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: São instrumentos empregados para cortar, clivar e planificar a estrutura dentária, ou complementar a ação dos instrumentos rotatórios, durante o preparo das cavidades. Podem ser simples ou duplos. Em geral, cavidades acabadas com instrumentos cortantes manuais demonstram menor infiltração marginal se comparadas com as realizadas com instrumentos rotatórios devido à melhor lisura de superfície e adaptação do material restaurador às paredes da cavidade. Os instrumentos cortantes manuais são constituídos por três partes: cabo, intermediário e lâmina ou ponta ativa. A maioria dos instrumentos apresenta um cabo octavado e serrilhado, de modo a evitar deslizamentos quando em função. Entretanto, instrumentos de cabo circular oco são mais leves e de melhor empunhadura. Os instrumentos auxiliares, de inserção e de acabamento, não apresentam fórmula, apenas um número de identificação, como por exemplo a espátula de inserção no. Instrumentos simples (A) e duplos (B), constituídos por cabo (c), intermediário (i) e lâmina ou ponta ativa (L). Exemplo de instrumento duplo, que não apresenta fórmula, e sim o número de série. Cinzéis Instrumentos usados principalmente para planificar e clivar o esmalte. Podem ter diferentes formas e angulações e são denominados: Cinzéis retos: têm o intermediário e a lâmina retos e apresentam bisel em apenas um dos lados da lâmina. Cinzéis monoangulados: têm um ângulo intermediário. Podem ser usados para alisar as paredes de esmalte e dentina Cinzéis biangulados: têm duas angulações no intermediário. Podem ser usados também para planificação das paredes cavitárias em dentes superiores Cinzéis de Wedelstaedt: têm o intermediário e a lâmina ligeiramente curvos. São os mais versáteis dos instrumentos manuais de corte, servindo para diferentes propósitos Cinzéis: reto (A); biangulado (B); de Wedelstaedt (C). enxadas São muito semelhantes aos cinzéis, diferenciando-se por apresentar o ângulo da lâmina próximo a 25° centesimais. Quando a angulação da lâmina for menor do que 12,5° centesimais, o instrumento pode ser considerado cinzel. São usadas para alisar as paredes cavitárias, principalmente as de classe V, em dentes anteriores. Seu uso é principalmente indicado para o acabamento final das paredes internas das cavidades, apesar de também serem empregadas para planificar as paredes de esmalte. Enxadas: monoangulada (A); biangulada (B); triangulada (C). MACHADOs A lâmina do machado é paralela ao eixo longitudinal do instrumento. São usados para clivar, aplainar esmalte e planificar as paredes vestibular e lingual das caixas proximais de cavidades de classe II. Machados: biangulados (A); triangulado (B). Recortadores de margem gengival São usados especialmente para planificação do ângulo cavossuperficial gengival, arredondamento do ângulo axiopulpar e determinação de retenção na parede gengival/cervical de cavidade de classe II. As lâminas dos recortadores de margem gengival são curvas e anguladas para aplicações dos lados direito e esquerdo, tanto nas superfícies mesial como distal, do dente. Formadores de ângulo Apresentam a extremidade da lâmina em ângulo agudo com o eixo longitudinal, em vez de ângulo reto como a maioria dos instrumentos manuais de. São usados para acentuar ângulos diedros e triedros e determinar forma de retenção, principalmente em cavidades de classes III e V. Colher de dentina É um instrumento escavador usado para a remoção de tecido cariado. Esse instrumento tem um desenho semelhante ao de machado, sendo a lâmina ligeiramente curva e com a extremidade arredondada. Pode apresentar a extremidade em forma de disco. A escolha da forma desse instrumento depende do caso em particular e da preferência do profissional. Tipos de escavadores ou colheres de dentina: de Black (A); de Gillet (B), de Darby-Perry (C); com intermediário longo para pulpotomia (D). Afiação dos instrumentos cortantes manuais A manutenção dos instrumentos sempre afiados é essencial para a efetividade de corte e para o refinamento de preparos cavitários. A afiação pode ser manual ou mecânica. Qualquer que seja o tipo usado, alguns princípios básicos devem ser observados, como: estabelecer um bisel adequado antes de iniciar a afiação e manter o instrumento fixo, em posição correta, durante todo o