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Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. VeigaVascularização do SNC Objetivos: ○ DESCREVER a vascularização do sistema nervoso central; ○ ASSOCIAR a lesão vascular com as possíveis consequências funcionais; GENERALIDADES O sistema nervoso é formado de estruturas nobres e altamente especializadas, que exigem para seu metabolismo um suprimento permanente e elevado de glicose e oxigênio Assim, o SN, independente da atividade que o corpo esteja fazendo, consome sempre o mesmo volume de sangue (750 ml aproximadamente). Quedas na concentração de glicose e oxigênio no sangue circulante ou, por outro lado, a suspensão do afluxo sanguíneo ao encéfalo não são toleradas além de um período muito curto. A parada da circulação cerebral por mais de sete segundos leva o indivíduo à perda da consciência. Após cerca de cinco minutos começam a aparecer lesões que são irreversíveis ⤷ Áreas diferentes do sistema nervoso central são lesadas em tempos diferentes. O neocórtex será lesado antes do paleo e do arquicórtex ⤷ A área lesada em último lugar é o centro respiratório situado no bulbo Quando um neurônio é ativado, libera CO, que possui um efeito vasodilatador → isso faz com que naquela região específica os vasos dilatem para chegar mais sangue e isso é onde reside o princípio da ressonância magnética funcional (RMF), que identifica a área ativa de acordo com a quantidade de sangue chegando a essa região. CARACTERÍSTICAS DOS VASOS DO ENCÉFALO Ao comparar uma artéria do encéfalo com outra artéria de mesmo calibre, porém de uma área diferente do corpo, perceberá que as aa. do encéfalo possuem: ● Parede muscular mais delgada ○ Isso torna as aa. cerebrais mais propensas a hemorragias ● Túnica elástica mais desenvolvida e tortuosa ○ Serve para amortecer o impacto das contrações arteriais no tecido nervoso Da mesma forma, as veias também são mais finas. Um ponto interessante exclusivo da cavidade craniana são os seios da dura-máter. Tanto as veias superficiais quanto as veias profundas drenam para os seios da dura-máter Além disso, convém informar que o sistema nervoso central não possui circulação linfática SISTEMAS ARTERIAIS Há dois sistemas de irrigação encefálica, o sistema carotídeo interno e o sistema vértebro-basilar SISTEMA CAROTÍDEO INTERNO ⤷ Maior parte da região central e da anterior A a. carótida comum surge ou do tronco braquiocefálico ou diretamente do arco da aorta. A nível da cartilagem tireoide, se bifurca em aa. carótidas interna e externa. A a. carótida externa sobe ao longo do pescoço enviando seus oito ramos principais, enquanto a a. carótida interna não manda nenhum ramo no pescoço. A a. carótida interna penetra na cavidade craniana pela abertura externa do canal carotídeo do osso temporal e atravessa o seio cavernoso, fazendo um “S”, o sifão carotídeo. Termina bifurcando-se em aa. cerebrais médias e anteriores Assim, a a. carótida interna divide-se em: ● Aa. cerebrais médias ● Aa. cerebrais anteriores ● A. oftálmica ● A. comunicante posterior ● A. comunicante anterior ● A. corióidea anterior SISTEMA VÉRTEBRO-BASILAR ⤷ Cerebelo, tronco encefálico e região posterior do encéfalo As aa. vertebrais direita e esquerda são ramos das aa. subclávias direita e esquerda, que sobrem no pescoço dentro dos forames transversários das vértebras cervicais e entram pelo forame magno perfurando a membrana atlanto-occipital, a dura-máter e a aracnóide. Aproximando-se ao nível do sulco bulbo-pontino, fundem-se para constituir a a. basilar http://www.abc.org.br/2017/07/27/ressonancia-magnetica-funcional-um-aliado-para-os-estudos-do-cerebro/ Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga Em resumo: Sistemas arteriais da irrigação do SNC Sistema carotídeo interno Artéria Área de irrigação Cerebrais médias Maior parte da face superolateral Cerebrais anteriores Face média do cérebro Oftálmica Bulbo ocular e anexos Comunicante posterior Anastomosa as aa. cerebrais posteriores com as carótidas internas Comunicante anterior Anastomosa as aa. cerebrais anteriores Corióidea anterior Plexos corióides e parte da cápsula interna Sistema vértebro-basilar Artéria Área de irrigação Vertebral Espinais posteriores Medula espinal Espinais anteriores Medula espinal Cerebelares inferiores posteriores Porção inferior e posterior do cerebelo Basilar Cerebrais posteriores Região occipital inferior Cerebelar superior Mesencéfalo e parte superior do cerebelo Cerebelares inferiores anteriores Parte anterior da face inferior do cerebelo Do labirinto Ouvido interno CÍRCULO ARTERIAL DO CÉREBRO O círculo arterial do cérebro ou polígono de Willis é uma anastomose arterial de forma poligonal situado na base do cérebro. É formado por ramos dos sistemas carotídeo interno e vértebro-basilar: ● Rr. da a. carótida interna ● artérias cerebrais anteriores ● artérias cerebrais médias ● artéria comunicante anterior ● artérias comunicantes posteriores ● Rr. da a. basilar ● artérias cerebrais posteriores Existem pontos de anastomose entre as aa. do círculo arterial, entretanto, esses pontos não são devidamente funcionais para uma circulação colateral, como ocorre em lugares como o coração. O sangue dos sistemas vértebro-basilar e carotídeo interno tende a não se misturar. Ainda assim, em alguns casos específicos uma variação pode favorecer uma circulação colateral. 