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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 - A desidratação, mais frequentemente decorrente de gastrenterite aguda, é um problema comum em crianças - A maioria dos casos pode ser tratada com reidratação oral - Mesmo as crianças com desidratação hiponatrêmica (leve ou moderada) ou hipernatrêmica podem ser tratadas com reidratação oral MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - O 1º passo é avaliar o grau da desidratação, que vai determinar a urgência da situação e o volume de líquido necessário para a reidratação - O lactente com desidratação leve (com perdas de 3% a 5% do peso corporal) tem poucos sinais ou sintomas clínicos. O lactente pode ter sede, e pais atentos podem notar a diminuição do débito urinário e por isso o histórico é muito útil - O lactente com desidratação moderada tem sinais e sintomas físicos evidentes. A depleção do espaço intravascular se torna evidente com o aumento da frequência cardíaca e com a diminuição do débito urinário, e esse paciente necessita de intervenção relativamente imediata - O lactente com desidratação grave apresenta-se severamente doente. A diminuição da PA indica que os órgãos vitais podem estar com perfusão inadequada, sendo necessária intervenção imediata e agressiva - A criança com desidratação grave deve receber inicialmente terapia IV, sempre que possível - Na desidratação hipernatrêmica, o grau de desidratação é subestimado porque o movimento da água do espaço intracelular para o espaço extracelular ajuda a preservar o volume intravascular - O histórico clínico geralmente sugere a etiologia da desidratação e pode indicar se o paciente terá uma concentração normal de sódio (desidratação isotônica), ou diminuída na desidratação hiponatrêmica ou aumentada na desidratação hipernatrêmica - O RN com desidratação por baixa ingestão de leite materno com mais frequência tem a desidratação hipernatrêmica - Em crianças com maior perda de líquido hipotônico e baixa ingestão de água, a desidratação geralmente é do tipo hipernatrêmica, e essa também pode ocorrer na criança com diarreia e com baixa ingestão oral em razão de anorexia ou vômito NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 - A desidratação hiponatrêmica ocorre em crianças com diarreia que estão recebendo grandes quantidades de líquido de baixo teor de sal, tal como água ou fórmula para lactentes - Algumas crianças com desidratação apresentam sede normalmente, mas em outras a ausência de sede faz parte da fisiopatologia da desidratação - Mesmo que a diminuição da diurese esteja presente na maioria das crianças com desidratação, a diurese normal pode estar falsamente presente se a criança com um distúrbio renal, como diabetes insípido ou uma nefropatia perdedora de sal, ou em lactentes com desidratação hipernatrêmica - A observação dos pais é muito útil na avaliação da criança que se apresenta com olhos fundos, porque esse é um achado que pode ser sutil - Na pesquisa do sinal da prega cutânea, puxando suavemente a pele da parede abdominal ou torácica na tentativa de detectar o pregueamento da pele (elasticidade e turgor). A pele elevada permanece pregueada em vez de voltar rapidamente ao normal. Esse pregueamento da pele é difícil de ser avaliado corretamente em lactentes prematuros ou crianças gravemente desnutridas - A ativação do sistema nervoso simpático provoca taquicardia em crianças com depleção de volume intravascular e também pode estar presente uma diaforese (sudorese excessiva) - As alterações da PA com frequência são úteis para avaliar e analisar a resposta à terapia em crianças com desidratação e também a taquipneia pode estar presente e é secundária a uma acidose metabólica por perdas de bicarbonato nas fezes ou por causa da acidose láctica por choque, nas crianças desidratadas ACHADOS LABORATORIAIS: - A concentração sérica de sódio é o parâmetro que determina o tipo de desidratação - A acidose metabólica pode ser resultado das perdas de bicarbonato nas fezes de crianças com diarreia, insuficiência renal secundária ou acidose láctica por choque - Vômitos ou perdas nasogástricas geralmente causam uma alcalose metabólica - A