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ELETROCARDIOGRAMA (ECG) INTERPRETAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA ECG E ATIVIDADE ELÉTRICA CARDÍACA O ECG é o registro da média do potencial elétrico no músculo cardíaco, obtendo-se uma curva (tempo x força x direção) durante as diferentes fases do ciclo cardíaco. O ECG é empregado para diagnóstico de arritmias não detectadas durante o exame clínico, para exclusão de suspeita de síncope, para diagnóstico de patologias cardíacas, nos distúrbios hidroeletrolíticos, na detecção de calemia e na suspeita de intoxicação por fármacos. Durante a monitoração do paciente ele auxilia no acompanhamento da terapia antiarrítmica, na anamnese pré-operatória, na observação transoperatória e na recuperação pós-operatória Em condições normais, os estímulos elétricos cardíacos originam-se do nó sinusal (nó sinoatrial/nodo sinusal). O nó sinusal está situado entre a veia cava cranial e o átrio direito. O mecanismo de automaticidade cardíaco é feito pelas células marcapasso. Os estímulos propagam-se pelos átrios através dos feixes intermodais, chegando ao nó atrioventricular. O nó atrioventricular está situado no átrio direito. Do nó atrioventricular os estímulos vão ao feixe de His, ele está localizado no septo interventricular, dividindo- se em ramo direito (VD) e ramo póstero-superior esquerdo e póstero-inferior esquerdo (ambos no VE). Para que os estímulos percorram do endocárdio para o pericárdio, os feixes de His dividam-se nas fibras de Purkinje. EMERGÊNCIAS E CUIDADOS INTENSIVOS INTERPRETAÇÃO ONDAS CARDÍACAS: ONDA P É a primeira onda do ciclo cardíaco, representando a despolarização dos átrios na diástole. É constituída pela sobreposição da atividade elétrica dos dois átrios. A sua parte inicial representa a despolarização do AD e, a sua parte final, o AE. A reta pós a onda P representa a repolarização atrial (tempo de retardo do nó atrioventricular). Toda onda P deve preceder um QRS no ECG normal. É uma onda arredondada e monofásica. Quando a onda P se encontra negativa mostra que a despolarização começou no nó atrioventricular (aVR). INTERVALO PR É a condução através do nó sinusal até chegar ao nó atrioventricular para começar a ser conduzido aos ventrículos. Representa a distância do batimento entre átrio e ventrículo. Se inicia na onda P e vai até o início do complexo QRS. Este intervalo também envolve a repolarização atrial. COMPLEXO QRS Conjunto de ondas que representa a despolarização ventricular, formando a sístole. ONDA Q É a primeira onda do complexo QRS. Ela é sempre negativa e representa a despolarização septal. ONDA R É a primeira onda positiva do complexo QRS. É uma onda de início negativo e final positivo que representa a despolarização do ápice (das fibras de Purkinje para o epicárdio). ONDA S É a última onda do complexo QRS. É uma onda negativa que representa a despolarização da base ventricular. É onde melhor se caracteriza a despolarização do VD (essa onda pode ou não estar presente). SEGMENTO ST O segmento ST é uma linha isoelétrica e nivelada em relação à linha de base determinada pelo segmento PR. Fase inicial da repolarização ventricular. O ponto J representa o ponto de junção entre o final do complexo QRS e o início do segmento ST. ONDA T É a repolarização ventricular. Tem morfologia arredonda e assimétrica, sendo a primeira porção mais longa que a segunda. EFEITO DA DIREÇÃO DAS ONDAS DE DESPOLARIZAÇÃO NAS DEFLEÇÕES: O sentido das linhas no ECG está relacionado à direção do sentido elétrico do coração. Quando o sentido elétrico do coração desce, no ECG, a linha sobe e vice-versa. Utiliza-se apenas no complexo QRS. A onda registrada será positiva quando a onda de despolarização se dirigir para um eletrodo positivo. A onda registrada será negativa quando a onda de despolarização se deslocar no sentido oposto ao do eletrodo positivo. A onda será isoelétrica quando a despolarização é perpendicular a uma linha imaginária que une os dois eletrodo. POSICIONAMENTO DOS ELETRODOS: • Vermelho = MAD • Amarelo = MAE • Preto = MPD • Verde = MPE Os eletrodos são colocados numa prega cutânea. Os eletrodos dos MAs devem ser postos na zona caudal ao nível do elecrâneo, enquanto que, os dos MPs, na zona cranial à rótula. O PAPEL PARA REGISTRO DO ECG O papel para registro do ECG é quadriculado, com a distância entre cada linha horizontal e vertical de 1 mm, formando um pequeno quadrado de 1 mm de lado. O eixo horizontal mede o tempo e o eixo vertical, a amplitude. A cada cinco quadrados menores há um traço ou linha mais forte tanto na direção vertical quanto na horizontal. 50mm/s 25mm/s VELOCIDADE No ECG pode haver duas velocidades: 50mm/s ou 25mm/s. A velocidade 50mm/s é a mais utilizada, pois é mais fácil de identificar cada onda e realizar corretamente as medições. A velocidade de 25mm/s não é tão utilizada, porém é a mais fácil para identificar alterações do ritmo e variações derivadas às fases respiratórias. O tempo é mensurada pela largura da linha no ECG, quanto maior a largura, maior é o tempo. Quando a onda P estiver larga demais é sugestivo para sobrecarga de AE. SENSIBILIDADE A altura (amplitude) é mensurada pela sensibilidade em N (normal) em mV. Cada quadrado menor no ECG equivale a 1mm. 0,1 mV = 1 mm A força elétrica é mensurada pela altura da linha no ECG, quanto maior a linha, maior é a força. Valores maiores são sugestivos para sobrecarga do órgão. N 0,1 mV 2N 0,05 mV N/2 0,2 mV FREQUÊNCIA CARDÍACA (FC) Contar a quantidade de quadradinhos no ECG do início de uma onda R até o início da próxima onda R (distância R-R). Deve-se contar a menor e a maior distância RR para que se tenha a menor e maior FC. A quantidade de quadradinhos entre as ondas R deve ser dividida pela velocidade rodada do ECG. Para achar a > FC deve-se contar a maior distância RR do ECG; para achar a < FC deve-se contar a menor distância RR. Velocidades 50 mm/s 3000 25 mm/s 1500 Valor da FC 𝑭𝑪 = 𝟑𝟎𝟎𝟎 𝒐𝒖 𝟏𝟓𝟎𝟎 𝑹𝑹 ARRITMIAS As arritmias cardíacas são distúrbios no ritmo do coração caracterizados por batimentos rápidos, lentos ou irregulares. Essas alterações podem surgir por anormalidades na gênese e/ ou na condução do impulso elétrico. São inúmeros os fatores diretamente relacionados à fisiopatologia desses distúrbios. RITMO CARDÍACO (RC) O ritmo cardíaco é utilizado para classificar a frequência cardíaca (FC). O ritmo cardíaco possui quatro origens: sinusal, atrial, juncional (atrioventricular) e ventricular. Toda origem fisiológica é sinusal. Quando a origem se encontra em tecidos diferentes do nó sinusal considera-se uma disritmia (arritmias). Todas as disritmias são patológicas e emergenciais. Extrassístoles são batimentos cardíacos adiantados em relação ao ritmo fundamental (normalmente sinusal). 1 - RITMO SINUSAL Caracteriza-se como ritmo sinusal aquele registro em que exista correspondência das ondas P com os complexos QRS, R-R regular e FC normal. O ritmo sinusal é o ritmo fisiológico do coração. FC cardíaca normal: Cães 70-160 bpm Cães filhotes 70-220 bpm Cães toys 70-180 bpm Cães gigantes 60-140 bpm Gatos 120-240 bpm Variações do ritmo sinusal: FC baixa Bradicardia sinusal FC alta Taquicardia sinusal FC normal com variação <10% Ritmo sinusal normal FC variando de 11-99% Arritmia sinusal FC variando >100% Ritmo sinusal com “Sinus arrest”.Às vezes a FC cardíaca encontra-se com variações, sendo necessário o seu cálculo. O cálculo do ritmo cardíaco é feito pela divisão do resultado da maior FC pelo resultado da menor FC. O resultado da divisão das duas FCs deverá ser subtraído por 1. O resultado da subtração será o ritmo cardíaco (multiplicar por 100 para que o resultado seja em porcentagem, encontrando assim, a porcentagem de variação). 𝑹𝑪 = > 𝑭𝑪 < 𝑭𝑪 𝑹𝑪 − 𝟏 = 𝑹𝑪% BRADICARDIA SINUSAL A bradicardia sinusal ocorre quando a FC está abaixo dos valores de referência, podendo ser fisiológico (repouso e sono), aumento do tônus vagal, patológica (hipotermia, síndrome do NS, hipotireoidismo) ou medicamentosa (anestesia, sedação, betabloqueadores, digoxina). TAQUICARDIA SINUSAL Ocorre quando a FC acima dos valores de referência, podendo ser fisiológica (exercício, estresse, dor), patológica (hipertermia, choque, hipertireoidismo, anemia, insuficiência cardíaca congestiva, hipóxia), medicamentosa (atropina, erro de reposição de hormônios tireoidianos, catecolaminas). SINUS ARREST A interrupção da despolarização do NS representa uma ausência de registro elétrico. Pode estar relacionada a uma lesão fibrosa desse nodo, acentuado aumento do tônus vagal, medicamentos e neoplasias, podendo levar à sincope ou intolerância ao exercício. 