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Métodos Contraceptivos

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A definição de contracepção é: conjunto dos 
métodos físicos ou químicos que visam evitar, de 
modo reversível e temporário, a fecundação de 
um óvulo por um espermatozoide, ou, quando há 
fecundação, evitar que ocorra a nidação do ovo. 
 
Algumas literaturas apontam a separação dos 
métodos contraceptivos em duas categorias: 
• Modernos: um produto ou procedimento 
médico que interfere na reprodução 
durante as relações sexuais. Os métodos 
modernos seriam: esterilização masculina 
e feminina, dispositivos intrauterinos 
(DIU), implantes subdérmicos, 
contraceptivos orais, preservativos 
masculinos e femininos, injetáveis, pílulas 
contraceptivas de emergência, adesivos, 
diafragma e capuz cervical, agentes 
espermaticidas, anel vaginal e esponja 
vaginal. 
• Não Modernos: Os não modernos seriam: 
abordagens de conscientização da 
fertilidade como tabelinha, muco cervical, 
temperatura basal, sintotérmico; coito 
interrompido; amenorreia lactacional e 
abstinência sexual;
São os métodos baseados na identificação do 
período fértil durante o qual os casais se abstêm 
das relações sexuais ou praticam coito 
interrompido, a fim de diminuir a chance de 
gravidez. 
 
O período fértil pode ser identificado por meio da 
observação da curva de temperatura corporal, das 
características do muco cervical e de cálculos 
matemáticos baseados na duração, fisiologia do 
ciclo menstrual e meia-vida útil dos gametas. 
Os métodos comportamentais ou de abstinência 
periódica oferecem uma opção para um 
planejamento familiar natural, tanto pelas 
vantagens da falta de efeitos adversos quanto por 
princípios religiosos ou socioculturais. 
 
Todos os métodos apresentam taxa de falha, e ela 
é dependente do seu uso correto e consistente, 
sendo importante informação preliminar 
adequada, pois ela faz com que métodos 
comportamentais tenham taxas semelhantes 
quando analisados comparativamente com o uso 
habitual e o uso real, iniciando falhas próximas a 
20% para índices de 0,5% a 9%, respectivamente. 
 
Os cinco principais tipos de métodos 
comportamentais são: método de Ogino-Knaus 
(ritmo, calendário ou tabelinha), temperatura 
basal, monitoramento do muco cervical, método 
sintotérmico e amenorreia lactacional. 
Esse método se baseia no fato de haver alteração 
na temperatura basal durante a fase lútea do ciclo 
reprodutivo. Na primeira fase do ciclo, a 
temperatura permanece estável, ocorrendo 
aumento de pelo menos 0,4 °F (0,2 °C) acima da 
temperatura de base registrada no início da 
manhã, quando ocorre a ovulação. Esse aumento 
é monitorado ao longo de três dias consecutivos, 
até o ponto em que ocorre aumento da 
temperatura, definindo o período fértil. 
 
 
Como a monitorização da temperatura basal não 
identifica o início do período fértil, isso limita o uso 
do método. Os casais que desejam a gravidez 
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devem usar dados históricos para prever o 
próximo período fértil. Os casais que querem 
evitar a gravidez devem restringir a relação sexual 
desprotegida na fase lútea do ciclo. 
 
A acurácia do método será maior caso as medições 
sigam um protocolo rígido como: 
• Usar sempre o mesmo termômetro; 
• Verificar a temperatura diariamente a 
partir do primeiro dia do ciclo, antes de 
qualquer atividade ou após 5 horas de 
repouso; 
• Escolher sempre a mesma via de 
mensuração: oral (em baixo da língua por 
tempo mínimo de 5 minutos), vaginal ou 
retal (nos dois últimos por no mínimo 3 
minutos); 
• Anotar, de preferência, em papel 
quadriculado para facilitar a visualização; 
• Verificar a ocorrência de um aumento de 
no mínimo 0,2 ºC por três dias; 
• Anotar qualquer doença ou intercorrência, 
como mudança de horário na medição, uso 
de bebidas alcoólicas e perturbações do 
sono. 
 