concentração sérica de potássio pode ser baixa, como resultado das perdas diarreicas - Em crianças com desidratação resultantes de vômitos, as perdas gástricas de potássio, a alcalose metabólica e as perdas urinárias de potássio, contribuem para a hipocalemia - A acidose metabólica, que acarreta saída do potássio para fora das células e a insuficiência renal podem levar à hipercalemia. Uma combinação de mecanismos pode estar presente; assim sendo, pode ser difícil avaliar o equilíbrio acidobásico ou o nível sérico de potássio da criança apenas pelo histórico - O valor de ureia sanguínea (BUN) e a concentração sérica de creatinina são úteis na avaliação da criança com desidratação Nos casos de desidratação moderada ou grave, o aumento do BUN pode faltar na criança com baixa ingestão de proteína, porque a produção de ureia depende de degradação de proteínas. O BUN pode estar elevado de modo desproporcional na criança com o aumento da produção de ureia, tal como ocorre na hemorragia gastrintestinal, ou com o uso de glicocorticoides, que determinam aumento do catabolismo Um crescimento significativo da concentração de creatinina sugere insuficiência renal, embora um pequeno aumento transitório possa ocorrer com a desidratação. A necrose tubular aguda (lesão renal aguda) causada pela depleção do volume é a etiologia mais comum de insuficiência renal em uma criança com depleção de volume. A NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 criança pode ter insuficiência renal crônica não detectada anteriormente ou uma outra explicação para a insuficiência renal aguda A trombose da veia renal é uma sequela conhecida de desidratação grave em lactentes; outros possíveis achados incluem trombocitopenia e hematúria - A hemoconcentração por desidratação provoca aumento de hematócrito, da hemoglobina e das proteínas séricas. Esses valores normalizam-se após a reidratação - Um nível de albumina diminuído em um paciente desidratado sugere uma doença crônica, como a desnutrição, a síndrome nefrótica ou uma doença hepática, ou um processo agudo, como o extravasamento capilar. Uma enteropatia aguda ou crônica perdedora de proteína também pode causar uma baixa concentração sérica de albumina CÁLCULO DAS PERDAS LÍQUIDAS - Para a determinação das perdas líquidas, é necessária a determinação clínica do grau percentual de desidratação e multiplicação deste percentual pelo peso do paciente Por exemplo, uma criança desidratada que pesa 10 kg e apresenta perdas estimadas em 10%, tem uma perda líquida de 1 L. ABORDAGEM NA DESIDRATAÇÃO GRAVE - A criança com desidratação necessita de intervenção imediata para assegurar a adequada perfusão tecidual - Essa fase de reanimação requer a restauração rápida do volume intravascular circulante e o tratamento de choque com uma solução isotônica, como solução salina fisiológica (SF) ou Ringer lactato (RL) - A criança deve receber geralmente de 20 mL/kg do líquido isotônico, durante aproximadamente 20 minutos - A criança com desidratação grave pode necessitar receber infusão de múltiplos bólus de líquido o mais rápido possível - Na criança com alcalose metabólica identificada ou provável (p. ex., na criança com vômito isolado), RL não deve ser usado porque o lactato agravaria a alcalose - Os coloides, como sangue, albumina a 5% e plasma, raramente são indicados como líquidos em bólus. Uma solução cristaloide (SF ou RL) é suficiente, pelo menor risco infeccioso e menor custo O sangue está indicado na criança com anemia importante ou com perda aguda de sangue O plasma pode ser útil em crianças portadoras de coagulopatia A albumina a 5%, pode ser benéfica na criança com hipoalbuminemia, embora haja evidência de que as infusões de albumina aumentam a mortalidade em adultos - A fase de reposição da reidratação inicial se completa quando a criança apresenta um volume intravascular adequado. Normalmente, a criança apresenta melhora clínica, incluindo uma redução da frequência cardíaca, normalização da PA, melhora da perfusão, melhor débito urinário e mais alerta - Com o volume intravascular adequado, é adequado planejar a terapia de líquido para as próximas 24 horas - Na desidratação isonatrêmica ou hiponatrêmica, toda