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TUTORIA INTRODUÇÃO A MEDICINA 1 E 2

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PROBLEMA 1 – MEDICINA NO CENTRO UNIVERSITÁRIO FG
OBJETIVO 1 – CONHECER A ESTRUTURA DO CURSO DE MEDICINA DA UNIFG E O PAPEL DO COLEGIADO DO CURSO
O Curso de Medicina da UniFG prepara o médico não apenas para o conhecimento dos conceitos e das técnicas clínicas e cirúrgicas, mas também para o desenvolvimento de habilidades e atitudes que humanizam o exercício da profissão. Um dos destaques do curso são as metodologias ativas, utilizadas como estratégias de ensino focada no aluno. O curso foi formulado prevendo-se a utilização de metodologias ativas, dentre elas a PBL (Problem Based Learning), como ferramenta pedagógica principal. Trata-se de método pedagógico didático centrado na iniciativa do aluno, com 30 anos de experiência em cursos médicos do Canadá e da Holanda e que, na última década, tem sido adotado por grande número de escolas médicas no mundo, especialmente na América do Norte. O curso de Medicina da FG foi autorizado pela Portaria MEC no 880, de 13/11/2015, publicada no DOU em 16/11/2015.
Modelo pedagógico do curso
O Projeto pedagógico do curso visa integrar as dimensões biológica   e   social (psicológica, populacional etc.)   em todos   os momentos da graduação. Para tanto, ele é organizado por meio de Módulos e Unidades Curriculares, que orientam-se em sua construção por sistemas orgânicos, ciclos de vida e apresentações clínicas, integrando um conjunto nuclear de conhecimentos, habilidades e atitudes que são desenvolvidos como objetivos educacionais.
Em cada Unidade Curricular estão embutidos os conteúdos das disciplinas, necessários para contemplar seus enunciados.  As disciplinas, então, passam a cumprir seu verdadeiro papel – o de áreas de conhecimento. Assim, propomos integrar disciplinas básicas (Anatomia, Histologia, Embriologia, Bioquímica, Fisiologia, Farmacologia, Genética, Biologia Molecular, Microbiologia, Imunologia, Parasitologia, Epidemiologia)  e  disciplinas clínicas  (Clínica  Médica,  Cirurgia, Ginecologia  e  Obstetrícia,  Pediatria,  Psiquiatria)  em  unidades curriculares integradas,  por  exemplo,  a  Unidade  Curricular  de Locomoção,   Concepção   e   Formação   do   Ser   Humano,   Funções Biológicas, Processo de Envelhecimento, Mecanismos de Agressão e Defesa.
A   operacionalização   dos   conteúdos   modulares   se   dará através de problemas relacionados ao processo saúde-doença, com base nas respectivas árvores temáticas (mapas conceituais). Na Faculdade Guanambi, o curso médico será desenvolvido em 6 anos: 4 anos na modalidade PBL e 2 na modalidade Internato Médico. Os 4 primeiros anos foram divididos em Unidades Curriculares de aproximadamente 6 semanas de duração, com exceção de dois, que são anuais (o IESC –Integração em Saúde na Comunidade e a Unidade de Habilidades Profissionais).
OBJETIVO 2 – DESCREVER O PERFIL DO PROFISSIONAL DE SAUDE QUE A UNIFG SE PROPÕE A FORMAR
Perfil do aluno 
A UniFG propõe,  em  seus  princípios  e finalidades  para  o  curso  de Medicina,  formar  o  profissional  médico com “formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo, com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania,  da dignidade humana, da saúde integral do ser humano e tendo como transversalidade em sua prática,  sempre,  a  determinação   social   do processo  de   saúde   e doença “, exatamente tal como são os pressupostos estabelecidos na Resolução  03 de 20 de junho de 2014 (DCNs 2014).
 Faculdade Guanambi propõe em seus princípios e finalidades para o curso de medicina a formar o profissional médico com formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo.
Com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade humana, da saúde integral do ser humano e tendo como transversalidade em sua prática, sempre, a determinação social do processo de saúde e doença, a FG pretende que os egressos estejam aptos a:
· Atuar na perspectiva do cuidado ampliado de saúde em suas múltiplas dimensões, levantar necessidades, acolher demandas, identificar problemas e aplicar planos de cuidados individuais e coletivos pautados na evidência científica e no contexto social;
· Planejar, executar e avaliar intervenções que, apoiadas em teorias e técnicas pertinentes, sejam capazes de superar problemas e dificuldades que comprometam a saúde de indivíduos ou coletividades, possibilitando a promoção da saúde, da qualidade de vida e do respeito aos direitos das pessoas;
· Trabalhar em equipes multiprofissionais, como oportunidade para desenvolver habilidades e competências tais como a comunicação, a escuta, a liderança, a interação, a tolerância, a administração de conflitos;
· Intervir com postura ética e visão humanística no processo saúde-adoecimento, entendido como um fenômeno socioexistencial;
· Produzir e difundir conhecimentos e práticas inovadoras em saúde;
· Trabalhar na gestão da saúde, envolvendo-se com a implementação de políticas públicas voltadas para consolidação de novos modelos de atendimento e atenção;
· Ser capaz de comunicar-se e lidar com os múltiplos aspectos da relação médico-paciente, médico-serviço e médico-sociedade;
· Aprender a aprender continuamente, durante toda a vida profissional, sendo capaz de avaliar criticamente seus saberes e ações.