A ovulação ocorre no dia do aumento constante da 
temperatura de no mínimo 0,2 ºC. 
 
A crítica a esse método fundamenta-se no fato de 
que a avaliação é retrospectiva e requer disciplina 
rígida e obediência ferrenha à abstenção nos dias 
do período fértil. 
 
Consiste no casal se abster do coito vaginal entre 
o primeiro e o último dia fértil, calculado pelo 
método estatístico de probabilidade de Ogino- 
Knaus. 
 
Para estabelecer o período de fertilidade, a mulher 
deve registrar o número de dias de cada ciclo 
menstrual durante pelo menos seis meses, tendo 
conhecimento de que: a ovulação ocorre 12 a 16 
dias antes da menstruação; o ciclo menstrual 
normalmente tem duração de 25 a 35 dias, sendo 
padrão o ciclo de 28 dias; o espermatozoide pode 
permanecer no trato genital feminino por 24 
horas, com capacidade de fertilizar o óvulo, e em 
algumas situações por até 72 horas; o óvulo 
permanece no trato genital feminino em 
condições de ser fertilizado, salvo exceções, por 24 
horas (um dia). 
 
 
Quando a mulher apresenta ciclos variáveis, uns 
mais curtos e outros mais longos, calcula-se o 
primeiro dia do período fértil subtraindo-se 18 do 
número de dias do ciclo mais curto. O cálculo do 
último dia do período fértil é realizado subtraindo-
se 11 do número de dias do ciclo mais longo. Existe 
método de calendário simplificado que pontua 
num ciclo de 26 a 32 dias, como período fértil, 12 
dias entre o 8o e o 19o dia 
 
Consiste no casal se abster do coito vaginal 
durante o período em que o muco cervical 
observado permaneça filante. 
 
O monitoramento do muco cervical é o 
fundamento para o método e depende de 
conhecimento prévio de suas características 
físicoquímicas, que estão sujeitas ao estímulo 
hormonal. 
 
A estimulação estrogênica crescente na primeira 
fase do ciclo faz com que o muco cervical sofra 
mudança conforme se aproxima do período 
ovulatório, tornando-se abundante, aquoso, 
semelhante à clara de ovo, e filante, propriedade 
essa que pode ser observada na realização do 
exame ginecológico, quando o muco cervical é 
colocado entre “dois braços” da pinça Cheron, e a 
filância pode chegar a 10 cm. 
 
Do ponto de vista prático, pode ter como fator 
limitador a necessidade de a mulher ter que 
introduzir dois dedos na vagina para avaliar a 
característica do muco e observar a filância, o que 
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para muitas mulheres é limitante pela dificuldade 
que elas têm de manipular os genitais. Essa 
característica do muco é um agente facilitador 
para a ascensão dos espermatozoides. 
 
 
 
O método age dificultando a ovulação, porque o 
aleitamento produz alterações na liberação 
hormonal por desorganização do eixo hipotálamo-
hipófise-ovário. A sucção frequente por parte do 
lactente envia impulsos nervosos ao hipotálamo, 
alterando a produção hormonal, o que leva à 
anovulação. 
 
A amamentação exclusiva como método de 
planejamento familiar, além das vantagens 
nutrizes para o bebê, tem como benefícios poder 
ser usada imediatamente após o parto, não ter 
custos diretos, não requerer o uso de 
medicamentos, não ter efeito secundário por 
hormônios ao binômio materno-fetal e possibilitar 
que o casal tenha um tempo para discutir o 
planejamento após a parada da lactação. 
 
O método combina os cálculos do calendário, da 
ascensão da temperatura basal na fase lútea e do 
monitoramento do muco cervical. 
 