a perda líquida deve ser corrigida ao longo de 24h; uma abordagem mais lenta é recomendada para a desidratação hipernatrêmica Todo volume de líquido isotônico que o paciente recebeu anteriormente deve ser subtraído desse total O volume de líquido restante é, então, administrado ao longo de 24 horas - A concentração de potássio pode precisar ser diminuída ou aumentada, dependendo da situação clínica O potássio não é geralmente incluído nos líquidos intravenosos até que o paciente urine e a função renal normal seja NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 documentada pela medição de BUN e creatinina MONITORAMENTO E AJUSTA DA TERAPIA: - Na terapia de líquidos, todos os cálculos são apenas aproximados - É importante monitorar o paciente durante o tratamento e modificar a terapia com base no quadro clínico - Os sinais vitais do paciente são indicadores úteis do estado de volume intravascular - A criança com queda da PA e aumento da frequência cardíaca provavelmente se beneficia de infusão de líquidos em bólus - Na criança criticamente doente com choque, a pressão venosa central é um excelente indicador do estado de hidratação - O controle da ingesta e das eliminações (balanço hídrico) do paciente torna-se extremamente importante na criança desidratada. A criança que, depois de 8 horas de terapia, tem mais eliminação que ingestão por causa de diarreia ininterrupta precisa receber uma solução de reposição - O débito urinário é útil para avaliar o sucesso da terapia. O bom débito urinário indica que a reidratação foi bem-sucedida - Os sinais de desidratação no exame físico sugerem a necessidade de reidratação contínua. Os sinais de sobrecarga de líquidos, como edema e congestão pulmonar, estão presentes na criança que está excessivamente hidratada. A aferição diária do peso é fundamental para o tratamento da criança desidratada. Um ganho de peso durante o procedimento indica que o tratamento foi bem- sucedido - A dosagem dos níveis séricos de eletrólitos pelo menos diariamente é apropriada para qualquer criança durante a reidratação intravenosa, pois a criança apresenta risco de distúrbios de sódio, potássio e do equilíbrio acidobásico Por exemplo, um valor de sódio de 144 mEq/L é normal; mas, se a concentração de sódio for de 136 mEq/L 12 horas antes, há um risco distinto de que a criança estará hipernatrêmica em 12 ou 24 horas - Tanto a hipo quanto a hipercalemia são potencialmente graves Como a desidratação pode estar associada a insuficiência renal aguda e hipercalemia, o potássio deve ser evitado nos líquidos intravenosos até que o paciente tenha urinado A concentração de potássio nos líquidos intravenosos para o tratamento do paciente não deve ser rigidamente estabelecida. Pelo contrário, o nível de potássio sérico do paciente e a função renal subjacente são usados para monitorar a administração de potássio O paciente com um valor de creatinina elevada e um nível de potássio de 5 mEq/L não deve receber potássio até que ocorra redução do nível de potássio sérico O paciente com um nível de potássio sérico de 2,5 mEq/L pode necessitar de adição de potássio - A acidose metabólica pode ser muito grave em crianças desidratadas. No paciente com função renal normal, esse problema é corrigido, mas uma criança com disfunção renal pode ser incapaz de corrigir uma acidose metabólica. Assim, a reposição de uma parte de cloreto de sódio intravenoso do paciente pode ser feita com bicarbonato de sódio ou acetato de sódio - O nível sérico de potássio se modifica com o estado do equilíbrio acidobásico do paciente A acidose aumenta o potássio sérico fazendo com que o potássio intracelular se mova para o espaço extracelular. Assim, NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 conforme a acidose é corrigida, a concentração de potássio diminui DESIDRATAÇÃO HIPONATRÊMICA: - A patogênese de desidratação hiponatrêmica envolve geralmente uma combinação de perda de sódio e de água e retenção de água para compensar a depleção do volume - O paciente tem um aumento patológico na perda de líquido, e essa perda contém sódio. A maior parte do líquido que se perde tem uma concentração de sódio baixa, de modo que os pacientes apenas