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Inflamação Inflamação é uma reação complexa do tecido vascularizado, a uma agressão local com o objetivo de limitar ou eliminar o dano e reconstruir os tecidos afetados. Por outro lado, uma inflamação pode ser potencialmente prejudicial, às reações inflamatórias, por exemplo, são o pilar de doenças crônicas. Então precisamos ter um equilíbrio na resposta inflamatória para termos um resultado satisfatório ao corpo. Estímulos para uma resposta inflamatória aguda: todos exemplos geram danos celulares Infecções e toxinas microbianas. Trauma (contuso ou penetrante). Agentes físicos e químicos: como por exemplo lesão térmica, como queimaduras ou congelamento, e a radiação. Necrose tissular: quando há um comprometimento sanguíneo muito afetado no local e há uma necrose (células mortas por falta de irrigação / chegada de nutrientes) do tecido. Corpos estranhos: como farpas, terra, suturas. DAMPs (Padrões Moleculares Associados a Danos) O sistema imune inato, além de reconhecer os PAMPs, também reconhece moléculas endógenas que são produzidas ou liberadas por células danificadas ou mortas. Os DAMPs geralmente não são liberadas por células mortas por apoptose. Exemplos de DAMPs: proteínas induzidas por estresse (ex: proteína do choque térmico) e proteínas nucleares. • 1° via inflamatória: Célula da imunidade inata com seus PRRs reconhecem os DAMPs e há uma sinalização celular que culmina com a ativação de fatores nucleares que vão ativar a produção de citocinas pró inflamatórias. • 2° via inflamatória: E quando há também uma infecção, não só o dano celular, as células da imunidade inata vão reconhecer os PAMPs por meio dos PRRs, vão gerar uma sinalização celular, que irão para o DNA gerar a transcrição e depois vão ativar a produção de citocinas pró inflamatórias. Sinais flogísticos da inflamação Calor, rubor, edema (tumor ou inchaço na região), dor na região e perda da função (podendo ser momentânea ou permanente). Sem a inflamação, as infecções se desenvolveriam descontroladamente, as feridas nunca cicatrizariam e o processo destrutivo nos órgãos atacados seria permanente Células residentes da imunidade inata: Macrófagos/Monócito (quando está no sangue), Mastócitos, células dendríticas. PRRs (Receptores de Reconhecimento de Padrões): Exemplos de PRRs de superfície que são as que exercem o primeiro contato com os PAMPs/DAMPs mas existem PRRs que ficam no citosol ou dentro de vesículas. → Receptor de manose → Receptor LPS (CD14) → TLR → Receptor scavenger (varredura) → Receptor de glucago Macrófagos e células dendríticas residentes - 1° passo: reconhecimento inicial do PAMP e/ou do DAMP. Exemplo: perda da continuidade da pele e entrada de microrganismos, após a entrada esses microrganismos vão entrar em contato com os macrófagos, mastócitos e as células dendríticas; - 2° passo: o PRR gera uma sinalização intracelular e uma dessas sinalizações vai gerar um rearranjo do citoesqueleto, fazendo que o macrófago emita pseudópodes para envolver toda a estrutura (PRR + microrganismo) - 3° passo: há o engolfamento total do fagosoma, ocorre a fagocitose e a “digestão” do microrganismo pelo macrófago, que são induzidas pelos PRRs (receptor de manose e receptor scavenger são os principais indutores de fagocitose) - 4° passo: há a união do fagosoma com o lisossoma formando o fagolisossoma, somente nesse momento há a morte do microrganismo pois as principais moléculas que há dentro do lisossoma vão conseguir degradar o microrganismo e o mesmo é fragmentado, e os fragmentos vão ser exocitados. Logo após, o macrófago vai sinalizar as outras células que há um perigo, através de citocinas e as principais são: citocinas - interleucina 1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6) e o TNF alfa; mediadores de lipídios; e interleucina 8. Inicio da Resposta Inflamatória Fatores microbicidas dos fogolisossomos → pH: o pH ácido pode ser bacteriostático ou bactericida dependendo da bactéria → Intermediários reativos do oxigênio → Óxido nítrico → Peptídeos antimicrobianos → Enzimas: as hidrolases ácidas possuem a principal molécula que faz a digestão/fragmentação dos patógenos → Competidores: competem por alimentos com a bactéria. // Danos celulares podem ser devido a: Infecções (quando há perda na continuidade da pele ou passagem pela mucosa de micróbios) e quando há essa infecção os PRRs das células da imunidade inata vão reconhecer os PAMPs e também