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Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 Aula 1 - 05/08 Sinais e Sintomas do Aparelho Respiratório ❖ Dependendo do tipo de sintoma remete a uma parte do aparelho respiratório. Ex.: tosse, chiado remetem as vias aéreas; Principais sintomas primários ❖ Vias aéreas (superior e inferior): tosse, chiado/sibilância, expectoração e hemoptise; ❖ Parênquima: dispneia e cianose (aspecto azulado na pele e mucosas - central e periférica); ❖ Pleural: dor torácica (inflamação pleural - parietal que gera dor - dor pleurítica); ❖ Dor pleurítica: a dor é ventilatória dependente, então dói ao respirar. É uma dor bem localizada, em pontada/facada, de intensidade 8 a 10. Geralmente ela não melhora quando comprime o local que o paciente refere; ❖ O que mais causa dispneia: as doenças do aparelho respiratório e cardiovascular - insuficiência cardíaca (causa alteração da troca gasosa à medida que causa edema do parênquima pulmonar), DPOC (é o somatório da bronquite crônica - lesão dos brônquios e o enfisema pulmonar - lesão do tecido pulmonar/alvéolos), asma, bronquite (é denominação genérica, precisa especificar), anemia, hipertireoidismo; ❖ A maior causa da dispneia na população é o sedentarismo; Principais sintomas secundários ❖ Sintomas gerais (colocar na revisão de sistemas - anamnese): febre, consumpção (perda de peso ponderal - 5% em 6 meses ou 10% em 1 ano); ❖ As doenças crônicas que costumam cursar com perda de peso significativo; ❖ Doenças que cursam com febre ou consumpção: tuberculose (doença infecciosa crônica - cursa com os dois), pneumonia (doença aguda - cursa com os dois sintomas, mas por ser aguda pode não chegar a apresentar perda ponderal significativa), neoplasias, DPOC; ❖ Mediastinais: traqueia, esôfago, grandes vasos, coração, pericárdio. Existem alterações dessas estruturas que são provocadas por tumores dessa região propriamente dita, alterações dessas estruturas como aneurisma de aorta ou a compressão de nervos mediastinais; ❖ A síndrome de veia cava superior surge, mais frequentemente, por câncer de pulmão; ❖ A compressão do nervo frênico e do nervo laríngeo recorrente causam manifestações que sugerem doença do aparelho respiratório; 1 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Extratorácicos: baqueteamento digital, osteoartropatia e paraneoplasias (são manifestações sistêmicas distantes do tumor que está presente no indivíduo); ★ “Quando começou, como começou e como evoluiu ?” Isso precisa ser feito em todos os sinais e sintomas do paciente - o que guia a anamnese é a cronologia; Tosse ❖ É um sintoma muito característico do acometimento das vias aéreas inferiores, apesar de poder estar relacionada às vias aéreas superiores e até mesmo de outros locais, como a inervação do terço final do esôfago (refluxo gastroesofágico - há receptores para tosse) e no pavilhão auricular (pode gerar tosse quando estimulado); ❖ É a principal queixa no consultório de pneumologia, seja com diagnóstico definido de plano de fundo ou uma queixa para ser investigada; ❖ O que perguntar: quando começou, qual a frequência, ciclo circadiano (de acordo com o horário do dia), fatores desencadeantes (rinite, sinusite, poeira doméstica); ❖ Na DPOC é comum a tosse ser no início do dia (matinal); ❖ Na sinusite é comum a tosse piorar pela manhã e pela noite; ❖ Tosse que piora a noite/noturna: asma; ❖ Aguda < 3 semanas; ❖ Crônica > 8 semanas; ❖ Ex.: no refluxo a tosse piora dependendo do decúbito; ❖ Na sinusite a tosse piora/melhora dependendo da hora do dia (ciclo circadiano); ❖ Horário de agravamento: matutino, vespertino; ❖ Episódios anteriores: é a primeira vez que está tendo quadro de tosse ? ❖ Pode ser por mudança climática: sazonal; ❖ Posição de agravamento: decúbito; ❖ Fatores desencadeantes: inalação de irritantes, produtos químicos; ❖ Sintoma único ou é acompanhado de algum outro sintoma ? Principais causas de Tosse Aguda: resfriados, gripe e rinossinusites; ❖ Geralmente atinge a população geral, não tem faixa etária; ❖ Tem frequência maior no inverno devido ao aglomerar; ❖ É uma tosse diuturna (manhã, tarde e noite); ❖ Pode ter um agravamento