2 - RITMO ATRIAL TAQUICARDIA ATRIAL Onda P precedendo o QRS com morfologia diferente da onda P sinusal. A onda P pode estar encoberta pelo complexo QRS dificultando a sua identificação. Os complexos QRS podem apresentar-se com morfologia normal e ligeiramente alargados e, também podem ocorrer alternância elétrica das ondas do QRS FLUTTER ATRIAL É um tipo de taquicardia atrial que se caracteriza por apresentar frequência atrial muito rápida. Essa alteração resulta em frequências atriais superiores a 250 bpm e presença de ritmo regular com padrão de dente de serra (complexos atriais bidirecionais), nomeados de ondas F. Está associado à doença grave estrutural do coração, podendo em alguns casos diminuir o DC. FIBRILAÇÃO ATRIAL A fibrilação atrial corresponde à atividade caótica da contração atrial devido a múltiplos circuitos reentrantes e focos ectópicos. As ondas P estarão ausentes, pois não existe contração atrial para formar vetores consistentes para gerar essa onda, apresentando-se apenas como uma linha de base fibrilante ou plana. É caracterizada por ritmo atrial desorganizado e de alta frequência. É visível no ECG com uma linha de base com irregularidades finas, grosseiras ou ambas. EXTRASSÍTOLE ATRIAL (APC) A onda P encontra-se “diferente” do usual 3 - RITMO JUNCIONAL É classificado quando a onda P é negativa ou possui 3 pré-requisitos: sem onda P, complexo QRS normal e bradicardia. • Extrassístole juncional (JPC) 4 - RITMO VENTRICULAR Classificado por não ter onda P ou por um complexo QRS bizarro • Ritmo idioventricular: FC < • Ritmo idioventricular acelerado (RIVA): FC normal TAQUICARDIA VENTRICULAR (TV) A TV é determinada pela presença de salvas de CVP, sustentada ou intermitente, com ritmo regular e FC acima de 100 bpm. A TV diminui o DC, o fluxo sanguíneo cerebral e a circulação coronária e, por isso é considerada um quadro emergencial com prognóstico ruim. FIBRILAÇÃO VENTRICULAR (FV) A evolução da TV é a fibrilação ventricular (FV), onde o os ventrículos contraem de forma totalmente desordenada, aumentando o consumo de oxigênio cardíaco ao mesmo tempo em que o aporte coronário é mínimo. Ocorre a perda da definição do complexo QRS. No registro do ECG, visualizam-se deflexões irregulares, deformadas e com alta (FV grossa) e baixa (FV fina) amplitude; além da flutuação da linha de base. EXTRASSÍSTOLE VENTRICULAR (VPC) 5 - BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR (BAV) BAV DE 2° Ocorre um problema no nó atrioventricular, podendo bater, às vezes, só o átrio ou só o ventrículo. BAV DE 3° É a perda do nó atrioventricular. O pulso elétrico nunca passa do átrio para o ventrículo. É caracterizado pela FC baixa (bradicardia) e pelo aparecimento de várias ondas P e em lugares diferentes, podendo até estar junto a outras ondas (ondas encavaladas). O complexo QRS pode ser bizarro, mas não é regra. EIXO CARDÍACO DERIVAÇÕES A ativação elétrica do coração gera na superfície corporal uma diferença de potencial passível de registro, mensuração e análise. Por meio de fios e eletrodos é possível a construção de pontos de referência que permitem a captação, o estudo e a análise desses registros, ditos derivações. O eixo cardíaco corresponde a uma média de todas as forças elétricas produzidas pela despolarização ventricular a cada instante. Tais derivações são divididas em dois grupos: horizontais e verticais, em que por convenção são registradas medidas positivas (quando o eletrodo explorador está orientado e captando regiões próximas da origem de vetores) e negativas (quando o eletrodo capta a extremidade de vetores). As somas dessas resultantes isoelétricas podem ofertar traçados ricos em informação dos efeitos de determinada patologia ou alteração sobre a atividade elétrica do coração. DERIVAÇÕES NO PLANO FRONTAL É constituído por três derivações bipolares (derivações que possuem dois polos: um negativo e um positivo), que representavam os lados de um triângulo, chamado “triângulo de Eithoven”, sendo esses: DI, DII e DIII. A união das derivações clássicas de Eithoven pelo centro faz-se um potencial resultante próximo de zero, nessa união, é conectado o eletrodo explorador, podendo definir mais três derivações unipolares (o vetor é gerado no centro do coração e aponta para a área de mais positividade): aVR, aVL e aVF. Sistema de eixos: O sistema de eixos une as seis derivações do plano frontal: DI, DII, DIII, aVR, aVL e aVF, todos pelo eixo comum. INTERPRETAÇÃO Para a determinação do eixo, devemos considerar a predominância do QRS, se positivo, negativo ou isoelétrico. Valores de normalidade do eixo cardíaco: Cão +30° a +120° Gato 0° a 160° Quando o eixo se encontra dentro desse alo de normalidade, contata-se que os ventrículos estão exercendo forças proporcionais, os ventrículos encontram-se equilibrados. No cão: • Quando o eixo estiver do +120° ao -120°, encontra-se um desvio à direita. O VD está fazendo mais força que o VE. • Quando o eixo estiver do +30° ao -120°, encontra-se um desvio à esquerda. O VE está fazendo mais força que o VD. Exemplo: No ECG, as derivações (DI, DII, DIII, aVR, aVL e aVF) estarão positivas ou negativas, dependendo do paciente. Nesse exemplo: DI (+), DII (-), DIII (-), aVR (-), aVL (+) e aVF (-). A imagem padrão utilizada no HOVET UAM é a mesma da imagem acima. Após achado os valores positivos e negativos do ECG, marcar esses mesmos valores no eixo cardíaco. Após a marcação dos valores positivos e negativos no eixo cardíaco, descobre-se o eixo cardíaco do paciente. Para isso, corta-se os dois primeiros valores de cada lado (sobrando apenas os dois valores do meio de cada lado). O valor do eixo cardíaco desse animal corresponde a -30° a -60°. Esse animal, por exemplo, não possui os valores normais de referência, apresentando um desvio à esquerda (o VE faz mais força que o VD). Valores exatos no ECG estão relacionados a ondas isoelétricas. Quando houver uma onda isoelétrica no ECG, ela corresponderá a 0. Valores de número zero não são marcados no eixo cardíaco, portanto, o eixo cardíaco do animal que tiver uma onda isoelétrica será feito apenas com 5 derivações. Exemplo: SOBRECARGA DAS CÂMARAS CARDÍACAS ÁTRIO ESQUERDOA sobrecarga do AE é medida por meio da largura da onda P. Recomenda-se escolher as ondas P que estejam com a sua largura mais facilmente contável. Em um ECG rodado em velocidade de 50 mm/s cada quadradinho vale 0,02s. Se o ECG estiver na velocidade de 25 mm/s o quadradinho vale 0,04s. Para saber o tempo da onda P deve-se multiplicar a quantidade de quadradinhos da onda P pelo número da velocidade do ECG (0,02s ou 0,04s). A sobrecarga do AE estará presente quando o tempo da mesma for maior que 0,04s (P > 0,04s). ÁTRIO DIREITO A sobrecarga do AD é medida por meio da altura da onda P. Em um ECG rodado em N (normal) cada quadradinho vale 0,1 mV. Se o ECG estiver em N/2 cada quadradinho valerá 0,2 mV. A sobrecarga do AD estará presente quando a força da mesma for maior que 0,4 mV (P > 0,4 mV). SOBRECARGA DE VE (LARGURA) É calculada a quantidade de quadradinhos da largura complexo QRS A sobrecarga do VE ou o bloqueio do seu ramo é encontrada quando o tempo do complexo QRS for maior que 0.05-0,06s. (QRS > 0,05-0,06s). Para cães de pequenos porte o valor de referência é até 0,05. Cães maiores usa-se o valor de 0,06. SOBRECARGA DE VE (ALTURA) É calculado a quantidade de quadradinhos da altura da onda R. A sobrecarga do VE ou o bloqueio do seu ramo é encontrada quando a força da onda R for maior que 2,5-3,0 mV (R > 2,5-3,0 mV). Para cães de pequeno porte o valor de referência é de até 2,5 mV. Cães maiores usa-se o valor de 3,0 mV. MARCAPASSO MIGRATÓRIO ONDA P É a visualização das diferentes formas da onda P numa mesma derivação (DII). É apenas uma achado no ECG, não significa, necessariamente, uma alteração cardíaca. INTERVALO PR (PQ) BAV DE 1° GRAU O BAV é medido pela largura do espaço entre o começo da onda P até o começo do complexo QRS ou RS. Contar a quantidade de quadradinhos do começo da onda P até o começo do complexo QRS. O BAV estará presente quando o tempo for maior que 0,13s (BAV > 0,13s). BAV maiores que 0,13s é sugestivo para lesões no nó atrioventricular. DISTÚRBIO DE REPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR (ST) Os distúrbios da repolarização ventricular são medidos por meio do segmento ST. Os distúrbios da repolarização ventricular são encontrados quando ocorre hipóxia de miocárdio ou distúrbios eletrolíticos. INFRADESNÍVEL Quando o segmento ST se encontra abaixo do nível da onda P, nomeia-se que o segmento ST em infradesnível. Porém, é apenas classificado como um distúrbio de repolarização ventricular quando o infradesnível for maior que 0,2 mV (infradesnível > 0,2 mV). Infradesníveis menores que 0,2 mV são anotados como “normais” no laudo do ECG por estarem dentro do valor de referência. O segmento ST deve estar no mesmo nível da onda P. SUPRADESNÍVEL Quando o segmento ST se encontra acima do nível da onda P, nomeia-se que o segmento ST em supradesnível. Assim como o infradesnível, classifica-se como um distúrbio de repolarização ventricular quando o supradesnível for maior que 0,15 mV (supradesnível > 0,15 mV). ARQUEAMENTO DE ST Quando a forma do segmento ST se encontra arqueada, nomeia-se arqueamento de ST ou “abobadada”. INCLINAÇÃO ACENTUADA DE ST Quando a forma do segmento ST se encontra inclinada, nomeia-se inclinação acentuada do segmento ST. ONDA T: SENTIDO A onda T pode ser positiva, negativa ou bifásica. Deve-se medir a força. O valor de referência da onda T deve ser igual a 25% da onda R. Para isso, somar a quantidade de quadradinhos da onda R e dividir por 4, o resultado é a quantidade de quadradinhos que a onda T pode ter (até 25% da onda R). FORMATO: APICULADA É um distúrbio de repolarização ventricular. Pode ser chamada de “em tenda ou chapéu chinês. Medindo as ondas e segmentos do ECG: • Azul: altura da onda P • Vermelho: largura da onda P • Laranja: PRI • Verde: altura