procedimento. manter a pedra lubrificada com uma fina camada de óleo bem fluido. usar pouca pressão contra a pedra para evitar o desenvolvimento de calor com o atrito. usar, sempre que possível, uma guia para orientar o plano de desgaste do instrumento. conservar as pedras de afiar limpas e livres de esquírolas de metal. Afiação mecânica Para a afiação mecânica é possível empregar motores elétricos especiais, com pedras de Arkansas, cilíndricas ou em forma de roda, montadas em seu próprio eixo. Alguns profissionais preferem afiar os instrumentos em pedras de Arkansas ou discos de granulação fina montados em mandril para peça de mão. Técnica: cinzéis, machados, enxadas, recortadores de margem gengival e formadores de ângulo devem ser colocados, de acordo com o ângulo da extremidade cortante e o bisel do instrumento, em contato com a pedra, ligando-se em seguida o motor, exercendo-se leve pressão sobre a pedra cilíndrica ou o disco em movimento. Alternativas de afiação mecânica, empregando pedra de Arkansas montada em mandril (A) ou disco de granulação fina (B). Afiação manual Para a afiação manual emprega-se, de preferência, uma pedra de Arkansas plana e previamente lubrificada, colocada sobre uma superfície plana e lisa. Segura-se o instrumento com uma das mãos e adapta-se o bisel sobre a pedra; com a outra mão desliza-se a pedra em um movimento de vaivém, deixando-se o instrumento fixo. Técnica de afiação manual: o instrumento é mantido fixo enquanto a pedra de Arkansas é movimentada. Equipamentos Os equipamentos mais utilizados com os instrumentos rotatórios são: os motores de velocidade convencional, nos quais o movimento é transmitido à peça de mão por meio de roldanas e cordas ou por ar comprimido (micromotores); turbinas de alta velocidade movidas a ar comprimido, que giram diretamente na extremidade da peça de mão contra-angulada ou angulada. Encontram-se ainda turbinas com cabeça reduzida para atuar em locais de difícil acesso, e com luz LED transmitida por fibra ótica ou com luz gerada por dínamo, que favorece a visualização durante o preparo cavitário. Micromotor com peça reta (A); micromotor com contra-ângulo (B); turbina de alta rotação (C). motores de baixa velocidade: as peças de mão são utilizadas individualmente, no caso de instrumentos rotatórios de haste longa, ou acopladas a contra-ângulos e ângulos, com os instrumentos de haste curta. As peças de mão retas são usadas geralmente nos casos de preparos de cavidades em dentes anteriores, com acesso vestibular; para os demais, são empregadas as peças anguladas ou contra-anguladas. rotação convencional: geralmente é utilizada para o acabamento das paredes cavitárias, após a instrumentação com alta rotação e também no preparo de cavidades de dentes anteriores, quando se requer um mínimo de extensão. turbinas de alta velocidade: são utilizadas para a rápida redução da estrutura dentária e determinação das formas de contorno. Turbinas de alta rotação com fibra ótica (A) e com dínamo (B). As brocas utilizadas nas turbinas têm haste lisa e diâmetro menor do que as utilizadas em rotação convencional. Existem no comércio contra-ângulos especiais, empregados em rotação convencional, que possibilitam a utilização de brocas para alta rotação. Adaptadores metálicos ou plásticos permitem a utilização de brocas para alta rotação em contra-ângulo com rotação convencional em micromotor, mas nãopossibilitam a mesma precisão (maior vibração) e preensão da broca. Contra-ângulo empregado para brocas de intermediário curto com encaixe (A) ou brocas para alta rotação (C), com emprego de adaptador especial (B). Classificação das rotações A velocidade de giro do instrumento recebe a denominação de rotação por minuto (rpm). A terminologia dessas velocidades, recebe três variações: baixa (menos de 40.000 rpm), média (40.000 a 200.000 rpm) e alta (mais de 200.000 rpm). baixa velocidade (menos de 6.000 rpm): é indicado para procedimentos de profilaxia dentária, remoção de cárie, acabamento da cavidade e polimento. Nessa velocidade, a percepção tátil é maior e há menos geração de calor. média velocidade (40.000 a 200.000 rpm): pode ser utilizada para o preparo cavitário, embora não seja tão efetiva e eficiente como a alta. Os procedimentos, como preparos de cavidades em dentes anteriores, sulcos de retenção e