com perda líquida teriam hipernatremia - A diarreia tem, em média, uma concentração de sódio de 50 mEq/L. A reposição do líquido diarreico apenas com água, que quase não tem sódio, provoca uma redução da concentração sérica de sódio. A depleção de volume estimula a síntese do hormônio antidiurético, resultando na redução da excreção renal de água. Assim, a excreção renal de água, que é o mecanismo usual do corpo para evitar a hiponatremia, está bloqueada - O risco de hiponatremia é ainda maior se a depleção de volume resultar de perda de líquido com concentração de sódio mais elevada, como pode ocorrer com a perda renal de sal, perdas para o terceiro espaço ou diarreia com elevado teor de sódio (p. ex., a cólera) - O objetivo inicial no tratamento de hiponatremia é a correção da depleção do volume intravascular com líquido isotônico (SF ou RL) Uma correção excessivamente rápida (> 12 mEq/L nas primeiras 24 horas) ou hipercorreção na concentração sérica de sódio (> 135 mEq/L) está associada a um risco aumentado de mielinólise pontina central A administração de potássio é ajustada de acordo com o nível de potássio sérico inicial e a função renal do paciente O potássio não é administrado até que o paciente urine - Nos pacientes com sintomas neurológicos (convulsões) resultantes da hiponatremia está indicada uma infusão aguda de solução salina hipertônica (3%) para aumentar a concentração de sódio plasmática rapidamente DESIDRATAÇÃO HIPERNATRÊMICA: - É o tipo mais perigoso de desidratação, seja pelas complicações da hipernatremia, seja pelos riscos da terapia de reposição - A hipernatremia pode causar danos neurológicos graves, incluindo hemorragias do sistema nervoso central e trombose - Na desidratação hipernatrêmica as manifestações iniciais típicas de desidratação são mais discretas, por isso as crianças com esse tipo grave de desidratação são levadas com frequência para atendimento médico com quadro de desidratação mais avançado - Crianças com desidratação hipernatrêmica são frequentemente letárgicas, mas elas geralmente demonstram irritabilidade ao serem tocadas - A hipernatremia pode causar febre, hipertonicidade e hiperreflexia. Sintomas neurológicos mais graves podem surgir nos casos da ocorrência de complicações como trombose ou hemorragia cerebral - O tratamento excessivamente rápido de desidratação hipernatrêmica pode aumentar a morbimortalidade - Durante o desenvolvimento da hipernatremia, osmóis idiogênicos são gerados dentro do cérebro. Estes osmóis aumentam a osmolalidade dentro das células do cérebro, proporcionando uma proteção contra a retração das células cerebrais causada pela saída de água intracelular para o líquido extracelular hipertônico. Eles se NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 dissipam lentamente durantea correção de hipernatremia - Durante uma correção rápida da hipernatremia, pode haver uma diminuição excessiva da osmolalidade extracelular, criando um gradiente osmótico que pode determinar a entrada da água do espaço extracelular para dentro das células cerebrais, causando edema cerebral. Os sintomas resultantes do edema cerebral podem variar desde convulsões a herniação cerebral e morte Para minimizar o risco de edema cerebral durante a correção da desidratação hipernatrêmica, a redução da concentração sérica de sódio não deve ser acima de 12 mEq/L a cada 24 horas As perdas nos casos graves de desidratação hipernatrêmica podem precisar ser corrigidas lentamente durante 2 a 4 dias - A reposição inicial na desidratação hipernatrêmica pode eventualmente necessitar do restabelecimento do volume intravascular com SF A solução de RL não deve ser utilizada porque esta solução é mais hipotônica que o SF, podendo levar a uma diminuição muito rápida da concentração sérica de sódio, especialmente nos casos onde torna-se necessária a infusão de múltiplos bólus de líquidos - Não há um consenso sobre a escolha ou a taxa de líquido para corrigir a desidratação hipernatrêmica A escolha de líquidos e sua respectiva taxa de administração não são tão importantes quanto o monitoramento contínuo da concentração sérica de sódio e o ajuste da terapia de acordo com o resultado - Alguns