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RESUMO - Mycobacterium

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1 Mycobacterium 
Mycobacterium 
● O gênero Mycobacterium consiste em 
bacilos aeróbios, imóveis, não formadores 
de esporos. 
● Os bacilos, ocasionalmente, formam 
filamentos ramificados que podem ser 
interrompidos. 
● A parede celular é rica em lipídios, o que 
torna a superfície hidrofóbica e a 
micobactéria resistente a vários 
desinfetantes e colorações comuns de 
laboratório. 
● Uma vez corados, os bacilos não podem ser 
descorados com soluções ácidas; por isso 
são chamados de bactérias ácido 
resistentes. 
● Pelo fato de a parede celular das 
micobactérias ser complexa e este grupo de 
microrganismo ser exigente, muitas 
micobactérias crescem lentamente, 
dividindo‑se a cada 12‑24 horas e 
requerendo um período de oito semanas 
para que o crescimento seja detectado em 
culturas de laboratório. 
 
Fisiologia e Estrutura das Micobactérias 
As bactérias são classificadas no gênero 
Mycobacterium com base em: 
1. Ácido Resistência; 
2. Presença de ácidos micólicos contendo 70 a 
90 carbonos; 
3. Alto conteúdo (61% a 71 mol%) de guanina 
mais citosina (G+C) no ácido 
desoxirribonucleico (DNA). 
Embora outras espécies de bactérias possam ser 
acidorresistentes, elas se coram menos 
intensamente e suas cadeias de ácidos micólicos 
são mais curtas. 
As micobactérias têm uma complexa parede 
celular rica em lipídios. Essa parede celular é 
responsável por muitas das propriedades 
características da bactéria 
● Acidorresistência; 
● Crescimento lento; 
● Resistência a detergentes, a antibióticos 
antibacterianos comuns e à resposta imune 
do hospedeiro; 
● Antigenicidade. 
A estrutura básica da parede celular nas 
micobactérias é muito mais complexa do que em 
outras bactérias Gram‑positivas. 
1. Ancorados à parede celular estão proteínas, 
manosídios de fosfatidilinositol e 
lipoarabinomanana (LAM). O LAM é 
funcionalmente relacionado aos 
lipopolissacarídeos antigêncios O, 
presentes em outras bactérias. 
2. Também encontram‑se presentes lipídios, 
glicolipídios e peptidoglicolipidios. Os 
componentes lipídicos compreendem 60% 
do peso da parede celular. Proteínas de 
transporte e porinas estão intercaladas por 
todas as camadas da parede celular e 
constituem 15% do peso da parede. As 
proteínas são antígenos biologicamente 
importantes que estimulam a resposta 
imune celular do paciente à infecção. 
Preparações extraídas e parcialmente 
purificadas desses derivados proteicos (derivados 
de proteína purificada ou PPD) são utilizadas como 
reagentes de testes de pele para medir a exposição 
a M. tuberculosis. Preparações semelhantes de 
outras micobactérias são usadas como reagentes de 
testes de pele espécie‑específicos. 
 
 
2 Mycobacterium 
As micobactérias pigmentadas produzem 
carotenoides amarelos intensamente, que podem 
ser estimulados pela exposição à luz (organismos 
fotocromogênicos) ou produzidos na ausência de 
luz (organismos escotocromogênicos). 
 
Mycobacterium leprae 
 
 
 
● Patogênese e Imunidade 
 
A lepra é causada pelo M. leprae. Pelo fato de 
a bactéria se multiplicar muito lentamente, o 
período de incubação é prolongado e os sintomas 
desenvolvem‑se em até 20 anos após a infecção. As 
manifestações clínicas da lepra dependem da 
reação imune do paciente à bactéria. A 
apresentação clínica da lepra varia da forma 
tuberculoide à forma lepromatosa. 
● Os pacientes com lepra tuberculoide 
apresentam uma forte reação imune celular, 
com muitos linfócitos e granulomas 
presentes nos tecidos e relativamente 
poucas bactérias. 
● Os pacientes com lepra lepromatosa 
(multibacilar) possuem uma resposta forte 
aos anticorpos, mas um defeito específico 
na resposta celular aos antígenos de M. 
leprae. Assim, uma abundância de bactérias 
é tipicamente observada nos macrófagos da 
derme e nas células de Schwann dos nervos 
periféricos. Sendo a forma mais infecciosa 
de lepra. 
 