biséis, são mais bem executados nessa velocidade. Também pode ser utilizada em áreas onde a visão é limitada e deve ser guiada pelo senso tátil. alta velocidade (acima de 100.000 rpm): remoção de restaurações antigas, obtenção da forma de contorno (interna e externa), redução de cúspides e desgastes axiais para coroas totais. Canetas de alta e baixa rotações com iluminação Diversos fabricantes de altas rotações odontológicos têm oferecido soluções com um dispositivo de iluminação integrado, podendo ser divididos em 2 tipos: iluminação via fibra ótica ou LED com gerador interno. O primeiro depende da instalação de uma fibra ótica no equipo odontológico, sendo geralmente mais caro do que a solução com o LED integrado, porém apresenta como vantagem a opção de manter a iluminação ligada mesmo com a caneta não acionada. A segunda opção apresenta como vantagens o fato de ser mais versátil, visto que não é necessária nenhuma instalação adicional, podendo ser utilizada em qualquer cadeira odontológica, além do menor custo. Como desvantagem, a iluminação só funciona quando a caneta de alta rotação está acionada. Uma outra tendência é a utilização de canetas de alta rotação que têm duas opções de iluminação por LED, sendo uma branca e outra violeta (fluorescente). Neste sistema, produzido pela Gnatus (Cobra LED Ultra Vision), na primeira opção o aparelho funciona como uma caneta de alta rotação com LED convencional, ou seja, esta caneta de alta rotação é acoplada a uma base que é ligada à energia elétrica e à saída de alta rotação convencional presente em cadeiras odontológicas. A alta rotação com LED convencional (A) e LED azul (B Na segunda opção, o LED azul é capaz de evidenciar a fluorescência de materiais resinosos, desde que a resina apresente esta propriedade. Clinicamente esta evidenciação possibilita a remoção seletiva de restaurações em resina composta, resinas empregadas para colagem de dispositivos ortodônticos e cimentação de restaurações indiretas, reduzindo a possibilidade de danos desnecessários às estruturas dentárias e/ou cerâmicas. Apesar de não se indicar a remoção de tecido cariado com o uso de alta rotação, a luz violeta deste sistema pode ser empregada para a evidenciação das lesões e diferenciação do tecido sadio. Utilização de LED azul para evidenciar a fluorescência de cimento empregado para a colagem de dispositivos ortodônticos (A). Uso alternativo para evidenciação de lesões cariosas e diferenciação do tecido sadio (B). Contra-ângulo multiplicador Este contra-ângulo pode ser acoplado a um micromotor ou motor elétrico e é capaz de multiplicar por quatro a cinco vezes as rotações do mesmo, atingindo uma rotação máxima de 200.000 rpm, com alto torque e baixa vibração. Outra característica importante é que este sistema utiliza pontas ou brocas de alta rotação sem a necessidade de adaptadores, dessa forma aumentando a precisão. Por essas características, são ideais para o refinamento de preparos protéticos e restaurações diretas em resina composta. Diversas empresas fabricam estes contra-ângulos, por exemplo: NSK, Kavo, Sirona, W&H, entre outras. Instrumentos rotatórios de corte Podem ser classificados em dois grupos, segundo o seu modo de ação: por corte (representados pelas brocas) e por desgaste (representados pelas pontas diamantadas, pedras montadas de carborundum e outros abrasivos). Brocas Apresentam três partes: haste, intermediário e ponta ativa. Partes constituintes de uma broca: haste (H); intermediário (C); ponta ativa (P). haste: é a porção da broca que é conectada à peça de mão, ao contra-ângulo ou à turbina. Ela pode ser longa, para peça de mão, curta, com encaixe, para contra-ângulo, curta, sem encaixe e com menor diâmetro, para turbina. A. Broca para peça reta. B. Broca para contra-ângulo. C. Broca para turbina de alta rotação. Intermediário ou colo: une a ponta ativa à haste. A broca de haste longa tem um intermediário ligeiramente maior com relação às outras duas. Por outro lado, as brocas para contra-ângulo e para turbinas de alta velocidade têm haste e intermediário mais curtos, o que facilita o seu uso em dentes posteriores. ponta ativa: é a parte de trabalho do instrumento, a qual atua por meio de pequenas lâminas. Sua forma e o material usado para sua fabricação estão diretamente relacionados com sua utilização. São