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Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC D O E N Ç A S S E X U A L M E N T E transmissiveis SÍFILIS Palavra quem advém do “Sys” (porco) com “philein” (amor imundo), sendo sinônimo de “lues” (praga) • Agente etiológico: Treponema pallidum • Transmissão: Via sexual e outros contatos íntimos, via vertical (intraútero, neonatal) e via transfusão sanguínea Epidemiologia Cerca de 1/3 dos indivíduos expostos a parceiro sexual infectado adquire a doença • Brasil: 900 mil casos novos por ano • Mundo: Mais de 12 milhões de casos por ano Classificação • Sífilis adquirida recente (até 1 ano após a infecção): Divide-se em primária, secundária e latente recente • Sífilis adquirida tardia (com mais de 1 ano de evolução): Divide-se em latente, tardia e terciária • Sífilis congênita: Divide-se em recente (até 2 anos com manifestações) e tardia (após 2 anos) Formas clínicas Sífilis primária • Surgimento do cancro duro (protossinfiloma) • Período de incubação: 10 a 90 dias (média de 21 dias) e se cura em 3 a 6 semanas • Adenopatia regional: Geralmente unilateral, não supurativa (fundo limpo), móvel e indolor (sem sinais flogistícos) o Surge de 7 a 10 dias após a lesão primária Sífilis secundária 4 a 8 semanas após o desaparecimento do cancro duro • Roséolas: Lesões papulares ou planas eritematosas que acometem principalmente o tronco, palma das mãos e planta dos pés • Sifílides: Lesões pápulo-erosivas, pustulosas e hipertróficas que acometem a cavidade oral, genital, palmas das mãos e planta dos pés (são inicialmente lisas e depois escamosas) • Condiloma plano: Áreas úmidas, como região anogenital, parte interna das coxas e axilas, podem ter condiloma plano, que são placas elevadas com bases ampla Sífilis latente Em 1 a 2 anos após o contágio, tem-se a fase de “silêncio clínico”, diagnosticada apenas por exames Os sintomas gerais são artralgia, febrícula, cefaleia e adinamia, além de alopecia irregular e linfadenopatia (85% dos pacientes e demora para desaparecer) • As lesões regridem em 2 a 6 semanas, com raras cicatrizes, e a infecção entra em uma fase de latência, só sendo detectada por método sorológico Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC sorológicos e se divide em latente precoce (até um ano) e latente tardia Sífilis terciária Fase 3 a 20 anos após a infecção, cuja metade dos pacientes não tratados evoluem, sendo a mais crítica da doença • Lesões cutâneo-mucosa: Tubérculos ou gomas (hipersensibilidade tardia) • Acometimento cardiovascular: Aneurisma aórtico pela aortite sifilítica, estenose coronária e insuficiência aórtica • Acometimento neurológico: Tabes dorsalis, mielite transversa e demência Diagnóstico laboratorial • Pesquisa do treponema por bacterioscopia em campo escuro: Técnica Fontana- Tribondeau (sais de prata) o Padrão ouro (diagnóstico de sífilis precoce) • Imunofluorescência direta: Técnica de Fontana-Tribondeaux • Testes sorológicos Sorologia não-treponêmica Rastreio da sífilis, que detecta anticorpos não treponêmicos (anticardiolipínicos), sendo um teste sensível, mas não específico, e, por isso, quando esse exame aponta positivo, a sorologia treponêmica para confirmação é solicitada • Qualitativos o Testes de triagem (reagente ou não) • Quantitativos o Títulos dos anticorpos o Monitoramento da resposta do tratamento (3 a 6 semanas após infecção e 2 a 3 semanas após o aparecimento da lesão) • VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) e RPR (Rapid Plasm Reagin) o Reações falso-positivas: Malária, Chagas, mononucleose, hanseníase, leptospirose, entre outras o Reação falso negativo: Geralmente ocorre na fase primaria e na fase latente tardia (ex. efeito prozona) Sorologia treponêmica Exames qualitativos e específicos para o treponema, que detectam os anticorpos para as espiroquetas e são os primeiros a positivar (tornam-se reativos a partir de 7 a 15 dias da infecção), sendo raramente falso- positivos • Exames: FTA-abs, TPS, MHA-TP, TPHA • Reservado para confirmação de um teste não treponêmico