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– A definição de contracepção é: conjunto dos métodos físicos ou químicos que visam evitar, de modo reversível e temporário, a fecundação de um óvulo por um espermatozoide, ou, quando há fecundação, evitar que ocorra a nidação do ovo. Algumas literaturas apontam a separação dos métodos contraceptivos em duas categorias: • Modernos: um produto ou procedimento médico que interfere na reprodução durante as relações sexuais. Os métodos modernos seriam: esterilização masculina e feminina, dispositivos intrauterinos (DIU), implantes subdérmicos, contraceptivos orais, preservativos masculinos e femininos, injetáveis, pílulas contraceptivas de emergência, adesivos, diafragma e capuz cervical, agentes espermaticidas, anel vaginal e esponja vaginal. • Não Modernos: Os não modernos seriam: abordagens de conscientização da fertilidade como tabelinha, muco cervical, temperatura basal, sintotérmico; coito interrompido; amenorreia lactacional e abstinência sexual; São os métodos baseados na identificação do período fértil durante o qual os casais se abstêm das relações sexuais ou praticam coito interrompido, a fim de diminuir a chance de gravidez. O período fértil pode ser identificado por meio da observação da curva de temperatura corporal, das características do muco cervical e de cálculos matemáticos baseados na duração, fisiologia do ciclo menstrual e meia-vida útil dos gametas. Os métodos comportamentais ou de abstinência periódica oferecem uma opção para um planejamento familiar natural, tanto pelas vantagens da falta de efeitos adversos quanto por princípios religiosos ou socioculturais. Todos os métodos apresentam taxa de falha, e ela é dependente do seu uso correto e consistente, sendo importante informação preliminar adequada, pois ela faz com que métodos comportamentais tenham taxas semelhantes quando analisados comparativamente com o uso habitual e o uso real, iniciando falhas próximas a 20% para índices de 0,5% a 9%, respectivamente. Os cinco principais tipos de métodos comportamentais são: método de Ogino-Knaus (ritmo, calendário ou tabelinha), temperatura basal, monitoramento do muco cervical, método sintotérmico e amenorreia lactacional. Esse método se baseia no fato de haver alteração na temperatura basal durante a fase lútea do ciclo reprodutivo. Na primeira fase do ciclo, a temperatura permanece estável, ocorrendo aumento de pelo menos 0,4 °F (0,2 °C) acima da temperatura de base registrada no início da manhã, quando ocorre a ovulação. Esse aumento é monitorado ao longo de três dias consecutivos, até o ponto em que ocorre aumento da temperatura, definindo o período fértil. Como a monitorização da temperatura basal não identifica o início do período fértil, isso limita o uso do método. Os casais que desejam a gravidez – devem usar dados históricos para prever o próximo período fértil. Os casais que querem evitar a gravidez devem restringir a relação sexual desprotegida na fase lútea do ciclo. A acurácia do método será maior caso as medições sigam um protocolo rígido como: • Usar sempre o mesmo termômetro; • Verificar a temperatura diariamente a partir do primeiro dia do ciclo, antes de qualquer atividade ou após 5 horas de repouso; • Escolher sempre a mesma via de mensuração: oral (em baixo da língua por tempo mínimo de 5 minutos), vaginal ou retal (nos dois últimos por no mínimo 3 minutos); • Anotar, de preferência, em papel quadriculado para facilitar a visualização; • Verificar a ocorrência de um aumento de no mínimo 0,2 ºC por três dias; • Anotar qualquer doença ou intercorrência, como mudança de horário na medição, uso de bebidas alcoólicas e perturbações do sono. A ovulação ocorre no dia do aumento constante da temperatura de no mínimo 0,2 ºC. A crítica a esse método fundamenta-se no fato de que a avaliação é retrospectiva e requer disciplina rígida e obediência ferrenha à abstenção nos dias do período fértil. Consiste no casal se abster do coito vaginal entre o