pacientes, especialmente lactentes com altas perdas de água insensíveis em andamento, podem precisar receber uma mistura de 0,2 SF + G5, que deve ser usada com muita cautela e monitoramento constante. Outros pacientes requerem mistura G5 + SF - Uma criança com desidratação resultante de perda exclusiva de água livre, como geralmente ocorre no diabetes insípido, geralmente precisa de um líquido mais hipotônico que uma criança com depleção de sódio e de água causada por diarreia - Para os pacientes com hipernatremia grave difíceis de tratar, devem-se ter duas soluções intravenosas (p. ex., G5 + ½ SF e G5 + SF, ambas com a mesma concentração de potássio) à beira do leito para facilitar essa abordagem, viabilizando ajustes rápidos das taxas dos dois líquidos. Se a concentração sérica de sódio diminui muito rapidamente, a taxa de G5 + SF pode ser aumentada e a taxa de G5 + ½ SF pode ser diminuída na mesma quantidade - Convulsões são a manifestação mais comum de edema cerebral por um decréscimo excessivamente rápido da concentração sérica de sódio durante a correção da desidratação hipernatrêmica. Os sinais de aumento da pressão intracraniana ou herniação iminente podem se desenvolver muito rapidamente - Em pacientes com hipernatremia grave, os líquidos por VO devem ser usados com cautela. As fórmulas para lactentes, por causa de sua baixa concentração de sódio, têm elevado teor de água livre e se adicionadas à terapia IV, podem contribuir para a diminuição rápida na NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 concentração sérica de sódio. Menos líquido hipotônico, tal como uma solução de reidratação oral, pode ser mais apropriado inicialmente - Se for permitida a ingestão oral, sua contribuição para a administração de água livre deverá ser levada em conta, e o ajuste de líquido intravenoso é geralmente apropriado. O acompanhamento criterioso da concentração sérica de sódio é essencial QUESTÕES: 1. Lactente de um ano e meio chegou ao pronto socorro desidratado e com história de ter iniciado há dois dias diarreia, vômito e febre alta. A diarreia ocorre várias vezes por dia, com fezes líquidas, volumosas, amareladas, com caráter explosivo e com grande perda hidroeletrolítica. Qual é o provável agente etiológico e/ou a conduta a ser prescrita? A. Provavelmente a diarreia é viral e pela clínica, os adenovírus entéricos são a causa mais provável. B. Provavelmente a diarreia é causada por agentes parasitários e o mais frequentemente envolvido é a Entamoeba histolytica. C. Provavelmente a diarreia é por rotavírus, que é o principal responsável por episódios de diarreia aguda, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento, representando 40% dos casos graves com hospitalização D. Provavelmente a diarreia é por Shigella. Hidratação venosa e ceftriaxona devem ser prescritas imediatamente 2. Quais os principais sintomas e sinais clínicos que melhor caracterizam um caso de desidratação grave em crianças? A. Recusa de líquidos e perfusão periférica lentificada B. Sonolência e taquicardia C. Vômitos e hipotensão D. Diarreia com sangue e taquicardia 3. A equipe de saúde da família da Unidade Básica de Saúde recebe um lactente de 11 meses, previamente saudável, com história de febre, vômitos e diarreia intensa, há dois dias. Os pais relatam que as fezes são líquidas, em grande quantidade e sem sangue, emitidas várias vezes por dia, além de diminuição do volume de urina. Durante o exame físico, o médico constata mucosas secas, taquicardia e enchimento capilar de 3 a 5 segundos. Qual a classificação do estado de desidratação e a conduta correta para esse paciente? A. Desidratação grave – internação hospitalar e hidratação venosa. B. Desidratação leve – Plano A de reidratação com soro oral 60 nmol/L. C. Desidratação moderada – Plano B de reidratação oral com soro oral 75 nmol/L. D. Desidratação moderada – Plano B de reidratação oral com soro oral 90 nmol/L. 4. Lactente, oito meses, feminina, é trazida ao ambulatório de pediatria apresentando diarreia e vômitos há cinco dias. Exame físico: letárgica, mucosas muito secas, fontanela anterior bastante deprimida; frequência cardíaca: 160 bpm; enchimento capilar: 5 segundos. O grau da desidratação e a conduta terapêutica são, respectivamente: A. Leve, plano A com hidratação oral no domicílio, prescrição de antibiótico para controle da infecção. B. Grave, plano C com hidratação venosa, de expansão rápida, manutenção após a melhora e alta sem antibiótico. C. Moderada, plano B com hidratação oral na própria unidade e antibiótico por causa do risco de disseminação da infecção. D. Leve, plano A com hidratação venosa na unidade, alta com hidratação oral, antibiótico e antiemético E. Grave, plano C com hidratação venosa de manutenção por 4 horas e alta após 48 horas com antibiótico. 