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MARCELLA GARRIDO 1 Emergência e cuidados intensivos 05/05/2020 Choque Marcella Garrido Definição de choque: é a diminuição do fluxo sanguíneo efetivo e da distribuição de oxigênio aos tecidos, resultando em baixa da demanda tecidual. É o estado no qual a redução ampla e profunda da perfusão tecidual efetiva ocasiona incialmente lesão tecidual reversível que, mais tarde, torna-se irreversível O paciente chocado tem alteração circulatória importante, onde o oxigênio não é distribuído corretamente pelo corpo, gerando baixa demanda tecidual, é uma deficiência circulatória, problema está no debito cardíaco, não no sistema respiratório. Classificar o choque é muito importante para determinar o tratamento, muda o prognóstico, mas quase nada as manifestações clínicas, quase todo tipo de choque tem os mesmos sintomas, o organismo não difere o que está acontecendo. Há dois tipos de classificação de choque, onde um explica o que está acontecendo para o debito cardíaco estar baixo (hipovolêmico, cardiogênico, distributivo e obstrutivo). Tipos de choque: ‘’classificação primaria’’ • Hipovolêmico -> DC baixo, pois está faltando volume, para tratar deve repor volume, se for rápido a tendência é que fique tudo bem, mas se demorar fica irreversível. Ex: desidratação vomito + diarreia ou DRC, hemorragia. • Cardiogenico -> DC baixo, porque tem um problema no coração (cardiopata), deve tratar a cardiopatia. Ex: cardiomiopatia dilatada, arritmia. • Choque distributivo -> o paciente está distribuindo mal o volume sanguíneo que tem no corpo. Ex: choque anafilático, o animal faz vasodilatação absurda, ocorrendo choque distributivo, para tratar deve fornecer vasoconstritor + fluido. • Obstrutivo -> há a obstrução de algum vaso importante, deve desobstruir para tratar Ex: trombo na cava (não tem bom retorno venoso – DC baixo), tumor na aorta, torção gástrica. Classificação generalista, não é especifica Essa classificação é bem generalista pois, ao falar choque hipovolêmico pode ser um cão com diarreia e vomito que desidratou, ou um cão está com hemorragia, e o tratamento não é o mesmo. Por isso existe uma segunda classificação, ela é baseada na etiopatogenia, o porquê ocorreu o choque e não o que está acontecendo. Classificação baseada da etiopatogenia o porquê o choque ocorreu (hemorrágico, séptico, neurogênico e anafilático) • Hemorrágico -> Entrou em choque porque está perdendo sangue – é um tipo de choque hipovolêmico, deve realizar transfusão. • Séptico -> É um tipo de distributivo pois, causa vasodilatação, mas no tratamento desse paciente deve incluir antibiótico obrigatoriamente. • Neurogênico -> É um tipo de distributivo, mas não adianta só fazer vasoconstrição, tem que proteger o sistema nervoso (neuroprotetor). É quando tem alguma alteração MARCELLA GARRIDO 2 neurológica que o paciente perde o controle vascular, fazendo vasodilatação, tendo que fazer a vasoconstrição, mas também precisa proteger ou tratar a lesão neurológica. • Anafilático -> É misto, sendo hipovolêmico e distributivo. Deve fazer volume – fluidoterapia e vasoconstrição, mas a principal particularidade dele é que tem que segurar a reação alérgica, deve fazer corticoide e antialérgico – está sendo específico. O choque anafilático gera edema generalizado e o edema é liquido de dentro do vaso para fora do vaso, com isso o volume que fica no intravascular é pequeno, então ele fica hipovolêmico, além de vasodilatar junto com isso, ficando distributivo também, por isso é tão grave, é a mistura de dois. Todos choques podem causar trombo, mas o séptico é o que mais causa. Saber as classificações é importante