2 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga A a. comunicante anterior (singular) anastomosa as duas aa. cerebrais anteriores, adiante do quiasma óptico. As aa. comunicantes posteriores (dupla) anastomosam o sistema carotídeo interno ao sistema vertebral, unindo as carótidas internas com as aa. cerebrais posteriores A a. carótida interna manda também as artérias cerebral anterior, cerebral média, oftálmica e corióidea As aa. vertebrais emitem, no crânio, a a. cerebelar inferior posterior de cada lado. 🧠 O cerebelo é irrigado por três pares de artérias. A a. basilar manda as artérias cerebelar superior e cerebelar ântero-inferior, enquanto as aa. vertebrais (antes de se unirem em basilar) mandam a a. cerebelar póstero-inferior. Quando as aa. vertebrais se unem, formam a a. basilar. A a. basilar emite a a. cerebelar inferior anterior, a a. do labirinto, a a. cerebelar superior e a a. cerebral posterior. A a. basilar também manda rr. pontinos para suprir a ponte. As vv. do cerebelo possuem um eixo que acompanha o vérmis e se juntam na v. cerebral magna, que acaba se unindo no seio reto TERRITÓRIO CORTICAL DAS TRÊS ARTÉRIAS CEREBRAIS O estudo minucioso das síndromes das artérias cerebrais anterior, média e posterior, objeto dos cursos de neurologia, exige um conhecimento dos territórios corticais irrigados pelas três artérias cerebrais Cada região tem uma predominância de irrigação por uma das artérias cerebrais 3 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR A a. cerebral anterior é a principal a. responsável por irrigar a face medial Emite a a. fronto basilar medial. A a. fronto basilar lateral é ramo da a. cerebral média, enquanto a a. frontobasilar medial é ramo da a. cerebral anterior Manda uma a. para o polo frontal, a a. polar frontal. Emite a a. pericalosa, que contorna o corpo caloso, e a a. caloso-marginal. O restante recebe os nomes dos sulcos que percorrem, além dos ramos temporais anteriores e posteriores. Alguns ramos da a. cerebral média: ● A. frontobasilar medial ● A. polar frontal ● A. pericalosa ● A. caloso-marginal Obstrução → paralisia ou diminuição da sensibilidade do membro inferior do lado oposto ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA A a. cerebral média é a principal a. responsável por irrigar a face súpero lateral do cérebro, bem como as estruturas profundas (núcleos da base, tálamo, região hipotalâmica) ⤷ A exceção é a região occipital (cerebral posterior) e a margem súpero medial do cérebro (cerebral anterior) Emerge do sulco lateral, quanto manda a a. fronto basilar lateral Há também a a. pré-frontal,que vai para a área pré-frontal. As outras são mais simples pois possuem o nome do sulco que percorrem, como: aa. dos sulcos pré-central, central e pós-central, a.parietal posterior e a. do giro angular Há também os ramos temporais anterior, médio e posterior da a. cerebral média Alguns ramos da a. cerebral média: ● A. frontobasilar lateral ● A. pré-frontal ● A. do sulco pré-central ● A. central ● A. pós-central ● A. parietal posterior ● A. do giro angular Obstrução → quando não são fatais, determinam sintomatologia muito rica, com paralisia e diminuição da sensibilidade do lado oposto do corpo (exceto no membro inferior), podendo haver ainda graves distúrbios da linguagem O quadro é especialmente grave se a obstrução atingir também ramos profundos da artéria cerebral média (artérias estriadas), que, como já foi exposto, vascularizam os núcleos da base e a cápsula interna ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR A a. cerebral anterior é a principal a. responsável por irrigar o lobo occipital Emite rr. temporais anterior e posterior e outros rr. que recebem ramos de sulcos. Obstrução → cegueira em uma parte do campo visual 4 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga DRENAGEM VENOSA As veias do encéfalo, de um modo geral, não acompanham as artérias, sendo maiores e mais calibrosas do que elas Além disso, uma particularidade do SNC é que a drenagem não depende apenas de veias - há os seios da dura-máter Dos seios da dura-máter, o sangue converge para as vv. jugulares internas, que recebem praticamente todo o sangue venoso encefálico. As paredes das veias encefálicas são muito finas e praticamente desprovidas de musculatura. Faltam