD.html>. Acesso em: 8 jan. 2014. TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 25 c) Trabalhadores sociais, monitores e instrutores de recreação e educação física, bem como profissionais das mais diversas áreas onde ocorre algum tipo de atividade pedagógica, tais como: administradores de pessoal, redatores de jornais e revistas, comunicadores sociais e apresentadores de programas de rádio e TV, criadores de programas de TV, de vídeos educativos, de jogos e brinquedos, elaboradores de guias urbanos e turísticos, mapas, folhetos informativos, agentes de difusão cultural e científica etc. FIGURA 12 – GUIA TURÍSTICO FONTE: Disponível em: <http://www.tocadacotia.com/turismo/guia-de-turismo>. Acesso em: 8 jan. 2014. Acadêmico(a)! Como você pôde observar há uma gama enorme de atividades pedagógicas desenvolvidas por outros profissionais, que muitas vezes nem se dão conta de que exercem um papel educativo e influente no cotidiano de outras pessoas. Neste caso, a intervenção do pedagogo é de grande valia, pois como profissional habilitado em lidar com questões também referentes à dinâmica da aprendizagem, tem muito a contribuir com as outras categorias profissionais. 3 OUTROS SENTIDOS PARA EDUCAÇÃO Veremos a seguir que a educação se apresenta com outros sentidos, além daqueles que já conhecemos. Para tanto devemos também, enquanto pedagogos adotar outras posturas tendo como finalidade repensar nossa prática e reconstruir nossos métodos. Para Libâneo apud Mialaret (1976) a educação caracteriza-se de três outras formas: educação-instituição, educação-processo e educação-produto, que se organizam da seguinte maneira: UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 26 a) Educação-instituição: esta linha corresponde a uma estrutura organizacional e administrativa, com normas de funcionamento e diretrizes pedagógicas que se referem ao sistema educacional como um todo, no caso do funcionamento interno de cada instituição. Neste âmbito estão as escolas e as outras formações de educação, como: educação brasileira, educação norte-americana e educação familiar, sendo esta também inclusa como instituição. O autor esclarece que a multiplicidade de modalidades educativas presentes na sociedade contemporânea não restringem o sistema educacional ao sistema de ensino, muito menos o reduzem às formas estritamente institucionais ou oficiais. Na educação não formal, encontramos outras categorias assim organizadas como os movimentos sociais e comunitários, as atividades de animação cultural, equipamentos urbanos etc. FIGURA 13– MOVIMENTOS SOCIAIS FONTE: Disponível em: <http://feab.wordpress.com/2009/12/03/a-une-as-fraudes-e-a- criminalizacao-dos-movimentos-sociais/>. Acesso em: 8 jan. 2014. b) Educação-processo: esta instância é ligada à ação educadora e suas condições/ modos pelos quais os sujeitos incorporam os meios de se educar. Considerando que toda educação implica uma relação de influência entre os seres humanos, a educação-processo objetiva formar o sujeito, de modo que o mesmo possa alcançar propósitos explícitos e intencionais, promovendo aprendizagens mediante a atividade própria dos sujeitos. É aplicada em ambientes organizados, objetivos e com conteúdos definidos em função das necessidades apresentadas pelos sujeitos, visando à utilização de métodos e procedimentos de intervenção educativa buscando obter determinados resultados distinguindo- se dos processos educativos informais, que são mais difusos e espontâneos. O processo educativo opera com três elementos considerados essenciais: um agente que origina a ação educativa, um modo de atuação que se constitui de conteúdo ou método e um destinatário que corresponde a um indivíduo, grupo ou geração. TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 27 FIGURA 14 – TREINAMENTO FONTE: Disponível em: <http://www.ines.gov.br/_layouts/mobile/view. aspx?List=f99d462d-c61d-47a9-b3c9-abf307e38d59&View=2825c49b-0843- 4a8f-8fea-d3e10904a144>. Acesso em: 9 jan. 2014. c) Educação-produto: este modelo caracteriza-se pelos resultados obtidos na execução das ações educativas, diante da configuração do sujeito educado como consequência dos processos educativos ministrados. Configura-se no aluno educado como produto da oferta de serviços educativos. Ao fazermos uso de comentários como “o ensino fundamental está deixando a desejar” ou “a criança está no quinto ano e ainda não sabe ler”, estamos avaliando a educação- produto. Neste aspecto, estamos questionando os objetivos e conteúdos da educação, indiferente se esta