positivo Tratamento • Penicilina G benzatina: A dose depende da fase em que o paciente se encontra o Penicilina G benzatina 2.400.000 UI IM (1.200.000 UI em cada região glútea), dose única o Penicilina G benzatina 2.400.000 UI IM por semana, durante 3 semanas • Recente (primário-secundária) e latente (até um ano) Critérios de cura • VDRL3, 6 e 12 meses após o tratamento • Queda de 4 títulos da sorologia ou sua negativação em 6 meses a 1 ano • Gestante – mensalmente • O esperado é a diminuição de um título por mês • Deverá ser feito um novo tratamento se a sorologia aumentar 4 títulos Drogas alternativas • Azitromicina 1g VO por semana, durante 2 ou 3 semanas para sífilis até 1 ano (após um ano não há estudos) Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC • Doxiciclina 100mg VO 12/12 h ou eritromicina ou tetraciclina 500 mg VO 6/6 horas, durante 14 dias para sífilis até um ano e durante 28 dias para sífilis com mais de um ano Gestantes • Penicilina G benzatina • São contraindicados tetraciclinas, doxiclina e estolato de eritromicina • Dessensibilização • Na gestação, os testes não treponêmicos devem ser realizados no primeiro e terceiro trimestre e na admissão para o parto. Falha no tratamento • Quadruplicação dos títulos após o tratamento • Interrupção do tratamento • Não tratamento do parceiro • Gestantes o Tratamento concluído a menos de 1 do parto o Tratamento com regime não penicilínico DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA AGUDA Síndrome clínica causada por vários microrganismos devido à entrada de agentes infecciosos pela vagina em direção aos órgãos sexuais internos, atingindo útero, trompas e ovários e causando inflamações • Endometrite: Útero • Salpingite aguda: Trompas • Salpingooforite: Trompas e ovários • Pelviritonite: Toda pelve Fisiopatologia Geralmente o período menstrual e pós menstrual imediato são os mais propícios para adquirir a infecção, que é do tipo polimorfomicrobiana • Primários: Chamydia Trachomatis, Neisseria Gonorrhoea e Micoplasma • Secundários: Anaeróbicos, aeróbicos e bacilos gram negativos Fatores de risco • Faixa etária: 15 e 25 anos • Comportamento sexual de risco • Parceiro sexual portador de uretrite • História prévia de DST ou DIP • Tabagismo, alcoolismo e uso de drogas ilícitas • DIU (3 primeiras semanas após sua inserção) • Vaginose bacteriana Manifestações clínicas • Dor à mobilização do colo uterino • Dor anexial • Dispaurenia • Corrimento vaginal mucopurulento • Febre > 38,3°C • Sangramento intermenstrual • Queixas urinárias Estadiamento Estágio I (leve) Endometrite e salpingite aguda sem peritonite • Tratamento ambulatorial Estágio II (moderado sem abcesso) Salpingite aguda com peritonite (pelviperitorite) • Tratamento hospitalar (internação devido aos sinais peritoneais) Estágio III (moderado com abcesso) Salpingite aguda com obstrução tubária ou abscesso tubo-ovariano ou abscesso pélvico • Tratamento hospitalar (internação devido aos sinais peritoneais ou presença de abscessos) Estágio IV (grave) Presença de abscesso tubo-ovariano roto ou sinais de choque séptico • Tratamento hospitalar com auxílio de intervenção cirúrgica (laparotomia) Critérios diagnósticos Maiores • Dor abdominal infraumbilical • Dor a palpação dos anexos • Dor a mobilização do colo uterino Menores Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC • Temperatura axilar > 38,3°C • Secreção vaginal ou cervical anormal • Massa pélvica • Leucocitose • Proteína C reativa ou VHS elevados • > 5 leucócitos por campo de imersão em secreção de endocérvice • Comprovação laboratorial de infecção pelo gonococo, clamídia ou micoplasma. Elaborados • Evidênciahistopatológica de endometrite • Diagnóstico laparoscópico de DIPA • US transvaginal pélvica sugestiva de abscesso tubo-ovariano ou em fundo de saco Repercussões • Risco de gravidez ectópica • Infertilidade • Dor pélvica crônica • Dispareunia • Conjuntivite neonatal • Síndrome de Fitz-Hugh Curtis: Dor aguda no hipocôndrio direto e a descompressão Exames complementares • Hemograma completo: VHS/ leucocitose