primeiro e o último dia fértil, calculado pelo método estatístico de probabilidade de Ogino- Knaus. Para estabelecer o período de fertilidade, a mulher deve registrar o número de dias de cada ciclo menstrual durante pelo menos seis meses, tendo conhecimento de que: a ovulação ocorre 12 a 16 dias antes da menstruação; o ciclo menstrual normalmente tem duração de 25 a 35 dias, sendo padrão o ciclo de 28 dias; o espermatozoide pode permanecer no trato genital feminino por 24 horas, com capacidade de fertilizar o óvulo, e em algumas situações por até 72 horas; o óvulo permanece no trato genital feminino em condições de ser fertilizado, salvo exceções, por 24 horas (um dia). Quando a mulher apresenta ciclos variáveis, uns mais curtos e outros mais longos, calcula-se o primeiro dia do período fértil subtraindo-se 18 do número de dias do ciclo mais curto. O cálculo do último dia do período fértil é realizado subtraindo- se 11 do número de dias do ciclo mais longo. Existe método de calendário simplificado que pontua num ciclo de 26 a 32 dias, como período fértil, 12 dias entre o 8o e o 19o dia Consiste no casal se abster do coito vaginal durante o período em que o muco cervical observado permaneça filante. O monitoramento do muco cervical é o fundamento para o método e depende de conhecimento prévio de suas características físicoquímicas, que estão sujeitas ao estímulo hormonal. A estimulação estrogênica crescente na primeira fase do ciclo faz com que o muco cervical sofra mudança conforme se aproxima do período ovulatório, tornando-se abundante, aquoso, semelhante à clara de ovo, e filante, propriedade essa que pode ser observada na realização do exame ginecológico, quando o muco cervical é colocado entre “dois braços” da pinça Cheron, e a filância pode chegar a 10 cm. Do ponto de vista prático, pode ter como fator limitador a necessidade de a mulher ter que introduzir dois dedos na vagina para avaliar a característica do muco e observar a filância, o que – para muitas mulheres é limitante pela dificuldade que elas têm de manipular os genitais. Essa característica do muco é um agente facilitador para a ascensão dos espermatozoides. O método age dificultando a ovulação, porque o aleitamento produz alterações na liberação hormonal por desorganização do eixo hipotálamo- hipófise-ovário. A sucção frequente por parte do lactente envia impulsos nervosos ao hipotálamo, alterando a produção hormonal, o que leva à anovulação. A amamentação exclusiva como método de planejamento familiar, além das vantagens nutrizes para o bebê, tem como benefícios poder ser usada imediatamente após o parto, não ter custos diretos, não requerer o uso de medicamentos, não ter efeito secundário por hormônios ao binômio materno-fetal e possibilitar que o casal tenha um tempo para discutir o planejamento após a parada da lactação. O método combina os cálculos do calendário, da ascensão da temperatura basal na fase lútea e do monitoramento do muco cervical. O monitoramento do muco cervical é base para esse método, e as outras técnicas fornecem “verificação dupla”. As mulheres podem usar outros sinais (consistência e posição do colo do útero) ou sintomas (sensibilidade mamária, dor ovulatória, sangramento de ovulação) para auxiliar na identificação do período fértil. São métodos que impedem a ascensão dos espermatozoides do trato genital inferior para a cavidade uterina por meio de ações mecânicas e/ou químicas. Como exemplos, citamos o preservativo (masculino e feminino), diafragma, espermicidas, esponjas e capuz cervical. Os preservativos masculinos, popularmente conhecidos como “camisinha”, existem no mercado mundial em diferentes dimensões (47 a 69 mm de largura/178 a 223 mm comprimento), texturas e modelos. Podem se apresentar sem lubrificantes ou lubrificados com compostos hidrossolúveis(glicerina, propilenoglicol, parabenos e outros) ou não hidrossolúveis (silicone). A grande maioria dos preservativos distribuídos no mercado é feita de látex, a partir da borracha