da onda R • Roxo: largura da onda R • Amarelo: segmento ST • Azul 2: Na OBSERVAÇÃO escreve-se apenas os marcapassos, BAVs e arritmias quando existentes. Na CONCLUSÃO, inicia-se sempre com o ritmo cardíaco e, depois, coloca-se as observações (quando tiver), para só depois, classificar em normal ou alterado todas as outras ondas. TRATAMENTO: BRADIARRITMIA Ocorre quando há um mal funcionamento do nó sinusal ou do nó atrioventricular. Os defeitos mais comuns são por: bradicardia sinusal com hipotensão arterial, ritmo juncional, ritmo idioventricular, e BAV de 2° e 3° grau. O tratamento para essas bradirritmias é pelo protocolo de estimulação. ATROPINA • Atropina em bolus IV. É a primeira opção de uso, não usar em animais em clinicamente estáveis, usar naqueles pacientes sintomáticos. • Em casos de reaplicações, reaplicar sempre após 5min. Respeitar o intervalo de 5min por aplicações, porém, o máximo de aplicações são de 3x DOPAMINA • Dopamina IV por infusão contínua - 2-20 mcg/kg/min. Nas reaplicações, aumentar a dose de 5 em 5 mcg/kg/min até no máximo 20 mcg/kg/min. Recomenda-se o intervalo de 5min para cada reaplicação. • É a segunda opção de uso Aplicação em bolus: 𝑸 = 𝑷 𝒙 𝑫 [ ] Fórmula da quantidade da dose que também serve para saber a dose do medicamento em bolus. Infusão contínua: 𝑸 = 𝑷 𝒙 𝑫𝒄 𝒙 𝒕 [ ] • A dose corrigida (Dc) da Dopamina é de 5mcg/kg/min • Para passar mcg/mg, dividir por 1000 • Para passar minutos para horas, multiplicar por 60 • Na bomba de infusão será aplicado a quantidade certa da dose + soro glicosado 5% no tempo ideal na bomba • A quantidade total (medicamento + soro glicosado 5%) deve ser passado mL/h. Exemplo: 100mL/10h = 10mL/1h • Microgotas = mesmo valor mL/h • Macrogotas = mL/h dividido por 3. Exemplo: 10mL/h dividido por 3 = 3,33 (3 macrogotas) • Nunca usar valores menores que 10 ou maiores que 150 em micro ou macrogotas MARCAPASSO Aparelho transcutâneo. DOPAMINA EM BOLUS Fazer apenas uma tentativa ADRENALINA É a última opção. TAQUIARRITMIA É causado por taquicardia atrial, flutter atrial, fibrilação atrial, ritmo idioventricular acelerado, taquicardia ventricular e extressístole atrial e ventricular. O tratamento para essas taquiarritmias é pelo protocolo de inibição. LIDOCAÍNA EM BOLUS • Cão (até 3 tentativas) • Gato (até 2 tentativas). + Diazepam LIDOCAÍNA EM IC AMIODARONA EM BOLUS A sua aplicação deve ser fracionada, mas é essencial nunca ultrapassar a dose de 10 mg/kg. AMIODARONA EM IC LIDOCAÍNA + AMIODARONA EM IC DESFRIBILADOR ESMOLOL É um beta-bloqueador. Não utilizar em ICC. CIRURGIA Cirurgia de ablação ou transplante cardíaco. HEMOGASOMETRIA A hemogasometria constitui o método mais apropriado e eficaz para a verificação do equilíbrio ácido-base dos fluidos orgânicos e suas possíveis alterações. Através da hemogasometria é possível analisar os gases sanguíneos, verificando pressão parcial de oxigênio (pO2) e pressão parcial de dióxido de carbono (pCO2), bem como do bicarbonato e do pH. A avaliação do sangue arterial pode estar relacionada a desordens respiratórias primárias ou da própria função pulmonar. A avaliação do sangue venoso fornece informações acerca da perfusão tecidual e do estado ácido-base metabólico. Este método está relacionado com a análise do pH, dos gases sanguíneos e seus derivados gasosos, os quais podem apresentar variações decorrentes de diferentes causas, sejam elas respiratórias e/ou metabólicas. COLHEITA Antes da coleta deve-se medir a temperatura retal do animal. A coleta deve ser numa agulha heparinizada (quando a amostra não for para a máquina de hemogasometria no mesmo tempo da coleta, ao contrário disso, pode-se coletarnuma seringa normal e, após, levar a amostra para a máquina de hemogasometria). O sangue coletado não deve ser passado para o tubo de coleta, deve ficar sempre na seringa e, da seringa, para a máquina de hemogasometria. Pode-se usar seringas próprias para hemogasometria ou aplicar heparina e/ou heparina com lítio (baixo peso molecular). O tempo máximo de permanência da amostra na seringa para hemogasometria é de 30min. Uma alternativa para aumentar o tempo útil da amostra é retirar todas as bolhas/ar da seringa, vedação e armazenamento em um isopor com água e gelo, com isso, o tempo útil de validade da amostra vai para 2h. Quando usado agulhas apenas com heparina os eletrólitos não são válidos, apenas a hemogasometria. MÁQUINA DE GASOMETRIA Primeiramente, identificar a espécie do animal, tipo de sangue coletado (arterial x venoso), a temperatura do animal e a porcentagem de O2 que o animal está respirando no ambiente (0,21% O2). Se o animal estiver numa máquina de O2 deve-se colocar a porcentagem administrada. Valores de referência internacional ÁCIDO-BASE EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO O controle do equilíbrio ácido-base se refere à regulação da concentração do íon hidrogênio (H+) e de bicarbonato (HCO3-) nos líquidos corporais. A regulação precisa destes íons é essencial uma vez que as atividades de quase todos os sistemas enzimáticos do organismo são influenciadas por sua concentração. O equilíbrio ácido-base é constituído fundamentalmente pelas relações entre a pressão parcial de dióxido de carbono (pCO2), o pH e o íon bicarbonato no plasma sanguíneo. A manutenção do pH em limites compatíveis com os processos vitais, se dá através de três sistemas: tampão, respiratório e renal O sistema tampão é definido como uma solução que contém a associação de duas ou mais substâncias químicas capazes de impedir alterações acentuadas na concentração do íon hidrogênio quando um ácido ou uma base é adicionado à solução. Esse sistema é dividido em três grupos: bicarbonato/ácido carbônico, proteínas e fosfatos. O sistema respiratório atua efetivamente alterando a taxa de remoção do dióxido de carbono (CO2) e, por conseguinte, modificando a concentração sanguínea do ácido carbônico (H2CO3) através de uma ação catalisadora da enzima anidrase carbônica (AC) encontrada nas hemácias e em muitas outras células. Os rins regulam a concentração de íons H+ do líquido extracelular através de três mecanismos básicos: secreção de íons H+, reabsorção dos íons HCO3- filtrados e produção de novos íons HCO3-. EQUAÇÃO DE HENDERSON- HASSELBALCH A Equação de Henderson- Hassdelbalch relaciona matematicamente o pH de uma solução tampão, o logaritmo negativo da constante de acidez, representada por pKa e as concentrações da forma ácida e da sua ou base conjugada. Nessa equação de um equilíbrio químico, a parte da esquerda é a parte metabólica da equação, exercida pelos rins, enquanto que a parte da direita é a parte respiratória, exercida pelos pulmões. A teoria do Henderson-Hasselbach diz que o H+ nunca muda por si só. A sua mudança é feita por mudanças no HCO3 ou no CO2. Ácido: Base: https://pt.wikipedia.org/wiki/PH https://pt.wikipedia.org/wiki/Solu%C3%A7%C3%A3o_tamp%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/PKa ACIDOSES ACIDOSE METABÓLICA É o distúrbio mais comum. Ocorre o acúmulo de ácidos não-voláteis; esses ácidos são produzidos em excesso ou não-secretados pelo rim, ou a perda de HCO3- em níveis que alteram o pH do organismo. Causas Cetoacidose diabética, inibidores de anidrase carbônica, IRs com perda de capacidade de reabsorção de NA+, acidose láctica por choque, hipoxemia, exercícios físicos, intoxicações (etileno- glicol, AAS e acidificantes urinários) e diarréia. Respostas compensatórias A resposta compensatória mais comum é a hiperventilação a fim de reduzir a concentração de CO2. Ânion gap (AG) Também chamado de Hiato aniônico ou intervalo aniônico. AG é a diferença entre os cátions presentes no sangue (Na+) e os ânions (HCO3- e Cl-). Para que a eletroneutralidade do organismo seja mantida, a soma de todos os cátions do nosso corpo deve ser igual à soma de todos os ânions. Na hemogasometria ele é utilizado para saber se o paciente, na acidose metabólica, perdeu HCO3- ou produziu H+, para assim, saber quando o tratamento será pela reposição de HCO3-. Quando o AG está aumentado na hemogasometria corresponde que a acidose metabólica é por aumento de H+. Quando o seu valor está normal significa que a acidose metabólica é por diminuição do HCO3-. O tratamento com infusão de HCO3- é feito apenas quando o ânion gap estiver normal. Não repor HCO3- quando o AG estiver aumentado e com pH ≥ 7,2. Em casos de AG aumentado de pH <7,2 ou HCO3- < 8 é necessário repor, pelo menos, um pouco de HCO3-. Â𝒏𝒊𝒐𝒏 𝒈𝒂𝒑 = (𝑵𝒂 + 𝑲) − (𝑪𝒍 + 𝑯𝑪𝑶𝟑) Cães 12 - 24 mEq/L Gatos 13 - 27 mEq/L Quando o AG estiver abaixo do valor de referência deve-se corrigir os valores de albumina, PT ou fósforo. 