● Doenças Clínicas 
A lepra é uma infecção crônica que afeta a pele 
e os nervos periféricos. O espectro do 
envolvimento tecidual é influenciado pelo estado 
imune do paciente, como observado previamente. 
A forma tuberculoide é mais branda e caracterizada 
por manchas de pele não pigmentada. A forma 
lepromatosa está associada a lesões de pele 
desfigurantes, nódulos, placas, espessamento da 
derme e envolvimento da mucosa nasal. 
Mycobacterium Tuberculosis 
 
● Patogênese e Imunidade 
M. tuberculosis é um patógeno intracelular que 
é capaz de estabelecer infecções que duram a vida 
toda. No momento da exposição, M. tuberculosis 
entra pelas vias aéreas respiratórias e partículas 
infecciosas penetram nos alvéolos, onde são 
fagocitadas pelos macrófagos alveolares. Ao 
contrário do que acontece com a maioria das 
bactérias fagocitadas, M. tuberculosis evita a fusão 
do fagossoma com o lisossoma (pelo bloqueio da 
molécula específica que faz esta ligação, 
autoantígeno 1 do endossoma primário [EEA1]). 
Ao mesmo tempo, o fagossoma é capaz de se 
fundir com outras vesículas intracelulares, 
permitindo acesso a nutrientes e facilitando a 
replicação dentro do vacúolo. A bactéria fagocitada 
também é capaz de evadir a morte no macrófago 
mediada pelos intermediários reativos do 
nitrogênio, formados entre o óxido nítrico e ânions 
superóxido, através da catabolização desses 
oxidantes formados. 
● Doenças Clínicas 
Aproximadamente 5% dos pacientes expostos a 
M. tuberculosis progridem para a doença ativa 
dentro de dois anos, e outros 5% a 10% apresentam 
a doença em algum momento ao longo da vida. 
A probabilidade de a infecção evoluir para 
doença ativa é uma função tanto da dose infecciosa 
como da competência imune do paciente. Por 
exemplo, a doença ativa se desenvolve em um ano 
após a exposição em aproximadamente 10% dos 
pacientes que são infectados pelo HIV e 
apresentam uma contagem baixa de células T CD4. 
Em pacientes HIV‑negativos há um risco de 
10% para o desenvolvimento da doença durante 
toda a vida. Em pacientes HIV‑positivos, a doença 
 