irá reconhecer os DAMPs (Padrões Moleculares Associados a Danos) que serão liberados pelas células. Lesões celulares assépticas (quando há um dano celular sem haver a entrada de patógenos, podendo ser: produtos químicos, queimaduras, traumas ou redução do suprimento sanguíneo - necrose): as células da imunidade inata vão reconhecer os DAMPs que serão liberados pelas células Formação de intermediários reativos do O2 1°: Quando há a junção do lisossoma com o fagosoma, a enzima NADHPH oxidase é ativada rapidamente e converte as moléculas de O2 em íons superóxido O2¯ A segunda enzima, superóxido dismutase, são ativados quando o pH fica ácido e converte os íons superóxido O2¯ em peróxido de hidrogênio A enzima peroxidase e íons de Fe² + converte o peróxido de hidrogênio em íons hipoclorito e radicais hidroxila (OH): H2O2 → ClO + OH Formação de intermediários reativos do nitrogênio: NO (óxido nítrico) é um gás solúvel produzido pelas células endoteliais e macrófagos, ele age de forma parácrina, exerce seu efeito perto, porque a meia-vida é de alguns segundos. Ações do NO: → Relaxamento das células musculares lisas, causando a vasodilatação aumentando o calibre dos vasos; → Seus radicais livres, intermediários reativos do nitrogênio, são tóxicos para células microbianas e dos mamíferos; → É produzido pela ação da enzima óxido nítrico sintase (NOS), no macrófago ela só é induzida quando o macrófago fagocita; → Sua presença reduz o recrutamento leucocitário, quando em homeostase é uma reação interessante mas em uma inflamação vai ter a produção de outras substâncias que vão ter o efeito oposto e se sobrepõe a esse efeito do NO e assim vai ter a transmigração de leucócitos pro local da inflamação. Sinalizadores dos macrófagos → Mediadores lipídicos: prostaglandinas, leucotrienos, tromboxano e PAF → Quimiocina: IL-8 → Citocinas: IL-1, IL-6, TNF alfa → Óxido nítrico Metabólitos do ácido aracdônico (eicosanóides): prostaglandinas, tromboxano e leucotrienos →Quando as células são ativadas por diversos estímulos, os lipídios em suas membranas são rapidamente remodelados para gerar mediadores lipídicos biologicamente ativos; → O ácido aracdônico não se encontra livre nas células, mas sim na forma esterificada nos fosfolipídios de membrana, sendo liberado desses fosfolipídios através da ação das fosfolipases celulares (ex: fosfolipase A2) que é estimulada por diversos estímulos para isso ocorrer. Havendo a liberação do ácido aracdônico, ele vai para o citoplasma, e por ação de outra enzima, a lipoxigenase, vai haver a formação dos leucotrienos. Já no citoplasma pela ação da enzima ciclooxigenase (COX-1 e COX-2), vai ocorrer a formação das prostaglandinas e do tromboxano. Principais ações dos mediadores lipídicos → Prostaglandinas: vão ter uma ação local de vasodilatação arteriolar, ou seja, relaxa a musculatura lisa em volta das arteríolas e também vão causar a dor local; → Tromboxano: tem uma ação local de vasoconstrição venular, ou seja, ela contrai as células endoteliais formando “brechas” entre elas e assim os leucócitos passam pelos tecidos; também tem ação local de agregação plaquetária; → Leucotrienos: têm ação local e aumenta a permeabilidade venular (vasoconstrição venular), vai causar broncoconstrição (são um dos principais causadores dos sintomas da asma) e quimiotaxia de neutrófilos; → PAF (Fator de agregação plaquetária): vasodilatação arteriolar, aumenta a permeabilidade venular, quimiotaxia de leucócitos, estimula a agregação plaquetária (potente formação de trombos), ativação e desgranulação de neutrófilose estimula a fosfolipase A2. Há riscos do surgimento de trombos durante a inflamação aguda? → O sistema de coagulação e inflamação são processos que estão intimamente relacionados; → A inflamação aguda, ao ativar ou danificar o endotélio, pode desencadear a coagulação e induzir a formação de trombina, que é a primeira a induzir a cascata de coagulação; →Por outro lado, a cascata de coagulação induz a inflamação, primariamente pelas ações da trombina, ou seja, o que acontecer primeiro vai ser seguido do outro; → Maneiras de evitar: uso de meia de compressão pelo paciente após procedimento cirúrgico para evitar a formação de trombos. Principais ações das citocinas e quimiocina: → TNF alfa: tem ação local fazendo a vasodilatação arteriolar e aumenta a permeabilidade venular; e também tem ação sistêmica causando a febre; → IL-1: tem ação local ativando o endotélio vascular (células do endotélio passam a expressar mais moléculas que facilitam a passagem dos leucócitos no tecido) e aumentando as moléculas de adesão leucocitária; também tem ação sistêmica causando febre; → IL-6: tem ação sistêmica e induz a produção de proteínas de Fase Aguda, ela cai na circulação sanguínea e vai para o fígado e sinaliza para os hepatócitos para a produção de proteínas; • Proteínas de Fase Aguda: proteínas do sistema complemento, lectina ligadora de manose, fibrinogênio, proteínas C- Reativa e proteína amilóide sérica. → IL-8: tem ação local recrutando os neutrófilos Proteínas do sistema complemento: → É um conjunto de glicoproteínas séricas encontradas na forma de pró-enzimas (zimogênios) no sangue, nos fluidos corporais e nos tecidos; → Estas proteínas atuam de forma sequencial, uma ativando a outra, como em um efeito dominó; → Há 3 vias da cascata do complemento: alternativa, clássica e de lectina. Via alternativa: → É iniciado pela proteína C3, se fragmenta em C3b e C3a; → Aderência de C3b ao microrganismo e o C3a é liberado; → O fator B é clivado, e o Bb que vai se ligar ao C3b e vira C3 convertase; → Outra proteínas C3 será clivada e o C3b vai se ligar com complexo C3b-Bb; → C5b fica aderido ao complexo e C5a é liberado. Via clássica: → A IgG1 ou IgG3 ou IgM + antígeno vai se ligar ao C1; → É iniciada pela protéina C1; → C4a é liberado; → C3 convertase (C4b+C2b) é diferente a da via alternativa e igual a via da lectina; → A C3 será clivada e a C3b vai se ligar com complexo C4b-C2b; → C5b fica aderido ao complexo e C5a é liberado. Via da Lectina: → se liga a resíduos de manose ou fucose; → C3 convertase (C4b+C2a) é igual a via clássica; → se liga C4b fica aderido; →A C3 será clivada e a C3b vai se ligar com complexo C4b-C2b; → C5b fica aderido ao complexo e C5a é liberado. Os fragmentos comuns que tem importância são o C3b que fica aderido, C3a que vai ser liberado, C5b fica aderido, C5a é liberado. Já nas vias clássica e de lectina temos também o fragmento C4a que será liberado. Etapas tardias é comum as 3 vias MAC: Complexo de ataque à membrana. Formação de canais de livre passagem para água e íons → morte do microrganismos Funções das moléculas bioativas resultantes da ativação do sistema complemento → Opsonina: C3b; IgG1 E igG3 → Anafilatoxinas: C3a, C4a, C5a → MAC: C5b-C9(n) → Quimiotaxia de neutróflos: C5a Anafilotoxinas → Ativam o endotélio e de mastócitos; → Induzir o surto oxidativo (produção de ROS e NO nos macrófagos); → São mediadores inflamatórios * Mastócitos podem ser ativados por PRRs ou por citocinas ou anafilotoxinas. Eles liberam histamina, mediadores lipídicos e algumas citocinas. * Ativação das células do endotélio → aumento da produção das selectinas, ligantes de integrinas e quimiocinas Histamina → Principal fonte: grânulos pré-formados dos mastócitos → Principais ações: vasodilatação arteriolar, aumento da permeabilidade da vênula. Quimiotaxia de neutrófilos: → C5a e IL-8; → Ampliação nas frentes de combate; → Neutrófilo é o primeiro leucócito a chegar no local de inflamação. Finalização da inflamação aguda → As citocinas e mediadores lipídicos serão degradados depois de serem liberados, então possuem meia-vida curta. → O processo inflamatório desencadeia o recrutamento e ativação de células reguladores tanto do sistema imune inato quando adaptativo, que vai ativar os mecanismos de reparo tecidual e de limpeza do local. Temos, então, a produção de citocinas anti-inflamatórias (principais → IL- 10 e TGF-beta). → Macrófagos do tipo 2 (M2) e linfócitos T reguladores. 1. Retorno da permeabilidade vascular normal; 2. Drenagem do edema pelos vasos linfáticos (linfa); 3. O líquido extravasado pode sofrer pinocitose pelos macrófagos M2; 4. Fagocitose de neutrófilos apoptóticos e de resíduos (debris) pelos M2; 5.Angiogênese; 6. Regeneração de células parenquimantosas nativas e/ou preenchimento com tecido fibroso (cicatrização). Efeitos sistêmicos da inflamação Inflamação generalizada (sepse) → Macrófagos do baço e do fígado são ativados e vão liberar altas quantidade de TNF-a na corrente sanguínea. → Aumento de permeabilidade em todos os vasos do corpo → maior extravasamento de plasma → hipovolemia → Formação de muitos trombos → coagulaçao descontrolada → falência múltipla dos órgãos → choque séptico Inflamação crônica Surge quando temos as seguintes situações: → Infecções persistentes → Exposição prolongada a agentes tóxicos ☻6 Doenças autoimunes