O monitoramento do muco cervical é base para 
esse método, e as outras técnicas fornecem 
“verificação dupla”. 
 
As mulheres podem usar outros sinais 
(consistência e posição do colo do útero) ou 
sintomas (sensibilidade mamária, dor ovulatória, 
sangramento de ovulação) para auxiliar na 
identificação do período fértil. 
 
 
 
 
São métodos que impedem a ascensão dos 
espermatozoides do trato genital inferior para a 
cavidade uterina por meio de ações mecânicas 
e/ou químicas. Como exemplos, citamos o 
preservativo (masculino e feminino), diafragma, 
espermicidas, esponjas e capuz cervical. 
 
Os preservativos masculinos, popularmente 
conhecidos como “camisinha”, existem no 
mercado mundial em diferentes dimensões (47 a 
69 mm de largura/178 a 223 mm comprimento), 
texturas e modelos. Podem se apresentar sem 
lubrificantes ou lubrificados com compostos 
hidrossolúveis(glicerina, propilenoglicol, 
parabenos e outros) ou não hidrossolúveis 
(silicone). 
 
A grande maioria dos preservativos distribuídos no 
mercado é feita de látex, a partir da borracha 
natural, derivada da seringueira, por meio de 
vários processos de industrialização, entre eles a 
vulcanização, que o torna mais resistente, sem 
comprometer sua elasticidade. 
 
É amplamente utilizado no Brasil pela sua 
divulgação nos veículos de comunicação, aliado ao 
fato de ter baixo custo e distribuição gratuita no 
Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
Seu prazo de validade pode variar de dois a cinco 
anos, dependendo da marca e modelo. Apresenta 
uma característica termolábil que requer cuidados 
no seu armazenamento e pode afetar sua vida útil. 
Quando submetido a altas temperaturas, perde a 
sua elasticidade e pode sofrer fissuras. 
 
Consiste em um dispositivo que é inserido na 
vagina antes do coito com a finalidade de impedir 
que o pênis e o sêmen entrem em contato direto 
com a mucosa genital feminina. 
 
 
 
 
 
 
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O diafragma é um dispositivo vaginal de 
anticoncepção que consiste em um capuz macio 
de borracha, côncavo, com borda flexível, que 
cobre parte da parede vaginal anterior e o colo 
uterino. Serve como uma barreira cervical à 
ascensão do espermatozoide da vagina para a 
cavidade uterina. 
 
São substâncias introduzidas na vagina antes da 
penetração vaginal, funcionando como método de 
barreira química à ascensão do espermatozoide 
para a cavidade uterina. 
 
Existem no mercado em diferentes formas de 
apresentação: espumas, gel, cremes, película ou 
filme e comprimidos vaginais. 
 
Devem ser colocados com no máximo 1 hora de 
antecedência da ejaculação vaginal. 
 
Atualmente são pouco utilizados de forma isolada 
e podem ser associados a métodos de barreira 
mecânica para aumentar a sua efetividade. 
 
São dispositivos pequenos, macios e circulares de 
poliuretano contendo espermicida (nonoxinol 9), 
colocados no fundo da vagina, recobrindo o colo 
uterino. 
 
Funciona como um método anticoncepcional de 
barreira cervical impedindo a ascensão do 
espermatozoide da vagina para a cavidade 
uterina. 
 
Antes da introdução vaginal, ela deve ser 
umedecia com água filtrada e espremida para 
distribuir o espermaticida. 
 
Permanece eficaz por 24 horas após a inserção, 
independentemente do número de coitos 
vaginais. Após a última ejaculação, ela deve 
permanecer por no mínimo 6 horas, não 
ultrapassando 24 a 30 horas. 
 
É um dispositivo menor que o diafragma, 
côncavos, que recobre e adere ao colo do útero, 
consistindo em um método de barreira cervical 
contra a ascensão do espermatozoide para a 
cavidade uterina. 
 