3 Mycobacterium 
aparece antes do início de outras infecções 
oportunistas, apresenta duas vezes mais 
probabilidade de se disseminar para sítios 
extrapulmonares e pode progredir rapidamente 
para a morte. 
A tuberculose extrapulmonar pode ocorrer 
como resultado da disseminação hematogênica dos 
bacilos durante a fase inicial de multiplicação. 
Pode não haver evidência de doença pulmonar em 
pacientes com tuberculose disseminada. 
Tuberculose zoonótica 
● Características gerais 
A forma zoonótica da TB tem como principal 
agente o Mycobacterium bovis (TBMB) e a 
manifestação clínica mais prevalente é a 
extrapulmonar, em razão do consumo de leite e 
derivados não pasteurizados. Acomete diferentes 
partes do organismo humano como linfonodos, 
ossos, sistema urinário, intestino, peritônio e 
outros. 
● Agente: Mycobacterium bovis 
O M. bovis tem forma bacilar, alongada e 
delgada. Os bacilos da tuberculose de origem 
bovina e humana, são conhecidos como BAAR 
(bacilos álcool-ácido resistentes). A dificuldade de 
coloração da bactéria por métodos tradicionais se 
dá por conta da grande resistência que a membrana 
celular de M. bovis possui ao meio ambiente e a 
desinfetantes comuns. É imóvel, não possui 
cápsula e não forma esporos, sendo extremamente 
resistente à lise intrafagocitária. 
● Epidemiologia da Tuberculose 
Zoonótica 
O grande risco de acometimento de tuberculose 
bovina em humanos, é pelo consumo de carne 
contaminada ou leite e derivados in natura, 
principalmente em abates clandestinos. 
● Transmissão 
A transmissão se dá nos rebanhos por animais 
portadores subclínicos que embora não apresentem 
sinais clínicos, eliminam as bactérias pelas 
secreções do aparelho respiratório que se difundem 
pelo ar nas instalações e podem contaminar a água 
e os alimentos, disseminando o microrganismo 
para outros bovinos via oral, causandotuberculose 
no sistema digestório. 
A transmissão de M. bovis para humanos ocorre 
principalmente pela ingestão de leite e seus 
derivados produzidos a partir de fêmeas bovinas 
infectadas. Entretanto, o contato íntimo entre 
bovino e humano pode favorecer outra via de 
infecção, à aérea, por aerossóis expelidos por 
animais doentes. Há ainda a ingestão de carne 
malcozida, transmissão entre humanos e a 
transmissão do humano para o bovino, sendo essas 
últimas menos frequentes e prováveis. 
● DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE 
POR M. BOVIS EM HUMANOS 
A técnica principal é a baciloscopia direta que 
possui como vantagens metodologia simples, de 
baixo custo e de alto impacto na epidemiologia da 
doença por identificar os pacientes bacilíferos os 
quais são responsáveis pela manutenção da cadeia 
de transmissão. 
A cultura para micobactéria é empregada nas 
suspeitas clínicas de TB como baciloscopia 
negativa, amostras paucibacilares, TB 
extrapulmonar, em suspeitas de infecções por 
micobacterias não tuberculosas. Os meios de 
cultura para essa metodologia são Löwenstein-
Jensen e Ogawa-Kudoh, ambos com uso de 
glicerol. 
Uma alteração nos meios sólidos, alterando 
glicerol pelo piruvato, melhoraria a sensibilidade 
diagnóstica para evidenciar o papel epidemiológico 
do M. bovis que é negligenciado. Entretanto a 
execução deste processo é limitada pela 
disponibilidade financeira de recursos para o 
diagnóstico os quais são alocados para rápida 
identificação e tratamento dos casos de TB 
pulmonar que reduzirá as fontes de infecção. 
● Tratamento 
Os recussos disponíveis para detecção do M. 
bovis principalmente em países com dificuldade de 
recursos, são inadequados, por isso no tratameno 
não existe diferenciação da infecção causada por 
M. Tuberculosis e M. Bovis o tratamento é o 
mesmo. 
A associação medicamentosa adequada, doses 
corretas e uso por tempo suficiente são 
fundamentais para o tratamento, evitando a 
persistência bacteriana e o desenvolvimento de 
resistência aos fármacos e, assim, assegurando a 
cura do paciente. 
 