com desvio para esquerda (infecção) • Proteína C reativa: Evidência de inflamação • Beta-HCG: Afastar gravidez ectópica • USG transvaginal: Avaliar abscesso tubo- ovariano • USG abdominal: Afastar apendicite e outros abcessos • Cultura da região endocervical: Clamídia e gonococo • Urina: Afastar infecção do trato urinário • Videolaparoscopia: diagnóstico em caso de dúvida (DIP, apendicite, gravidez ectópica) • Laparotomia: emergência (abscesso roto) Tratamento Ambulatorial (estágio I) • Ceftriaxona + doxiciclina + metrodidazol • Cefoxitina + probenêcida + doxiciclina + metrodidazol • Ofloxaxina + doxiciclina + metrodidazol • Ampicilina + probenicida + doxiciclina + metrodidazol Hospitalar (estágio II ou III) • Gentamicina + penicilina G cristalina + clindamicina • Gentamicina + penicilina G cristalina + metrodidazol • Gentamicina + penicilina G cristalina + tianfenicol • Fase II ambulatorial: Doxiciclina • Fase III ambulatorial: Ofloxacina Hospitalar (estágio IV) Abordagem cirúrgica com mesma complementação terapêutica do estágio III HERPES VÍRUS → Deriva do latim herpein, que significa rastejar, arrastar, referindo-se ao fato de ocasionagem infecções crônicas, latentes ou recorrentes. → Família: Herpesviridae → Gênero: simplexvirus → Espécies: Human herpesvírus 1 e 2 → DNA vírus → Principal responsável pelo quadro de herpes genital Epidemiologia → 22% dos adultos nos EUA estão infectados pelo HSV-2, cerca de 45 milhões de pessoas. → Mais de 1 milhão de casos novos por ano → DST ulcerativa mais frequente → Risco de transmissão do HSV-2 anual entre os casais é de 16% do homem para mulher e de 6% da mulher para o homem. Transmissão → Predominante pelo contato sexual: HSV-2 → Contato orogenital → Vertical: canal de parto Patogenia → O HSV inicia a infecção através da ruptura de membranad mucosas ou pele. → O vírusse replica nas células da lesão e infecta o neurônio que inerva a região, trafegando para os gânglios sacrais. → Período de incubação: 2 a 26 dias, com média de 7 dias. → Primo-infecção é assintomática em 75% dos casos. Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC Quadro clínico → Hiperemia que evolui para vesículas que se agrupam e se rompem formando exulceração dolorosa seguida de cicatrização. → O vírus migra pela raiz nervosa até alojar-se num gânglio neuronal profundo, onde permanece quiescente até recidiva seguinte. → Os pródomos caracterizam-se por ardor, prurido, formigamento e adenomegalia que podem anteceder a erupção cutânea. → Em 50% dos casos, há presença de adenopatia inguinal dolorosa bilateral → Cervicite herpética pode estar associada a corrimento vaginal aquoso. → Podem ocorrer: o Gengivoestomatite herpética o Ceratoconjutivite herpética o Meningoencefalite herpética → Após infecção genital primária por HSV-2, 90% desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses por reativação do vírus. → Fatores de recorrência: o Febre o Exposição à radiação ultravioleta o Traumatismo o Menstruação o Estresse físico ou emocional o Antibioticoterapia prolongada o Imunodeficiência. Complicações → Meningite asséptica → Retenção urinária: por mielite transversa (raro) ou disfunção do SNA (menos de 1%) → Disseminação cutânea e visceral (fígado, pulmão, meninges) → Gestantes: o Complicações obstétricas o Ceratoconjutivite neonatal Diagnóstico → É essencialmente clínico (anamnese e exame físico) → Detecção direta do HSV em culturas de tecido → Modificações citológicas no papanicolau podem ser identificadas em esfregaço corados pelo método de Tzanck-corados pelo Giemsa. → Sorologia: anti-HSV Tratamento → Alívio da dor com analgésicos e anti-inflamatórios → Tratamento local: o Soluções fisiológicas ou água boricada a 3% para limpeza das lesões. o Creme local com cicatrizantes → Antivirais o Aciclovir 400mg, VO, 8/8 horas por 7 a 10 dias o Famciclovir 250mg, VO, 8/8 horas por 7 a 10 dias CANCRO MOLE → Sinonímia: cancróide, cancrela, cancro venéreo simples, úlcera mole, ulcus mole, úlcera venérea, cancro ou úlcera de Ducrey, e popularmente como cavalo. → Agente etiológico: Haemophilus ducreyi → Cocobacilo gram negativo → Período de incubação: 2 a 5 dias → Transmissão: via sexual Transmissão → Transmissão faz exclusivamente através da relação sexual o Necessita de uma solução de continuidade para sua penetração o Autoinoculação – lesões em dedos, conjuntiva → Faixa etária mais acometida: 20 a 30 anos o Sexo masculino (40 casos para cada 1 feminino) → Risco de infecção: 80% Epidemiologia → Íntima associação entre cancro mole e a soropostividade para HIV o Papel facilitador das úlceras genitais na transmissão do HIV → Estima-se que mais de 10% dos pacientes com cancro mole apresentam-se co-infectados com o Treponema pallidum (sífilis) e o HSV (herpes simples). Manifestações clínicas → Lesõestipo pápulas que evoluem para pústulas, formando úlceras rasas, dolorosas, purulentas, com base granulomatosa facilmente sangrante, de borda irregular, cobertas por exsudato necrótico, amarelado e de odor fétido. → Após cerca de uma semana do aparecimento do cancro, 30 a 50% dos pacientes desenvolvem uma adenite inguinal satélite → bulbão → Unilateral → Doloroso → Pode evoluir com supuração por único orifício. Diagnóstico → Clínico: úlcera genital dolorosa e adenopatia inguinal supurativa sugere o diagnóstico → Métodos laboratoriais: o Exame direto das lesões: coloração pelo gram ou giemsa o Objetivo: identificar o H. Ducreyina secreção da úlcera ou do aspirado do bulbão (distribuição em “cardume de peixe”) o Cultura o PCR multiplex Tratamento → Azitromicina, 1g, VO, dose única → Azitromicina, 500mg, VO, por dia, durante 3 dias → Ciprofloxacina, 500mg, VO, 12/12 horas, durante 3 dias → Doxiciclina, 100mg, VO, 12/12 horas ou 200 mg uma vez ao dia durante 7 dias → Eritromicina, 500mg, VO, 8/8 horas, Marianna Lopes – Ginecologia, 4° semestre FTC durante 5 a 7 dias → Tianfenicol, 500 mg, VO, 8/8 horas, durante 5 a 7 dias LINFOGRANULOMA VENÉREO → Sinônimo: linfogranuloma inguinal, doenças de NicolasFavre-Durand, bubão climático e Mula. → Agente etiológico: Chlamydia trachomatis¸ sorotipos L1, L2 e L3. → Afeta predominantemente, o sistema retículohistiocitário, preferencialmente os linfonodos inguinais e ilíacos. → A disseminação ocorre primariamente pela via linfática. Histórico e epidemiologia → Transmissão sexual → Doença de notificação compulsória → Baixa incidência → Mais frequente nos países tropicais e subtropicais da África e Ásia e sudeste dos EUA, onde o patógeno é encontrado. Quadro clínico → Disseminação linfática regional → A adenite pode evoluir em nódulos inguinais superficiais dolorosos ou bubões que frequentemente rompem a pede com exsudação de descarga purulenta. → A fistulização crônica pode permanecer períodos prolongados, fecha-se um trajeto e abrem-se outros, o aspecto assemelha-se ao de um bico de regador. → Pápula, pústula, exuceração superficial ou erosão. → Parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula vaginal o Pode não ser notado pelo paciente → Disseminação linfática regional → Formação de abscessos com fístulas → Surge entre uma a seis semanas após a lesão de inoculação. Complicações → Fistulização crônica retal, vaginal e vesical → O acometimento do reto pode levar a proctite O contato orogenital pode causarglossite → Estenose e fibrose da vagina e do reto → Podem ocorrer febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. → A obstrução linfática crônica na mulher acarreta a elefantíase genital. Diagnóstico → O diagnóstico geralmente é clínico, sendo a comprovação laboratorial não é rotineira. → Teste diagnósticos: o Teste de fixação do complemento o PCR o Imunofluorescência o Exame histopatológico o Cultura o Métodos radiológicos (linfografia e enema opaco) Tratamento → Doxiciclina, 100 mg, VO, 12/12 horas por 14 a 21 dias → Parceiros que tiveram contato sexual com a paciente nos 60 dias anteriores devem ser examinados e tratados com esquemas clássicos para infecção por clamídia (azitromicina 1g dose única ou doxiciclina 100mg, 12/12 horas por 7 dias) → Na gestação é utilizado eritromicina, 500mg, VO, 4 vezes ao dia, de 14 a 21 dias.