OBJETIVO 3 – IDENTIFICAR OS PRINCIPIOS E RESULTADOS ESPERADOS DA METODOLOGIA DE APRENDIZAGEM BASEADO EM PROBLEMAS
Essa metodologia foi adotada, primeiramente, pelas universidades de McMaster, no Canadá, e de Maastricht, na Holanda, por volta de 1969. Já no Brasil, ela chegou por meio da Faculdade de Medicina de Marília, em São Paulo, e da Faculdade Estadual de Londrina, no Paraná.
O que é? 
O Aprendizado Baseado em Problemas (Problem-Based Learning - PBL) destaca o uso de um contexto clínico para o aprendizado, promove o desenvolvimento da habilidade de trabalhar em grupo, e também estimula o estudo individual, de acordo com os interesses e o ritmo de cada estudante. O aprendizado passa a ser centrado no aluno, que sai do papel de receptor passivo, para o de agente e principal responsável pelo seu aprendizado.Os professores que atuam como tutores (ou facilitadores) nos grupos têm a oportunidade de conhecer bem os estudantes e de manter contato com eles durante todo o curso.
Como é? 
A metodologia do PBL enfatiza o aprendizado auto-dirigido, centrado no estudante. Grupos de até 12 estudantes se reúnem com um docente (tutor ou facilitador) duas ou três vezes por semana. O professor não "ensina" da maneira tradicional, mas facilita a discussão dos alunos, conduzindo-a quando necessário e indicando os recursos didáticos úteis para cada situação. 
Uma sessão tutorial inicial trabalha os conhecimentos prévios dos estudantes sobre o assunto apresentado; os problemas são primeiramente identificados e listados, e em seguida são formulados os objetivos de aprendizado, com base em tópicos considerados úteis para o esclarecimento e a resolução do problema (sete passos). Na etapa seguinte os estudantes vão trabalhar independentemente, na busca de informações e na sua elaboração (estudo auto-dirigido) antes da próxima sessão tutorial, quando as informações trazidas por todos serão discutidas e integradas no contexto do caso-problema.
A metodologia do PBL é considerada ideal para os estudantes que:
Têm iniciativa para estudar por conta própria;
Sentem-se à vontade formulando objetivos de aprendizado flexiveis mesmo que apresentem, por vezes, alguma ambiguidade;
Aprendem melhor com leitura e discussão;
Consideram desejável que seu aprendizado seja sempre em um contexto clínico.
A Aprendizagem Baseada em Problemas ou PBL (sigla inglesa da expressão Problem-Based Learning), como uma metodologia ativa estimuladora do autoaprendizado e do pensamentocrítico1 , é considerada uma das mais significativas inovações na educação médica nos últimos anos, tendo surgido como um movimento de reação aos currículos das escolas médicas sob a forte influência do modelo flexneriano, que privilegiava o modelo biomédico e o ensino centrado no hospital2 . O PBL representa uma perspectiva de ensino-aprendizagem ancorada no construtivismo, ou seja, na (re)construção dos conhecimentos, cujo processo é centrado no estudante3 . A aprendizagem, nessa perspectiva, resulta do processo de trabalho orientado para a compreensão e a resolução de um problema4 . Ela traz uma mudança de concepção da relação professor-aluno, tendo o aluno como o sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem, o que diminui a distância entre esses dois sujeitos, muitas vezes considerados como polos dicotomizados e submetidos a uma rígida hierarquia. O professor passa a atuar como um orientador que auxilia o aluno a alcançar o objetivo de aprendizagem e não mais como único detentor do conhecimento4 .
 A relação, assim, torna-se mais horizontalizada, e as relações de poder tendem a ser menos conflituosas e instituídas. No Brasil, acompanhando uma tendência mundial em educação médica, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os Cursos de Graduação em Medicina, atualizadas em 2014, preconizam que os cursos devem utilizar metodologias ativas de aprendizagem na construção do conhecimento5 , entre as quais se destaca o PBL. O estudo dos currículos dos cursos de Medicina, com destaque para os currículos baseados em PBL, figura em primeiro lugar em pesquisas na área de educação médica6 . De fato, os trabalhos que se ocuparam da temática dos currículos médicos sob a perspectiva da avaliação curricular enfocaram, predominantemente, os desfechos de currículos estruturados com base no PBL7-13 e nos componentes curriculares que seguem essa estratégia pedagógica14-17. 