𝑨𝑮 𝒂𝒍𝒃𝒖𝒎𝒊𝒏𝒂 = 𝑨𝑮 = 𝟒, 𝟐 𝒙 (𝟑, 𝟕𝟕 − 𝒂𝒍𝒃𝒖𝒎𝒊𝒏𝒂) 𝑨𝑮 𝑷𝑻 = 𝑨𝑮 + 𝟐, 𝟓 𝒙 (𝟔, 𝟑𝟕 − 𝑷𝑻) 𝑨𝑮 𝒇ó𝒔𝒇𝒐𝒓𝒐 = 𝑨𝑮 + 𝟐, 𝟓𝟐 − 𝟎, 𝟓𝟖 𝒙 𝒇ó𝒔𝒇𝒐𝒓𝒐) ACIDOSE RESPIRATÓRIA É um distúrbio causado na maioria das vezes por ventilação alveolar diminuída (hipoventilação), aumentando a concentração de pCO2 arterial. Causas É causado por depressões do centro respiratório (anestésicos gerais, opiáceos, traumas no SCN, lesão ocupante de espaço, tumor cerebral e abscesso cerebral), doenças pulmonares (pneumotórax, pneumonia, edema, fibrose pulmonar, contusão pulmonar, obstruções das vias aéreas, pneumonia, e edema pulmonar), debilidade de músculos respiratórios, polimiopatia e polineuropatia. Pode ocorrer também quando os movimentos torácicos estão reduzidos por obesidade, dor, bandagem torácica justa e hipertermia maligna. Respostas compensatórias Taquicardia, sudorese, aumento da temperatura corporal, vasodilatação periférica e arritmias. ALCALOSES ALCALOSE METABÓLICA Ocorre a retenção primária de HCO3- ou perda excessiva de ânions que não o carbônico em níveis que alteram o pH do organismo. A alcalose metabólica é responsiva à infusão de Cl-. Causas Ocorre por vômito gástrico puro, overdose por HCO3-/NaHCO3, diminuição do LEC, diminuição de K+ e Cl- e desidratação. Respostas compensatórias Bradipneia e aumento de excreção de HCO3-, K+ e Cl- pelos rins, ALCALOSE RESPIRATÓRIA Ocorre pela diminuição na tensão de CO2 capaz de gerar um aumento no pH. Causas É causado por hipertermia, aumento da demanda de O2 (exercícios físicos, SIRS/sepse e dor), baixo aporte de O2, estresse e hiperventilação. Respostas compensatórias CÁLCULO DOS DISTÚRBIOS ÁCIDO- BÁSICO PASSO 1 Inicialmente, verifica-se se o pH está ácido (acidemia) ou básico (alcalemia). O pH pode estar normal na presença de distúrbios mistos, particularmente se outros parâmetros da gasometria estiverem normais. Em seguida, calcula-se a média dos valores de referência do PCO2 e do HCO3-. Em distúrbios AB simples, ambos os valores são anormais e a direção da alteração anormal é a mesma para ambos os parâmetros. Um valor anormal será a alteração inicial e o outro será a resposta compensatória. Se o Pco2 é a alteração química inicial, então, o processo é respiratório. Se o HCO3- é a alteração química inicial, então, o processo é metabólico. Com base nos valores do paciente(VP) é possível saber o tipo de alteração ácida-básico e se é de origem respiratória ou metabólica. Em casos em que ambos os valores de pCO2 e HCO3 estiverem alterados, o distúrbio principal será aquele em que o pH se encontra alterado. PASSO 2 Depois, subtrai-se a média do valor do paciente (VP) pelo valor de referência (VR). Após a subtração é possível saber qual valor está fora ou não dos valores de referência. O valor fora da referência estará contribuindo para o pH anormal. O resultado estabelecerá o tamanho do distúrbio ácido-básico. O distúrbio é chamado de problema (Pro). 𝑷𝒓𝒐 = 𝑽𝑷 − 𝑽𝑹 PASSO 3 Em seguida, calcula-se o valor esperado (VE) do PCO2 ou HCO3-. 𝑽𝑬 (𝑷𝑪𝑶𝟐/𝑯𝑪𝑶𝟑) = 𝑪𝑶𝟐/𝑯𝑪𝑶𝟑 (𝒎é𝒅𝒊𝒂) + 𝑷𝒓𝒐 𝒙 𝑭𝒂𝒕𝒐𝒓 PASSO 4 Deve-se calcular a margem de erro (ME) após o cálculo do VE. Os valores de ME são tabelados: O valor estará dentro da normalidade quando o VE estiver entre os valores de ME. Quando o VE se encontrar dentro do VR da ME a acidose ou alcalose se chamará simples. Distúrbios simples significam que a respiração do paciente se encontra normal. pH 7,35 - 7,46 (7,4) PCO2 30,8 - 42,8 (36,8) HCO3- 18,8 - 25,6 (22,2) PCO2- VE + 3 e VE - 3 HCO3- VE + 2 e VE - 2 Quando o resultado se encontra dentro do VE, mas fora do VR chama-se de distúrbio compensatório. A respiração pode se encontrar alterada, porém está como um mecanismo compensatório. Chama-se de mistas quando o resultado do exame do paciente estiver fora do VE. • Dentro-dentro simples • Fora (misto) • Dentro-fora (compensatório) 1. Checar se o valor do pH está normal, ácido (acidemia) ou básico (alcalemia). 2. Verificar se os valores de pCO2 e HCO3 estão normais, diminuídos ou aumentados para saber se é um distúrbio ácido ou básico e se a origem é respiratória ou metabólica. 3. Saber o problema (Pro) do distúrbio. Subtrair os valores de pCO2 ou HCO3 do paciente pelos valores de referência 𝑷𝒓𝒐 = 𝑽𝑷 − 𝑽𝑹 4. Calcular o valor esperado (VE) do pCO2 ou do HCO3. 𝑽𝑬 (𝑷𝑪𝑶𝟐/𝑯𝑪𝑶𝟑) = 𝑪𝑶𝟐/𝑯𝑪𝑶𝟑 (𝒎é𝒅𝒊𝒂) + 𝑷𝒓𝒐 𝒙 𝑭𝒂𝒕𝒐𝒓 5. Calcular a margem de erro (ME). 6. Saber se o distúrbio AB é simples, compensatório ou misto. Calcule o volume e o gotejamento de Dopamina (50mg/10mL) na dose de 2mcg/Kg/min para um cão com 17Kg durante 8h utilizando um frasco de soro de 500mL. • Concentração [ ] = 50mg/10mL • Dose = 2mcg/Kg/min • Peso = 17kg • Tempo de infusão = 8h • Frasco = 500mL 1º Ajustar o valor da concentração e da dose 2º Cálculo do volume da Dopamina com os valores ajustados 3º Ajustar a taxa de infusão 4º Estabelecer as gotas (micro ou macrogotas) da taxa de infusão. As gotas devem estar entre o valor de 10-150 gotas. FUNÇÃO RESPIRATÓRIA E PULMONAR OXIGENAÇÃO Para avaliação da função respiratória e pulmonar o sangue deve ser, obrigatoriamente, arterial. Os animais podem sofrer na coleta por ser de difícil acesso. A anestesia na coleta é possível apenas quando for avaliada a função pulmonar, pois os anestésicos geram interferências na avaliação respiratória. CAO2 A medição da oxigenação do sangue arterial é feita pelo conteúdo arterial de oxigênio (CaO2). Na máquina de hemogasometria o CaO2 é calculado pela saturação de O2 (SaO2), hemoglobina (Hb) e a pela pressão parcial de O2 (PaO2). 𝑪𝒂𝑶𝟐 = (𝑺𝒂𝑶𝟐 𝒙 𝑯𝒃 𝒙 𝟏, 𝟑𝟒) + (𝟎, 𝟎𝟎𝟑𝟏 𝒙 𝑷𝒂𝑶𝟐) A primeira parte da fórmula representa o carreamento de O2 pelas hemácias e a segunda parte representa a concentração de O2 dissolvido no plasma. Nas interpretações iniciais e em emergências é essencial a observação da primeira parte da fórmula. SATURAÇÃO (SAO2) >98% Saturação alta 95 - 98% Saturação normal 90 - 94% Saturação baixa <90% Dessaturação HEMATÓCRITO A SaO2 e a PaO2 podem ser mensuradas pela hemogasometria, pelo oxímetro lingual ou pela coloração de mucosa. É possível saber o valor do hematócrito (Ht) pelo valor da Hb. O valor de Ht é sempre o triplo da Hb. 𝑯𝒕 = 𝑯𝒃 𝒙 𝟑 FIO2 É a fração inspirada de O2. Ar ambiente 0,21 Máscara 0,35 Cateter nasal unilateral 0,35 Cateter nasal bilateral 0,5 Gaiola ou intubado Valor informado RELAÇÃO PAO2/FIO2 É a relação entre a pressão de O2 do ambiente com a pressão de O2 sanguínea. <200 Falência respiratória. O animal deve ser intubado 201 - 300 Disfunção respiratória. O paciente encontra-se com dispnéia. 301 - 400 Disfunção respiratória. O paciente encontra-se em eupnéia. >400 Função respiratória normal 𝑷𝒂𝑶𝟐 𝑭𝒊𝑶𝟐 Saturações baixas e PaO2/FiO2 boas é indicativo de falha no carreamento da hemoglobina por quadros de intoxicações. Se a relação de PaO2/FiO2 estiver entre 200-300 o animal, obrigatoriamente, deve ser internado. O desmame da oxigenioterapia é feito quando a saturação chega aos 300. A-AO2 O gradiente alveolado arterial de oxigênio (A- Ao2) avalia a função pulmonar. 𝑨 − 𝒂𝑶𝟐 = (𝑷𝑰𝑶𝟐 − 𝟏, 𝟐𝟓 𝒙 𝑷𝒂𝑪𝑶𝟐) − 𝑷𝒂𝑶𝟐 <15 mmHg Pulmão normal (a causa é extrapulmonar) 15-25 mmHg Pneumopatia leve (é de causa tanto pulmonar como extrapulmonar) >25 mmHg Pneumopatia grave PACO2 Avalia a parte mecânica da respiração; se o ar é capaz de entrar e sair em seus volumes normais. <31 Hiperventilação (é uma resposta secundária a um problema primário) 31-43 Ventilação normal 44-55 Hipoventilação >55 Hipoventilação grave Na maioria das vezes, quando o paciente encontra- se com a SaO2 baixa e PaCO2 normal ou baixo a oxigenioterapia é muito responsiva. Mas quando a SaO2 está baixa e o CO2 alto a chance de o paciente responder à oxigenioterapia é baixa, necessitando de intubação. OXÍMETRO O oxímetro mensura a saturação periférica do paciente; nos animais avalia-se pela língua. Existem três situações que o seu uso não é confiável: • Hipotermia • PA baixa • Intoxicação por CO CAPNÓGRAFO Dispositivo que capta o CO2 na expiração (E’CO2). >45 Hipoventilação 35-45 Normal <35 Hiperventilação O capnógrafo não é confiável quando o animal estiver com hipotermia e PA baixa. TRATAMENTO DISFUNÇÃO DE HB Pacientes com disfunção na BH irão apresentar a saturação e respiração alterada. INTOXICAÇÃO POR CEBOLA O princípio tóxico presente na cebola, é o n- propildissulfito, que causa a transformação da hemoglobina em metemoglobina. O tratamento é feito com fluido e oxigenioterapia e ajuste da dieta do animal. INTOXICAÇÃO POR PARACETAMOL É muito comum em gatos. O animal apresenta cianose e dispnéia. O principal efeito em gatos é a lesão eritrocitária devido sua maior sensibilidade à oxidação dos eritrócitos que converte hemoglobina em metahemoglobina e leva a formação de corpúsculos de Heinz resultando em anemia hemolítica. O tratamento é feito com fluido e oxigenioterapia e na administração de N-acetilcisteína por 4h. DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA AAO2 E PACO2 Quando o paciente apresenta alteração respiratória e CO2 acima de 55 mmHg o tratamento é feito pela intubação endotraqueal. Ao contrário disso faz-se oxigenioterapia e monitorização. OXIGENIOTERAPIA 𝑭𝒊𝑶𝟐 (%) = 𝒇𝒍𝒖𝒙𝒐 𝒅𝒆 𝑶𝟐𝑳 𝒙 𝟒 + 𝟐𝟏 MÁSCARA DE O2 A máscara deve ser adequada para a raça do animal, ela deve estar bem vedada, de formato de cone e que adere-se ao focinho do animal. Utilizar em animais já acostumados a fazer inalação ou em animais com diminuição do grau de consciência. • Fluxo de 100-200 mL/Kg/min. Animais pequenos o valor do fluxo é próximo a 200, enquanto que par animais granfdes, o valor do fluxo é próximo a 100. CATETER NASAL É a técnica mais eficiente;pode ser colocar de forma uni ou bilateral por meio de sonda uretral. Escolher a sonda uretral com conformação da metade do diâmetro da narina. A quantidade da sonda colocada no conduto nasal é medida pelo comprimento do tamanho da sonda do começo do focinho até a borda do globo ocular. A sonda é fixada com superbonde no pelo nasal e no canto da cabeça. Não utilizar em animais com traumas cranianos e em cães braquiocefálicos graves. • Fluxo de 0,5-3 L/min COLAR PROTETOR FILMADO É o método mais eficiente. Não utilizar em animais hiperativos e que se estressam e hipertérmicos. GAIOLAS É um método caro e que se torna nulo se a porta da gaiola for aberta. É feito em animais que não permitem a manipulação. Não utilizar em pacientes hipertérmicos. VARIÁVEIS CARDIORRESPIRATÓRIAS SISTEMA RESPIRATÓRIO OFERTA DE O2 A oferta de oxigênio (DO2) é a quantidade de O2 em mL que o sistema cardiorrespiratório consegue fornecer às células por minuto. 