pois, irá mudar muito o tratamento (hemorrágico dá sangue, mas anafilático não), o prognóstico (hemorragia se repor o sangue rápido a tendência é que ele fique bem, mas choque anafilático e neurogênico não é tão fácil estabilizar) e quase nada as manifestações clinicas – tem basicamente os mesmos sintomas os choques, como no caso de uma hemorragia externa é possível ver o animal sangrando, anafilático irá ver edema, séptico irá ter febre e hipoglicemia que não é comum, neurogênico pode ver alguma alteração neurológica, mas tirando isso o resto é tudo igual em relação aos sinais e sintomas.’ PARA O ORGANISMO CHOQUE = HIPOVOLEMIA ❖ Exemplos: CASO 1: Choque hemorrágico, hemorragia abdominal (tumor abdominal), o sangue fica no peritônio então não volta para o coração, o coração fica murcho e a hora que bater de novo irá jogar pouco sangue na aorta, distendo pouco os barorreceptores, entende que chegou pouco volume – hipovolemia. CASO 2: Choque cardiogênico, animal com insuficiência cardíaca congestiva esquerda (ICCE), o coração bate e ao invés de ir para a aorta volta boa parte para o átrio e pulmão, ou seja, o que vai para aorta é pouco, estimula pouco o barorreceptor e chega pouco volume no rim, o organismo é hipovolemia. CASO 3: choque anafilático, edema generalizado e vasodilatação, o sangue sai do vaso e o pouco que tem fica na periferia, não volta pro coração, ficando murcho e batendo com pouco volume, gerando hipovolemia. Sinai clínicos de choque: taquicardia, hipotensão, taquipneia, mucosas pálidas, TPC aumentado -> defesa da hipovolemia Fisiopatologia: 1. Hipovolemia ativa o sistema nervoso simpático, liberando 3 hormônios: ✓ Cortisol ✓ Adrenalina ✓ Noradrenalina Cortisol: hormônio hiperglicemiante (SNS gasta muita glicose, é trabalho muscular), ou seja, quando mais alta estiver a glicemia, pior foi o trauma. MARCELLA GARRIDO 3 Adrenalina e noradrenalina: são neurotransmissores do SNS, geram taquipneia (O2 para quebrar a glicose), vasoconstrição para irrigar órgãos mais importantes (palidez, aumento de TPC, extremidades frias) gera oliguria 2. O SNC tenta compensar, através de 2 hormônios: ✓ ACTH: libera cortisol e aldosterona (retém sódio no rim junto com H2O = oliguria) ✓ Vasopressina (ADH): aumenta vasoconstrição diminuindo ainda mais a produção de urina SNA ATIVAÇÃO SIMPÁTICA CORTISOL HIPERGLICEMIA SUPORTE ENERGÉTICO ADRENALINA VASOCONSTRIÇÃO REDISTRIBUIÇÃO DE VOLUME NORADRENALINA VASOCONSTRIÇÃO REDISTRIBUIÇÃO DE VOLUME INOTROPISMO CRONOTROPISMO SNC ACTH ALDOSTERONA REABSORÇÃO DE ÁGUA HIPERVOLEMIA CORTISOL HIPERGLICEMIA SUPORTE ENERGÉTICO VASOPRESSINA REABSORÇÃO DE AGUA HIPERVOLEMIA VASOCONSTRIÇÃO REDISTRIBUIÇÃO DE VOLUME MARCELLA GARRIDO 4 3. Nos rins ocorre a ativação do sistema renina angiotensina aldosterona O rim é um dos órgãos que mais sofre, pois nele agem diversos mecanismos para compensar a hipovolemia como a vasoconstrição provocada por noradrenalina e adrenalina, ação da aldosterona e vasopressina, por isso que muitos pacientes que chocam acabam desenvolvendo DRC Lactato: produzido quando as células estão sofrendo hipóxia, pois fazem anaerobiose produzindo o ácido lático, por isso é importante dosar o lactato sempre em pacientes na emergência. A privação de oxigênio geralmente ocorre na seguinte ordem: Pele (pálido) Intestino (hiporexia, vomito, diarreia) Músculos (apático) Rins (oliguria) Fígado (icterícia) Pulmão (dispneia) Coração/cérebro (parada cardiorrespiratória) Se o lactato der um pouco aumentado, significa que está cortando O2 de poucos órgãos; se o lactato estiver muito alto significa que vários órgãos já estão sofrendo hipóxia. Quanto mais alto tiver o lactato mais