Não obstante essas priorizações de enfoque, mesmo a análise crítica desses trabalhos suscitou importantes debates teórico-metodológicos, que fizeram avançar a compreensão da complexidade de se abordar o currículo médico como tema de pesquisa18-25. Contudo, a questão metodológica não é o único desafio. Há também a questão do contexto de aplicabilidade. Alguns estudos indicam que, se o PBL não for executado como foi idealizado, ou seja, se todos os passos não forem seguidos, ou se não houver um constante investimento no desenvolvimento do corpo docente com vistas a uma mudança de habilidades e atitudes, o método pode acabar se distorcendo de tal maneira que professores e alunos continuariam a agir como se estivessem num ambiente de aprendizagem tradicional26. A Society of Directors of Research in Medical Education criou uma agenda para revisões sistemáticas na área de educação médica, na qual os três temas prioritários eram desenho curricular, avaliação e resultados, tendo em vista que esses são os problemas mais recorrentes no que se refere à qualidade de evidências na literatura27. Nesse contexto, o PBL permanece um tema relevante de investigação. É possível supor que essas diretrizes de pesquisa tenham se materializado nos últimos anos, resultando em publicações com potencial para fornecer evidências que embasem decisões de mudanças curriculares que privilegiem metodologias ativas de aprendizagem, com destaque para o PBL, particularmente no Brasil, onde as DCN sinalizam nessa direção. Assim, realizamos uma pesquisa bibliográfica com os objetivos de analisar as características bibliométricas da produção científica empírica sobre PBL em periódicos de referência em educação médica no Brasil e no mundo, de 2005 a 2014, e recomendar direcionamentos para futuras pesquisas.
OBJETIVO 4 – ENTENDER A DINAMICA DOS GRUPOS TUTORIAIS. PAPEL DE CADA PARTICIPANTE
Para que a Aprendizagem Baseada em Problema provoque o efeito desejado, uma atenção especial deve ser dedicada à organização do grupo de ensino. Os 6 elementos descritos abaixo devem ser considerados quando da aplicação da técnica PBL: 
 O grupo de PBL deve conter 1 tutor e de 8 a 10 alunos. 
Um dos alunos é indicado como coordenador e outro como secretário da sessão e o professor assume a função de tutor. 
O aluno que é coordenador deve: Liderar o grupo, estimular todos os participantes da discussão, manter a dinâmica, administrar o tempo e assegurar o cumprimento das tarefas.
 O estudante na função de secretário ajuda a ordenar as ideias em relatórios, otimiza a discussão de forma a não haver discussão e nem perda de foco. 
O coordenador e o secretário não são cargos estáticos, há revezamento entre os alunos, para que todos conheçam cada função. 
Os demais participantes realizam a discussão seguindo a técnica dos 7 passos. 
O Pequeno Grupo de Ensino (SGT, da sigla em inglês) é um método de ensino para a geração de livre comunicação entre o facilitador e seus alunos, e entre os próprios alunos. A formação de Pequenos Grupos de Ensino é considerada uma estratégia eficaz de ensino e aprendizagem porque:
 Incentiva a participação ativa dos alunos, Ajuda a explorar assunto, Estimula o pensamento crítico dos alunos, Promove a capacidade de resolução de problemas dos alunos, Promove habilidades de grupo e capacidade de comunicação e Incentiva a auto-dirigida aprendizagem. SGTs também fornecem uma oportunidade importante para o contato social com os colegas e professores, que ajuda os alunos a resolverem uma série de questões indiretamente ligadas ao ensino e também os ajuda a resolver qualquer problema social. 
Apesar de SGTs não serem ideais para divulgação de informações, eles são úteis para os alunos desenvolverem a compreensão de conceitos e para melhorar as estratégias e abordagens para os problemas. Os critérios de ensino e aprendizagem eficaz são todos promovida em interações de pequenos grupos, especialmente na aprendizagem baseada em problemas. O ensino em pequenos grupos depende mais das características apresentadas por este grupo, em vez de a quantidade de pessoas. Portanto, em resumo, podemos dizer que o objetivo de uma sessão de grupo pequeno deve ser o de incentivar os alunos a adotar uma abordagem mais profunda para a aprendizagem pessoal, e para ser um aprendiz ativo e auto-dirigido. O SGT também oferece experiência de trabalhar em grupo, o que desenvolve uma habilidade importante para as organizações atuais. O SGT também pode desenvolver e expandir a capacidade de comunicar de forma eficaz, de priorizar as tarefas, de gerir o tempo e de exercitar habilidades interpessoais.
Atuação dos tutores na PBL
É importante certificar-se de que todos os tutores estão familiarizados com o processo de PBL, e que também estão confortáveis para a manipulação de uma sessão de PBL. A mudança de “disseminador de informações” para “facilitador da aprendizagem” pode ser um desafio para os novos tutores. Mesmo aqueles familiarizados com o processo PBL podem não ser adequados para a função de tutor no PBL. Não há regras rígidas e rápidas para a tutoria de PBL. As tarefas consideradas pelo tutor em PBL incluem: 
· Definir o Clima: criar um ambiente propício para a aprendizagem auto-dirigida 
· Tratar os alunos como aprendizes adultos 
· Promover a cooperação e não a competição no trabalho de grupo 
· Esclarecer as necessidades de aprendizagem e ajudar os alunos a estabelecer objetivos de aprendizagem e estabelecer metas 
· Projetar um plano de aprendizagem: ajudar os alunos com planos e estratégias de aprendizagem 
· Envolver-se em atividades de aprendizagem para garantir que os alunos estão no caminho correto: estimular a elaboração de informações e idéias, orientar o processo de aprendizagem, estimular a integração do conhecimento, estimular o aluno de interação e responsabilidade individual, e facilitar a localização de informações. Os tutores devem atuar como facilitadores nas sessões PBL para ajudar os alunos a se tornarem solucionadores de problemas, para que eles possam assumir a responsabilidade de usar as habilidades desenvolvidas por conta própria.