utilizados diversos materiais para a fabricação das brocas, a saber: Aço (liga ferro-carbono): mais empregado em brocas para os procedimentos de remoção de dentina cariada e acabamento das cavidades com baixa rotação Carbide (carboneto de tungstênio): mais resistente que o aço, constitui a base das brocas que são utilizadas para o preparo de cavidades, tanto em baixa quanto em alta rotação. Os números são usados para identificar a forma e tamanho das brocas. As formas básicas de ponta ativa das brocas utilizadas para preparos cavitários são: Esféricas: utilizadas principalmente para a remoção de tecido cariado, confecção de retenções e acesso em cavidades de dentes anteriores. Cilíndricas: utilizadas para confeccionar paredes circundantes paralelas e avivar ângulos diedros; a maioria dessas brocas tem corte na extremidade e nas partes laterais da ponta ativa Troncocônicas: utilizadas para dar forma e contorno em cavidades com paredes circundantes expulsivas e para determinar sulcos ou canaletas em cavidades para restaurações metálicas fundidas; são indicadas também para determinar retenções nas caixas proximais, em cavidades para amálgama. Cone invertido: utilizadas especialmente para determinar retenções adicionais, planificar paredes pulpares e, eventualmente, avivar ângulos diedros Roda: utilizada para determinar retenções, especialmente em cavidades de classe V. Observação. As brocas esféricas, cilíndricas e troncocônicas podem ser lisas ou picotadas, com lâminas dispostas paralelamente ao longo do eixo da haste ou em forma de espiral. As cilíndricas e as troncocônicas são também chamadas brocas de fissura. Formas básicas de brocas de aço empregadas para preparos cavitários. outros tipos de brocas encontradas no comércio são utilizados para a confecção de formas cavitárias especiais, para amálgama ou restaurações metálicas fundidas. As brocas para acabamento apresentam formas variadas e têm lâminas lisas, menores e em número maior que as brocas comuns. Algumas brocas especiais para preparos cavitários com ângulos internos arredondados (557R e 331L); broca tipo trépano spiral bur (A); broca para ombro (957); broca para acabamento (B). Instrumentos rotatórios de desgaste Podem ser divididos em dois grupos distintos, segundo o método de colocação do abrasivo na ponta ativa: Instrumentos abrasivos aglutinados Confeccionados de pequenas partículas abrasivas fixadas com uma substância aglutinante à haste metálica.São representados pelas pontas diamantadas, pedras e pontas de carborundum, de óxido de alumínio, de carboneto de silício ou de abrasivo impregnado com borracha. Os instrumentos diamantados são fornecidos em várias formas e tamanhos, assim como as brocas de corboneto de tungstênio (carbide). As pontas diamantadas são indicadas para reduzir a estrutura dentária, tanto de esmalte como de dentina, e devem ser utilizadas com refrigeração aquosa para eliminar os detritos que se depositam entre os grãos abrasivos, cuja consequência é a redução da eficiência de desgaste e maior produção de calor friccional. Além das pontas diamantadas convencionais, encontram-se no comércio pontas diamantadas para acabamento superficial em resinas compostas, que apresentam diamantes de granulação fina (45 µm) e ultrafina (15 µm) Principais formas de pontas diamantadas para preparar cavidades. A. Cilíndricas de extremo plano. B. Troncocônicas de extremo plano. C. Troncocônica de extremo arredondado. D. Cilíndricas de extremo arredondado. E. Cilíndrica de extremo ogival. Os demais instrumentos abrasivos são empregados para dar acabamento às paredes cavitárias ou para remover excessos mais grosseiros das restaurações. São apresentados em várias formas e tamanhos, diversos graus de abrasividade e em diferentes materiais (carborundum e óxido de alumínio). Formas básicas de pedras montadas de carborundum e de óxido de Al. Além dessas formas, existem ainda os discos e as rodas para montar (diamantadas ou de carborundum), utilizados para diferentes finalidades e cujo uso requer um mandril. Instrumentos montados em mandril (M): disco diamantado plano (A) e convexo (B); roda diamantada (C); disco de lixa de papel (D). OBS: Ao contrário das brocas, as pontas diamantadas não apresentam uma numeração de acordo com a classificação da American Dental Association. Os fabricantes