grave é, pois significa que tem um número maior de células produzindo ácido lático. Quando dá alto, tem pouco tempo para reverter. Obs: Qualquer trauma gera edema. RINS RENINA REABSORÇÃO DE ÁGUA HIPERVOLEMIA MARCELLA GARRIDO 5 Estadiamento do choque O estadiamento do choque, deve ser feito assim que o paciente chegar para saber se o paciente já está chocadoou se tem potencial para evoluir e entrar em choque. ➔ Estágio compensado: momento inicial do choque, sinais vitais normais ou pouco alterados, animal deve ser mantido em observação. Hipermetabolismo, momento inicial onde o organismo eleva devagar a FC e FR, faz leve vasoconstrição para compensar o edema/hemorragia que ocorreu, portando é indicado manter o animal em observação no mínimo 8h, ideal seria 48h que é o pico da inflamação Deve fazer analgesia fraca (tramal e dipirona) AINE, colocar em fluido muito lenta (4gotas/min), tirar todos os parâmetros e repetir o procedimento a cada hora O ideal é a FC ir diminuindo já que o animal está em descanso (observação), agora se começar a subir os valores, o paciente está fazendo grande edema/hemorragia e está descompensado Sem alteração de lactato. o Hipermetabolismo Cronotropismo positivo discreto (normal) Inotropismo positivo Taquipnéia discreta (normal) Aumento da resistência vascular sistêmica Aumento do consumo de oxigênio TPC < 1seg Mucosas hipercoradas Atividade mental normal ➔ Estagio descompensado inicia ou hiperdinamico: começa a alterar todos os parâmetros – tratamento agressivo e mostra alto grau de atividade do SN simpático Aumenta lactato, taquicardia (FC 200) gata não faz taquicardia em choque, quebra a barreira intestinal (sistema imunológico para de funcionar) ocorre translocação bacteriana e pode desencadear sepse, taquipneia, cai PA, aumenta TPC, mucosa pálida, animal frio, apático e oliguria Deve fazer muito fluidoterapia (peso x 20) com volume adequado e na velocidade certa, e oxigenioterapia o Descompensado inicial: Vasocontrição seletiva Hipóxia tecidual Cronotropismo positivo progressivo (cão) Inotropismo negativo (fatores pancreáticos) Quebra da barreira intestinal Taquipnéia (shunt pulmonar) Hipotensão arterial Redução do consumo de oxigênio TPC > 2 seg Mucosas hipocoradas Oligúria ou anuria Hipotermia Menor atividade mental ➔ Estagio descompensado ou hipodinamico: prognostico ruim, desliga o SN simpático, o que estava em vasoconstrição faz vasodilatação, o que era taquicardia vira MARCELLA GARRIDO 6 bradicardia, pressão desaba, mucosa muita pálida/cianótica, TPC inviável, hipotermia, coma. Geralmente é irreversível Perda da Autorregulação Vasodilatação generalizada Bradicardia Inotropismo negativo Hipotensão arterial Mucosas pálidas ou cianóticas TPC inviável Anúria Hipotermia Coma Pra que serve a dosagem do lactato? Ref: 2,2 quanto mais alto, pior o estado do animal, se estiver tratando corretamente o esperado é que caia 20% a cada hora, porem para dosar a cada hora é inviável pelo custo Protocolo golden hours: medir 3 vezes ao dia ✓ Quando o animal chega ✓ Após 6h (deve cair pelo menos 50% do valor inicial) ✓ Após 24h (deve dar dentro do valor de referência) Se o valor não chegar nessas referencias, significa que o tratamento não está sendo eficiente, deve melhorar. o Comparar o valor de 6h com o de 24h (se o valor de 24h for > que de 6h, prognostico muito ruim, mesmo mudando terapia há pouca chance de reverter o caso). Tratamento O tratamento do choque sempre se inicia com oxigenioterapia e fluidoterapia, exceto no choque cardiogênico. Fluidoterapia: Existem 5 tipos de fluidoterapias, no brasil 4, pois não há a hemoglobina sintética (hemoglobina bovina que usa pra transportar oxigênio quando não há sangue disponível). 