OBJETIVO 5 – OBJETIVO E IMPORTÂNCIA DECADA PASSO
1º passo: o professor apresenta aos alunos a idéia do projeto na forma de um problema. Surgem os questionamentos chave.
 2º passo: discussão. 
3º passo: o impasse. Neste caso o relevante é o debate, a análise e o esboço da solução. A aplicabilidade ainda não é o mais importante. 
 4º passo: coleta e sistematização das principais sugestões dos passos anteriores para montagem de uma estrutura. 
5º passo: as lacunas de conhecimento e os tópicos necessários para entender o problema são profundamente questionados. O grupo define as metas de aprendizado para que os estudos individuais levem a novos conhecimentos. –
6º passo: o tema ganha análise individual vale buscar leituras, visitas de campo, entrevistas e todos os métodos para colher informações. É a preparação para encarar a discussão em grupo novamente. 
7º passo: o grupo se reúne novamente para debater e compartilhar o que foi aprendido nos estudos individuais. Diálogos e discussões mediadas pelo tutor farão surgir o novo, o inédito, a fórmula. É assim que funciona a PBL, onde se percorre um caminho de aprendizagem e o individuo passa a ser parte do processo de soluções.
OBJETIVO 6 – IDENTIFICAR OS OBJETIVOS DE OUTRAS ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM DO CURSO
COMO ESTÁ ESTRUTURADO O ENSINO NA METODOLOGIA PBL?
Existem 2 ciclos sendo que o primeiro dura 4 anos (os 8 primeiros semestres) e o segundo ciclo que dura 2 anos (os 4 últimos semestres) também denominado Internato.
As atividades do primeiro ciclo são divididas em:
1) Grupo Tutorial
2) Conferências
3) PIC – Programa de Interação Comunitária
4) Laboratório Morfo-funcional
5) Treinamento de Habilidades
O QUE É GRUPO TUTORIAL?
São dois encontros semanais.
No primeiro encontro, o professor atua como tutor e mediador de um pequeno grupo de alunos, trabalhando com um problema da vida real.
Deste problema extraem-se os temas que serão estudados pelos alunos de medicina.
O professor/tutor orienta a busca e as fontes nas quais os alunos estudarão.
No segundo encontro, o professor/tutor discute com os alunos o que aprenderam durante a semana.
COMO SÃO ESTRUTURADOS OS PROBLEMAS DOS GRUPOS TUTORIAIS?
Eles baseiam-se na epidemiologia, a partir das doenças mais comuns.
As situações mais comuns da prática médica fornecem a base dos temas e do estudo dirigido.
QUAL O OBJETIVO DAS CONFERÊNCIAS?
Servem como complemento ao problema estudado na tutoria.
Assemelham-se à aula tradicional.
O QUE É PIC – PROGRAMA DE INTERAÇÃO COMUNITÁRIA?
Desde o início do curso os alunos vão semanalmente para a rede pública para:
– Conhecer e habituar-se com os problemas de saúde da população.
– Conhecer profundamente a rede do Sistema Único de Saúde – SUS
– Aprender a trabalhar em equipe
– Inserção precoce na rede de atendimento
COMO É O LABORATÓRIO MORFO-FUNCIONAL?
Todas as ciências básicas são estudadas pelo aluno neste espaço.
Os encontros contam com a participação de todos os docentes das áreas básicas ao mesmo tempo, garantindo a integração (horizontalidade) de todos os conteúdos.
COMO É O TREINAMENTO DE HABILIDADES?
Nesta atividade os alunos treinam todas as habilidades necessárias para um excelente exercício da profissão tais como procedimentos, história clínica e exame físico, informática, metodologia científica, comunicação, técnicas cirúrgicas, etc.
PROBLEMA 2 – UM SONHO ANTIGO, MUITO ANTIGO
OBJETIVO 1 – DEFINIR O SER MÉDICO, TOMANDO COMO REFERÊNCIA OS MARCOS HISTÓRICOS DA PROFISSÃO ATE OS DIAS ATUAIS.
Por meio de descobertas arqueológicas, descobrimos que os povos da antiguidade, como os egípcios, já realizavam operações complexas, fato que comprova grande desenvolvimento e inteligência desse povo. Este povo fez grandes avanços na medicina graças ao seu sofisticado processo de mumificação de corpos. Os mumificadores, ao abrirem os corpos dos faraós para retirar as entranhas, conseguiam muitas informações sobre a anatomia humana.