5. Um lactente de 6 meses de idade apresenta, há um dia, evacuações líquidas, fétidas, amareladas, em grande volume, sem muco, pus ou sangue, com presença de ruídos intensos ao evacuar. A mãe observou leve redução das micções. Não foi dada nenhuma medicação. Ao exame, apresenta peso de 7.000 gramas (percentil 25), estatura de 62 cm (percentil 50), irritabilidade intercalada com sonolência, aceitando bem líquidos, olhos fundos e lágrima ausente, turgor de pele diminuído, sinal da prega desaparecendo lentamente (após 2 segundos), enchimento capilar entre 3 e 4 segundos e hiperemia perianal. Em relação ao caso, assinale a alternativa correta. A. A etiologia mais provável é a bacteriana. B. O volume estimado de líquido perdido é de 300 mL. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 C. O aleitamento materno deve ser interrompido até melhora do quadro diarreico, devido aos sinais de diarreia osmótica. D. Está indicado o uso de zinco oral, independentemente da etiologia. E. A primeira escolha do tipo de soro oral para esse caso, segundo a OMS, é o de 90 mmol/L de sódio. 6. Paciente de 3 anos, previamente hígido, chega à emergência com história de diarreia e vômitos há 4 dias, redução do volume urinário há 24h. Na avaliação inicial, apresenta-se sem edema, taquipneico com frequência cardíaca de 130 bpm; pressão arterial de 100 x 60 mmHg; saturação de oxigênio = 96%. Exames laboratoriais: sódio sérico = 130 mEq/L; potássio sérico = 5,0 mEq/L; bicarbonato = 13 mEq/L; ureia = 62 mg/dl;creatinina = 1,4 mg/dl; fração de excreção de Na < 1%. Qual a conduta imediata? A. Administração de solução de cloreto de sódio a 3%. B. Administração de bicarbonato de sódio 8,4%. C. Administração de diuréticos. D. Expansão volêmica com soro fisiológico 0,9%. E. Instalação de método dialítico. GABARITO: 1. C. No mundo inteiro, os vírus são os principais causadores das diarreias infecciosas, sendo os mais prevalentes os rotavírus, os calicivírus, os astrovírus e os adenovírus entéricos. Os vírus são altamente infectantes e necessitam de baixa carga viral para causar doença. Alternativa A: INCORRETA. Os adenovírus causam, com mais frequência, infecção do aparelho respiratório, mas, dependendo do sorotipo, podem causar quadros de gastroenterite. Sendo assim, eles não aparecem como a causa mais provável do quadro clínico do paciente. Alternativa B: INCORRETA. Os indivíduos na sua maioria são portadores assintomáticos. Outros podem apresentar sintomas discretos caracterizados por diarreia leve com fezes líquidas acompanhada de náuseas e cólicas esporádicas. Entretanto, a infecção pela Entamoeba histolytica pode ainda gerar um quadro de colite amebiana aguda com quadro de dor abdominal e diarreia líquida contendo sangue e muco. Alternativa C: CORRETA. Nos casos virais há predomínio da diarreia chamada osmótica.O rotavírus, principal responsável pela diarreia aguda em países desenvolvidos e em desenvolvimento, causa lesões focais, com infecção das células vilositárias apicais, que concentram as dissacaridases, principalmente a enzima lactase. Com a destruição desses enterócitos e a reposição por células imaturas, há diminuição da atividade enzimática, reduzindo a absorção dos carboidratos, com ênfase na lactose. Os açúcares não absorvidos aumentam a pressão osmótica na luz intestinal, o que determina a maior passagem de água e eletrólitos para o espaço intraluminal para manter o equilíbrio osmótico. Esse tipo de diarreia caracteriza-se por eliminação de fezes líquidas e volumosas, amareladas, com caráter explosivo e com grande perda hidroeletrolítica exatamente como