1. Cristaloides isotônicos 2. Coloides sintéticos 3. Cristaloides hipertônicos 4. Hemocomponentes Cristaloide isotônico (Ringer Lactato – solução fisiológica): sempre irá usa, a duvida é se usa isolado ou com outra solução: Não são muito eficientes em estabilizar pressão, pois hidrata a célula, mas 75% do liquido extravasa do vaso em 1 hora, caindo a pressão novamente, esse é o problema de usa sozinho São eficazes em hidratar as células, mas podem até causar edema. A velocidade do soro é mais importante que o volume, deve ser feito o teste de carga (soro feito por período curto e bem rápido): MARCELLA GARRIDO 7 ▪ Bomba de infusão: 60ml/kg/hr peso do animal x 60 = vazão: irá dar quantos ml por hora tem que fazer na bomba, colocando para descer durante 10 - 15 minutos, após desse período deve parar a bomba e reavaliar o paciente. Caso estabilize deve ficar monitorando só e manter na velocidade de manutenção, caso não estabilize pode refazer em até 3 vezes – teste de carga. Ex: 5kg x 60 = 300ml por 10 a 15 min e para a bomba. (75ml +-) 40kg x 60 = 2400 -> deve fazer mais bombas = 4 bombas, mas não é tão eficiente pois animal se mexe muito, sendo mais indicado mais animais de pequeno/médio porte), sendo melhor então fazer 2 bombas de RL e associar com outro solução Geralmente usa-se 1 bomba para cada 10 kg ▪ Sem bomba de infusão: peso x 20 Ex: 15kg x 20 = 300 gotas/minuto -> 2 acessos, pois não pinga em 1 cateter só Porém esse tipo de fluido está produzindo coisas ruins, vai acarretar alguns problemas como a formação de edema (retorno venoso ruim – DC baixo) organismo irá fazer um shunt (abre comunicação entre arteríola e vênula, sem passar por capilar, ou seja, o sangue começa a voltar oxigenado, melhora o DC e chega sangue para o cérebro, (paciente levanta a cabeça, parece melhorar), mas as células que ficam nos capilares estão morrendo, elevando muito lactato nesse momento, se até aqui der muito muito volume rápido para o paciente, a pressão no capilar volta, fecha o shunt e volta a circular normalmente – reversível. Se não der grande volume rápido, os capilares formam trombos, não há mais como fazer a desobstrução dos coágulos – irreversível. LACTATO ALTO + PLAQUETA BAIXA = CID coagulação intravascular disseminada (CID) Deve entrar com anticoagulante, para tentar minimizar a formação de trombo, mas não deixa de ser irreversível. irá diluir fatores plasmáticos e irá causar acidose hiperclorêmica no paciente, contudo, ainda é a melhor coisa a ser feita. A acidose irá acontecer pois, tanto ringer com lactato quando a solução fisiológica tem muito cloro, ao dar cloro para um animal ele irá jogar o bicarbonato fora causando acidose. E se conseguir pegar só uma veia de um paciente de 40 kg? SOLOUÇÃO HIPERTONICA ANTES DO RINGER LACTATO Cristaloide hipertônico (cloreto de sódio 7,5%): usar quando não pode esperar (hemorragia) ou quando não conseguir fornecer a quantidade necessária no tempo ideal de ringer lactato (raças grandes/gigantes). Atrai água aumentando volemia do paciente na hora – expansor exclusivamente intravascular Contra indicado em casos de desidratação severa e hipernatremia. 2 a 4ml/kg em 5 minutos Ex: 50kg x 3 = 150ml em 5 minutos anaerobiose Gastou com a coagulação MARCELLA GARRIDO 8 Estabiliza o paciente muita rápido com a solução hipertônica, mas a PA só fica boa por 1 hora, deve colocar no ringer lactato em seguida e não realizar o teste de carga, fazer apenas a metade do volume (BI: peso x 30 - s/ BI: peso x 10) Concentrações: • 0,9% 0,9% = 12,ml • 7,5% - 7,5% • 20% 20% = 6,6ml Coloides sintéticos (amido hidroxietilico/gelatina): usa em último casos – aumenta mortalidade (desencadeia resposta imunológica/inflamatória), melhores em estabilizar pressão por tempo prolongado, só pode ser utilizado em pacientes sem processo inflamatório instalado. 