𝑫𝑶𝟐 (𝒎𝑳𝑶𝟐/𝒎𝒊𝒏) = 𝑪𝒂𝑶𝟐 (𝒎𝑳𝑶𝟐/𝒅𝑳) 𝒙 𝑫𝑪 (𝒅𝑳/𝒎𝒊𝒏) É necessário avaliar a saturação e a hemoglobina. A forma mais simples de avaliar a saturação é pela coloração de mucosa. A saturação se encontra normal quando o animal apresenta as mucosas normocoradas. A cianose é a condição que o animal apresenta baixa saturação, porém ela só evidenciada quando a saturação se encontra menor que 85%. A hemoglobina também pode ser avaliada pela coloração de mucosa, porém não é o método mais seguro pois animais pálidos podem estar com PaO2 baixa e com a hemoglobina normal. Quando o animal apresenta a mucosa normocorada pode-se dizer que a hemoglobina está normal; quando a mucosa se encontra hipocorada/pálida pode ser indicativo de hemoglobina baixa. TRANSFUSÃO SANGUÍNEA HEMOGLOBINA: ANEMIA HB (g/dL) Considerações < 4 Danos celulares 4 - 7 D02 muito baixo 7 - 10 DO2 baixa ≥ 10 Não é necessário transfundir Em pacientes com HB <4 não deve-se realizar anestesia ou fluidoterapia, pois agrava o quadro anêmico. É necessário oxigenioterapia seguido de transfusão sanguínea. Tutores relutantes à transfusão sanguínea deverão ter seus animais monitorados pelo lactato e pela saturação venosa central. Quando a HB está entre 4-7 é necessário fazer uma fluidoterapia lenta com oxigenioterapia seguido de transfusão sanguínea. Pacientes nessa escala também podem ser monitorados pelo lactato e pela saturação venosa central. Os pacientes que se encontram nessa escala, na maioria das vezes, conseguem se recuperar sem transfusão sanguínea, porém a sua recuperação é mais rápida quando transfundidos, além disso, esses pacientes suportam pequenas anestesia. Pacientes com HB entre 7-10, a princípio, não é necessário transfundir. Deverá ser feito o acompanhamento clínico e monitorização. A transfusão é feita quando há piora clínica. Esses pacientes podem colocados na fluidoterapia e em anestesias mais longas Em pacientes que se encontram com a HB > 10 não necessitam de transfusão sanguínea. O lactato e a saturação venosa central são outros parâmetros utilizados para saber se o paciente precisa ou não de transfusão sanguínea. Lactato É necessário fazer transfusão sanguínea quando o lactato estiver > 2,5. Saturação venosa central (SvcO2) Utiliza-se um cateter central para colher o sangue da a. pulmonar ou do AD. É necessário realizar a transfusão sanguínea quando a SvcO2 estiver menor que 75%. HEMORRAGIAS: HEMORRAGIAS AGUDAS O hematócrito, em hemorragias agudas, não muda o seu valor normal num período de 8h. A hemodiluição faz com que o hematócrito aparenta estar normal, mas após 8h da hemorragia o hematócrito se encontrará baixo. Animais em hemorragias agudas devem ser transfundidos quando com hematócrito normal/baixo e pressão baixa. HEMORRAGIAS CRÔNICAS Esses pacientes se encontram com doenças hemorrágicas prévias, fazendo com que ocorra o esgotamento medular e, assim, uma reposição de hematócritos mais lento. É necessário realizar a suplementação vitamínica nesses pacientes. SISTEMA CARDIOVASCULAR DÉBITO CARDÍACO O desempenho cardíaco depende de quatro fatores que são essenciais: pré-carga, pós-carga, contratilidade ventricular e freqüência cardíaca. A variável mais importante do sistema cardiovascular é o DC, porém os seus métodos de mensuração são invasivos e pouco fidedignos. 𝑫𝑪 = 𝑭𝑪 𝒙 𝑽𝑺 PRÉ-CARGA É a quantidade de sangue que retorna aos ventrículos (volume diastólico final). Fatores que alteram a pré-carga: • Hipovolemia (desidratação e hemorragia) • Doenças e afecções venosas (compressões venosas, tumores cardiovasculares, dilatação no estômago e trombos) • Taquicardia A avaliação da pré-carga é feita por meio do ECO com o transdutor posicionado no AE. No ECO o aspecto do AE deve estar normal. A pré-carga estará aumentada quando o AE estiver aumentado ou diminuída quando ele se encontrar menor que o normal. Outra forma de avaliação de avaliação da pré-carga é realizando o teste de carga. É administrado um volume pequeno na fluidoterapia, mas em velocidade rápido. É indicativo que a pré-carga estava alterada quando, após a administração de fluido rápida, a PAM aumenta. CONTRATILIDADE A contratilidade está relacionada à eficiência da contração do coração. A contratilidade ventricular significa a força externa do músculo cardíaco ou do ventrículo. Quanto maior a contratilidade, maior será a pressão, maior o volume de ejeção, mesmo que a pré-carga e a resistência arterial não sofram alterações. Fatores que alteram a contratilidade: • Anatomia bizarra ou má formações (tetralogia de Fallout, comunicação interatrial ou ventricular, degeneração cardíaca, remodelamento cardíaco, deficiência de valvas etc.) • Inotropismo deficiente (fármacos e sepses) • Ritmo cardíaco (FA) A contratilidade é avaliada pelo cardiologista por meio do ECO; mede-se a fração de ejeção e fração de encurtamento. A anatomia e o inotropismo é avaliado pelo ECO. O ritmo cardíaco é avaliado pelo ECG. Excesso de inotropismo > 50 mmHg (pulso forte) Contratilidade normal 30-50 mmHg (pulso forte) Déficit de contratilidade < 30 mmHg (pulso fraco) O prognóstico pode ser mensurado a partir da avaliação da força do pulso; pulsos fracos podem ter prognóstico reservado ou ruim. PÓS-CARGA É a força que se opõe à contração ventricular para que o sangue seja ejetado das câmaras. Fatores que alteram a pós-carga: • Tônus vascular (vasocontrição por obesidade e IR e dilatação) • Viscosidade sanguínea (DM, policetemia e dislipidemia) • Processos obstrutivos arteriais (tumores, trombos e síndromes de compressão abdominal) Vasoconstrições aumentam a pós-carga. Vasodilatações diminuem a pós-carga. Pós-cargas muito baixas geram pré-cargas menores ainda, diminuindo o DC. FREQUÊNCIA CARDÍACA A FC está relacionada ao funcionamento do coração, pois o débito cardíaco é determinado pela frequência e a quantidade de volume sistólico, portanto normalmente um fator tem influência determinante no outro. Cães grandes 60-160 Cães pequenos 60-180 Gatos 100-240 PRESSÃO ARTERIAL A expressão pressão arterial (PA) refere-se à pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias. 𝑷𝑨 = 𝑫𝑪 𝒙 𝑹𝑽𝑺 Nos animais, mede-se a pressão arterial sistólica (PAS), a pressão arterial diastólica (PAD) e a pressão arterial média (PAM). 𝑷𝑨𝑺 = 𝑷𝑨𝑫 + 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 = 𝑷𝑨𝑺 − 𝑷𝑨𝑫 MENSURAÇÃO DA PRESSÃO: OSCILOMÉTRICO Utilização de um aparelho de pressão acoplado ao manguito. Avalia-se a PAS, PAD e PAM, mas não é fidedigno em animais por ser um produto de uso humano. DOPPLER VASCULAR É um métodobastante confiável, porém é um aparelho de precisão mais confiável para a PAS do que para a PAD. PRESSÃO ARTERIAL INVASIVA Mede-se através da colocação de um cateter na artéria, o qual é conectado em uma coluna líquida. A medida da pressão é obtida através do transdutor de pressão que faz a leitura de PAS, PAD e PAM. É uma mensuração muito fidedigna, mas utilizada apenas em pacientes internados e em estado graves. VARIAÇÕES HIPOTENSÃO ARTERIAL É causada por hipovolemia, déficit de contratilidade, vasodilatação e obstrução. Cães PAS < 90 mmHg Gatos PAS < 100 mmHg Cães e gatos PAM < 65 mmHg Tratamento • Fluidoterapia a partir do teste de carga • Antiarrítmicos e inotrópicos positivos (beta1- adrenérgicos) • Vasoconstritores pelo uso de alfa1-agonistas adrenérgicos) • Cirurgia em casos obstrutivos HIPERTENSÃO ARTERIAL É causada por vasoconstrição e excesso de inotropismo cardíaco. Cães PAS > 150 mmHg Gatos PAS > mmHg Cães e gatos PAM > 100 mmHg Tratamento • Vasodilatadores • Inotrópicos negativos (Betabloqueadores) AVALIAÇÃO DA PRESSÃO E DO PULSO Inicialmente, verificar se a PAS e a PAD estão normais. Depois, fazer o cálculo da contratilidade para definir a força do pulso e o prognóstico. Monitoramento: Anúria < 0,5 mL/Kg/h Oligúria 0,5-1 mL/Kg/h Normal 1-2 mL/Kg/h Poliúria > 2 mL/Kg/h https://pt.wikipedia.org/wiki/Press%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue https://pt.wikipedia.org/wiki/Art%C3%A9ria 1. Verificar a pressão arterial do animal: normotenso, hipertenso ou hipotenso. 2. Subtrair o valor de PAS pela PAD para saber o valor da contratilidade. O coração pode ter a sua eficiência normal, em excesso ou deficiente. 