têm ignorado essa classificação e procuram criar sua própria numeração para as diferentes formas de pontas diamantadas, sendo necessário consultar o catálogo dos fabricantes para adquiri-las. Por outro lado, os fabricantes têm seguido a Norma ISO 9 (International Organization for Standardization) 2157, de 1995, referente à padronização de denominação e tamanho das partes ativas de instrumentos cortantes rotatórios, e fazem constar de seus catálogos o número ISO, que define o maior diâmetro da parte ativa do instrumento em décimos de milímetros. Instrumentos abrasivos de revestimento Confeccionados com uma fina camada de abrasivo cimentado em base flexível. São representados pelos discos, têm uma camada fina de abrasivos cimentados em base flexível. São utilizados para dar refinamento ao preparo cavitário ou à restauração. Apresentam diferentes abrasividades, com granulação grossa, média e fina. Esses discos são encontrados em vários diâmetros, a saber; 1/2, 5/8, 3/4 e 7/8”, e com diferentes sistemas de encaixes nos mandris. Utilização dos instrumentos rotatórios A capacidade de corte e a penetrabilidade de uma ponta nos tecidos dentários é definida por uma conjunção de fatores, dentre os quais destacam-se: o diâmetro e o desenho da ponta, a velocidade de rotação e o torque. Pressão exercida e diâmetro da ponta A pressão exercida pelo contato entre uma ponta e uma superfície é inversamente proporcional à superfície de contato, ou seja, quanto maior o diâmetro/superfície da ponta em contato com a superfície dentária, menor a pressão exercida sobre os tecidos dentários e vice-versa. Dessa forma, uma ponta de grande diâmetro gera menor pressão sobre a superfície dentária e, portanto, tem menor penetrabilidade nos mesmos. Velocidade axial e periférica A velocidade que se desenvolve seguindo o eixo longitudinal do instrumento rotatório é denominada velocidade axial. Quando se efetua um trabalho mecânico, ou seja, perfuração, corte ou desgaste de um elemento https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref9 dentário ou outro qualquer, a velocidade periférica do instrumento é mais importante que a velocidade linear de superfície do instrumento rotatório, que é mais elevada quanto maior for o diâmetro do instrumento. Assim, um disco diamantado de 20,0 mm de diâmetro girando a uma velocidade axial de 24.000 rpm terá uma velocidade periférica na extremidade cortante de 25 metros por segundo. Para que uma broca de 2,0 mm de diâmetro tenha a mesma velocidade periférica é necessária uma velocidade axial de 240.000 rpm. Torque Também denominado momento de torção, o torque representa a capacidade de o instrumento rotatório resistir à ação da pressão produzida pelo contato de superfície que está sendo submetido ao corte, sem que seu movimento seja interrompido. Nos motores convencionais, o torque é bastante elevado e podem ser exercidas cargas de até 1.000 g sem que o instrumento pare. Não é aconselhável exercer pressões elevadas, que possam gerar desenvolvimento de calor excessivo, o que causaria reações pulpares indesejáveis. Com as turbinas, o torque é bem menor e a força exercida sobre a broca deve ser de aproximadamente 60 g para possibilitar um corte efetivo da estrutura dental. Concentricidade É a simetria da ponta ativa da broca; a excentricidade, por outro lado, está relacionada com o intermediário e a haste da broca. Se esta apresentar excentricidade durante a utilização, o intermediário pode estar inclinado em relação ao eixo longitudinal da haste ou, ainda, a conexão da haste com a pinça das turbinas ou peça de mão e contra-ângulo pode estar ruim. Qualquer indício de desgaste nessas engrenagens ou pinças exige substituição, pois uma broca excêntrica tem menor efetividade de corte, desgasta irregularmente a estrutura dentária e promove maior efeito vibracional, com desconforto para o paciente. Calor friccional e refrigeração Grande parte da energia cinética da broca ou da pedra, em contato com o dente, se transforma em calor. Esse calor por atrito tem relação direta com a pressão de corte e a velocidade de rotação, dependendo também de tipo, tamanho, qualidade e tempo de uso do instrumento cortante. Quando o instrumento rotatório gira a mais de 4.000 rpm, ele deve ser refrigerado para se evitarem danos aos tecidos pulpares. A refrigeração