10ml/kg Hemocomponentes: derivados do sangue Existem 4 situações que pode-se usar Hemorragia muito grande (perda > 30% volume de sangue) -> repor com concentrado de hemácias ou sangue total Proteína muito baixa -> repor com albumina ou plasma (mais barato) Coagulopatias -> repor com plasma Anemia severa -> reporcom concentrado de hemácia ou sangue total Plaquetas baixas -> repor com concentrado de plaquetas Corre risco de reação transfusional sempre V (ml) = 70 (gato) ou 90 (cão) x peso x % de sangramento 100 Albumina: 20ml/kg Plasma: 10ml/kg Ex: gato 5kg perdeu metade de sangue do corpo V = 70 x 5 x 50 -> 175ml 100 ➔ Saber quanto o animal sangrou: MARCELLA GARRIDO 9 I – Parar a hemorragia e realizar fluidoterapia – não precisa de transfusão nem teste de carga II – Realizar teste de carga, fluidoterapia e observação – não precisa de transfusão III – Realizar teste de carga, fluidoterapia e transfusão usar 40% se conseguir contar FC no pulso da a. femoral IV- Usar 50% se não conseguir contar a FC no pulso da a. femoral (pulso filiforme) Atendimento rápido – emergência 1. Interromper sangramento 2. Oxigenioterapia 3. Fluidoterapia + PAS a) Se hipotenso: Teste de carga com ringer lactato 3 tentativas, se manter hipotenso + solicitar bolsa de sangue b) Hipertônica c) Se tiver PAS baixa -> fármacos vasoativos (inotrópico depois vasoconstritor) d) Coloide e) 1 dose de corticoide: hidrocortisona ou fludrocortisona Obs: Se paciente continuar com hemorragia não deixar PAS passar de 90mmHg, pois irá remover os coágulos que estancaram a hemorragia e a hemorragia irá voltar, só elevar a pressão depois que o paciente estancar a hemorragia interna. 12/05/2020 Sepse Definição: disfunção orgânica ameaçadora a vida causada pela desregulação orgânica frente a infecção, ou seja, presença de uma infecção que afeta os órgãos, fazendo com que haja a disfunção do mesmo, podendo ameaçar a vida do paciente. ▪ Disfunção orgânica, causada por infecção capaz de ameaçar a vida Qual o órgão mais afetado? Depende, a sepse gera uma inflamação generalizada no organismo, afetando vários sistemas o Sistema cardiovascular: quando começa a infecção começa a produção de radicais libres, as bactérias liberam LPS, que quando cai na circulação e chega no miocárdio provoca grande depressão miocárdica, podendo aparecer arritmia ou déficit de contratilidade com hipotensão, reduz fibrinólise e ativa plaquetas, gerando trombos CID. Anticoagulante é indicado na sepse, pois diminui mortalidade se utilizado corretamente o Sistema respiratório: as bactérias começam a lesar o endotélio pulmonar, extravasando sangue para o pulmão, o organismo tenta amenizar para evitar uma hemorragia pulmonar, formando trombos -> edema pulmonar, diminuição da complacência, reduz ventilação, reduzindo perfusão, reduzindo os surfactantes (pneumocito tipo II) havendo área de colabamento pulmonar, gerando síndrome de angustia respiratória aguda (SAA, paciente pode desencadear insuficiência respiratória. o Sistema digestório: intestino começa a receber menos sangue, principalmente as microvilosidades, gerando área de necrose/isquemia - lesão, levando bactérias do intestino para circulação, potencializando o processo inflamatório MARCELLA GARRIDO 10 O fígado é responsável pela produção do fator de coagulação, gerando coagulopatias, responsável pela glicemia também, deixando o paciente hipoglemico se parar de funcionar, aumenta bilirrubina deixando o paciente ictérico, pode