matutino-vespertino; ❖ A tosse aguda é seca, úmida e produtiva (em casos mais graves), associada a toalete de nasofaringe (pigarro) ou rinorreia; ❖ Melhora diurna ou com higiene nasal e anestésicos tópico de orofaringe; ❖ Pode ter início junto com a infecção ou depois da infecção; Tosse da Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) - Tosse Crônica ❖ É muito difícil de tratar; ❖ Geralmente é uma tosse seca (não produtiva nem úmida); ❖ Acomete homens acima de 60 anos, geralmente ex-fumantes ou fumantes atuais; ❖ É diuturna (matutina, vespertina, noturna) e não possui ritmo circadiano (não tem hora); ❖ Agravada por atividades físicas do cotidiano, como caminhar mais rápido ou respirar mais profundamente; ❖ Tem pouca ou nenhuma resposta à medicação; 2 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Tem início insidioso (tosse discreta que piora ao longo dos meses) com evolução de meses quando o paciente procura avaliação médica; ❖ Associada a dispneia progressiva aos esforços até dispneia ao repouso; Tosse - com expectoração e/ou chiado ❖ Doenças que cursam com expectoração e chiado junto com a tosse: asma e DPOC; ❖ Chiado=sibilos: está associado a diminuição do calibre das vias aéreas. Quando o fluxo de ar passa, vibra a parede do brônquio provocando o sibilo; ● Obstrução ao fluxo aéreo; ● Redução do calibre das vias aéreas; ● Fatores desencadeantes: depende da origem. Mais comumente associada à sibilância é a asma, mas nem tudo que sibila é asma e nem toda asma aparece sibilância; ● Horário de surgimento: na asma é noturno; ❖ Expectoração: ● Mucóide (hialina) ou purulenta (amarelada/esverdeada) ? ● Ritmo circadiano ou sazonalidade ? ● Volumosa ? Hemoptise ❖ Definição: lesões das vias aéreas inferiores com eliminação de sangue pela boca; ❖ A cor, ao que ele está aglutinado (ex.: comida) entre outros ajudam a distinguir hemoptise de hematêmese; ❖ Eliminação de sangue pela boca precedida por episódio intenso de tosse sugere hemoptise; ❖ Origem anatômica; ❖ Causas mais frequentes: bronquite tabágica, bronquiectasia (as duas primeiras são as mais frequentes), câncer de pulmão (mais crítica), tuberculose, câncer de laringe, aneurisma de aorta, infarto pulmonar, pneumonia e febre reumática (os dois últimos são menos frequentes); ❖ Características ● Verdadeira ou falsa hemoptise; ● Aspectos epidemiológicos; ● Contexto clínico: tabagismo de longa data com perda de peso, homem, mais de 40 anos - sugere câncer de pulmão (exemplo); adulto jovem, febril, com tosse e expectoração mucopurulenta, mora na região metropolitana do RJ, perda de peso, sudorese noturna - sugere tuberculose (exemplo); ● Volume, duração; ● Coloração; ● Fatores associados; ➢ Sangue vermelho-vivo, sugere sangue arterial; ➢ Volume significativo, envolve risco de vida; ➢ Está um pouco coagulado porque entrou em contato com a pia; ➢ Não há expectoração purulenta nem alimento; ➢ Se tivesse junto com expectoração purulenta poderia estar associada a pneumonia, bronquiectasia, doença infecciosa; ➢ O diagnóstico desse paciente era um aneurisma de aorta que abriu para dentro da árvore respiratória. O paciente foi a óbito pois não tinha como controlar o aneurisma. 3 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ★ Carga Tabágica: 1 maço de cigarro tem 20 cigarros. Número de maço por dia vezes o número de anos que fuma - 1 maço por dia por 20 anos = 1 x 20 = 20 maços-ano (esse valor para cima já é considerado alta carga tabágica); Sibilos ❖ Distorção ou estreitamento das vias aéreas inferiores; ❖ Mecanismos diferenciados das doenças: ● Edema inflamatório ou não: DPOC é inflamatório, causado pela fumaça do cigarro; asma é inflamatório causada por fenômeno imunológico; edema não inflamatório causado pelo aumento da pressão hidrostática nos vasos da circulação pulmonar por insuficiência cardíaca; ● Corpo estranho, secreções, tumores; ● Condição perene ou eventual ? ● Aguda ou crônica; ● Fatores desencadeantes; Dispneia❖ Conceito: sensação subjetiva e desagradável (desconforto) do ato de respirar; ❖ Sinonímia (utiliza outras palavras para se referir a dispneia): cansaço, falta de ar, canseira, fôlego curto, fadiga, respiração difícil; ❖ Temos