É usado com espermicidas, funcionando como 
métodos anticoncepcionais de barreira cervical. 
Pode permanecer no canal vaginal por mais tempo 
que o diafragma, até 48 ou 72 horas. É raro, mas 
pode levar a infecção e síndrome do choque 
tóxico. Não deve ser utilizado em pacientes com 
alto risco ou portadoras de HIV/AIDS. 
 
Não é prescrito no Brasil como método 
contraceptivo. 
 
Os métodos anticoncepcionais cirúrgicos são 
classificados como definitivos e devem seguir a 
legislação brasileira, sempre pautados na ética e 
no bom senso médico. 
 
É sempre necessário o registro da manifestação da 
vontade em documento escrito e assinado pela 
paciente, no qual se encontram informações a 
respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos 
colaterais, dificuldades de sua reversão e opções 
de contracepção reversíveis existentes. 
 
Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização 
depende do consentimento expresso de ambos os 
cônjuges. 
 
A lei também prescreve que a esterilização 
cirúrgica é proibida durante os períodos de parto 
ou aborto, exceto nos casos de comprovada 
necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores, 
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e que ela não deve ser feita por meio de 
histerectomia ou ooforectomia. 
 
A laqueadura tubária é o método de esterilização 
definitiva mais utilizado no Brasil e no mundo. Há 
diversas técnicas para interromper a 
permeabilidade tubária e, assim, não permitir a 
passagem dos espermatozoides em encontro ao 
óvulo. O acesso à tuba pode ser feito por via 
laparotômica, laparoscópica, vaginal ou 
histeroscópica. 
 
A vasectomia é um método de esterilização 
masculina definitiva que consiste na secção e 
ligadura ou oclusão dos ductos deferentes. 
 
Embora seja um procedimento tipicamente 
realizado por urologistas, é importante ao 
ginecologista estar familiarizado com o método, 
visto que a consulta de planejamento familiar na 
grande maioria das vezes se inicia no seu 
consultório. 
 
A vasectomia pode ser realizada em ambiente 
ambulatorial com anestesia local. Através de uma 
pequena incisão na bolsa escrotal, é 
individualizado o ducto deferente, seccionado e 
seus cotos ligados e cauterizados e/ou interpostos 
pela fáscia. A incisão pode ser feita com um bisturi 
ou diretamente com uma pinça de dissecção 
através da pele. 
Podemos classificar os AHCs de acordo com sua 
forma de administração, resultando em quatro 
grupos: injetável, vaginal, transdérmica e oral. 
Com exceção da via injetável, as outras 
apresentam a vantagem de não dependerem de 
um profissional de saúde para seu uso. 
 
Os AHCs agem, primariamente, inibindo a 
secreção de gonadotrofinas, e o progestagênio é o 
principal responsável pelos efeitos contraceptivos 
observados. O principal efeito do progestagênio é 
a inibição do pico pré-ovulatório do hormônio 
luteinizante (LH), evitando, assim, a ovulação. 
Além disso, espessa o muco cervical, dificultando 
a ascensão dos espermatozoides; exerce efeito 
antiproliferativo no endométrio, tornando-o não 
receptivo à implantação; e altera a secreção e a 
peristalse das trompas de Falópio. 
 
O componente estrogênico age inibindo o pico do 
hormônio folículo-estimulante (FSH) e, com isso, 
evita a seleção e o crescimento do folículo 
dominante. Além disso, ele age para estabilizar o 
endométrio e potencializar a ação do componente 
progestagênio, por meio do aumento dos 
receptores de progesterona intracelulares. Essa 
última função do estrogênio possibilitou a redução 
do progestagênio nas formulações contraceptivas 
combinadas. 
 