mais adequada é o spray água-ar, que deve atuar diretamente sobre a parte ativa da ponta; os instrumentos odontológicos devem adaptar-se com diferentes fontes para permitir refrigeração adequada. Além de possibilitar a dissipação de calor friccional, a refrigeração atua como agente de limpeza, removendo os detritos acumulados durante a redução da estrutura dentária, propiciando maior efetividade de trabalho. Contaminação Durante a utilização de altas velocidades, partículas de restaurações antigas e fragmentos de estrutura dentária são deslocados vigorosamente da boca do paciente e podem atingir os olhos do profissional, provocando irritação. Isso pode ser evitado com o uso de óculos apropriados com lentes sem grau. Outro tipo de contaminação pode ocorrer, tendo em vista que, nos procedimentos de corte e desgaste, vapores de água da refrigeração combinam-se com a saliva e retornam ao meio ambiente em forma de aerossol. Como o profissional trabalha muito próximo da boca do paciente, ele pode aspirar microrganismos comuns presentes na saliva e outros não usuais se o paciente for portador de alguma moléstia infecciosa tal como hepatite, tuberculose, meningite etc. Pode-se evitar a contaminação, utilizando-se máscaras cirúrgicas que impedem a aspiração desses e funcionam como filtro. vapores : POSIÇÃO DE TRABALHO As posições de trabalho variam de acordo com o arco dentário e a região em que se trabalha. Para as cavidades de classes I e II, no hemiarco inferior esquerdo, o manequim deverá ser colocado de maneira que o plano oclusal dos dentes inferioresforme um ângulo de aproximadamente 45° em relação ao solo e ligeiramente inclinado para o lado direito. Em preparos e restaurações de cavidades de classes I e II, no hemiarco inferior direito, o manequim deverá ser fixado com o plano oclusal dos dentes inferiores paralelo ao solo. O operador trabalhará na posição correspondente a 8 ou 9 horas, isto é, lateralmente ao manequim. Também nessa posição o operador trabalha com visão direta. Quando a bancada do laboratório não permitir esse posicionamento, ele é conseguido colocando-se o manequim lateralmente ao operador. Preensão dos instrumentos Além da preensão correta do instrumento, o profissional deverá lograr apoio em elementos dentários do mesmo arco, e o mais próximo possível do dente que está sendo tratado, para ter certeza de que o instrumento não deslizará bruscamente, o que poderá provocar lesões nos tecidos vizinhos. Fundamentalmente, existem duas formas de empunhar os instrumentos: Posição de escrita: posição de preensão dos instrumentos mais usada e versátil, pois com ela é possível exercer grande pressão ou atuar com extrema delicadeza, já que ela proporciona apoio dos dedos polegar, indicador e médio. Durante o trabalho na área superior, utiliza-se a posição de escrita invertida. A: Posição de escrita. B: Posição de escrita invertida. Posição digitopalmar: é usada quando for que a produzida com a necessária maior força do posição de escrita. A estabilidade é conseguida com alguma dificuldade, mas é uma posição muito útil, inclusive na remoção da estrutura dental debilitada. : Laser A palavra laser é formada pelas letras iniciais da locução light amplification by stimulated emission of radiation (amplificação da luz por emissão estimulada de radiação). Um cristal ou gás é excitado para emitir fótons luminosos, com um comprimento de onda específico, que são ampliados e filtrados para tornar um foco de luz coerente (de mesmo comprimento de onda), colimado (ondas eletromagnéticas paralelas) e monocromático (uma única cor). Os efeitos do laser dependem da intensidade da energia radiante emitida (joules/cm2), do modo e tempo de exposição e do tipo de substrato. A absorção da energia decorrente dos diferentes comprimentos de ondas varia em função do tipo de tecido, ou seja, duro ou mole. Os melhores resultados são obtidos quando o comprimento de onda do laser é próximo à banda de absorção do substrato. Altas densidades de energia e/ou tempos maiores podem produzir ação equivalente ao desgaste ou corte da superfície com instrumentos rotatórios. O laser pode ser operacionalizado com ondas contínuas ou pulsadas, sendo que comumente o controle da energia emitida pelo aparelho é estabelecido na forma de pulsos. Normalmente a média de pulsos, que pode ser