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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA CAMPUS MUCURI Altamiro Junio Mendes Silva Ana Clara de Sousa Oliveira Anna Beatriz Guimarães Sicupira SISTEMAS DE POSICIONAMENTO ALTERNATIVO Relatório apresentado à disciplina de Geoprocessamento em Recursos Hídricos – EHD 130, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Campus do Mucuri, como parte dos requisitos parciais para obtenção de aprovação. Docente: Prof. Dr. Luan Brioschi Giovanelli. Teófilo Otoni-MG 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA CAMPUS MUCURI 1. INTRODUÇÃO Sistemas de navegação por satélite são sistemas capazes de estabelecer o posicionamento geo espacial de um objeto na superfície terrestre através do uso de satélites artificiais que orbitam ao redor do nosso planeta (BARBIAN, 2013). Todos os sistemas têm o mesmo funcionamento, em que o processo de obtenção da posição é chamado de trilateração e utiliza ao menos três satélites que disponibilizam informações horárias para determinar a sua localização com as coordenadas da longitude, latitude e altitude. Os receptores utilizam os sinais horários emitidos pelos satélites para calcular com precisão o tempo e a posição geográfica em que se encontram (BARBIAN, 2013). De acordo com Francisco, hoje em funcionamento existem dois sistemas de posicionamento por satélite, o GPS ou Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global), desenvolvido e mantido pelos Estados Unidos e o Glonass, desenvolvido na Rússia. A China está desenvolvendo um sistema denominado Compass. Outro sistema em fase de implantação é o Galileo europeu. Ele também diz que o desenvolvimento de outros sistemas de posicionamento por satélites é muito importante para os usuários, pois o GPS, é controlado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e com isso limita informações destinadas aos civis, e, em caso de guerras envolvendo esse país, a emissão de sinal pode ser ainda mais restrita. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Os GNSS (Global Navigation Satellite Systems – Sistemas de Navegação Global por Satélite) vêm sendo cada vez mais utilizados em uma ampla variedade de aplicações que necessitam de estimativas de posição. Os sistemas de posicionamento que compõem o GNSS embora tenham finalidades semelhantes, possuem características diferentes quanto à formação da constelação e quanto às características dos sinais e frequências utilizadas. O GPS é um sistema de radionavegação desenvolvido pelos Estados Unidos da América (EUA) na década de 1970 e operacional desde 1995 e está se modernizando desde 2005. Devido a sua abrangência global e alto desempenho, tornou-se um meio de posicionamento amplamente utilizado contando atualmente com 31 satélites operacionais em órbita. UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA CAMPUS MUCURI O GLONASS (Globalnaya Navigationnaya Sputnikovaya Sistema), declarado operacional em 1995, é o sistema global desenvolvido pela antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e atualmente mantido pela Rússia. De forma similar ao sistema norte-americano, foi criado para fins militares e posteriormente se expandiu para uso civil. Devido ao ângulo de inclinação em relação ao equador maior que o do GPS (Na figura 1), a constelação GLONASS apresenta uma cobertura melhor para altas latitudes. Entrando de forma diferente no GNSS, o Sistema Galileo surge com o intuito totalmente voltado ao uso civil, ao contrário do GLONASS E GPS, cujo os fins primordiais eram apenas uso militar. O BeiDou foi criado na China, nos anos 1980, e seu processo de criação se dividiu em três fases. A primeira fase (BDS-1) teve o lançamento de três satélites nos anos 2000, em 2012, os satélites foram substituídos na segunda fase, que é composta por 14 satélites. A terceira e última fase do sistema é composta por uma constelação global (BDS-3), e deve estar completa em 2020. Figura 1 - Principais características dos sistemas GNSS Fonte: Adaptado de Junior (2019) UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA CAMPUS MUCURI Assim, conforme o surgimento de tecnologias