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Tributário I - Controle e fiscalização financeira Tribunais de Contas


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UNIVERSIDADE DO ESTADO – UNEB
DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANÇAS PÚBLICAS
CONTROLE E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA. TRIBUNAIS DE CONTAS
1. Controle Orçamentário
A execução do orçamento público deve ser objeto de um controle, que se afigura indispensável por razões política e financeira. 
Sob o ponto de vista político para que se verifique a aplicação da decisão do Congresso em matéria orçamentária, impedindo, assim, que o Poder Executivo exceda os créditos que lhe foram concedidos ou não perceba as receitas autorizadas pelo orçamento. 
Sob o aspecto financeiro para evitar os desperdícios e as dilapidações do patrimônio público.
Os sistemas de controle orçamentário pode ser feito pelo Legislativo (parlamentar), pelo Judiciário (judicial) , por partido político (partidário) ou por iniciativa popular (privado). 
Na Inglaterra, o controle é exercido pelo Parlamento através de um funcionário eleito pela Coroa, denominado Comptroller General, que é dotado de plenos poderes para o exercício de suas funções de acompanhar e controlar a execução orçamentária, sendo demissível apenas pelo Parlamento. 
Na França foi criado o Cour des Comptes, cujas atribuições estão definidas pela Lei de 22-06-62, cujas decisões a respeito das contas a ela submetidas são definitivas, e este sistema apresenta a característica de que os responsáveis pelos gastos públicos são os pagadores das despesas e não os ordenadores, pelo que aqueles exercem controle regressivo sobre estes.
A Itália, ao contrário do sistema flexível francês, decorrente da fiscalização a posteriori, adotou um controle excessivamente rígido, ao exigir o registro a priori, além de conceder ao Tribunal de Contas (Corte dei Conti) o poder de veto absoluto sobre os documentos que lhe são apresentados. Por outro lado, o citado Tribunal julga também os ordenadores da despesa e não somente os pagadores.
O sistema adotado pela Bélgica exige o registro a priori para efetivação das despesas, mas concedendo ao seu Tribunal e Contas um poder apenas relativo de veto. Isso porque se o mesmo recusar o registro, poderá o Ministério interessado na realização da despesa ou na vigência do contrato recorrer da citada decisão para o Conselho de Ministros. 
O terceiro tipo de fiscalização orçamentária era próprio do sistema soviético, eis que o controle do orçamento era feito por um órgão do partido, denominado Rabkrin.
O quarto tipo de controle é privado, novidade trazida pela Constituição Federal (art. 74) legitimando qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato para denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Evidentemente tal dispositivo também é aplicável aos Tribunais de Contas dos Estados e aos Tribunais de Contas dos Municipios.
2. Tipos de Controle
A fiscalização deve ser feita através de dois modos: mediante controle externo pelo Congresso Nacional, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. A fiscalização, a teor do disposto no art. 70 da CF, deve abranger os aspectos da legalidade (custo legis), legitimidade (aplicação em benefício da coletividade) e economicidade (eficiência na gestão financeira). 
 
O controle externo será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, (art. 71 da CF). O controle interno será mantido pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (art. 74 da CF). 
Verifica-se do exame das atribuições do Tribunal de Contas (art. 71 da CF) que a nossa Constituição adota os sistemas de controle posterior e concomitante (art. 72), realizando-se a fiscalização sem prejuízo ou retardamento dos serviços que incumbem à administração. 
Assim, os incisos IX e X do art. 71 permitem ao Tribunal de Contas assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, podendo sustar o ato impugnado se não for sanada a irregularidade, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. 
3. Composição
O Tribunal de Contas da União deve ser integrado por nove Ministros, que devem preencher os requisitos do § 1º do art. 73 da CF, a saber: a) mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; b) idoneidade moral e reputação ilibada; c) notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; d) mais de dez anos de exercício de função ou de atividade profissional que exija os conhecimentos anteriormente mencionados.
A escolha dos Ministros do Tribunal de Contas da União deve ser feita da seguinte forma: a) um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; b) dois terços pelo Congresso Nacional (§ 2º do art. 73 da CF).
Resulta do disposto no art. 71 da CF que o Tribunal de Contas possui sete funções: a) de fiscalização financeira, como as relativas à apreciação das contas do Presidente da República, apresentando parecer ao Congresso Nacional; b) de jurisdição, como julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; c) consulta, prestando as informações solicitadas pelo Congresso Nacional ou qualquer de suas casas, acerca das auditorias e inspeções realizadas; d) informação, mantendo o Congresso Nacional ou qualquer de suas Casas informado sobre a fiscalização financeira realizada, bem como o resultado de auditorias e inspeções realizadas; e) sancionatórias, quando aplica aps responsáveis, no caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei (especialmente multa proporcional ao dano casuado ao erário); f) corretivas, ao fixar prazo para que órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade ou quando susta a execuçãop do ato impugando, se não atendido o prazo pelo Congresso Nacional (90 dias); g) ouvidor, quando recebe denúncia de irregularidade ou ilegalidade formulada por cidadão, partido político, associação ou sindicato. 
4. Natureza do Tribunal de Contas
O Tribunal de Contas da União tem natureza meramente administrativa, em face do princípio da unicidade de jurisdição, não obstante a Súmula 347 do STF reconhecer competência para o TCU apreciar a constitucionalidade das leis e atos do Poder Público, ou seja, constitucionalidade in caso, pois o controle abstrato das leis é feito pelo STF. Assim, a jurisdição do TCU é prévia, não afastando a apreciação do Poder Judiciário. Outrossim, o art. 73 da CF se refere à “jurisdição” lato senso. 
Eduardo Lobo Botelho Gualazzi define o TCU como órgão administrativo parajudicial, funcionalmente autônomo, cuja função consiste em, de ofício, o controle externo, fático e jurídico, sobre a execução financeira orçamentária, em face dos três Poderes do Estado, sem a definitivdade jurisicidional.
5. Competência do TCU
Compete ao Tribunal de Contas da União (art. 71):
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bemcomo a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
As decisões do Tribunal de Contas que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. 
 O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
6. Tribunais de Contas Estaduais e Municipais
O art. 75 da CF estatui que as normas estabelecidas em relação ao TCU são aplicáveis, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios, onde houver (pois o art. 31, § 4º, CF, veda a criação de tribunais, conselhos ou órgãos de Contas Municipais, respeitando-se os órgãos existentes).
 
Apenas dois municípios possuem Tribunais de Contas: São Paulo (1960) e Rio de Janeiro (1980). Os demais municípios são fiscalizados pelos Tribunais de Contas dos Estados ou Tribunal de Contas (Estaduais) dos Municípios. 
Os Tribunais de Contas dos Estados são compostos por 7 conselheiros, quatro escolhidos pela Assembléia Legislativa e três pelo Executivo (Súmula 653 do STF, interpretando o art. 75 da CF). O TCM-SP possui 5 conselheiros, dois escolhidos pelo Prefeito e três pela Câmara Municipal.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 1991.
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
MACHADO, Hugo Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros, 1995.
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Sistema Tributário na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva
NASCIMENTO, Carlos Valder. Curso de Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR PARA PESQUISA
ATALIBA, Geraldo. Apontamentos da Ciência das Finanças, Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969.
BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. Rio de Janeiro: Forense, 1981.
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros, 1993.
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Atlas, 2007.
TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
LEGISLAÇÃO PRINCIPAL E SUBSIDIÁRIA
Constituição Federal
Código Tributário Nacional
Código de Processo Civil
Código Civil
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