 
Sabe-se que os gregos foram os pioneiros no estudo dos sintomas das doenças. Eles tiveram como mestre Hipócrates (considerado até hoje o pai da medicina). Um outro povo que teve também um grande conhecedor da medicina (o grego Galeno, que morava em Roma) foi o povo romano. Após Hipócrates e Galeno, a medicina teve poucos avanços.  
 
Na Idade Média, era comum que o médico procurasse curar praticamente todas as doenças utilizando o recurso da sangria. Este era feito, principalmente, com a utilização de sanguessugas. Porém, neste período os conhecimentos avançaram pouco, pois havia uma forte influência da Igreja Católica que condenava as pesquisas científicas.
 
No período do Renascimento Cultural (séculos XV e XVI) houve um grande avanço da medicina. Movidos por uma grande vontade de descobrir o funcionamento do corpo humano, médicos buscaram explicar as doenças através de estudos científicos e testes de laboratório.
 
Contudo, no século XVII, William Harvey fez uma nova descoberta: o sistema circulatório do sangue. A partir daí os homens passaram a compreender melhor a anatomia e a fisiologia.  
 
No século XIX todo o conhecimento ficou mais apurado após a invenção do microscópio acromático. Com esta invenção, Louis Pasteur conseguiu um enorme avanço para medicina, ao descobrir que as bactérias são as responsáveis pela causa de grande parte das doenças.
 
Felizmente, a medicina atual dispõe de inúmeras drogas capazes de curar, controlar e até mesmo de evitar inúmeras doenças. Aparelhos eletrônicos sofisticados são capazes de fazer um diagnóstico apurado, passando informações importantes sobre o paciente. Os avanços nesta área são rápidos e possibilitam uma vida cada vez melhor para as pessoas.
A medicina se constituiu em ciência na Grécia, com os primeiros relatos e experimentos de Hipócrates, há mais de 2 500 anos. Naquela época acreditava-se que os males do corpo eram consequência de um desequilíbrio dos líquidos presentes no organismo. Com o crescimento de Roma, muitos médicos do mundo todo se mudaram para lá a fim de desenvolver seus estudos. Porém um merece destaque, o grego Galeno que, através da dissecação de animais, construiu um modelo anatômico que foi empregado a partir de então para se estudar por comparação o organismo humano.
No Egito, o exercício da medicina se aperfeiçoou com uma estreita ligação com a religião, afinal, os médicos atendiam aos Faraós, que eram considerados a encarnação de deuses. Dessa forma, os egípcios desenvolveram várias técnicas de tratamento de enfermidades e até emplastros feitos com vísceras de leões ou elefantes. Graças às técnicas e trabalhos desenvolvidos por esses práticos e estudiosos, temos a preservação dos corpos mumificados dos antigos faraós egípcios.
Durante a Idade Média o grande desafio era vencer as imposições e as proibições da religião que, ao propor que o corpo humano era sagrado, impedia que houvesse dessecações e o próprio estudo das partes internas do organismo. Somente no século XV (1401-1500) houve a autorização para realizar as primeiras dissecações, os corpos escolhidos eram de criminosos condenados à morte. Mas não era o bastante, alguns médicos realizavam aventuras como aguardar a execução de uma pessoa para logo em seguida roubar seus corpos. Conta a história que Versalius, um médico belga, roubou um esqueleto esquecido numa forca.
A medicina, com o fim das imposições, se desenvolveu e, aliada à descoberta de outras ciências como a biologia, a física, a química, além da própria sociedade em si, temos a ciência que conhecemos atualmente.
OBJETIVO 2 – IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DA VOCAÇÃO E DO DESEJO PESSOAL DE SER MÉDICO.
Há muita confusão com o significado de vocação. Por vezes, é tomado como um sinônimo de trabalho ou prazer. Mas, para estabelecer uma boa conceituação, devemos entender o termo mais como uma relação de amor entre o profissional e a sua prática.
Para ter amor por algo ou alguém, devemos, antes de tudo, aceitar a realidade. Em uma relação matrimonial, por exemplo, o casal precisa aceitar fardos do cotidiano. Nem sempre as coisas estão como se deseja. E a aceitação do sofrimentosó existe quando existe o amor.
A vocação médica passa pela aceitação de todas as dificuldades que ela traz. Dessa forma, é até possível medir o nível de vocação de alguém pela resistência do profissional ao sofrimento do cotidiano. O médico, quando possui essa virtude, se doa para a medicina e aceita de bom grado os fardos do dia a dia.
A medicina é uma das áreas em que o profissional precisa ter um conhecimento técnico e teórico profundo. Mas, além disso, para exercer a profissão, deve encarnar uma postura humanística e ética. Não é possível ser médico não gostando de pessoas. Nesse sentido, a vocação nessa área de trabalho é primordial.
Dada a responsabilidade da área, um médico sem vocação não estaria apenas se prejudicando. Toda a sociedade perde muito se os profissionais exercem a profissão apenas pelo dinheiro ou pela satisfação pessoal.