Múltiplas são as opções de AHCs disponíveis, e o 
seu uso correto e consistente é fundamental para 
manter a alta eficácia deles. Sempre se deve 
explicar para a mulher que procura orientação 
contraceptiva que todos os métodos 
contraceptivos têm taxas de falha, mas que o uso 
correto dele minimiza essas falhas. 
 
A eficácia anticonceptiva é avaliada pela taxa de 
gravidezes não planejadas durante um tempo 
específico de exposição ao anticoncepcional. 
Atualmente, dois métodos são utilizados para 
medir a eficácia de um contraceptivo: o índice de 
Pearl e a análise da tabela de vida. 
 
• O Índice de Pearl é definido como o 
número de gestações por 100 mulheres 
por ano de exposição ao método 
contraceptivo. 
• A análise da tabela de vida fornece a taxa 
de falha para cada mês de uso do método 
e pode fornecer uma taxa cumulativa para 
um determinado período de tempo. 
 
Em cada contraceptivo há a taxa de falha inerente 
ao método (com o uso perfeito ou teórico dele, 
baseado em dados de pacientes monitoradas e 
motivadas) e a taxa de falha associada ao uso 
típico do método (o seu uso na vida real). Quanto 
mais dependente da usuária for o método para 
manter sua eficácia, maior será a diferença entre 
as taxas de falhas do uso perfeito e do uso típico 
do método. 
 
Com objetivo de reduzir o risco de esquecimento, 
existem formulações que incorporam pílulas não 
hormonais durante os dias de pausa. 
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➢ EFEITOS ADVERSOS: 
Os efeitos gerais podem ser relacionados ao 
componente estrogênico, progestagênico ou a 
ambos. 
 
 
➢ METABÓLICOS: 
Sistema hemostático 
O risco absoluto de trombose venosa profunda 
(TVP) em mulheres, sem fatores de risco, durante 
o menacme é muito baixo (menos de cinco casos 
por 10.000 mulheres). Os AHCs aumentam duas a 
seis vezeso risco de TVP comparados a não 
usuárias de AHC. 
 
O EE induz alterações no sistema de coagulação ao 
aumentar a síntese de alguns fatores de 
coagulação, reduzir alguns anticoagulantes 
naturais e, especialmente, promover resistência à 
proteína C ativada. 
 
Metabolismo dos carboidratos 
O EE reduz a sensibilidade à insulina. As 
formulações com estrogênios naturais induzem 
menos resistência à insulina que as formulações 
com EE. 
 
Metabolismo lipídico 
Comumente os AHCs podem aumentar o HDL e 
triglicérides (TG). O aumento de TG varia de 30% a 
80% dos valores iniciais, independentemente da 
via de administração, mantendo níveis dentro da 
normalidade. 
 
Esse aumento é provocado pela síntese hepática 
de TG pelo EE. Assim, em mulheres com 
hipertrigliceridemia, devem-se preferir os 
métodos não hormonais ou aqueles contendo 
apenas progestagênio. 
 
Efeito na pressão arterial 
O EE, presente na maioria do AHCs, combinados 
aumenta a síntese hepática de angiotensinogênio, 
que, por sua vez, eleva a pressão arterial sistêmica 
por meio do sistema renina-
angiotensinaaldosterona. 
 
Esse efeito é relevante quando a mulher já é 
hipertensa, e a suspensão do método combinado 
é mandatória, visto que a descontinuação dele é 
uma importante medida de controle de pressão 
arterial nessas mulheres. Em mulheres saudáveis, 
normotensas, essa alteração não traz 
repercussões clínicas. 
 
➢ USO NÃO CONTRACEPTIVO 
 
Os AHCs têm também, desde a sua primeira 
formulação na década de 1960 do século passado, 
uma importância não contraceptiva. Nessa época, 
eram indicados para “regulação dos ciclos 
menstruais” e, como efeito indireto, promoviam a 
anovulação. 
 