cada vez mais exigentes quanto aos dados de processamento, foram criadas alternativas ao GPS. O Quadro 1 apresenta de forma resumida alguns destes sistemas, alguns já citados anteriormente. Quadro 1 - Sistemas Alternativos Sistema Principais características DGPS O DGPS ou GPS diferencial possui estações base que fazem o posicionamento global e comparam com suas posições reais, e com isso calculam o erro nas medições e a partir daí calculam o fator de erro em cada satélite e envia aos receptores DGPS. Os receptores gravam os fatores de erros e compensam esses fatores em suas próximas medições, aumentando muito o nível de precisão. WAAS O WAAS funciona como um GPS diferencial, porém ao invés de corrigir os erros em uma base terrestre, a correção é feita através de um satélite geo- estacionário, cobrindo uma área bem maior. EGNOS O EGNOS é o equivalente europeu do WAAS. GLONASS É o equivalente russo do GPS. Possui uma alta taxa de erros se comparado ao GPS por ainda estar sendo desenvolvido. Compass O Compass é o equivalente ao GPS chinês. Conta com um enorme número de satélites em operação, fornecendo uma boa precisão e boa cobertura de satélites. O projeto foi desenvolvido para fins militares como no GPS e GLONASS. GALILEO É o sistema de posicionamento global europeu. Ao contrário do GPS, GLONASS e Compass, o GALILEO desde o início foi projetado para o uso civil. O sistema ainda está em desenvolvimento e apresentará diversas vantagens em relação aos concorrentes, como uma maior precisão, maior cobertura de satélites e principalmente por ter todos os recursos liberados para o uso civil. Fonte: Grupo de Teleinformática e Automação - UFRJ (2021) Quanto ao sistema GPS, realizando uma análise sob o mesmo, para a sua configuração atual, é possível identificar algumas falhas quanto ao mesmo, como a falta de precisão e confiabilidade suficiente para a utilização como um meio exclusivo para a navegação área, visto que o usuário não recebe nenhum tipo de mensagem, imediatamente, em situações em que há alguma falha no sistema. Assim, para auxiliar na solução de problemas onde a utilização do FNSS é mais crítica (como por exemplo, na aproximação em pousos e decolagens de aeronaves), foi concebido os sistemas SBAS (Satellite-Based Augmentation System). De acordo WALTER et al (2006 apud ALBARICI, 2011), os sistemas são independentes do sistema GPS, além da possibilidade de monitoramento do seu UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA CAMPUS MUCURI desempenho continuamente e, o mais importante, a detecção de falhas em tempo real, assim, os usuários podem ter acesso a tais informações quase que imediatamente. A criação do SBAS teve como objetivo a padronização dos sistemas de aumento que utilizam um ou mais satélites, em geral geoestacionários, apesar de todos os sistemas SBAS serem independentes, suas arquiteturas possuem compatibilidade, garantido a integração entre os diversos sistemas mundiais de navegação. Conforme WALTER et al (2006 apud ALBARICI, 2011), nos sistemas SBAS, são transmitidos para os usuários os dados por meio de uma frequência igual ao L1 do GPS (L1 = 1575,42 MHZ), porém, em um formato diferente) Dentre as possíveis aplicações dos sistemas SBAS, tem-se, como exemplo, pousos e decolagens de aeronaves e rotas de voo comerciais, que requeremdados mais íntegros e com maior precisão, comparado com o sistema GPS atuais (GLICA, 2008). Seguem o padrão de sistemas SBAS: o WAASS (Wide Area Augmentation System) nos Estados Unidos, o MSAS ( Multi-functional Satellite Augmentation System) no Japão, o EGNOS (European Geostationary Navigation Overlay Service) na Europa, além do GAGAN (GPS Aided Geo Augmented Navigation) da Índia. Funcionamento do SBAS Conforme SANCHES et al (2006 apud ALBARICI, 2010), os satélites GNSS realizam a transmissão de sinais de navegação, que são recebidos pela rede de monitoramento de integridade (Estação de Referência) distribuída sobre uma área geográfica. Um equipamento de processamento central (Estação Mestra) é responsável pela recepção de dados que são retransmitidas pelas estações anteriores, assim, avalia o sinal e calcula as