ocorrer também encefalopatia hepática. o Sistema endócrino: pelo excesso de cortisol primeiramente ocorre uma hiperglicemia pela resistência a insulina, depois que o cortisol acabar ocorre a síndrome de esgotamento da adrenal, deixando o paciente refratário e com hipotensão grave o Rins: diminui a perfusão renal, gerando lesao renal levando a insuficiência renal aguda o Neurológico: hipoperfusão com microtrombos, encefalopatia urêmica e hepática, junto com hipoglicemia Sepsis 1: Existem 3 padronizações de sepse no mundo. Nem toda infecção é sepse, só é sepse quando junto da infecção o paciente apresentar quadro de SIRS – síndrome de resposta inflamatória sistêmica (paciente começou a inflamar de forma sistêmica) Sepse = infecção + resposta inflamatória sistêmica Observar os seguintes parâmetros: Variáveis Critérios FC ▪ Cão: < 70 bpm ou >160 bpm ▪ Gato: < 100 bpm ou > 250 bpm FR/ PaCO2 > 20 mrpm ou PaCO2 < 32 mmHg Temperatura < 37,5 °C ou > 39,7 °C Leucócitos < 4000/mm3 ou > 12000/mm3 10% em desvio a esquerda ➔ Se tiver 2 desses valores alterados e sem dor = SIRS (inflamação sem infecção) Ex: paciente com piometra e FC, FR e temperatura normais, com 40.000 leucocitos: Significa que tem apenas infecção no útero, mas não possui inflamação sistremica (apenas infecção) MARCELLA GARRIDO 11 Ex2: paciente politraumatizado por atropelamento, FC e FR elevados, temperatura normal e leucopenia Medicado com analgésico, não demonstrou dor, e continua taquicardico e taquipneico, mas não observa nenhum sinal de infecção (sem infecção com inflamação) Significa que paciente está com SIRS ➔ Se tiver 2 desses valores alterados + infecção = SEPSE Ex3: animal com perfuração intestinal por um espeto Hipotérmico e com leucocitose. Com contaminação de liquido peritoneal (peritonite bacteriana) Significa que animal está com SEPSE (infecção + inflamação) Ex4: paciente com piometra, febre e leucocitose Significa que está em sepse – deve ficar internada ate a cirurgia Obs: se tiver dor deve tratar antes para depois verificar se tem sirs ou sepse, pois a dor altera os valores dos sinais vitais Sepse grave: quando o paciente além de estar em sepse possuir alguma dessas alterações também: Paciente deve ser internado ! Sepsis 2: Ao começar a tratar o paciente de sepse 1 era difícil dizer sobre melhora ou piora, portanto, o pessoal da medicina resolveu atualizar e fazer o sepse 2, que também é chamado de PIRO. A ideia é ótima, mas o sistema de atendimento é de um mundo não existente pois, de acordo com eles assim que o paciente apresentasse um diagnóstico de SEPSE ou de infecção, ele deveria conversar com um epidemiologista para identificar fatores predisponentes à choque séptico – questões familiares, se usa algum imunossupressor ou quimioterápico, se são MARCELLA GARRIDO 12 pacientes neonatos ou idosos que são mais sensíveis, já é grave, mesmo que o paciente ainda não tivesse acometimento maior. A partir desse momento, o infectologista deve averiguar o agente infeccioso, qual é a carga bacteriana, local de infecção e o grau de comprometimento. Após isso, uma outra pessoa vai olhar os exames procurando sinais de SIRS e marcadores inflamatórios como proteína reativa, fibrinogênio, alterações de hemogasometria. E por fim uma última uma pessoa que irá monitorar de forma continua esse paciente, para identificar uma disfunção orgânica. A pessoa teria que ter a disposição 4 médicos simultaneamente, portanto, isso nunca foi implementado no sistema de atendimento Sepsis 3: Como viram que não daria certo o PIRO, foi criado o SEPSE 3 – é o que estamos até hoje. Ele é quase uma volta para o SEPSE 1, mas com algumas atualizações que são