Portanto, para ser médico, não basta ter o conhecimento suficiente para passar no vestibular. Esse fato é tão importante que muitos especialistas sugerem um exame psicotécnico para selecionar não só os candidatos que sabem mais, mas aqueles que também possuam as características que evidenciam a vocação.
Em um mundo que parou de ver no transcendente a finalidade da existência, os profissionais acreditam que é o trabalho que deverá trazer a satisfação para a vida. Isso se tornou preocupante, pois, além de criar uma geração de frustrados, no caso da área médica, a própria saúde da população está em risco.
O trabalho como finalidade da existência se tornou um problema para os países, mas o quadro pode ser melhorado com o entendimento da vocação. Médicos que entendem a natureza da área sabem que, além do conhecimento técnico e teórico, é preciso ter uma ligação existencial com a profissão.
OBJETIVO 3 – DISCUTIR ACERCA DAS RELAÇÕES DE PODER ESTABELECIDAS ENTRE OS MÉDICOS
O hospital não era considerado instituição médica e a medicina não era uma prática hospitalar. Os hospitais medievais eram constituídos por um labirinto de pequenas celas minúsculas que comportavam apenas uma cama, pelos quais circulavam os religiosos que vinham trazer conforto espiritual aos doentes, constituindo-se em local de assistência aos pobres, como também de exclusão e separação social (ANTUNES, 1989; ZAGONEL, 1996). 
Por volta de 1780, a figura do pobre que estava morrendo e precisava de assistência espiritual e material, foi substituída pela do doente que precisava de cura. A distribuição do espaço tornou-se um instrumento terapêutico, o médico passou a ser o principal responsável pela organização hospitalar e a comunidade religiosa foi banida para que o espaço pudesse ser medicamente organizado (FOUCAULT, 1994). 
O primeiro fator que propiciou tal transformação foi a busca da anulação dos efeitos negativos do hospital, assim, o foco deixou de ser o doente e sua doença. O segundo foi o desenvolvimento do conhecimento na área gerencial da saúde por parte de enfermeiras, médicos e outros profissionais (FOUCAULT, 1994).
 Portanto, para que a experiência clínica surgisse como uma forma de conhecimento, o campo hospitalar foi reorganizado por meio de uma nova definição do estatuto do doente na sociedade e da instauração de uma relação entre a assistência e a experiência (ZAGONEL, 1996). 
Segundo Foucault (1994), surgiram nessa época as visitas e observações sistemáticas e comparadas dos hospitais e também o ritual religioso da visita aos pacientes pela equipe formada por médicos, enfermeiros, assistentes e alunos. Regulamentos em relação à visita aos leitos dos doentes foram criados determinando o posicionamento de cada integrante da equipe. Estava criada a organização de um sistema que determinou o início da disciplina e da ordem na organização hospitalar, pautado por registros permanentes, procedimentos, normas, técnicas de atendimento, identificação, registro geral de entradas e saídas de doentes, visando a sua individualização, bem como a sua distribuição em um espaço em que pudesse ser vigiado. 
Também no final do século XVIII, segundo Foucault (1979), surge a idéia de que o hospital deveria se constitui em um lugar propício ao estudo, à comparação de casos e como campo de estágio (residências médicas), ou seja, um estabelecimento educativo. Assim, ao longo da época clássica, a prática clínica vai se transformando com a reorganização dos hospitais como espaço clínico (ZAGONEL, 1996). No Brasil, a primeira escola para a formação de médicos e cirurgiões surgiu em 1989, quando um grupo de médicos fundou no Rio de Janeiro a Sociedade de Medicina do 5 Rio de Janeiro, “com o objetivo de tratar dos interesses médico-sociais e do ensino da Medicina, sob os auspícios do governo” (ZAGONEL, 1996, P. 78).
 A escola, segundo Berger e Luckmann (1989), funciona como um aparelho legitimador das funções sociais a serem assumidas, bem como da constituição das identidades profissionais. Ela é a encarregada de dar continuidade ao processo de socialização dos sujeitos, iniciado na família, permitindo a interiorização dos valores, regras e normas institucionais, cujo caráter e extensão são determinados pela complexidade da divisão do trabalho e da distribuição social do conhecimento. A linguagem, por sua vez, é o veículo de internalização dos esquemas motivacionais e interpretativos, que dizem respeito ao como ser um bom médico, respeitar a ética profissional, agir de acordo com os interesses da corporação, diferenciar-se dos demais profissionais, etc. Portanto, além da linguagem é preciso adquirir “compreensões tácitas, avaliações e colaborações afetivas desses campos semânticos” (BERGER; LUCKMANN, 1989, p. 185). 
Esse aparelho legitimador, que é a escola, é formado por professores médicos experientes que se utilizam de símbolos, como o uniforme branco e a linguagem científica, e rituais compostos por exames e qualificações que garantem a aprendizagem de conhecimentos, habilidades e atitudes que caracterizam tal profissão e a diferenciam das demais, e ao mesmo tempo promovem a identificação subjetiva com a função e suas normas adequadas. Tal identificação é maior quando o status do conhecimento é elevado e a valorização desta atividade também, como no caso dos médicos (BERGER; LUCKMANN, 1989).