for escolar ou não escolar, pois ambas refletem as expectativas sociais. Ao definirmos como projeto a formação de sujeitos com perfil autônomo, solidário, participativo e/ou profissionalmente capacitados, estamos nos remetendo ao “aluno educado” como sujeito que se comporta e se conduz de acordo com estas expectativas. Os educadores precisam ter clareza dos objetivos e efeitos do processo educativo, sendo necessário avaliar a educação-produto e, reformular a educação-instituição, visando aprimorar a educação-processo caso for necessário. UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 28 FIGURA 15 – FRACASSO X SUCESSO ESCOLAR FONTE: Disponível em: <http://fracassoescolar2012.blogspot.com.br/>. Acesso em: 9 jan. 2014. Considerando que a educação é uma ação, a educação-processo é a forma que norteia as bases para a educação-sistema e para a educação-produto. Neste ponto cabe verificar se os objetivos estão de acordo com as idades, os vários agrupamentos sociais e as realidades vividas pelos sujeitos educandos. 4 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE A EDUCAÇÃO FORMAL, INFORMAL E NÃO FORMAL Conforme a proposta desta disciplina, passaremos a concentrar e aprofundar nossos estudos na modalidade de educação não formal. Porém, como anteriormente vimos, as três modalidades educativas (formal, informal e não formal) estão de alguma forma interligadas, o que nos obriga a destrinchá-las para que possamos entender também o que as mantém unidas. Primeiramente, necessitamos ser visionários de um processo educativo ligado a várias estruturas sociais, deixando de lado a antiga concepção de que a educação é restrita aos espaços das escolas, tratando-se de um movimento que é fruto do desenvolvimento social e que é determinada pelas relações sociais vigentes em cada sociedade. A educação transforma-se no mesmo ritmo que a sociedade evolui. Um exemplo dessa evolução são as tecnologias de informação aplicadas à educação, com programas específicos que auxiliam na aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos. Lembre-se também de que a educação a distância é uma mostra desse “pensar educação” diante dos progressos da sociedade. Libâneo (2010) busca nortear nossos olhares sobre as modalidades educativas, ao destacar que a concepção do processo educativo leva à ampliação do significado da educação na sociedade, enfatizando a necessidade da distinção TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 29 entre a educação não intencional e a educação intencional. Ao tratar da educação não intencional, o autor nos remete a refletir: Num sentido mais amplo, a educação abrange o conjunto das influências do meio natural e social que afetam o desenvolvimento do homem na sua relação ativa com o meio social. Os fatores naturais como o clima, a paisagem, os fatores físicos e biológicos, sem dúvida exercem uma ação educativa. Do mesmo modo, o ambiente social, político e cultural implicam sempre mais processos educativos, quanto mais a sociedade se desenvolve. Os valores, os costumes, as ideias, a religião, a organização social, as leis, o sistema de governo, os movimentos sociais, as práticas de criação de filhos, os meios de comunicação social são forças que operam e condicionam a prática educativa. A despeito desse grande poder dessas influências, boa parte delas ocorre de modo não intencional, não sistemático, não planejado. (LIBÂNEO, 2010, p. 87). No que condiz à educação intencional, Libâneo (2010, p. 87) sustenta que: Surge, pois, no desenvolvimento histórico da sociedade, a educação intencional como consequência da complexificação da vida social e cultural, da modernização das instituições, do progresso técnico científico, da necessidade de cada vez maior número de pessoas participarem das decisões que envolvem a coletividade. A sociedade moderna tem uma necessidade inelutável de processos educacionais intencionais, implicando objetivos sociopolíticos explícitos, conteúdos, métodos, lugares e condições específicas de educação, precisamente para possibilitar aos indivíduos a participação consciente, ativa, crítica na vida social global. Deve estar claro ao pedagogo, que há uma distinção entre ambas e que a totalidade da educação se dá a partir da junção destas duas modalidades, principalmente no que tange às relações (vínculos) estabelecidos durante o processo de formação do indivíduo. A educação intencional e a não intencional unem-se a partir do momento em que percebemos que o indivíduo não está alheio às mudanças que ocorrem ao seu redor ou muito menos isolado das diretrizes que organizam os diversos processos dos quais ele é submetido, ao longo da vida. Diante disso, vamos procurar esclarecer, acadêmico(a), algumas prerrogativas pertinentes à educação formal e à não formal, sendo estas: a educação formal é aplicada exclusivamente aos ambientes escolares? Qual é a diferença entre a educação formal e a não formal? A educação formal faz parte da formação dos adultos incluídos em movimentos sociais? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS 30 Libâneo (2010, p. 88) nos esclarece as diferenças das respectivas denominações inferidas a estas modalidades educativas, ao sustentar que: Formal refere-se a tudo que implica uma forma, isto é, algo inteligível, estruturado, o modo como algo se configura. Educação formal seria, pois, aquela estruturada, organizada, planejada intencionalmente, sistemática. Neste sentido, a educação escolar convencional é tipicamente formal. Mas isso não significa dizer que não ocorra educação formal em outros tipos de educação intencional. Entende-se assim, queonde haja ensino (escolar ou não) há educação formal. Neste caso são atividades educativas formais também a educação de adultos, a educação sindical, a educação profissional, desde que estejam presentes a intencionalidade, a sistematicidade e condições previamente preparadas, atributos que caracterizam um trabalho pedagógico-didático, ainda que realizadas fora do marco escolar propriamente dito. FIGURA 16 – ASSEMBLEIA SINDICAL FONTE: Disponível em: <http://www.bancariosdf.com.br/site/index. php?option=com_content&view=article&id=7539:bancarios-do-bb-e-da- caixa-participam-de-reuniao-conjunta-no-trt&catid=40:caixa&Itemid=23>. Acesso em: 9 jan. 2014. Libâneo (2010, p. 89) nos apresenta o significado de educação não formal ao enfatizar que: [...] são aquelas atividades como caráter de intencionalidade, porém com baixo grau de estruturação e sistematização, implicando certamente relações pedagógicas, mas não formalizadas. Tal é o caso dos movimentos sociais organizados na cidade e no campo, os Acadêmico(a)! Ao aprofundarmos esta definição de educação formal contemplada pelo autor anteriormente citado, foi possível compreender que esta modalidade está ligada a outros campos de cunho educativo possibilitando sua aplicação aos diversos setores da sociedade. TÓPICO 2 | CONHECENDO OS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 31 FIGURA 17 – CAPACITAÇÃO DE MULHERES AGRICULTORAS FONTE: Disponível em: <http://www.asbraer.org.br/noticias,ruraltins-promove- curso-de-processamento-de-frutas-em-rio-sono,56461>. Acesso em: 9 jan. 2014. Enquanto educadores, precisamos ter clareza de que as modalidades formal, não formal e informal de ensino devem ser valorizadas, cada qual em suas peculiaridades, porém vistas de uma maneira unificada. A educação formal não deve ser atribuída somente à unidade escolar, pois é neste ambiente que a formação sistematizada inicia seu percurso e o apresenta às demais formas educativas. A escola deve buscar estreitar seus vínculos com a educação formal e a não formal, adotando uma postura consciente, criativa, crítica e realista diante destes conceitos educacionais. Libâneo (2010) reforça esta questão quando coloca que a educação não pode ser dissolvida nos movimentos sociais, ou seja, uma sociologização da educação, pois tal visão provocaria um empobrecimento da Pedagogia. Em contrapartida, a educação também não deve ser referenciada somente pela escolarização, negando a visão contextualizada da prática educativa escolar unida a outras modalidades. Acadêmico(a)! Ao estudarmos as características de cada modalidade educativa, passamos a compreender seu entrelaçamento e importância na formação contínua do indivíduo e o quão o papel do educador consciente destas diferenças e semelhanças é primordial neste aspecto. trabalhos comunitários, atividades de animação cultural, os meios de comunicação social, os equipamentos urbanos culturais e de lazer (museus, cinemas, praças, áreas de recreação) etc. Na escola são práticas não formais as atividades extraescolares que provêm conhecimentos complementares, em conexão com a educação formal (feiras, visitas etc.). O exemplo da escola mostra que, frequentemente, haverá intercâmbio entre o formal e o não formal. Uma associação de bairro de educação não formal poderá reunir mães, durantes três dias, para um curso sobre a importância do aleitamento materno, onde se terão objetivos explícitos, conteúdos, métodos de ensino, procedimentos didáticos que são características da educação formal. 