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• O telencéfalo, a parte mais rudimentar do cérebro, é a sede da inteligência. Ele é responsável por nossa capacidade de ler, escrever e falar; de fazer cálculos e compor músicas; e de lembrar o passado, planejar o futuro e imaginar coisas que nunca existiram. Ele é composto por um córtex cerebral externo, uma região interna de substância branca e núcleos de substância cinzenta localizados profundamente na substância branca. ▪ Córtex cerebral O córtex é uma região de substância cinzenta que forma a face externa do telencéfalo e contém bilhões de neurônios em camadas. Durante o desenvolvimento embrionário, a substância cinzenta se desenvolve muito mais rápido que a substância branca, consequentemente o córtex se dobra sobre si mesmo, formando pregas conhecidas como giros ou circunvoluções. As fendas mais profundas entre os giros são chamadas de fissuras, enquanto as mais superficiais formam os sulcos. A fissura mais proeminente, a fissura longitudinal, separa o telencéfalo em duas metades chamadas de hemisférios cerebrais, conectados entre si pelo corpo caloso, uma longa faixa de substância branca contendo axônios que se projetam entre os hemisférios. Cada hemisfério cerebral pode ser dividido em lobos, sendo eles: lobo frontal, lobo parietal, lobo occipital e lobo temporal. Existe ainda um quinto lobo mais interno, denominado insula. O sulco central separa o lobo frontal do lobo parietal. O sulco lateral divide os lobos frontal e parietal do lobo temporal. Já o sulco parieto-occipital divide o lobo occipital do lobo parietal. Os dois giros mais importantes são o giro pré-central e o giro pós-central, o qual contém a área somatossensitiva primária. Cada lobo tem funções especiais não compartilhadas com o lobo correspondente ao lado oposto. Essa lateralização da função cerebral é muitas vezes conhecida como dominância cérebro direito/cérebro esquerdo. A linguagem e as habilidades verbais tendem a estar concentradas do lado esquerdo, enquanto as habilidades espaciais estão concentradas no lado direito. ▪ Lobos -Lobo frontal: anterior ao sulco central. Essencial para o planejamento e execução de comportamentos aprendidos e intencionais; ele se relaciona com a forma como interagimos com o meio externo (movimentos e comportamentos), ou seja, controla informações de outras áreas de associação e está ligado ao movimento dos músculos esqueléticos. Existem nesse lobo três principais áreas, o córtex motor primário, a área de associação motora (córtex pré-motor) e área pré-frontal de associação. - O lobo temporal associa-se a função sensorial. Relaciona-se principalmente com a audição, reconhecimento e associação visual. Ele também está ligado a semântica e possui duas áreas o córtex auditivo e a área de associação auditiva. -O lobo parietal está ligado a informações sensoriais da pele, sistema musculoesquelético, vísceras e papilas gustatórias. Dividido em duas principais áreas, a área de associação sensorial e o córtex somatossensorial primário. -O lobo occipital está associado predominantemente às vias visuais. Possui as regiões do córtex visual e áreas de associação visual. -O lobo da ínsula está associado a funções olfatórias (córtex olfatório) e gustativas (córtex gustativo). • A vascularização do encéfalo é peculiar, visto que ao contrário da maioria das vísceras, ele não possui hilo para penetração dos vasos que entram no encéfalo em diversos pontos de sua superfície. A estrutura de suas artérias também é peculiar já que elas possuem paredes finas, o que as torna mais propensas a hemorragias. Sua túnica média possui menos fibras musculares e a túnica elástica interna é mais espessa e tortuosa, quando comparada a outras artérias. Isso possui como vantagem a proteção do tecido nervoso contra choques durante as ondas sistólicas responsáveis pela pulsação das artérias. Esses vasos são envolvidos na porção inicial pelo líquor, nos espaços perivasculares. O que também permite atenuar o impacto da pulsação arterial. O encéfalo é irrigado principalmente pelas artérias carótidas internas e vertebrais, originadas no pescoço. Na base do crânio estas artérias formam um polígono anastomótico, o polígono de Willis, de onde saem as principais artérias para vascularização cerebral. As artérias carótidas internas, juntamente com as vertebrais e basilares formam dois sistemas de irrigação encefálico: o sistema carotídeo interno e o sistema vértebro-basilar. ▪ Artéria carótida interna Ramo da bifurcação da carótida comum, penetra na cavidade craniana pelo canal carotídeo do osso temporal, atravessa o seio cavernoso (no interior do qual vai descrever uma dupla curva, formando um S, o sifão carotídeo). Em seguida perfura a dura-máter e a aracnoide, e no início do sulco lateral, divide-se em seus dois ramos, a artéria cerebral média e artéria cerebral anterior. Além desses de seus dois ramos terminais, a artéria carótida interna origina também os seguintes ramos: -Artéria oftálmica: emerge da carótida quando esta atravessa a dura-máter. Ela irriga o bulbo ocular e formações anexas. -Artéria comunicante posterior: anastomosa-se com a cerebral posterior, contribuindo para a formação do polígono de Willis. -Artéria corióidea anterior: Dirige-se para trás, ao longo do trato óptico, penetra no corno inferior do ventrículo lateral, irrigando os plexos coroide e parte da cápsula interna, os núcleos de base e o diencéfalo. As artérias cerebrais anteriores e médias se subdividem em ramos menores superficiais e profundos. ▪ Artérias vertebral e basilar As artérias vertebrais direita e esquerda destacam-se das artérias subclávias correspondentes, sobem através dos forames transversos das vértebras, penetram no crânio através do forame magno, e aproximadamente no nível do sulco bulbo-pontino, fundem-se para constituir um tronco único, a artéria basilar. Elas dão origem às duas