OBJETIVO 4 – ANALISAR A POTENCIALIDADE DO CONHECIMENTO LIGADO Á PRATICA MÉDICA, FRENTE AO DESENVOLVIMENTO DA CIENCIA E DA TECNOLOGIA APLICÁVEIS Á SAUDE.
O progresso científico e tecnológico conduziu a humanidade a uma nova era, em todas as áreas do conhecimento. Também a medicina beneficiou dos avanços da tecnologia, sobretudo no que diz respeito aos exames complementares de diagnóstico e ao desenvolvimento de novos agentes terapêuticos. Entra o doente no consultório médico, e é exceção o dia em que regressa a casa sem pedido de análises ou prescrição farmacológica. Nas instituições de saúde, equipamentos automatizados tornaram possível a realização de centenas de análises laboratoriais em apenas alguns minutos, ao mesmo tempo que uma miríade de métodos de imagem, como a radiografia, a ecografia, a tomografia computorizada ou a ressonância magnética oferecem uma representação visual do interior do organismo. A inovação tecnológica veio a permitir também a monitorização de alguns parâmetros vitais – tensão arterial, ritmo cardíaco, frequência respiratória – através de sensores e sistemas computorizados, que os projetam, em gráficos, nos ecrãs.
Toda esta sofisticação de exames complementares permitiu uma maior objetividade na identificação da doença e um conhecimento mais amplo dos mecanismos fisiopatológicos subjacentes. Esta realidade tornou possível o diagnóstico mais precoce de determinadas patologias e quantificar, cada vez com maior exactidão, as suas repercussões. Estes avanços permitiram, em alguns casos, a instituição de uma terapêutica atempada e mais eficaz. Foram os avanços da medicina que viabilizaram conquistas admiráveis como a diminuição da taxa de mortalidade infantil, o aumento da esperança média de vida, ou a prevenção e tratamento de doenças infeciosas, oncológicas ou cardiovasculares.
Assim, é hojepossível ir mais além da informação sensorial, dos dados do exame objetivo em que a medicina sempre se apoiou. Porém, “as novas tecnologias abafaram a exploração semiológica pelos sentidos e, ao mesmo tempo, subtraíram o valor terapêutico de gestos tão simples como o tocar”. Por conseguinte, o recurso sistemático a exames complementares de diagnóstico não pode depauperar a riqueza inesgotável que se constrói através do diálogo atento e do contacto direto com o doente.
O escritor Gonçalo M. Tavares, no seu livro Aprender a Rezar na Era da Técnica (Caminho, 2007), sugere que “o médico na Era da Técnica é encarado como um habilidoso condutor de automóveis”. Convém, no entanto, recordar que o veículo que dirige transporta passageiros – os doentes – que vivem, sentem, pensam e sofrem, porque a doença torna o ser humano vulnerável. Acontece, pois, que “a maquinaria não entende o lúdico nem o trágico, entende a direção, uma certa força e um certo movimento.” (Tavares, op. cit.). Na realidade, a tecnologia acaba, muitas vezes, por assumir um papel redutor e simplificador da doença, não admitindo a subjetividade do corpo em que se manifesta. Se o avanço do conhecimento científico permite, por um lado, a catalogação mais precisa das diversas patologias, por outro, pode fazer esquecer a vertente humana da prática clínica.
O aumento exponencial do conhecimento médico conduziu inevitavelmente a uma subespecialização da medicina. A velocidade de aparecimento de nova informação é de tal modo vertiginosa que acaba por se tornar humanamente impossível acompanhar, a par e passo, os avanços observados em todas as áreas de especialidade. Assim, a medicina da Era da Técnica, acaba por se deter apenas na compreensão de determinados fenómenos biológicos, acabando por fragmentar o doente em órgãos e sistemas isolados, correndo o risco de relegar, para segundo plano, o homem na sua globalidade. O Papa Francisco, na encíclica Laudato si’, observa, com inegável clarividência, que “a especialização própria da tecnologia comporta grande dificuldade para se conseguir um olhar de conjunto”. Efetivamente, também na medicina atual se observa uma “fragmentação do saber” que “realiza a sua função no momento de se obter aplicações concretas mas frequentemente leva a perder o sentido da totalidade, das relações que existem entre as coisas, do horizonte alargado” (Francisco, op. cit.).
Impõe-se, assim, uma reflexão sobre a relevância crescente que as novas tecnologias têm vindo a assumir no ato médico, avaliando o seu impacto na preservação da integridade e dignidade humanas, assegurando os princípios da identidade, liberdade e autonomia individuais. Na Era da Técnica, a medicina deverá continuar a abraçar o progresso científico e tecnológico, mas sem esquecer a dimensão humanista que sempre a caraterizou.