32 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você estudou que: • A pedagogia passa a ter nova roupagem e sai das salas de aula auxiliando profissionais de várias áreas, exigindo dos pedagogos maior formação e comprometimento. • Para Libâneo (2010) as modalidades educacionais subdividem-se em três: formal, informal e não formal, assim conceituadas: Modalidade formal: característica das instâncias de formação, escolares ou não, em que há objetivos educativos explícitos direcionados para uma ação intencional institucionalizada, estruturada e sistemática. Modalidade informal: corresponde às ações e influências exercidas pelo meio, ou seja, o ambiente sociocultural em que o indivíduo está inserido. Modalidade não formal: caracteriza-se pela relação educacional realizada em instituições fora dos marcos institucionais, mas que obedecem a certo grau de sistematização e estruturação. • São vastas as áreas de atuação do pedagogo; Libâneo (2010) assim os denomina: a) formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos, consultores, orientadores, que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares) em órgãos públicos, privados e públicos não estatais, ligados às empresas, à cultura, aos serviços de saúde, alimentação, promoção social etc.; b) formadores ocasionais que ocupam parte do seu tempo em atividades pedagógicas em empresas, por exemplo: engenheiros, técnicos, supervisores de trabalho; c) trabalhadores sociais, monitores e instrutores de recreação e educação física, bem como profissionais das mais diversas áreas. Exemplo: comunicadores sociais, administradores de pessoal etc. • A educação não permanece somente nas modalidades formal, informal e não formal. Para Libâneo apud Mialaret (1978), a educação possui três formas: educação-instituição; educação-processo; educação-produto, assim conceituadas: Educação-institucional: ocorre a partir da estrutura organizacional e administrativa, com normas de funcionamento e diretrizes pedagógicas que se referem ao sistema educacional. 33 Educação-processo: opera com três elementos considerados essenciais: um agente que origina a ação educativa; um modo de atuação que se constitui de conteúdo ou método e um destinatário que corresponde a um indivíduo, grupo ou geração. Educação-produto: caracteriza-se pelos resultados obtidos na execução das ações educativas, diante da configuração do sujeito educado como consequência dos processos educativos ministrados. 34 1 Caro(a) acadêmico(a)! Disserte sobre as novas áreas de atuação do pedagogo. Mencione suas vantagens e o que este profissional necessita diante das mudanças que ocorrem dentro da pedagogia. AUTOATIVIDADE 35 TÓPICO 3 A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a)! Nesta nova fase de estudos, apresentaremos alguns conceitos pertinentes à formação de sua identidade, além da influência que os diversos grupos que fazem parte da sua vida, contribuindo também com a formação de sua identidade enquanto pedagogo. Além disso, abordaremos o papel do professor na pós-modernidade e os avanços da pedagogia neste movimento, enfocando principalmente a postura do educador. 2 TODOS POR UM: O GRUPO NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE Que tal iniciarmos os estudos de uma maneira diferente? Para isto o(a) convidamos para um desafio: em posse de um papel e lápis, pare por um minuto e liste todos os grupos dos quais fez ou faz parte. Dos grupos que você listou, pense agora: qual é a principal razão de fazer parte deles? Certamente você terá mais claro os motivos que o(a) impulsionaram a participar de alguns grupos e talvez ficará em dúvida quanto à sua participação em outros, mas não se preocupe, pois no decorrer desta exposição vamos procurar juntos, as respostas para estas perguntas. Para que possamos compreender melhor estas questões, precisamos inicialmente nos remeter à infância. Toda criança que vem ao mundo adentra a um cenário pronto, ou seja, construído e organizado anteriormente ao seu nascimento que farão parte da vida e, consequentemente, das relações sociais desta criança. Bock (1995) salienta que essas relações sociais ocorrem num primeiro momento na família, que é responsável por orientar a criança a fim de prepará-la para a ampliação do círculo de relações. Ao longo da vida do indivíduo, acontecerá a internalização da realidade e sua formação psíquica, que são construídos a partir de suas experiências de vida em um processo
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