3. Se o valor do paciente estiver só com o valor da PAS deve-se palpar o pulso. Os valores se encontram normais quando a PAS esta normal e com o pulso forte 4. O prognóstico é baseado na contratiliddade/força do pulso CHOQUE SÍNDROME CHOQUE O choque é o desequilíbrio grave entre a entrega de O2 e nutrientes às células e ao consumo por parte destas devido a uma perfusão tecidual diminuída e à remoção inadequada de produtos tóxicos, originando deficiências no metabolismo oxidativo que pode relacionar-se com a entrega inadequada de oxigénio, do seu transporte, da sua utilização ou a combinação das três. Portanto, o choque pode ser qualquer síndrome ou doença que dê origem a uma diminuição grave do débito cardíaco efetivo. Essa diminuição origina um défice de produção de energia celular, que poderá levar à morte celular, à qual se segue a insuficiência orgânica múltipla, que pode culminar na morte do paciente. “Diminuição do fluxo sanguíneo efetivo e da distribuição de oxigênio aos tecidos, resultando em baixa demanda tecidual”. “Estado no qual a redução ampla e profunda da perfusão tecidual efetiva ocasiona inicialmente lesão tecidual reversível, que mais tarde, torna-se irreversível”. Tipos de choque Na literatura Na rotina clínica Hipovolêmico Hemorrágico Cardiogênico Séptico Distributivo Neurogênico Obstrutivo Anafilático Existem quatro tipos de choques. A nomenclatura do tipo de choque na literatura é diferente na rotina clínica do paciente em choque. A nomenclatura do choque na literatura está relacionada ao déficit específico do DC. FISIOPATOLOGIA O choque, inicialmente, é sempre hipovolêmico. Durante o choque, a entrega de oxigénio ao coração, ao cérebro e aos rins é mantida em prejuízo de outros órgãos menos vitais como a pele e o aparelho digestivo. A hipotensão não é o sinal predominante nesta fase e pode não ser detectada facilmente, uma vez que frequentemente o animal está normotenso. Com o desenvolvimento da hipoperfusão dos tecidos e dos órgãos, os barorreceptores das artérias carótidas e da aorta detectam a diminuição do débito cardíaco e é transmitido um sinal neuronal ao centro vasomotor do bulbo. Em resposta, existe um aumento da atividade do sistema nervoso simpático, aumento da concentração sanguínea de neurotransmissores, tais como o cortisol, a adrenalina e a noradrenalina. O cortisol é estimulado com o intuito de causar hiperglicemia para que as células tenham energia para o seu metabolismo (taquicardia e vasoconstrição). Pacientes em choque se encontram com a glicemia elevada, quando maior a glicemia, pior é o prognóstico. A adrenalina atua na vasoconstrição para que haja a redistribuição do sangue, geralmente da periferia para os órgãos centrais. A noradrenalina, assim como a adrenalina atua na vasoconstrição para à redistribuição do sangue. Outro mecanismo da noradrenalina é a taquicardia pelo aumento do inotropismo e cronotropismo. Ocorre a ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona (SRAA) em que a libertação de renina pelas células renais ativa a angiotensina, precursora da angiotensina II, a qual atua ao nível da glândula adrenal no sentido de aumentar a secreção de aldosterona a partir da zona glomerular do córtex adrenal. A aldosterona atua ao nível do ducto coletor do rim no sentido de aumentar a absorção de cloreto de sódio e água. A angiotensina II é também um potente vasoconstritor, especialmente ao nível do intestino, aumentando a pressão sanguínea. Outra das suas funções é facilitar a libertação de noradrenalina pela medula adrenal e pelas terminações nervosas simpáticas, que vai determinar um aumento da frequência e da contratilidade cardíaca, vasoconstrição e diminuição da perfusão sanguínea do aparelho digestivo, dos músculos, e da pele de modo a manter a perfusão sanguínea cerebral e cardíaca. O SNC também atua em mecanismo de defesa contra o choque na liberação de ACTH e de vasopressina. O ACTH atua na estimulação e liberação de cortisol e de aldosterona. O cortisol é liberado para que ocorra hiperglicemia para o melhoramento do metabolismo celular. A aldosterona atua na reabsorção de água e sódio nos túbulos renais para compensar a hipovolemia, causando hipervolemia. A vasopressina estimula os receptores V1 e V2. O receptor V1 atua na vasoconstrição para redistribuir o sangue. O receptor V2 aumenta a reabsorção renal para combater a hipovolemia, causando hipervolemia. A hipotensão diminui a perfusão tecidual e prejudica o metabolismo celular, esse distúrbio faz com que as células trabalhem em anaerobiose, produzindo ácido lático e diminuindo o pH sanguíneo. A produção de ácido lático causa a mudança anatômica no capilar, ele acaba ficando em formato de cone, da qual a base se encontra no final da arteríola e a ponta no começo da vênula. Essa mudança anatômica no capilar piora o retorno venoso, piorando o DC; uma alternativa que o organismo encontra para que o DC não piore é na criação de um shunt entre a arteríola e a vênula. A circulação sanguínea, então, passa a ser pelo shunt, essa condição faz com que haja a estase sanguínea no capilar, propiciando a formação de coágulos. Pacientes que estão em choque podem apresentar diminuição plaquetária, predispondo à CIVD. Após o tratamento do choque deve-se checar a função dos órgãos. O cérebro é checado através do estado mental do animal, ele deve estar ativo e consciente. O coração deve estar com a FC, ritmo e pressão normais. O pulmão deve ser checado por meio da hemogasometria. O fígado é avaliado através da bilirrubina. Os rins pela creatinina e pelo débito urinário. O músculo é avaliado através da movimentação normal do animal. O intestino geralmente é o último sistema a se normalizar, deve- se checar o apetite e as fezes. Por último, avalia-se a pele pela coloração das mucosas. ESTADIAMENTO DO CHOQUE ESTÁGIO 1 - COMPENSADO É o estágio menos grave do choque. Esse estágio é caracterizado pela ativação normal-moderadado SN simpático, porém os valores dos parâmetros vitais do paciente vão estar dentro dos valores de referência. • Hipermetabolismo • Cronotropismo positivo discreto, mas normal • Inotropismo positivo • Taquipnéia discreta, mas normal • Aumento da resistência vascular sistêmica • Aumento do consumo de O2 • TPC < 1s • Mucosas hipercoradas • Atividade mental normal O paciente, nesse estágio, deve ser mantido em internação por 24h (PAM, lactato, hemogasometria, FC/FR e RX de tórax/abdominal). O tratamento é baseado em fluidoterapia e analgésicos. Espere-se que os parâmetros vitais fiquem mais normalizados. ESTÁGIO 2 - DESCOMPENSADO INICIAL O choque descompensado é o estado a partir do qual existe uma redução substancial da perfusão sanguínea ou uma má distribuição aos órgãos como pele, músculos e aparelho digestivo de modo a manter a perfusão cerebral, cardíaca e renal. Neste estágio, os mecanismos compensatórios contribuem eventualmente para uma maior progressão do choque, uma vez que a redução do volume sanguíneo desses órgãos origina isquemia nos seus leitos vasculares, com subsequente libertação de substâncias tóxicas, perpetuando o estado de choque. Se não for revertido a tempo, a função celular deteriora-se, culminando em síndrome de insuficiência multisistémica (SIMS). Esse estágio é caracterizado por uma ativação acentuada do SN simpático, fazendo com que os valores dos parâmetros vitais estejam muito aumentados e fora do valor de referência. Mesmo com ativação extrema do SN simpática a perfusão sanguínea estará deficitária. • Vasoconstrição seletiva, causando hipóxia seletiva e aumento do lactato • Cronotropismo positivo progressivo (cão). Gatos em choque mantém a taquicardia. • Inotropismo negativo pela liberação de radicais livres pancreáticos • Quebra da barreira intestinal, podendo causar translocação bacteriana intestinal para a corrente sanguínea, levando à sepse. • Taquipnéia pelo shunt pulmonar (arteríola pulmonar > vênula pulmonar, diminuindo a perfusão sanguínea) • Hipotensão arterial • Redução do consumo de O2 • TPC > 2s • Mucosas hipocoradas • Olugúria ou anúria • Hipotermia • Menor atividade mental ESTÁGIO 3 - DESCOMPENSADO O choque terminal implica lesão orgânica irreversível de órgãos vitais como cérebro, coração e rins. A fisiopatologia é semelhante à do choque descompensado, mas neste caso a lesão provocada é irreparável. As intervenções terapêuticas neste estágio são quase sempre infrutíferas e culminam na morte. A frequência e o débito cardíaco diminuem drasticamente, ocorre vasodilatação e má distribuição sanguínea. O NO, sendo um potente vasodilatador, parece desempenhar um papel fundamental neste estágio. O paciente, quando se encontra nesse estágio, é incapaz de lutar pela própria vida pela exaustão orgânica. Ocorre o esgotamento do glicogênio e dos neurotransmissores. • Perda da autorregulação • Vasodilatação generalizada • Bradicardia e inotropismo negativo • Hipotensão arterial • Mucosas pálidas ou cianóticas • TPC inviável • Anúria • Hipotermia • Coma LACTATO O lactato é um produto do metabolismo da glicose, ou seja, é resultado do processo da transformação da glicose em energia para as células quando não há quantidade suficiente de oxigênio, processo chamado de glicólise anaeróbica. No entanto, mesmo em condições aeróbias, em que há oxigênio, há produção de lactato, mas em menores quantidades. O lactato é uma substância importante, pois é considerado sinalizador para o Sistema Nervoso Central, biomarcador de alterações nervosas e de hipoperfusão tecidual, em que há pouca quantidade de oxigênio chegando aos tecidos, e de intensidade da atividade física e fadiga muscular, já que quanto mais intensa a atividade, maior é a necessidade de oxigênio e energia, o que leva à maior produção de lactato. HOUR-HOUR É o melhor método para monitorização do lactato atualmente, porém muito caro. O método é baseado na medição do lactato a cada 1h até a sua normalização. Quanto maior o valor de lactato, pior é o prognostico. A meta desse método é a diminuição de 20% do valor do lactato a cada 1h. GONDEN HOUR É o método mais utilizado por ser o mais barato. O método é baseado na medição de 0h (quando o paciente dá entrada no hospital), 6h e 24h. Interpretação: na medição de 0h (quanto mais alto o valor do lactato, mais grave é a condição do paciente). Na medição de 6h o valor do lactato deve ter caído, para no mínimo, 50% do valor inicial. Em 24h o valor deve do lacto deve estar dentro dos valores de referência. O prognóstico do paciente é muito ruim quando o valor do lactato de 24h se encontra maior que o valor de 6h. TRATAMENTO: FLUIDOTERAPIA PROVA DE CARGA O tempo de infusão está relacionado ao teste de carga; no cão deve ser de 15min, no gato de 10min. Em raças grandes/gigantes deve-se ter o acesso de pelo menos 3 veias com o cateter verde. 