que saber diferenciar a dispneia da astenia (prostração, falta de energia em realizar atividades) e da fadiga (processo muscular); ❖ Alterações que podem ocorrer: frequência respiratória, amplitude respiratória, ritmo respiratório; ❖ Escala de Dispneia: mMRC (Medical Research Council modificada). Ela é sempre relacionada a atividade físico, nunca é em repouso; ❖ Dispneia em repouso: ● Ortopnéia: ocorre quando o indivíduo assume o decúbito a 0º, o paciente senta no leito para melhorar. Ex.: doença neuromuscular; ● Dispnéia Paroxística noturna: o indivíduo é despertado pelo desconforto respiratório. Ex.: asma, insuficiência cardíaca, doença neuromuscular; ● Platipnéia + Ortodeoxia: dispneia que surge com a posição ortostática/sentado. Ex.: em fístulas; ● Não se encaixa na escala de mMRC; Cianose ❖ Coloração azulada transmitida as mucosas e pele pelos capilares sanguíneos subjacentes, estes contendo excesso de hemoglobina desoxigenada, ao menos 5g/dl de sangue - SatO2 < 88%; ❖ Limite inferior da saturação da hemoglobina é 95%; 4 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Limite normal da saturação da hemoglobina é entre 97 e 98%; ❖ É um sinal tardio de insuficiência respiratória ou desoxigenação; ❖ Central: decorre da não oxigenação adequada do sangue (comprometimento da troca gasosa). Ex.: insuficiência respiratória, anomalias cardíacas cianóticas; ❖ Periférica: decorre do baixo débito cardíaco (fluxo lento periférico) - hipovolemia, desidratação, choque, insuficiência cardíaca etc. Ocorre mais nas extremidades dos dedos; ❖ Fenômeno de Raynaud: palidez, cianose e vermelhidão, acompanhado de dor nas extremidades por isquemia. Pode ser só o fenômeno sem doença ou acompanhado por doenças da reumatologia; ❖ Vemos cianose nas extremidades, nos lábios, no leito ungueal, na língua e mucosa da boca; Dor Torácica ❖ As dores da caixa torácica tem uma importância particular, porque no geral são dores de tecidos e órgãos que podem levar agudamente ao risco de vida. Existem protocolos na emergência para dor torácica; ❖ Somática: pleural (não piora com a compressão local), osteomuscular (é a principal causa de dor torácica, piora com a compressão local) - localizada, pode ou não ser agravada pela palpação local, piora com os movimentos respiratórios etc; ❖ Visceral: esofageana, cardíaca, aórtica, traqueal - mal localizada ou definida, não se agrava com a palpação ou mobilidade torácica; ❖ Neuropática: lesão nervosa ou inflamação dos nervos como no Herpes Zoster - alodinia, hiperestesia cutânea (mais sensível ao toque); ❖ Ex.: IAM, aneurisma, pericardite, etc; Mediastinais ❖ Veia Cava Superior é responsável pela drenagem venosa da cabeça, pescoço e membros superiores: veias subclávias, veias jugulares e veia ázigo; ❖ Tumor do pulmão no lobo superior direito comprimindo a veia cava superior causando turgência jugular, edema e cefaleia. Isso é Síndrome da Veia Cava Superior e o câncer de pulmão é a principal causa; ❖ Tumor do pulmão no lobo superior esquerdo comprimindo o nervo laríngeo recorrente, causando paralisação da corda vocal esquerda - disfonia; Extratorácicos ❖ Baqueteamento Digital/Hipocratismo Digital: pode ser hereditário ou causado por doenças; ❖ Pode ser causado por doenças pulmonares, cardíacas, hepáticas e intestinais; ❖ Fibrose Pulmonar Idiopática, câncer de pulmão, fibrose cística - doenças pulmonares; ❖ Endocardite bacteriana - doença cardíaca; ❖ Cirrose - doença hepática; ❖ Doença de Crohn - doença intestinal. Manifestações Associadas ❖ Febre; ❖ Consumpção; ❖ Lesões de pele e mucosa: tatuagem com regiões elevadas - sarcoidose, causa processo inflamatório granulomatoso em tatuagens e cicatrizes antigas; Exposição ❖ Tabagismo ativo ou passivo: causa fibrose pulmonar idiopática, entre outras doenças; ❖ Poluição ambiental: gases; 5 Ana Júlia Ornelas Piedade - MED 104 ❖ Mofo no ambiente doméstico e de trabalho: piora a asma, pode causar a pneumonia de hipersensibilidade e etc; ❖ Trabalho rural: micose endêmica da região sudeste que causa fibrose no pulmão - paracoccidioidomicose; ❖ Animais que fazem mal para o pulmão: periquito, papagaio e calopsita. Eles causam pneumonia de hipersensibilidade; 6