assim os elementos necessários a uma regulação ativa da circulação, que se faz então por três forças: ● Aspiração da cavidade torácica ● Gravidade ● Pulsação das artérias DURA-MÁTER Na dura-máter craniana temos duas lâminas, uma interna e uma externa (lâmina periosteal), o que não ocorre na medula, que só possui a lâmina interna - e essa é contínua com a encefálica; Um ponto interessante é que ao contrário do periósteo de outras áreas, o folheto externo da dura-máter não tem capacidade osteogênica, o que dificulta a consolidação de fraturas no crânio e torna impossível a regeneração de perdas ósseas na abóbada craniana. Isso é, entretanto, vantajoso, para que não haja formação de calos ósseos comprimindo o encéfalo. Os folhetos externo e interno estão BEM aderidos, não existindo um espaço epidural (é um espaço potencial) 🧠 No encéfalo, a principal artéria que irriga a dura-máter (além das outras meninges) é a a. meníngea média, um ramo da a. maxilar (r. da carótida externa) e que entra pelo forame magno. Uma ruptura da a. meníngea média resulta em hematoma extradural CISTERNAS ARACNÓIDEAS As cisternas aracnóideas são as regiões onde o espaço subaracnóideo é maior - Cisterna magna - Cisterna pontina - Cisterna interpeduncular - Cisterna quiasmática - Cisterna superior - Cisterna da fossa lateral 5 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga GRANULAÇÕES ARACNÓIDEAS As granulações aracnóideas são projeções da aracnóide para os seios esfenoidais; É por aí que transita o líquor que vem do espaço subaracnóideo e é então lançado para o sangue SEIOS DA DURA-MÁTER Em algumas regiões específicas o folheto interno se dobra sobre si mesmo; Nesses pontos de prega dupla de folheto interno (prega da dura-máter); nos locais onde se formam as pregas formam-se cavidades - preenchidas por células endoteliais e se comportam funcionalmente como uma veia → são essas cavidades que recebem o nome de seios da dura-máter São canais venosos (não são veias, mas funcionam como) revestidos de endotélio situados entre os dois folhetos que compõem a dura-máter encefálica. Os seios comunicam-se com veias da superfície externa do crânio através de veias emissárias, que percorrem forames ou canaliculus que lhes são próprios, nos ossos do crânio 🧠 Um exemplo de v. emissária é a v. emissária esfenoidal, que comunica o plexo pterigóideo com o seio cavernoso. Há uma que é bem frequente, a v. emissária parietal. Os seios da dura-máter são subdivididos em seios da abóbada e seios da base ⤷ Seios da abóbada - Seio sagital superior - Seio sagital inferior - Seio reto - Seio transverso - Seio sigmoideo - Seio occipital Há a confluência dos seios - onde chegam os outros seios e de onde sai o seio transverso ⤷ Seios da base - Seio esfenoparietal - Seio cavernoso - Seios intercavernosos - Seio petroso superior - Seio petroso inferior - Plexo basilar Quando o transverso recebe o petroso superior forma-se o seio sigmóide SISTEMA VENOSO SUPERFICIAL As vv. do encéfalo drenam direta ou indiretamente para os seios da dura-máter. Podem ser agrupadas em dois sistemas venosos: superficial e profundo. As vv. superficiais são muito variáveis e anastomosam-se amplamente - Vv. cerebrais superficiais superiores - Vv. cerebrais superficiais inferiores - V. cerebral superficial média - V. anastomótica superior - V. anastomótica inferior A v. cerebral média superficial geralmente se liga à v. anastomótica superior, tributária do seio sagital superior, constituindo, assim, importante via anastomótica entre os seios venosos da abóbada com da base do crânio. 6 Medicina UFAL Arapiraca, turma 9 | 4º período Taíssa N. Veiga SISTEMA VENOSO PROFUNDO Penetram pela substância perfurada anterior; as vv. para o mesencéfalo é penetram pela substância perfurada posterior - V. cerebral anterior - V. cerebral profunda média - Veia basilar - V. cerebral magna (de Galeno) - Veia talamoestriada - Veia coróidea superior - Veia cerebral interna - Veia basilar A mais importante veia deste sistema profundo é a veia cerebral magna ou veia de Galeno, para a qual converge quase todo o sangue do sistema venoso profundo do cérebro. Todas as vv. do sistema profundo e as vv. da base do encéfalo drenam para a v. cerebral magna A veia talamoestriada se junta com a v. coróidea superior e desce o assoalho como v. cerebral interna (essa, junto com a v. basilar, forma a v. cerebral magna, que desemboca no seio reto) A veia cerebral magna é um curto tronco venoso ímpar e mediano formado pela confluência das veias cerebrais internas, logo abaixo do esplênio do corpo caloso, desembocando no seio reto REFERÊNCIAS Aula do Prof. Rafael. Vascularização do Sistema Nervoso Central MACHADO, Angelo B. M. Neuroanatomia Funcional. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 1993 7
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