natural, derivada da seringueira, por meio de vários processos de industrialização, entre eles a vulcanização, que o torna mais resistente, sem comprometer sua elasticidade. É amplamente utilizado no Brasil pela sua divulgação nos veículos de comunicação, aliado ao fato de ter baixo custo e distribuição gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). Seu prazo de validade pode variar de dois a cinco anos, dependendo da marca e modelo. Apresenta uma característica termolábil que requer cuidados no seu armazenamento e pode afetar sua vida útil. Quando submetido a altas temperaturas, perde a sua elasticidade e pode sofrer fissuras. Consiste em um dispositivo que é inserido na vagina antes do coito com a finalidade de impedir que o pênis e o sêmen entrem em contato direto com a mucosa genital feminina. – O diafragma é um dispositivo vaginal de anticoncepção que consiste em um capuz macio de borracha, côncavo, com borda flexível, que cobre parte da parede vaginal anterior e o colo uterino. Serve como uma barreira cervical à ascensão do espermatozoide da vagina para a cavidade uterina. São substâncias introduzidas na vagina antes da penetração vaginal, funcionando como método de barreira química à ascensão do espermatozoide para a cavidade uterina. Existem no mercado em diferentes formas de apresentação: espumas, gel, cremes, película ou filme e comprimidos vaginais. Devem ser colocados com no máximo 1 hora de antecedência da ejaculação vaginal. Atualmente são pouco utilizados de forma isolada e podem ser associados a métodos de barreira mecânica para aumentar a sua efetividade. São dispositivos pequenos, macios e circulares de poliuretano contendo espermicida (nonoxinol 9), colocados no fundo da vagina, recobrindo o colo uterino. Funciona como um método anticoncepcional de barreira cervical impedindo a ascensão do espermatozoide da vagina para a cavidade uterina. Antes da introdução vaginal, ela deve ser umedecia com água filtrada e espremida para distribuir o espermaticida. Permanece eficaz por 24 horas após a inserção, independentemente do número de coitos vaginais. Após a última ejaculação, ela deve permanecer por no mínimo 6 horas, não ultrapassando 24 a 30 horas. É um dispositivo menor que o diafragma, côncavos, que recobre e adere ao colo do útero, consistindo em um método de barreira cervical contra a ascensão do espermatozoide para a cavidade uterina. É usado com espermicidas, funcionando como métodos anticoncepcionais de barreira cervical. Pode permanecer no canal vaginal por mais tempo que o diafragma, até 48 ou 72 horas. É raro, mas pode levar a infecção e síndrome do choque tóxico. Não deve ser utilizado em pacientes com alto risco ou portadoras de HIV/AIDS. Não é prescrito no Brasil como método contraceptivo. Os métodos anticoncepcionais cirúrgicos são classificados como definitivos e devem seguir a legislação brasileira, sempre pautados na ética e no bom senso médico. É sempre necessário o registro da manifestação da vontade em documento escrito e assinado pela paciente, no qual se encontram informações a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes. Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges. A lei também prescreve que a esterilização cirúrgica é proibida durante os períodos de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores, – e que ela não deve ser feita por meio de histerectomia ou ooforectomia. A laqueadura tubária é o método de esterilização definitiva mais utilizado no Brasil e no mundo. Há diversas técnicas para interromper a permeabilidade tubária e, assim, não permitir a passagem dos espermatozoides em encontro ao óvulo. O acesso à tuba pode ser feito por via laparotômica, laparoscópica, vaginal ou histeroscópica. A vasectomia é um método de esterilização masculina definitiva que consiste na secção e ligadura ou oclusão dos ductos deferentes. Embora seja um procedimento tipicamente realizado por urologistas, é importante ao ginecologista estar familiarizado com