selecionada pelo operador, situa-se entre 20 e 1.000 hertz ou ciclos por segundos, e a duração do pulso entre 1 e 50 microssegundos. As principais razões para a aplicação do laser em tecidos duros envolvem a esperança de reduzir a dor e desconforto do paciente, que estão presentes quando se usa o processo tradicional de corte da estrutura dental, com instrumentos rotatórios de alta e baixa rotação, possibilitando um tratamento mais conservador por meio de abordagem precisa de lesões incipientes e remoção seletiva de tecidos sadio/cariado. A literatura científica odontológica está repleta de estudos revelando a ampla faixa de utilização do laser, envolvendo tanto tecidos moles quanto tecidos duros, além da polimerização de resinas compostas e como coadjuvante em procedimentos clareadores. Em 1990, a FDA (Food and Drug Administration), órgão governamental dos EUA, aprovou o laser de neodímio:yttrium.aluminum.garnet (Nd:YAG) como opção viável para procedimentos odontológicos. Dessa forma, o pioneirismo dos clínicos envolvidos com a tecnologia do laser permitiu o uso do laser de neodímio:YAG na remoção de lesões cariosas incipientes em esmalte e dentina, sem nenhum dano ao tecido pulpar, e o condicionamento de superfície de esmalte, demonstrando ainda potencial para prevenir lesões em esmalte quando este for irradiado com a energia do laser Em 1997, a FDA aprovou o uso do laser de érbio:YAG em procedimentos em tecidos duros, tais como remoção de tecidos cariados e realização de preparos cavitários. O comprimento de onda desse tipo de laser é de 2,94 µm, sendo muito bem absorvido pela água e pela hidroxiapatita. Seu modo de atuação permite remover esmalte e dentina por ablação de forma muito rápida e sob refrigeração de spray de água, sendo menos traumático que a broca de alta rotação, e a lesão cariosa pode ser vaporizada sem dano ao tecido vizinho e sem que o calor afete a polpa, oferecendo para o paciente um conforto com a ausência de contato mecânico durante o tratamento e de ruído. Além disso, em alguns procedimentos, a anestesia não é necessária. Face aos riscos eminentes na utilização dos aparelhos de laser, a Academia Americana de Laser em Odontologia estabeleceu parâmetros gerais de segurança e que https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527731102/epub/OEBPS/Text/chapter03.html#ref2 envolvem, entre outros, os seguintes cuidados: proteção dos olhos tanto da equipe de trabalho quanto do paciente; proteção dos tecidos-alvo e não alvo; ambiente de trabalho com avisos de advertência apropriados e com acesso de pessoas limitado durante utilização. Não obstante o desenvolvimento e as vantagens inerentes ao uso do sistema laser em Odontologia, os aparelhos disponíveis ainda têm alto custo. Sua aquisição só se justifica se o aparelho for usado de forma sistemática no consultório. Em termos de preparo cavitário, apresentam limitação para remover grandes quantidades de estrutura dental, esmalte e dentina; não permitem a definição de paredes cavitárias como se estabelece com instrumentos rotatórios, sendo, portanto, mais indicados para procedimentos restauradores com materiais adesivos. Sistemas ultrassônicos Um sistema alternativo para preparos cavitários envolve a instrumentação ultrassônica (vibração acima de 20.000 Hz), por meio de movimentos oscilatórios de pontas diamantadas com diferentes configurações, e cuja transmissão é estabelecida por uma peça de mão acoplada a uma terminação de ar comprimido, permitindo a obtenção de cavidades com geometria precisa e melhor acabamento, haja vista que as pontas estabelecem o desgaste da estrutura dentária com maior controle operacional, diferentemente dos instrumentos rotatórios. Em Odontologia, o diamante e sua forma de fixação nas pontas CVD (chemical vapor deposition) são diferentes das pontas diamantadas convencionais, pelo fato de ser um diamante obtido por deposição química, a partir da fase de vapor. É um processo complexo, no qual a formação do diamante ocorre diretamente sobre uma haste de molibdênio, utilizando gases como metano na presença de hidrogênio. Nesse processo, após algumas interações físico- químicas o diamante é formado como peça única sobre a haste metálica sem necessidade de métodos de aderência, o que garante maior durabilidade ao instrumento. Sistema de pontas de diamantes