artérias espinhais posteriores e a artéria espinhal anterior, que vascularizam a medula. Originam ainda as artérias cerebelares inferiores posteriores, que irrigam a porção inferior e posterior do cerebelo. A artéria basilar percorre o tronco basilar, e emite os seguintes ramos mais importantes: -Artéria cerebelar superior: nasce da basilar, logo atrás das cerebrais posteriores. Distribui-se ao mesencéfalo e a parte superior do cerebelo. -Artéria cerebelar inferior anterior: distribui-se a parte anterior da face inferior do cerebelo. -Artéria do labirinto: penetra no meato acústico junto com os nervos faciais e vestíbulococlear, vascularizando estruturas do ouvido interno. -Ramos pontinos O círculo arterial do cérebro ou polígono de Willis é uma anastomose arterial em forma de polígono, situado na base do cérebro. Ele é formado pelas porções proximais das artérias cerebrais anterior, média e posterior; pela artéria comunicante anterior e pelas artérias comunicantes posterior, direita e esquerda. A artéria comunicante anterior é pequena, formada pela anastomose das duas artérias cerebrais anteriores. As artérias comunicantes posteriores unem de cada lada as carótidas internas com as cerebrais posteriores correspondentes. Assim, elas anastomosam o sistema carotídeo interno com o vertebral. Obs.: Essas anastomoses são apenas potenciais, visto que não há passagem significativa de sangue do sistema vertebral para o carotídeo. Em casos favoráveis, o círculo cerebral permite a manutenção do fluxo sanguíneo adequado de sangue em todo o cérebro, caso haja obstrução de uma ou mais das quatro artérias que o irrigam. As artérias cerebrais anterior, média e posterior dão ramos corticais e ramos centrais. Os ramoscorticais destinam-se a vascularização do córtex e substância branca. Os ramos centrais emergem do círculo arterial do cérebro, ou seja, da porção proximal das artérias cerebrais e das artérias comunicantes. Elas penetram perpendicularmente na base do cérebro (substância perfurada) e vascularizam o diencéfalo, os núcleos de base e a cápsula interna. Essas artérias são demasiadamente importante e recebem o nome de artérias estriadas. Territórios corticais irrigados pelas três artérias cerebrais: -Cerebral anterior: Dirige-se para diante e para cima, curva-se em torno do joelho do corpo caloso e ramifica-se na face medial de cada hemisfério, desde o lobo frontal até o sulco parietoccipital. A sua obstrução provoca paralisia e diminuição da sensibilidade do membro inferior do lado oposto. -Cerebral média: percorre o sulco lateral em toda a sua extensão, distribuindo ramos que vascularizam a maior parte da face dorsolateral de cada hemisfério. Compreende áreas corticais importantes como a área motora, a área somestésica, o centro da palavra falada e outros. Obstruções nessa área, quando não são fatais, ocasionam paralisia e diminuição da sensibilidade do lado oposto do corpo. Podendo também haver graves distúrbios de linguagem. O quadro é especialmente grave se a obstrução atingir também ramos profundos da artéria cerebral média (artérias estriadas). -Cerebral posterior: dirige-se para trás, contornam o pedúnculo cerebral, e percorrendo a face inferior do lobo temporal ganham o lobo occipital. Ela irriga a área visual situada nos lábios do sulco calcariano e sua obstrução causa cegueira em uma parte do campo visual. As veias do encéfalo não acompanham as artérias, sendo maiores e mais calibrosas. Elas drenam para o seio venoso da dura-máter, de onde o sangue converge para as veias jugulares internas. Vale lembrar que os seios da dura-máter se ligam as veias extracranianas através de pequenas veias emissárias que passam através de pequenos forames no crânio. As paredes das veias encefálicas são finas e praticamente desprovidas de musculatura. Assim, a regulação ativa da circulação venosa se faz através de três forças: aspiração da cavidade torácica durante a inspiração, em que a pressão abdominal se torna subatmosférica, força da gravidade e pulsação da artéria. O leito venoso do encéfalo é muito maior que o arterial, consequentemente a circulação venosa é muito mais lenta e a pressão venosa é baixa. Há no encéfalo dois sistemas: o sistema venoso superficial e o sistema venoso profundo, e embora anatomicamente distintos, eles são unidos por anastomoses. ▪ Sistema venoso superficial É constituído por veias que drenam o córtex e a substância branca subjacente, anastomosam-se amplamente na superfície do cérebro, onde formam grandes troncos venosos, as veias cerebrais superficiais, que desembocam nos seios da dura-máter. Essas veias se distinguem em veias cerebrais superficiais superiores e inferiores. As veias cerebrais superficiais superiores provêm da face medial e da metade superior da face dorsolateral de cada hemisfério desembocando no seio sagital superior. As veias cerebrais superficiais inferiores provêm da metade inferior da face dorsolateral de cada hemisfério e de sua face inferior terminando nos seios da base e no seio transverso. A principal veia superficial inferior é a veia cerebral média superficial, que percorre o sulco lateral e termina no seio cavernoso. ▪ Sistema venoso profundo Compreende veias que drenam o sangue de regiões situadas profundamente no cérebro, tais como: corpo estriado, cápsula interna, diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro. A mais importante veia é a veia cerebral magna ou veia de galeno, para a qual converge quase todo o sangue do sistema nervoso profundo do cérebro. A veia cerebral magna é um curto tronco venoso ímpar e mediano, formado pela confluência das veias cerebrais internas, logo abaixo do esplênio do corpo caloso, as quais desembocam no seio reto. Suas paredes muito finas são facilmente rompidas, o que as vezes ocorre em recém- nascidos como resultado de traumatismo na hora do parto.
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