o método, visto que a consulta de planejamento familiar na grande maioria das vezes se inicia no seu consultório. A vasectomia pode ser realizada em ambiente ambulatorial com anestesia local. Através de uma pequena incisão na bolsa escrotal, é individualizado o ducto deferente, seccionado e seus cotos ligados e cauterizados e/ou interpostos pela fáscia. A incisão pode ser feita com um bisturi ou diretamente com uma pinça de dissecção através da pele. Podemos classificar os AHCs de acordo com sua forma de administração, resultando em quatro grupos: injetável, vaginal, transdérmica e oral. Com exceção da via injetável, as outras apresentam a vantagem de não dependerem de um profissional de saúde para seu uso. Os AHCs agem, primariamente, inibindo a secreção de gonadotrofinas, e o progestagênio é o principal responsável pelos efeitos contraceptivos observados. O principal efeito do progestagênio é a inibição do pico pré-ovulatório do hormônio luteinizante (LH), evitando, assim, a ovulação. Além disso, espessa o muco cervical, dificultando a ascensão dos espermatozoides; exerce efeito antiproliferativo no endométrio, tornando-o não receptivo à implantação; e altera a secreção e a peristalse das trompas de Falópio. O componente estrogênico age inibindo o pico do hormônio folículo-estimulante (FSH) e, com isso, evita a seleção e o crescimento do folículo dominante. Além disso, ele age para estabilizar o endométrio e potencializar a ação do componente progestagênio, por meio do aumento dos receptores de progesterona intracelulares. Essa última função do estrogênio possibilitou a redução do progestagênio nas formulações contraceptivas combinadas. Múltiplas são as opções de AHCs disponíveis, e o seu uso correto e consistente é fundamental para manter a alta eficácia deles. Sempre se deve explicar para a mulher que procura orientação contraceptiva que todos os métodos contraceptivos têm taxas de falha, mas que o uso correto dele minimiza essas falhas. A eficácia anticonceptiva é avaliada pela taxa de gravidezes não planejadas durante um tempo específico de exposição ao anticoncepcional. Atualmente, dois métodos são utilizados para medir a eficácia de um contraceptivo: o índice de Pearl e a análise da tabela de vida. • O Índice de Pearl é definido como o número de gestações por 100 mulheres por ano de exposição ao método contraceptivo. • A análise da tabela de vida fornece a taxa de falha para cada mês de uso do método e pode fornecer uma taxa cumulativa para um determinado período de tempo. Em cada contraceptivo há a taxa de falha inerente ao método (com o uso perfeito ou teórico dele, baseado em dados de pacientes monitoradas e motivadas) e a taxa de falha associada ao uso típico do método (o seu uso na vida real). Quanto mais dependente da usuária for o método para manter sua eficácia, maior será a diferença entre as taxas de falhas do uso perfeito e do uso típico do método. Com objetivo de reduzir o risco de esquecimento, existem formulações que incorporam pílulas não hormonais durante os dias de pausa. – ➢ EFEITOS ADVERSOS: Os efeitos gerais podem ser relacionados ao componente estrogênico, progestagênico ou a ambos. ➢ METABÓLICOS: Sistema hemostático O risco absoluto de trombose venosa profunda (TVP) em mulheres, sem fatores de risco, durante o menacme é muito baixo (menos de cinco casos por 10.000 mulheres). Os AHCs aumentam duas a seis vezeso risco de TVP comparados a não usuárias de AHC. O EE induz alterações no sistema de coagulação ao aumentar a síntese de alguns fatores de coagulação, reduzir alguns anticoagulantes naturais e, especialmente, promover resistência à proteína C ativada. Metabolismo dos carboidratos O EE reduz a sensibilidade à insulina. As formulações com estrogênios naturais induzem menos resistência à insulina que as formulações com EE. Metabolismo lipídico Comumente os AHCs podem aumentar o HDL e triglicérides (TG). O aumento de TG varia de 30% a 80% dos valores iniciais, independentemente da via de