OBJETIVO 5 – AVALIAR A INFLUÊNCIA DAS CRENÇAS PESSOAIS E SOCIAIS NA PRÁTICA MÉDICA
Uma retrospectiva histórica no campo da saúde nos leva a perceber que o processo saúde/doença sempre foi acompanhado de crenças e rituais, os mais diversos, ligados a questões transcendentes, ao sobrenatural. O homem primitivo atribuía a doença pessoal e coletiva ao castigo dos Deuses em decorrência de alguma má conduta ou possível ofensa aos mesmos. Historicamente podemos constatar o registro de várias interpretações e através deste podemos perceber que as representações simbólicas neste campo trazem determinados elementos peculiares segundo cada civilização. Mesmo respeitando as especificidades de cada cultura, observamos que a ligação com o sagrado no processo de adoecimento e morte percorre todas elas. São castigos, punições, ação dos demônios ou de maus espíritos, sinal de cólera divina em função dos pecados do homem entre outras representações. (NUNES, 1983)
	  
	O consentimento esclarecido
Para que o paciente tenha condições de decidir se um tratamento médico lhe é aceitável segundo o "seu próprio plano de vida (...), embasado em crenças, aspirações e valores próprios", ele precisa ser corretamente informado das intenções e recomendações de seu médico e ter uma visão clara de como tais recomendações afetam seus próprios valores. Então, é dada ao paciente a possibilidade de consentir ou não no tratamento proposto.
Segundo Segre (7), o consentimento esclarecido (ou informado) é uma expressão do "ato autônomo". Este ato é caracterizado como "uma decisão, e um ato, sem restrições internas ou externas, com tanta informação quanto o caso exige, e de acordo com a avaliação feita por uma pessoa no momento de tomar a decisão".
O consentimento esclarecido está na pauta das discussões sobre ética médica na atualidade e o propósito de se requerer este consentimento é o de promover a autonomia do indivíduo na tomada de decisões com relação a assuntos de saúde e tratamento médico. O direito de consentir ou recusar está baseado no princípio do respeito à autonomia. Para o consentimento ser uma autorização válida, ele deve ser baseado na compreensão e ser voluntário (8).
A doutrina do consentimento esclarecido é, na verdade, uma doutrina jurídica que apóia muitos dos nossos ideais sobre direitos individuais. Mas a ênfase indevida nas suas origens e funções jurídicas pode eclipsar o fato de que o consentimento esclarecido não é meramente um conceito jurídico, mas também - e sobretudo - ético e moral.
Na tomada de decisão em conjunto quanto a que tipo de tratamento um paciente receberá, ou se é que receberá algum tratamento, o papel do médico será o de explicar as várias opções de diagnóstico ou tratamento que existem para aquele caso e os riscos e benefícios de cada uma delas. Um "padrão subjetivo" requer do médico uma abordagem informativa apropriada a cada indivíduo (1). As informações partilhadas devem incluir - mas não se limitar a - objetivos diagnósticos e terapêuticos, os riscos envolvidos no procedimento, alternativas existentes e possibilidades de êxito do tratamento.
Até que ponto aplicam-se os princípios do consentimento esclarecido à recusa de tratamento médico por motivos religiosos? Meisel e Kuczewski escrevem que a abordagem descrita acima "é bastante apropriada para certos casos, tais como para as recusas de tratamento feitas por adultos capazes e baseadas em convicções religiosas" (9). Portanto, quando o processo de decisão é assim partilhado, o profissional de saúde age eticamente e demonstra respeito às crenças religiosas e demais valores de seu paciente.
Há várias religiões cujos princípios podem conflitar com alguma forma de tratamento médico ou com o tratamento médico em geral. O caso das Testemunhas de Jeová ilustra a aplicação dos princípios acima tratados.
Por uma questão de consciência religiosa as Testemunhas de Jeová recusam transfusões de sangue alogênico, mas não recusam o tratamento médico em geral. De acordo com Smalley, "provavelmente, o aspecto mais bem conhecido das crenças das Testemunhas de Jeová no campo da bioética é a posição delas quanto ao uso de sangue. Elas entendem que a Bíblia proíbe os cristãos de manterem sua vida por meio da utilização de transfusões de sangue... [Passagens bíblicas específicas] sustentam que o abster-se de sangue é moralmente tão importante para o cristão quanto o abster-se da idolatria ou da imoralidade sexual" (10).
No entanto, o entendimento religioso das Testemunhas não proíbe de modo absoluto o uso de componentes sangüíneos, como a albumina, as imunoglobulinas e os preparados para hemofílicos; cabe a cada Testemunha decidir individualmente se deve aceitar esse tipo de tratamento (11). Da mesma forma, a circulação extracorpórea e a hemodiálise são prontamente aceitas, desde que se use como primer soluções isentas de sangue (12).
Quão importante é esse assunto para as Testemunhas de Jeová? Elas admitem que "a questão (...) envolve os princípios mais fundamentais sobre os quais [as Testemunhas] baseiam suas vidas. A relação com seu Criador e Deus está em jogo" (13). As crenças das Testemunhas de Jeová - que recusam transfusões de sangue por motivos religiosos ou médicos - servem de fundamentopara um sistema moral, para um conjunto de juízos deontológicos sobre o que se deve ou não fazer. Segundo este sistema, a recusa às transfusões constitui uma regra de conduta a ser observada, ainda que a sociedade a ignore ou menospreze.

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