extremamente importantes. É chamado de técnica SOFA. • Gasometria: avaliar função respiratória • Dosagem de plaquetas: monitorar coagulação • Bilirrubina: monitorar o fígado • PA: monitorar sistema cardiovascular • Escala de Glasgow: avaliar grau de consciência • Creatinina: monitorar função renal MARCELLA GARRIDO 13 Sendo assim, possível de dar uma nota para o estado do paciente, quanto maior a pontuação do SOFA, pior a gravidade. A vantagem é de que assim conseguimos monitorar a evolução do paciente, se o tratamento está melhorando ou não, de acordo com o valor do SOFA. ➔ 1 ponto com infecção já é sepse -> já deve internar ▪ No brasil interna acima de 2, e abaixo desse valoro caso é analisado Quick SOFA : não é uma realidade na veterinária. Tratamento sepse: 1. Colocar no oxigênio 2. Fluidoterapia com ringer lactato + antibiótico cefalosporina + metronidazol 3. Medir PAS = 120mmHg (se estiver boa -> monitorar por SOFA; se estiver hipotenso deve realizar a) Teste de carga com ringer lactato (3 tentativas), se não funcionar ou não conseguir o número de acessos necessários: b) hipertônica c) vasoativos d) coloide e) 1 dose de corticoide: hidrocortisona ou fludrocortisona Diferenças do tratamento de choque hemorrágico e séptico Hemorrágico: PAS 90mmHg Utiliza bolsa de sangue Séptico: PAS 120mmHg Utiliza antibiótico Obs: choque séptico é quando o animal tem sepse e está hipotenso. MARCELLA GARRIDO 14 Infecção: quando há crescimento bacteriano, mas não há inflamação sistêmica Sepse: infecção + sinais de SIRS Choque séptico: infecção + sinais de SIRS + hipotensão Tratamento emergencial de ICCE - Edema pulmonar ❖ Introdução: O edema pulmonar é o motivo de choque cardiogênico mais comum, devido a insuficiência de válvula mitral dando ICCE. ❖ Etiologia: A ICCE geralmente acontece porque a válvula mitral do animal não está funcionando direito, no momento em que o ventrículo esquerdo contrai ao invés do sangue sair pela aorta, muito dele volta para o átrio, no começo o átrio esquerdo aumenta de tamanho e absorve esse volume, porém quando crônico irá gerar refluxo pulmonar. Ocorre volta de sangue para o pulmão, que volta em uma determinada pressão, como por exemplo um refluxo com pressão de 10 mmHg. Irá se chocar com o sangue que está chegando no pulmão gerando uma hipertensão pulmonar de origem cardiogênica. A pressão que volta (10 mmHg) se soma com a pressão de vinda, ou seja, o sangue deveria chegar com 25 mmHg, mas se está voltando 10 mmHg e isso significa que começou a chegar com 35 mmHg, tornando a pressão alta nos capilares pulmonares com isso a saída de liquido aumenta de dentro do vaso para os alvéolos, que não volta para o capilar porque a pressão não diminui em nenhum momento, ocorrendo assim o edema pulmonar. ❖ Tratamento: diminuir a pressão pulmonar Obs: precisa ter PAS boa 1. Oxigenioterapia 2. Diurético – furosemida – IV bolus e infusão continua, se não tiver bomba de infusão continua pode reaplica IV a cada 1 – 2 horas. 3. Medir PA a) se PA estiver boa - Furosemida irá funcionar e pode entrar com vasodilatador b) hipotenso – furosemida não vai agir: - > Teste de carga com glicose 5% (animal em edema pulmonar não pode com sódio) abre totalmente o soro e deixa correr de 5 a 10 ml/kg PA boa: usar vasodilatador – amlodipina/hidralazina/isossorbida/nitropussiato de sódio PA ruim: dobutamina (melhor vasoativo para cardiopata), se mesmo assim a PA não subir, associar com noradrenalina 4. Tranquilização e analgesia por conta da dispneia: morfina 0,1 – 0,2 mg/kg/h infusão (cão) ou SC no gato a cada 6h + metadona 0,1 mg/kg ou butorfanol (0,1 – 0,3 mg/kg).
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