acopladas ao aparelho de ultrassom que funcionam por movimento vibratório. B. Diferenças estruturais e no tamanho de partículas entre uma ponta diamantada convencional de granulometria regular (esquerda) e uma ponta de diamante CVDentus® (direita). A ativação do instrumento cortante por ultrassom, de forma geral, pode proporcionar menor ruído, menor sensibilidade operatória e preparos cavitários mais conservadores. Além disso, a vibração, em vez de rotação da ponta ativa do instrumento, favorece sua utilização em contato com tecidos moles, produzindo mínima lesão a gengiva, língua ou lábios. Alguns cuidados devem ser estabelecidos na utilização do sistema ultrassônico, tais como: a pressão durante o preparo não deve serexagerada, pois causaria o amortecimento da vibração sônica. Para melhorar a relação rendimento/pressão em um preparo cavitário deve ser empregado o acionamento total do pedal de controle de ar. Para acabamento de margens, acionamento reduzido e suficiente refrigeração de ar/água. Para facilitar o processo de esterilização em autoclave, as pontas vêm acondicionadas em caixa metálica própria. A: Ponta de diamante do sistema CVDentus ® sendo utilizada subgengivalmente para o acabamento de faceta direta de resina composta. B: Imediatamente após o acabamento da superfície de resina em nível subgengival, pode-se observar que a ponta de diamante causou mínima lesão à gengiva, o que é demonstrado pela ausência de sangramento. Microscópio operatório Apesar da denominação de microscópio, o aparelho não permite a visualização dos objetos em nível microscópico, e sim com um aumento que pode variar de 3 a 20 vezes, permitindo refinamento da técnica operatória na qual a acuidade visual é melhorada por meio do uso de magnificação ótica. O uso de lupas é muito mais comum entre os profissionais, pois o custo é menor e elas são mais facilmente encontradas no mercado; a magnificação, porém, é limitada. As lupas comumente apresentam de 1 a 4 vezes de aumento e oferecem benefícios ergonômicos como maior distância entre o objeto e o operador, proporcionando uma postura mais ereta deste. Lupas com maior capacidade de aumento tornam-se pesadas e, em procedimentos mais demorados, podem incomodar o operador e provocar tremores no pescoço. O microscópio oferece ao clínico uma tríade: iluminação, magnificação e precisão. Iluminação e acuidade visual melhoradas, juntamente com mãos experientes, tornam os procedimentos clínicos mais precisos. Os refletores das cadeiras odontológicas apresentam em média 25.000 lux de potência, enquanto alguns microscópios chegam a mais de 80.000 lux de luz fria transmitida por fibra ótica. Para procedimentos restauradores que envolvem utilização da resina composta fotopolimerizável, essa potência de luz provoca a rápida polimerização do material resinoso. Dessa forma, alguns microscópios implementaram filtros de luz de cor laranja na saída da fonte de luz para evitar tal problema. Esse filtro deve ser utilizado somente no momento da aplicação de materiais fotopolimerizáveis. Aumentos exagerados proporcionados pelos microscópios, podem gerar dificuldades para se estabilizar o foco. Os dentes, objetos que devem ser visualizados em três dimensões, tendem a aparecer parcialmente fora de foco quando muito aumentados. Para evitar esse problema, é necessário que seja acoplada ao microscópio uma lente de grande profundidade de foco (p. ex., 200 mm). Vale ressaltar que os microscópios operatórios têm lupa com regulagem de magnificação e um sistema binocular. A visão paralela resultante evita a fadiga dos olhos, o que não ocorre com as lupas que oferecem visão convergente. OBS: Tanto a magnificação como a microfocalização podem ser reguladas manualmente ou acionadas por motor. Apesar de existirem campos esterilizáveis para proteção do aparelho, os microscópios utilizados em procedimentos cirúrgicos devem ser preferencialmente motorizados, para evitar que o cirurgião contamine o microscópio e as luvas durante o seu ajuste. Os microscópios utilizados em procedimentos que não envolvem procedimentos cirúrgicos, como por exemplo tratamentos endodônticos não cirúrgicos e dentística restauradora, podem ser manuais. Posições ergonômicas com o uso da lupa (A) e do microscópio operatório (B).
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