𝑷𝒆𝒔𝒐 𝒙 𝟐𝟎 = 𝒈𝒐𝒕𝒂𝒔/𝒎𝒊𝒏 Teste de carga: • Na bomba de infusão (taxa): 60mL/Kg/h (15min no cão e 10min no gato) • Na bomba de infusão (vol/t): 15mL/kg (cão) e 10mL/kg (gato) (𝑽𝒐𝒍/𝒕) = 𝒗𝒐𝒍 𝒙 𝒑𝒆𝒔𝒐 • Sem bomba de infusão (Vol/t) = 15mL/kg (cão) e 10mL/kg (gato) CRISTALÓIDES ISOTÔNICOS (CI) São usados como os de primeira escolha, pois todos os pacientes precisam. Eles são utilizados de forma única ou associada. Os CIs são os únicos com capacidade de hidratação celular, porém é o menos eficiente no controle da pressão arterial, necessitando de altos volumes. 70% do volume IV aplicado extravasa da veia, causando edema, aumentando a inflamação no organismo pelo excesso de diluentes e fatores plasmáticos e propiciando à acidose hiperclorêmica. • Ringer lactato (RL) - é o de primeiro escolha • Soro fisiológico (solução salina 0,9%) • Soro fisiológico glicosado - usado apenas em casos de hipoglicemia. CRISTALÓIDES HIPERTÔNICOS (CH) É uma solução muito rica em sódio; a mais utilizada é o Cloreto de sódio (7,5%) pelo fator de expansão exclusiva intravascular e baixo volume de aplicação. A dose de CH varia de 2 a 4mL/Kg. Em casos leves usar 2mL, em casos graves usar 4mL. 𝑪𝑯 (𝒅𝒐𝒔𝒆) = 𝟐 𝒂 𝟒𝒎𝑳/𝑲𝒈 O efeito regulador de pressão é praticamente imediato, porém a vida útil do efeito é inferior a 1h. Associar ao RL. Não utilizar em desidratações severas e hipernatremia. É muito utilizado em pacientes com TCE, refratários ao RL ou quando não há acessos suficientes para o RL. • Cloreto de sódio (7,5%) COLÓIDES SINTÉTICOS (CS) É uma solução composta por moléculas grandes à base de amigo ou gelatina. Eles são utilizados para manter a água nos vasos, é considerado o melhor para estabilização da PA. Cronicamente, o amido/gelatina faz com que ocorra reações imunomediadas, causando inflamação no organismo. Não utilizar em pacientes previamente inflamados (sepse/pancreatite etc). • Amido hidroxietílico HEMOCOMPONENTES (HC) São soluções contendo derivados do sangue. São utilizados em hipoalbunemia, distúrbios de coagulação, anemia severa e grandes hemorragias (perda ≥ 30% da volemia corporal). O maior risco na utilização de hemocomponentes é pela reação transfusional, por isso, aplicar uma dose de Dexametasona previamente ao HC. • Albumina. É indicado em casos de hipoproteinemia. 20mL/Kg por 16h • Plasma. É utilizado quando não é possível utilizar a albumina (mesmo tendo baixa efeitividade). É indicado para casos de trombocitopenia. 10mL/Kg por 18h. • Concentrado de hemácias. Utilizado em trombocitopenia + distúrbios de coagulação, anemia ou grandes hemorragias. Aplicar uma bolsa para cada 10kg. • Sangue Total. É utilizadoquando não é possível utilizar o concentrado de hemácias. É utilizado para anemias ou hemorragias agudas. 𝑽𝒐𝒍 (𝒎𝑳) = 𝟕𝟎 (𝒈𝒂𝒕𝒐)/𝟗𝟎 (𝒄ã𝒐) 𝒙 𝒑𝒆𝒔𝒐 𝒙 %𝒔𝒂𝒏𝒈𝒓𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝟏𝟎𝟎 OBS • Quando a PA estiver diminuída e com pulso fraco o valor da % de sangramento será de 40 • Quando a PA estiver diminuída e o pulso filiforme o valor da % de sangramento será de 50 FÁRMACOS VASOATIVOS Fármacos vasoativos são drogas que apresentam efeitos vasculares, sejam eles, diretos ou indiretos, atuando em pequenas doses e com resposta dose- dependente com efeito rápido e curto através de receptores situados no endotélio vascular. DOPAMINA É o fármaco vasoativo mais utilizado no mundo por ser o de preço mais barato, mas é o de pior efeito, pois atua no efeito beta e alfa. Utilizar apenas em casos de baixa complexidade. Não utilizar em pacientes graves, pois o seu efeito é fraco (baixa potência). Doses altas causa arritmia. Verificar constantemente o acesso venoso, pois a dobutamina administrada de maneira extravascular causa necrose tecidual. • Beta-adrenérgico (inotropismo e cronotropismo positivo) = 5-10 mcg/Kg/min • Alfa-adrenérgico (vasoconstrição) = 10-20 mcg/Kg/min DOBUTAMINA É a droga mais potente à nível beta. Utilizada em pacientes cardíacos. Ela perde a efetividade após 24h. • Beta-adrenérgico (inotropismo positivo) = 2- 15 mcg/Kg/min NORADRENALINA É considerado o padrão ouro para pacientes complexos. Possui efeito vasoconstritor muito potente, ótimo em casos graves para controle de PA. Altas doses causam isquemia de vísceras (DRC), por isso, usar em doses baixas. Quando o paciente não responde a doses altas de noradrenalina indica-se que o paciente é refratário à noradrenalina, condição gravíssima. • 0,05-2,0 mcg/Kg/min ADRENALINA Atua no efeito vasoconstritor potente, porém, pode causar lesões teciduais importantes e enorme trabalho cardíaco. É utilizado em casos de extrema complexidade (parada cardíaca e choque anafilática) ou quando não há outra medicação de escolha. • 0,05-0,2 mcg/Kg/min VASODILATADORES INIBIDORES DE ECA: MALEATO DE ENALAPRIL É o inibidor de ECA mais utilizado na MV, mas não é empregado na emergência pela demora do efeito (de até 15 dias). Usar apenas na rotina clínica. INIBIDOR DE RECEPTOR ALFA1- ADRENÉRGICO: ISOSSORBIDA É um vasodilatador misto e fraco (não utilizar em pacientes graves), mas que pode ser utilizado na emergência. Utilizar em crises de hipertensão ou edema pulmonar em que não há a opção de uso da Amilodipina. • ¼ ou ½ comprimido de 5mg sublingual BLOQUEADOR DO CANAL DE CÁLCIO: AMILODIPINA É um vasodilatador com propriedades cardioprotetores (redução da atividade microfilamentar). É o fármaco de primeira escolha e/ou em pacientes razoavelmente estáveis. • Cão (0,1-0,25 mg/kg) • Gato (0,625 mg/gato) ANTAGONISTA ALFA1-ADRENÉRGICO: HIDRALAZINA É mais potente do que a Amilodipina, porém deve-se utilizar sempre a Amilodipina antes. É um vasodilatador exclusivamente arterial. • Cão (0,5-2 mg/kg) • Gato (2,5 mg/gato) LIBERADOR DE ÓXIDO NÍTRICO: NITROPRUSSIATO DE SÓDIO É um potente vasodilatador misto, é utilizado apenas em casos de complexidade gravíssimas. É necessário a mensuração da PA o tempo todo para o ajuste da dose. Utilizar em equipos laranjas (medicamento fotossensível) e em bomba de infusão. • 1-5 mcg/Kg/min CHOQUE HEMORRÁGICO A hipovolemia implica diminuição do volume sanguíneo. O choque hipovolêmico é o tipo mais comum em emergências e refere-se a uma condição médica ou cirúrgica em que existe uma perda massiva de volume circulante com consequente diminuição da perfusão tecidual, que pode originar uma lesão ou insuficiência celular e/ou orgânica devido à hipoperfusão. TRATAMENTO: PRONTO-ATENDIMENTO • Atendimento rápido • Acesso venoso • Oxigenioterapia • Estabilização do paciente (minimizar o interromper o sangramento). Em sangramentos externo (pinçar o vaso ou estancar o sangramento). Hemorragias internas (fazer bandagens compressivas) • Manter a PAS entre 80-90 mmHg (diminuição na lesão dos órgãos e na hemorragia) • Não fazer teste de carga até o controle da hemorragia • A PA pode ser controlada com o uso de vasoativos APÓS A ESTABILIZAÇÃO DO PACIENTE: FLUIDOTERAPIA AGRESSIVA • Fazer 3 testes com RL. Manter a pressão em até 120 mmHg • Se a pressão não melhorar após as três tentativas de RL, fazer com hipertônica (2-4 mL/Kg) • Em casos de hipotensão, aplicar o concentrado de hemácias FÁRMACOS VASOATIVOS Utilizados nos casos que ainda há hipotensão mesmo após o uso do concentrado de hemácias. • Inotrópicos e vasocontritores PACIENTES REFRATÁRIOS Em pacientes que há a hipotensão é persistente mesmo após o uso de fluido agressiva e fármacos vasoativos • Fluido com colóide (?) • Uma outra opção além do colóide é o uso de vasopressina AVALIAÇÃO DO PACIENTE • Lactato • Hemogasometria arterial • Monitorar a HB, saturação, PA, FC/FR, temperatura, coloração de mucosa, TPC, movimentos intestinais, débito urinário e bilirrubina CHOQUE SÉPTICO É definido como uma resposta sistêmica a uma doença infecciosa (bactérias, vírus, fungos ou protozoários) que leva a uma disfunção orgânica. No sistema cardiovascular, ocorre a ativação de fatores depressores do miocárdio, redução da fibrinólise, ativação plaquetária e CID. No sistema respiratório, ocorre a lesão do endotélio pulmonar, hemorragia e trombose pulmonar, edema pulmonar, redução da complacência pulmonar, redução da ventilação, da perfusão e dos surfactantes e SARA. No sistema digestório, ocorre a hipoperfusão intestinal, isquemia e necrose, translocação bacteriana, prolongamento do estímulo inflamatório, coagulopatias no fígado, hipoglicemia, icterícia e EH. No sistema endócrino, ocorre o aumento do cortisol (síndrome de esgotamento da adrenal) e na resistência à insulina (hiperglicemia inicial). No sistema renal, hipoperfusão, alteração na microcirculação renal, agentes nefrotóxicos, depósito de imunocomplexos e IRA. No sistema nervoso, ocorre hipoperfusão, encefalopatias e hipoglicemia. CLASSIFICAÇÃO: SEPSIS 1 • Infecção + Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) SEPSIS 2 SEPSIS 3 TRATAMENTO: PRONTO-ATENDIMENTO PARA SEPSE • Acesso venoso para fluidoterapia • Iniciar o mais rápido possível uma dose de ANTB IV • Cefalosporina com metronidazol IV como primeira opção • Monitorização da PAM (até 120 mmHg) • Fazer teste de carga (apenas 1 tentativa). Pacientes que se encontram hipotensos após o teste de carga são enquadrados em choque séptico CHOQUE SÉPTICO: • Oxigenioterapia • Noradrenalina + 2 tentativas de teste de carga para o aumento da pressão EM CASO DE HIPOTENSOS REFRATÁRIOS • Fluidoterapia com cristalóide hipertônico • Sem melhora na PAM, aplicar Hidrocortisona ou Fludrocortisona • Se caso a PAM não melhore após a o uso do corticóide, associar Dobutamina/Felilefrina ou Vasopressina/Dexmedetomidina MONITORIZAÇÃO • Hemogasometria • Monitorizar variáveis CR e funções orgânicas ICCE TRATAMENTO: DIURÉTICOS Só é efetivo quando a PAM está normal. • Furosemida • Cão - 4 mg/kg IV. Aplicar em infusão contínua de 0,66 mg/kg/h ou reaplicar 2 mg/kg a cada 1-2hrs • Gato - 2 mg/kg IV. Aplicar em infusão contínua de 0,2-0,4 mg/kg/h ou reaplicar 1mg/kg a cada 1-2hrs. VASODILATADORES Utilizar apenas em animais com PAM normal. • DIGITÁLICOS • Dobutamina DIETA HIPOSSÓDICA • Fluidoterapia glicosada 5% OXIGENIOTERAPIA Levar o paciente para a oxigenioterapia quando ele apresentar dificuldade respiratória (esforçoou boca aberta), cianose, taquipneia, SpO2 <90% e PaO2 <60mmHg. TRANQUILIZAÇÃO E ANALGESIA • Butorfanol 0,1-0,3 mg/Kg • Morfina. No cão (0,1-0,2 mg/kg/h) em infusão. No gato (0,1/0,2 mg/kg/h) a cada 4- 6h SC. • Metadona 0,1 mg/kg TRAUMA TRAUMATISMO CRANIO- ENCEFÁLICO O traumatismo crânio-encefálico (TCE) é um insulto resultante de forças mecânicas externas aplicadas ao encéfalo e às estruturas que o circundam, que geram lesão estrutural e/ou interrupção da função encefálica por lesões primárias e secundárias. A causa mais frequente em cães é o atropelamento, porém chutes, mordidas, projéteis, lesões por esmagamento, quedas e feridas perfurantes. INJÚRIA PRIMÁRIA As injúrias associadas com o TCE podem, didaticamente, ser divididas em primárias e secundárias. A primária ocorre imediatamente após o impacto, iniciando uma série de processos bioquímicos que resultam na secundária. Ambas contribuem para o aumento na PIC e influenciam a taxa de morbidade e mortalidade associada ao TCE. A injúria encefálica primária decorrente de um TCE resulta de um dano traumático mecânico direto, e envolve o rompimento de estruturas intracranianas no momento do evento traumático. Dentre as injúrias primárias, tem-se o dano direto ao parênquima encefálico, fraturas, hematomas, lacerações e lesão axonal difusa. A lesão vascular direta pode resultar em hemorragia intracraniana e edema vasogênico. As fraturas cranianas podem contribuir para o trauma contínuo ao parênquima encefálico e vasos sanguíneos, principalmente se estas forem instáveis. A maioria dos cães com TCE não apresenta fratura dos ossos cranianos, porém desenvolve graus variáveis de hemorragia. INJÚRIA SECUNDÁRIA A injúria encefálica secundária ocorre imediatamente após a primária, causada por uma combinação de eventos vasculares, alterações físicas, bioquímicas e eletrolíticas que exacerbam os efeitos deletérios da injúria primária. Estas podem ter causas intracranianas (ex. hematoma, edema encefálico, infecção) ou extracranianas (ex. hipotensão, hipóxia, hipercapnia, alterações de coagulação, infecção). A lesão encefálica traumática resulta em ativação de várias vias bioquímicas interligadas que agem perpetuando maiores danos e elevando a PIC. Estas lesões são mediadas pelo aumento da atividade de neurotransmissores excitatórios, geração de radicais livres e produção de citocinas pró-inflamatórias. As alterações inflamatórias pós-traumáticas contribuem para a degeneração neuronal. Imediatamente após o trauma, há liberação massiva de neurotransmissores excitatórios, principalmente o glutamato, o que resulta em atividade metabólica excessiva e depleção de adenosina trifosfato (ATP). A falha energética causa alteração na homeostase celular iônica e favorece o influxo repentino e incontrolado de sódio e cálcio para os neurônios. Desta forma, ocorre edema citotóxico e despolarização; é um edema intracelular que ocorre após 2h da lesão. Vários fatores induzem à produção de radicais livres após o TCE, como a acidose tecidual e a hipoperfusão, além de metabólitos do ácido araquidônico, a oxidação de catecolaminas e os neutrófilos ativados. Os radicais livres são particularmente nocivos às membranas celulares com altos níveis de gordura poliinsaturada e colesterol. Uma vez que o tecido encefálico é rico em lipídeos, ele é particularmente sensível à lesão oxidativa, que tem importante papel na lesão encefálica secundária. O TCE é associado com a liberação de citocinas inflamatórias, seguida de infiltração e acúmulo de células inflamatórias. Estes mediadores perpetuam lesões secundárias por meio da ativação das cascatas de coagulação e do ácido araquidônico, a qual altera a barreira hematoencefálica (BHE) e induz à produção de óxido nítrico (NO). O NO leva à vasodilatação excessiva, com perda da pressão de auto-regulação, além de contribuir para os danos teciduais mediados por radicais livres e glutamato A vasodilatação excessiva e perda da BHE leva ao edema vasogênico. O edema vasogênico ocorre, geralmente, após 6-8 horas da lesão, esse tipo de edema aumenta o volume cerebral, comprimindo o encéfalo contra a parede craniana, aumentando a PIC. PRESSÃO INTRACRANIANA (PIC) A pressão intracraniana (PIC) é a pressão exercida pelos tecidos e líquidos dentro da calota craniana, e apresenta grande importância devido aos seus efeitos sobre a perfusão encefálica. Os valores normais da PIC em cães variam de 5 a 10mmHg. O crânio é um compartimento rígido que engloba três componentes: o parênquima encefálico, sangue arterial e venoso, e líquido cefalorraquidiano (LCR). A doutrina de Monro-Kellie afirma que o volume total dos conteúdos intracranianos deve permanecer constante. Em situações normais, estes componentes existem em um estado de equilíbrio dinâmico, balanceado, e o aumento em um destes pode, inicialmente, ser compensado pelo deslocamento de partes dos outros, para que a PIC não se eleve. Esta acomodação é conhecida como complacência intracraniana (CI), obtida pela compressão dos vasos encefálicos que resulta em redução do volume sanguíneo encefálico, redução do volume de LCR através de aumento da reabsorção e deslocamento deste em direção ao compartimento espinhal, e redução na sua produção. A CI tem limitações, e reduz à medida que a PIC aumenta. Caso a PIC aumente além destes limites de compensação, a perfusão encefálica é comprometida e ocorre isquemia do tecido encefálico. O fluxo sanguíneo encefálico (FSE) decresce, o que resulta em aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) que é percebido localmente pelo centro vasomotor. Este centro inicia uma resposta do sistema nervoso simpático, levando a um aumento na pressão arterial média (PAM), como tentativa de manter a pressão de perfusão cerebral (PPC). A PPC deve estar > 70mmHg e a PAM > 90 mmHg. 𝑷𝑷𝑪 = 𝑷𝑨𝑴 − 𝑷𝑰𝑪 TRATAMENTO: OXIGENIOTERAPIA MÁSCARA Utilizar a máscara de material adequado e proporcional ao paciente • Fluxo de 100-200 mL/Kg/min GAIOLA É indicada apenas nos períodos em que o paciente não será manipulado ou medicado INTUBAÇÃO É indicada nos casos mais graves ou diante da necessidade de ventilação. CATETER NASAL/COLAR DE FILME PLÁSTICO Não utilizar. O animal pode espirrar na colocação ou durante o tratamento com o cateter nasal. O colar é contraindicado, pois pode causar hipertermia. HIPOTENSÃO ARTERIAL RINGER LACTATO Quando o animal estiver hipotenso, fazer um teste de carga com RL • 60 mL/Kg/h de 10-15min SOLUÇÃO HIPERTÔNICA Se o animal não responder ao teste de carga com RL, a segunda opção é fazer fluido com NaCl 7,5¨% • 2-4 mL/Kg ALBUMINA E SANGUE TOTAL Se o animal continuar hipotenso mesmo após a administração de NaCL pode ser sugestivo para hemorragia (procurar hemorragias internas). FÁRMACOS VASOATIVOS COLÓIDES A última opção é o uso de colóides, pode ser arriscado. TEMPERATURA O ideal é que o paciente esteja normotérmico ou com hipotermia discreta. A hipotermia diminui o metabolismo cerebral, porém aumenta a viscosidade sanguínea, causa arritmias, diminui o DC e aumenta suscetibilidade à infecções. Em casos de hipertermia, cada 1°C aumentado aumenta em, aproximadamente, 8% o metabolismo cerebral, aumentando a degeneração neuronal. GLICEMIA O ideal é que o animal esteja com a glicemia normal. A hipoglicemia causa depleção de ATP e edema citotóxico. A hiperglicemia causa glicólise anaeróbica e aumento do ácido lático. MONITORIZAÇÃO DA PIC O padrão ouro para a monitorização da PIC é por meio de um cateter cerebral, porém não é a realidade brasileira.
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