verificado no caso descrito. Alternativa D: INCORRETA. A diarreia provocada pela Shigella costuma ser caracterizada por disenteria, ou seja, presença de sangue nas fezes. Além disso, apresenta sintomas como dor abdominal intensa e febre alta 2. A. Os parâmetros clínicos usados para a avaliação do grau de desidratação são: estado geral, sede, mucosas, pele, olhos, fontanela, pulso, frequência cardíaca, tempo de enchimento capilar, diurese e respiração. Uma criança com sinais de desidratação grave deve apresentar alguns dos seguintes achados: alteração do estado mental (prostração, agitação ou coma); sede intensa; mucosas muito secas; pele fria, palidez e turgor e elasticidade bastante diminuídos; enoftalmia acentuada; fontanela muito deprimida; pulso muito fino quase imperceptível; frequência cardíaca nos casos graves encontra-se diminuída; tempo de enchimento capilar maior que 5 segundos; oligúria e hiperpneia 3. A. Plano C = Deshidratado Grave OMS 100ml/Kg de SF 0,9% ou Ringer > 1 ano: 30 minutos: 30ml/Kg 2 horas e 30 minutos: 70 ml/Kg. < 1 ano: 1 hora: 30ml/Kg 5 horas: 70 ml/Kg 4. B. Os parâmetros clínicos usados para a avaliação do grau de desidratação são: estado geral, sede, mucosas, pele, olhos, fontanela, pulso, frequência cardíaca, tempo de enchimento capilar, diurese e respiração. Uma criança com sinais de desidratação grave deve apresentar https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/curso/60661ba9f25ff30013eedc30 https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/curso/60661ba9f25ff30013eedc30 NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 9 alguns dos seguintes achados: alteração do nível de consciência (prostração, agitação ou coma); sede intensa; mucosas muito secas; pele fria, palidez e turgor e elasticidade bastante diminuídos; enoftalmia acentuada; fontanela muito deprimida; pulso muito fino quase imperceptível; frequência cardíaca aumentada e nos casos muito graves encontra-se diminuída; tempo de enchimento capilar maior que 5 segundos; oligúria e hiperpneia. A paciente em questão apresenta sinais como: letargia, mucosas muito secas, fontanela anterior bastante deprimida; frequência cardíaca elevada (160 bpm) e enchimento capilar lentificado (5 segundos). Assim, a criança apresenta diagnóstico de desidratação grave. Alternativa A: INCORRETA. A criança não apresenta sinais de desidratação leve. Além disso, de acordo com o ministério da saúde, os antibióticos devem ser usados somente para casos de diarreia com sangue (disenteria) e comprometimento do estado geral ou em casos de cólera grave. Alternativa B: CORRETA. A criança apresenta alguns sinais de desidratação grave conforme comentário do autor. Assim, seria instituído o plano C composto por duas fases: reparação ou expansão rápida e manutenção mais reposição. A fase de expansão deve ser feita com infusão rápida de solução salina isotônica no volume de 20ml/Kg. A fase de reposição deve ser feita com reposição em torno de 50ml/Kg/dia na forma de soro glicosado a 5% e soro fisiológico 0,9% na proporção de 1:1. Alternativa C: INCORRETA. O quadro clínico da questão não se trata de uma criança com desidratação moderada e também não teria indicação de antibioticoterapia. Alternativa D: INCORRETA. Além de não tratar- se de um quadro de desidratação leve, caso fosse instituído o plano A, ele não deveria ser feito com hidratação venosa conforme a alternativa. De acordo com o Ministério da Saúde o antiemético nunca deve ser utilizado. Alternativa E: INCORRETA. A alta hospitalar da paciente deve-se à resposta ao tratamento realizado e não ao tempo de internação. 5. D. A criança apresenta desidratação, perdendo de 3 a 9% do peso. A principal etiologia é a viral. Nunca deve-se interromper o aleitamento materno. SRO: Solução glicosamina com 75mEq/L de Sódio. Zinco: VO por 10 - 14 dias, durante e após a diarreia. Reduz a duração e a gravidade da diarreia 6. D. A conduta imediata frente a um caso de desidratação secundária à gastroenterite aguda com sinais marcantes de IRA pré-renal é a expansão volêmica que nesse caso poderá usar solução fisiológica visando readequar a perfusão renal
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