A anovulação age melhorando diversos sintomas 
da síndrome da tensão pré-menstrual (mastalgia, 
irritabilidade, cefaleia), da dismenorreia primária 
ou secundária, dos sintomas da endometriose e do 
volume da perda sanguínea. Também ajuda na 
redução e desaparecimento de cistos ovarianos 
simples, por vezes de grandes dimensões, devido 
ao “repouso ovariano”. As afecções benignas da 
mama e também o mioma uterino tendem a não 
mudar de tamanho durante o uso de métodos 
combinados, e até redução do volume é 
observada. 
 
O anticoncepcional hormonal oral que apresenta 
apenas o componente progestagênico, como o 
levonorgestrel, noretisterona ou linistrenol, é 
denominado de “minipílula”. 
 
A utilização de progestagênios de forma isolada é 
ampla e apresenta poucas contraindicações, 
podendo ser indicada para qualquer faixa etária 
durante o menacme, da menarca (na 
adolescência) a menopausa (no climatério), em 
nulíparas ou multíparas. 
 
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Pode ser utilizado em mulheres no pós-parto que 
estejam ou não amamentando, devendo ser 
introduzido após a sexta semana do parto para as 
que amamentam. 
 
Os anticoncepcionais orais contendo apenas 
progestagênio são de uso contínuo, sem 
interrupção entre as cartelas, com tomada de um 
comprimido por dia. 
 
O seu efeito colateral mais comum está 
relacionado às alterações no padrão de 
sangramento, que se torna imprevisível. Nos 
primeiros meses de uso do método, pode ocorrer 
sangramento irregular e frequente (mais de seis 
episódios durante o período de 90 dias), sendo 
essa a maior razão para a sua descontinuidade. 
No Brasil, o único implante liberado pela Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o 
Implanon, que contém etonogestrel. Trata-se de 
um anticoncepcional de progestagênio 
constituído de uma haste de 40 mm por 2 mm 
(formada por vinil acetato de etileno) que contém 
68 mg de etonogestrel (derivado do desogestrel), 
que deverá ser colocado subdermicamente no 
braço interno para contracepção reversível de 
longa ação (três anos) em mulheres. 
 
A inserção do implante deve ser feita no membro 
superior não dominante e é um procedimento fácil 
e rápido que pode ser realizado no consultório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sistema intrauterino (SIU) liberador de 
levonorgestrel (LNG) é um endoceptivo de longa 
ação (meia-vida de cinco anos), reversível e 
altamente eficaz. Consiste de um pequeno 
dispositivo (32 mm) em forma de “T” que é 
inserido dentro do útero e que contém um 
reservatório com levonorgestrel (52 mg) ao redor 
da haste vertical. 
 
O principal efeito do progestagênio 
(levonorgestrel) que compõe o SIU é a ação 
endometrial, causando sua atrofia e outras 
alterações (células epiteliais, estromais e 
fagocíticas). Também apresenta ação no muco 
cervical. O SIU-LNG tem pouco efeito sobre o eixo 
hipotálamo-hipófise-ovariano, dessa forma, um 
grande número de mulheres ovula. 
 
Apresenta alguns benefícios não contraceptivos 
como redução na duração e intensidade do 
sangramento uterino e melhora da dismenorreia 
primária. 
 
Os principais são: 
• Muco cervical espesso e hostil à 
penetração do espermatozoide, inibindo a 
sua motilidade no colo, no endométrio e 
nas tubas uterinas, prevenindo a 
fertilização; 
• Alta concentração de LNG no endométrio, 
impedindo a resposta ao estradiol 
circulante; 
• Forte efeito antiproliferativo no 
endométrio; 
• Inibição da atividade mitótica do 
endométrio; 
• Manutenção da produção estrogênica, o 
que possibilita boa lubrificação vaginal. 
O método injetável trimestral contém o acetato de 
medroxiprogesterona de depósito. Pode ser 
utilizado pela via intramuscular ou subcutânea, 
mas em nosso país está disponível apenas para uso 
intramuscular. 
 