4 Mycobacterium 
Em 1979, o Brasil preconizou um sistema 
de tratamento para a TB composto pelo os fármacos 
utilizados no programa de Tratamento Diretamente 
Observado (TDO) em doses fixas de quatro 
medicamentos combinados dos seis diponíveis: 
Rifampicina, Isoniazida, Etambutol, 
Estreptomicina, Etionamida e Pirazinamida. 
Devido à resistência ao tratamento, outros 
fármacos foram incorporados posteriormente, em 
todos os esquemas de medicação a dose é diária e 
deverá ser tomada de uma só vez, inspecionada por 
um profissional de saúde treinado. 
Outras bactérias associadas 
As espécies de micobactérias tuberculosas 
fazem parte do complexo Mycobacterium 
tuberculosis (MTBC). Esse complexo, além de 
conter os causadores da TB humana e animal, M. 
tuberculosis e M. bovis, respectivamente, possuem 
mais outras 10 espécies geneticamente 
relacionadas que causam, em sua maioria, TB em 
diversas espécies de animais selvagens e podem 
infectar humanos. Os membros MTBC têm 
diferentes fenótipos de adaptação hospedeira e 
patogenicidade, sendo influenciadas pela espécie 
animal infectada. 
Dentre esses membros, M. tuberculosis e 
Mycobacterium africanum são adaptados aos seres 
humanos, enquanto que M. bovis, Mycobacterium 
caprae, Mycobacterium microti, Mycobacterium 
pinnipedii, Mycobacterium orygis, Mycobacterium 
mungi, Mycobacterium suricattae são adaptados 
aos animais. 
As diferentes espécies de micobactérias 
“animais” ganham seu nome de acordo com o 
hospedeiro que foram primeiramente identificadas 
ou que ocorrem com maior frequência. Definições 
sobre tropismo por espécies hospedeiras e 
virulência são limitadas devido a escassez de 
estudos com essas espécies bacterianas. 
● Mycobacterium africanum 
Está quase totalmente restrito ao continente 
africano e, apesar da proximidade histórica entre o 
Brasil e a África durante o tráfico de escravos, 
nenhum caso de TB causada pelo MAF foi relatado 
no Brasil até o momento. 
● Mycobacterium canetti 
A M. canettii ' foi isolado pela primeira vez de 
um fazendeiro francês de 20 anos que sofria de 
tuberculose pulmonar por G. Canetti em 1969. 
Desde então, esta cepa foi isolada em raras ocasiões 
de pacientes que viveram ou foram 
presumivelmente infectados na África Oriental. 
O aspecto liso das colônias é provavelmente o 
resultado de uma estrutura de membrana particular 
que poderia favorecer o crescimento em condições 
desfavoráveis, protegendo-as, por exemplo, da 
dessecação ou fornecendo um reservatório para 
certos nutrientes. Foi hipotetizado que as 
micobactérias foram inicialmente encontradas no 
solo e na água e que algumas espécies evoluíram 
para viver em mamíferos. Estudos epidemiológicos 
adequadamente planejados são essenciais para 
descartar a transmissão inter-humana de ' M. 
canettii ' e para questionar a existência de outro 
reservatório. 
● Mycobacterium microti 
M. microti é endêmica em pequenos roedores, 
como ratos e ratazanas, que servem como 
reservatórios. Infecções de outros animais, como 
porcos, furões, gatos e cães, também foram 
descritas. Até 1998 acreditava-se que M. microti 
causava doença exclusivamente em animais, mas 
então os primeiros quatro casos foram descritos em 
humanos. 
Acredita-se que a prevalência de infecções por 
M. microti seja subestimada. Um dos motivos é que 
isso é facilmente esquecido na bacteriologia de 
rotina. M. microti tem crescimento extremamente 
lento e, para cultivá-lo, geralmente leva mais de 6–
8 semanas. 
● Mycobacterium pinnipedi 
Mycobacterium pinnipedii , o conhecido agente 
causador da tuberculose (TB) em mamíferos 
marinhos, só foi reconhecido como membro do 
complexo Mycobacterium tuberculosis em 2003 e 
acredita-se que causa TB em várias espécies, 
incluindo mamíferos não marinhos e até mesmo 
humanos. 
Primeira transmissão animal-humana 
confirmada de M. pinnipedii: Em fevereiro de 
2019, um tratador de leões marinhos de um 
zoológico português foi internado no hospital com 
sintomas clínicos de TB, nomeadamente tosse por 
mais de duas semanas, febre, suores noturnos e 
 
5 Mycobacterium 
perda de peso. O sujeito era imunocompetente, mas 
um fumante inveterado e tinha um fraco tez física. 
● Mycobacterium caprae 
O Mycobacterium caprae, um membro do 
complexo Mycobacterium tuberculosis, causa 
tuberculose (TB) no homem e nos animais. A M. 
caprae é evolutivamente mais velho, é responsável 
por uma carga menor de TB zoonótica e não está 
distribuído globalmente, mas principalmente 
restrito aos países europeus. M. caprae ocorre 
apenas em uma baixa proporção de casos de 
tuberculose humana e essa proporção pode até 
diminuir, se o progresso em direção à erradicação 
da tuberculose animal na Europa continuar.

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