administração, mantendo níveis dentro da normalidade. Esse aumento é provocado pela síntese hepática de TG pelo EE. Assim, em mulheres com hipertrigliceridemia, devem-se preferir os métodos não hormonais ou aqueles contendo apenas progestagênio. Efeito na pressão arterial O EE, presente na maioria do AHCs, combinados aumenta a síntese hepática de angiotensinogênio, que, por sua vez, eleva a pressão arterial sistêmica por meio do sistema renina- angiotensinaaldosterona. Esse efeito é relevante quando a mulher já é hipertensa, e a suspensão do método combinado é mandatória, visto que a descontinuação dele é uma importante medida de controle de pressão arterial nessas mulheres. Em mulheres saudáveis, normotensas, essa alteração não traz repercussões clínicas. ➢ USO NÃO CONTRACEPTIVO Os AHCs têm também, desde a sua primeira formulação na década de 1960 do século passado, uma importância não contraceptiva. Nessa época, eram indicados para “regulação dos ciclos menstruais” e, como efeito indireto, promoviam a anovulação. A anovulação age melhorando diversos sintomas da síndrome da tensão pré-menstrual (mastalgia, irritabilidade, cefaleia), da dismenorreia primária ou secundária, dos sintomas da endometriose e do volume da perda sanguínea. Também ajuda na redução e desaparecimento de cistos ovarianos simples, por vezes de grandes dimensões, devido ao “repouso ovariano”. As afecções benignas da mama e também o mioma uterino tendem a não mudar de tamanho durante o uso de métodos combinados, e até redução do volume é observada. O anticoncepcional hormonal oral que apresenta apenas o componente progestagênico, como o levonorgestrel, noretisterona ou linistrenol, é denominado de “minipílula”. A utilização de progestagênios de forma isolada é ampla e apresenta poucas contraindicações, podendo ser indicada para qualquer faixa etária durante o menacme, da menarca (na adolescência) a menopausa (no climatério), em nulíparas ou multíparas. – Pode ser utilizado em mulheres no pós-parto que estejam ou não amamentando, devendo ser introduzido após a sexta semana do parto para as que amamentam. Os anticoncepcionais orais contendo apenas progestagênio são de uso contínuo, sem interrupção entre as cartelas, com tomada de um comprimido por dia. O seu efeito colateral mais comum está relacionado às alterações no padrão de sangramento, que se torna imprevisível. Nos primeiros meses de uso do método, pode ocorrer sangramento irregular e frequente (mais de seis episódios durante o período de 90 dias), sendo essa a maior razão para a sua descontinuidade. No Brasil, o único implante liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o Implanon, que contém etonogestrel. Trata-se de um anticoncepcional de progestagênio constituído de uma haste de 40 mm por 2 mm (formada por vinil acetato de etileno) que contém 68 mg de etonogestrel (derivado do desogestrel), que deverá ser colocado subdermicamente no braço interno para contracepção reversível de longa ação (três anos) em mulheres. A inserção do implante deve ser feita no membro superior não dominante e é um procedimento fácil e rápido que pode ser realizado no consultório. O sistema intrauterino (SIU) liberador de levonorgestrel (LNG) é um endoceptivo de longa ação (meia-vida de cinco anos), reversível e altamente eficaz. Consiste de um pequeno dispositivo (32 mm) em forma de “T” que é inserido dentro do útero e que contém um reservatório com levonorgestrel (52 mg) ao redor da haste vertical. O principal efeito do progestagênio (levonorgestrel) que compõe o SIU é a ação endometrial, causando sua atrofia e outras alterações (células epiteliais, estromais e fagocíticas). Também apresenta ação no muco cervical. O SIU-LNG tem pouco efeito sobre o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, dessa forma, um grande número de mulheres ovula. Apresenta alguns benefícios não contraceptivos como redução na duração e intensidade do sangramento uterino e melhora da dismenorreia primária. Os principais são: • Muco