Como os outros métodos só com progestagênio, 
atua principalmente pela inibição da ovulação, 
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mas também há efeito no muco cervical, que 
ocorre a partir dos primeiros dias de utilização. 
 
Portanto, há a necessidade de uso de 
anticoncepção adicional durante sete dias se a 
mulher iniciar o método após os primeiros cinco 
dias da menstruação. Esse tempo permite ação 
adequada na supressão da ovulação, nos efeitos 
do muco cervical e no endométrio, que se torna 
atrófico. 
 
O injetável trimestral devido a sua ação na inibição 
da ovulação pode causar diminuição nos níveis de 
estradiol e estrona. 
A contracepção de emergência ocupa uma posição 
única entre os métodos contraceptivos, pois é 
utilizada após o ato sexual, reduzindo 
significativamente a taxa de gravidez não 
planejada e abortamento inseguro 
 
O mecanismo de ação dos métodos para a 
contracepção de emergência não é 
completamente elucidado; de modo geral, agem 
impedindo ou atrasando a ovulação. Também 
alteram os níveis hormonais, interferindo no 
desenvolvimento folicular e na maturação do 
corpo lúteo e inibindo a fertilização. 
 
O método de Yuzpe é a forma mais antiga de 
contracepção de emergência e, se utilizado 
durante a primeira metade do ciclo menstrual, 
atrasa ou inibe a ovulação. É efetivo se os folículos 
ainda não estiverem bem desenvolvidos, isto é, 
antes que ocorra a ovulação. Alguns estudos 
sugerem outras formas de ação, como a 
interrupção da função lútea e a alteração do 
endométrio, dos níveis de esteroides sexuais e do 
muco cervical, impedindo a fertilização. 
 
O levonorgestrel, se utilizado antes da elevação 
dos níveis do LH, pode inibi-lo e interromper o 
processo ovulatório. O efeito é menor na presença 
do corpo lúteo, não sendo efetivo após a 
ocorrência da ovulação. 
 
O acetato de ulipristal exerce atividade 
farmacológica prevenindo a ovulação tanto antes 
como após o pico de LH, atrasando a rotura 
folicular durante pelo menos cinco dias. Produz 
efeito antiprogesterona no ovário e na espessura 
do endométrio ao se ligar a RPs. Esses efeitos 
variam de acordo com o momento da sua 
administração durante o ciclo menstrual. 
 
 
Os DIUs também constituem métodos 
contraceptivos de longa ação. Constituem o 
método mais comum de contracepção reversível 
utilizado no mundo. 
 
Dois dispositivos comumente usados no Brasil 
incluem DIU-Cu T380A e DIU-LNG 20 mcg. Ambos 
se apresentam com poucas contraindicações, são 
bem tolerados, custo-efetivos, possuem baixa taxa 
de descontinuidade e fácil uso e podem ser 
utilizados após o parto. 
 
O principal mecanismo de açãodo DIU-Cu situa-se 
no desencadeamento pelos sais de cobre e 
polietileno da reação de corpo estranho pelo 
endométrio. 
 
A liberação de uma pequena quantidade de metal 
estimula a produção de prostaglandinas e 
citocinas no útero. Como resultado, forma-se uma 
“espuma” biológica na cavidade uterina, que, por 
sua vez, possui efeito tóxico sobre 
espermatozoides e óvulos, alterando a viabilidade, 
transporte e capacidade de fertilização deles, além 
de dificultar a implantação por meio de uma 
reação inflamatória crônica endometrial. 
 
A presença de cobre no muco cervical também 
atua na diminuição da motilidade e viabilidade dos 
gametas masculinos. A inibição da ovulação não 
está presente nesse método. Além dos efeitos pré-
fertilização, pode-se observar retardo ou 
–
 
aceleração no transporte dos embriões, dano a 
eles e diminuição da implantação. 
 
 
 
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