correções necessárias (erro do relógio do satélite, erros ionosféricos e as estimativas dos erros associados à ionosfera). A estação mestra é responsável por mais de uma função na transmissão e manipulação dos dados transmitidos, sendo que, para cada um dos satélites GNSS monitorados, é realizada a estimativa dos erros na transmissão dos parâmetros de efemérides e relógio do satélite, transmissão destas correções para as Estações de Enlace de Subida (Uplink) que as envia aos satélites geoestacionários SBAS. Como fim deste processo, é transmitido a correção ao usuário. Sistema WAAS UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA CAMPUS MUCURI O WAAS é um sistema composto de estações terrestres e satélites que fornecem correções diferenciais obtidas por meio da mensagem do sinal dos satélites desse sistema. A representação da arquitetura do sistema WAAS é constituída de segmentos de controle, espacial e de usuários. A composição do sistema WAAS está representada nas Figuras 2 e 3, que apresenta os elementos responsáveis pelas informações de integridade e correções para os satélites WAAS. Figura 2 – WAAS - Wide Area Augmentation System Fonte: WALTER et al, 2006 apud ALBARICI, 2011. Figura 3 – Sistema WAAS Fonte: WALTER et al, 2006 apud ALBARICI, 2010. UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA CAMPUS MUCURI Sistema EGNOS O EGNOS é um sistema equivalente europeu ao WAAS. Sua criação teve como objetivo incrementar o sinal dos sistemas GPS e GLONASS, baseado na transmissão de informações através dos satélites geoestacionários, com o objetivo de fornecer correção diferencial e informações sobre integridade, sendo então utilizado em aplicações mais críticas, como o pouso de aeronaves (FLAMEN et al, 2006). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi possível constatar que existem diferentes tipos de sistemas de navegação por satélite, sendo que cada um deles possui características específicas e, alguns, compartilham várias semelhanças. É importante destacar a evolução e a criação de diferentes tipos de sistemas alternativos que possibilitam uma descentralização da tecnologia de posicionamento sob a superfície terrestre por meio de satélites, permitindo informações cada vez mais precisas e seguras para os usuários. Percebe-se que em situações críticas, o GPS possui limitações e, assim, alternativas como os sistemas SBAS e outros são ferramentas que permitem a geração de dados mais confiáveis para a solução de tais impasses. Para as alternativas de sistemas, as principais dificuldades se localizam quanto à escassez de serviços e para processamento de dados, que estão correlacionados com a completa operação dos sistemas e sua popularização, que a oferta tende a aumentar com o crescimento de utilizações cada vez mais exigentes e o avanço tecnológico global. REFERÊNCIAS BARBIAN, Eduardo. “O que são sistemas de navegação por satélite?” Oficina da Net, 2013. Disponível em: < https://www.oficinadanet.com.br/post/10580-sistemas-de- navegacao > Acesso em: 01 de abril de 2021. FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. "GPS - Sistema de Posicionamento Global"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/gpssistema- posicionamento-global.htm. Acesso em 01 de abril de 2021. JUNIOR, Paulo de Tarso Setti. Posicionamento por ponto Multi-GNSS: Análise dos Sistemas, Sinais e Modelos Ionosféricos. UNESP - Universidade Estadual Paulista. Presidente Prudente, SP. 2019. UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI ICET – INSTITUTO DE CIÊNCIA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA CAMPUS MUCURI ALBARICI, Fabio Luiz. Posicionamento relativo: análise dos resultados combinando as observáveis L1 dos satélites GPS e SBAS. 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes) - Escola Politécnica, University of São Paulo, São Paulo, 2011. doi:10.11606/D.3.2011.tde-01062011-135146. Acesso em: 2021-04-03. GLICA. Sistemas Globais de Navegação por Satélites - A constelação GALILEO. 1 ed. Itália, 2007. 48 P. Alternativas ao GPS. UFRJ. Disponível em: https://www.gta.ufrj.br/grad/08_1/gps/alternativas.htm. Acesso em 31 de março de 2021