cervical espesso e hostil à penetração do espermatozoide, inibindo a sua motilidade no colo, no endométrio e nas tubas uterinas, prevenindo a fertilização; • Alta concentração de LNG no endométrio, impedindo a resposta ao estradiol circulante; • Forte efeito antiproliferativo no endométrio; • Inibição da atividade mitótica do endométrio; • Manutenção da produção estrogênica, o que possibilita boa lubrificação vaginal. O método injetável trimestral contém o acetato de medroxiprogesterona de depósito. Pode ser utilizado pela via intramuscular ou subcutânea, mas em nosso país está disponível apenas para uso intramuscular. Como os outros métodos só com progestagênio, atua principalmente pela inibição da ovulação, – mas também há efeito no muco cervical, que ocorre a partir dos primeiros dias de utilização. Portanto, há a necessidade de uso de anticoncepção adicional durante sete dias se a mulher iniciar o método após os primeiros cinco dias da menstruação. Esse tempo permite ação adequada na supressão da ovulação, nos efeitos do muco cervical e no endométrio, que se torna atrófico. O injetável trimestral devido a sua ação na inibição da ovulação pode causar diminuição nos níveis de estradiol e estrona. A contracepção de emergência ocupa uma posição única entre os métodos contraceptivos, pois é utilizada após o ato sexual, reduzindo significativamente a taxa de gravidez não planejada e abortamento inseguro O mecanismo de ação dos métodos para a contracepção de emergência não é completamente elucidado; de modo geral, agem impedindo ou atrasando a ovulação. Também alteram os níveis hormonais, interferindo no desenvolvimento folicular e na maturação do corpo lúteo e inibindo a fertilização. O método de Yuzpe é a forma mais antiga de contracepção de emergência e, se utilizado durante a primeira metade do ciclo menstrual, atrasa ou inibe a ovulação. É efetivo se os folículos ainda não estiverem bem desenvolvidos, isto é, antes que ocorra a ovulação. Alguns estudos sugerem outras formas de ação, como a interrupção da função lútea e a alteração do endométrio, dos níveis de esteroides sexuais e do muco cervical, impedindo a fertilização. O levonorgestrel, se utilizado antes da elevação dos níveis do LH, pode inibi-lo e interromper o processo ovulatório. O efeito é menor na presença do corpo lúteo, não sendo efetivo após a ocorrência da ovulação. O acetato de ulipristal exerce atividade farmacológica prevenindo a ovulação tanto antes como após o pico de LH, atrasando a rotura folicular durante pelo menos cinco dias. Produz efeito antiprogesterona no ovário e na espessura do endométrio ao se ligar a RPs. Esses efeitos variam de acordo com o momento da sua administração durante o ciclo menstrual. Os DIUs também constituem métodos contraceptivos de longa ação. Constituem o método mais comum de contracepção reversível utilizado no mundo. Dois dispositivos comumente usados no Brasil incluem DIU-Cu T380A e DIU-LNG 20 mcg. Ambos se apresentam com poucas contraindicações, são bem tolerados, custo-efetivos, possuem baixa taxa de descontinuidade e fácil uso e podem ser utilizados após o parto. O principal mecanismo de açãodo DIU-Cu situa-se no desencadeamento pelos sais de cobre e polietileno da reação de corpo estranho pelo endométrio. A liberação de uma pequena quantidade de metal estimula a produção de prostaglandinas e citocinas no útero. Como resultado, forma-se uma “espuma” biológica na cavidade uterina, que, por sua vez, possui efeito tóxico sobre espermatozoides e óvulos, alterando a viabilidade, transporte e capacidade de fertilização deles, além de dificultar a implantação por meio de uma reação inflamatória crônica endometrial. A presença de cobre no muco cervical também atua na diminuição da motilidade e viabilidade dos gametas masculinos. A inibição da ovulação não está presente nesse método. Além dos efeitos pré- fertilização, pode-se observar retardo ou – aceleração no transporte dos embriões, dano a eles e diminuição da implantação. –