Buscar

AULA 03 - HIST DO DIREITO BRASILEIRO

Prévia do material em texto

AULA 03 – ORDENAÇÕES PORTUGUESAS 
Ordenações portuguesas: compilações legislativas criadas em Portugal visando à reunião de leis esparsas anteriormente produzidas. Esse processo apresentou suma importância tendo em vista o aumento do número de leis vinculado ao crescimento da autonomia do rei perante a corte. A reunião dessa multiplicidade de leis contribuiu para facilitar a administração e o acesso populacional a essas leis. 
· Ordenações afonsinas: promulgadas por Afonso V no ano de 1446, mas ainda eram manuscritas e não impressas. As ordenações afonsinas encontram-se divididas em uma estrutura que se repetiu ao longo das demais ordenações: cinco livros;
· Ordenações manuelinas: promulgadas por D. Manuel I no ano de 1513, entretanto, já eram impressas. Essencialmente o conteúdo e a organização interna são bem semelhantes às ordenações afonsinas, entretanto, com a produção de outras leis esparsas, pode-se falar em uma expansão inerente a essa compilação mais recente devido à inserção de novas leis; 
· Ordenações filipinas: promulgadas por D. Felipe I de Portugal (D. Felipe II da Espanha) durante o período da denominada união ibérica. As ordenações filipinas foram aplicadas no Brasil por mais de 300 anos – vigorando até o ano de 1916 – evidenciando a importância dessas para a construção do direito do nosso país. Assim como as duas ordenações anteriores, as ordenações filipinas também apresentaram cinco livros. 
· O primeiro livro trata da administração da coroa, da administração da justiça e da administração burocrática no geral; 
· O segundo livro discorre acerca dos privilégios inerente aos nobres e aos membros do clero bem como das relações entre os nobres e os religiosos;
· O terceiro livro discorre sobre as regras processuais;
· O quarto livro discorre sobre o direito privado, especialmente acerca do Direito Civil (relações de compra e venda, aluguéis, contrato de aforamento, a fiança, alguns aspectos de sucessão da nobreza...); 
· O quinto livro trata do Direito Criminal bem como das regras criminais aplicadas naquele período;
OBS 1: No terceiro livro das ordenações filipinas, ficou determinado que o Ius propium português era constituído por: lei, stylo (jurisprudência do tribunal) e costume. O Ius commune (direito subsidiário) seria aplicado quando uma conduta não for tratada por leis, stylos ou costumes – correspondendo ao direito imperial (direito romano) e envolvendo matérias associadas a pecados. Em última instância, prevalece um Ius propium vinculado ao poder de decisão do rei. 
OBS 2: O livro IV era curto, já que ainda era bastante utilizado o Corpus Juris Civilis (CJC), sendo posteriormente anexado ao livro III em um único volume. 
OBS 3: No quinto livro das ordenações filipinas, encontram-se crimes prescritos que protegem a ordem religiosa vigente (a prática da blasfêmia ou a prática da bruxaria, por exemplo), que protegem os interesses da coroa (crime da maledicência do rei como o crime de lesa majestade – traição ao rei), crimes comuns na sociedade (furtos e roubos). A verificação da “qualidade” da pessoa poderia modificar a sanção e o tempo da punição. Ademais, as penas continham um forte cunho simbolista – tendo em vista a existência de processos, por exemplo, mesmo após a morte do delinquente com o intuito da pena incidir sobre a sua “alma”. Era também muito comum a punição decair sobre outras pessoas, não necessariamente o responsável pelo ato (como os pais desse delinquente, a título exemplificativo). 
http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/ordenacoes.htm

Continue navegando