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DE CERTA FORMA, A MICROBIOTA PERMANECE ATÉ DEPOIS DA MORTE, NA MEDIDA EM QUE É RESPONSÁVEL PELA DECOMPOSIÇÃO DO NOSSO CORPO. MICROBIOLOGIA AGRESSÃO E DEFESA DO ORGANISMO: RELAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO CONCEITO @kelly.c.cabral CONJUNTO DE MICRORGANISMOS SAPRÓFITAS (QUE NÃO CAUSAM LESÃO AO HOSPEDEIRO; QUE VIVEM EM HARMONIA), PRESENTE NA SUPERFÍCIE DA PELE E DE ALGUMAS MUCOSAS (PRINCIPALMENTE MUCOSAS QUE TEM CONTATO COM MEIO EXTERNO) E QUE SE INSTALA NO INDIVÍDUO AO NASCIMENTO E PERMANECE ATÉ SUA MORTE. Dessa forma, os principais sítios anatômicos colonizados por microbiota são: pele, trato respiratório superior, cavidade oral, conjuntiva ocular, mucosa intestinal, porção terminal da uretra e mucosa vaginal. MICROBIOTA DO CORPO HUMANO LOCALIZAÇÃO • Pele: há presença de microrganismos (bactérias, fungos) na superfície da pele e nos canais de inserção das glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e folículos pilosos. Não é possível retirar toda a microbiota da pele humana, visto que há microrganismos habitando camadas mais profundas. • Mucosas com microbiota: conjuntiva, trato respiratório superior (cavidade nasal, orofaringe, laringe), oral, intestino grosso (na verdade, todo o trato digestório), vagina, uretra distal. • Mucosas estéreis (sítios estéreis): Aquelas que não têm a presença de microrganismos --> São mucosas estéreis o trato respiratório inferior (brônquios, bronquíolos, alvéolos), útero e bexiga. Em situações normais, não existem seres vivos sem microbiota na superfície do seu corpo. Isso ocorre apenas alguns animais que são criados em laboratório, em situação germe free. BACTÉRIAS NÃO PATOGÊNICAS X BACTÉRIAS PATOGÊNICAS É impossível dividir as bactérias entre não patogênicas e patogênicas. --> Depende de onde está localizado no hospedeiro, em que tipo de hospedeiro, em quais condições, como está se comportando, entre outros fatores. Entre essas duas “classificações”, há o que chamamos de bactérias oportunistas, que, dependendo da situação, podem atuar como bactérias patogênicas. Um ferimento na pele (quebra da continuidade da pele) pode ser suficiente para conferir uma oportunidade a esse microrganismo não patogênico da nossa microbiota de se comportar como um patógeno. Na presença deles, sempre será provocado um mecanismo de infecção ou doença no nosso organismo. --> Aquele que está sempre associado a doença. --> EX: Mycobacterium tuberculosis. PATÓGENOS ESTRITOS São membros da microbiota que, quando introduzidos em sítios “desprotegidos”, causam doença. --> EX: Escherichia coli (faz parte da microbiota intestinal, que ao atingir o trato urinário, que é outro sítio, pode causar infecção). Nas mulheres, que tem uma anatomia mais favorável para isso, a E. coli é responsável por 70-80% dos casos de infecção urinária. PATÓGENOS OPORTUNISTAS TIPOS DE COLONIZAÇÃO A colonização é a presença do microrganismo na superfície do nosso corpo. --> Há 3 possibilidades: colonização transitória, colonização permanente e infecção/doença. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA DA MICROBIOTA Além disso, entre essas situações, existe um estado peculiar, chamado de estado de portador, no qual o indivíduo é colonizado por um patógeno, mas não desenvolve a doença. Pode também ser chamado de portador sadio. --> Esse indivíduo tem muita importância na cadeia epidemiológica de transmissão da doença, uma vez que pode transmitir para outros indivíduos TIPOS DE MICROBIOTA Podemos dividir a microbiota em 2 grandes grupos: • Composta por microrganismos saprófitas (que vivem em harmonia com o hospedeiro). • Sua composição é característica de cada sítio anatômico. --> Cada sítio tem uma microbiota característica, sendo comum a indivíduos de uma mesma espécie. • NÃO é removida totalmente pelos procedimentos de limpeza ou antissepsia. • Sua composição também é influenciada por hábitos e condições do hospedeiro. • Fatores que influenciam a microbiota: MICROBIOTA RESIDENTE ✓ Alimentação (dieta) ✓ Uso de medicamentos ✓ Localização geográfica ✓ Estágio no ciclo da vida ✓ Processo de nascimento (parto vaginal ou cesárea) ✓ Método de alimentação infantil (leite materno ou leite artificial) ✓ Estresse (físico ou psicológico) ✓ Exercícios ✓ Metabolismo • Presente temporariamente no sítio anatômico. • É eliminada pelos mecanismos normais de controle da microbiota, como o antagonismo microbiano. A microbiota residente tende a exercer um efeito de rejeição à microbiota transitória, que não consegue se instalar. • Facilmente removida pelos procedimentos de limpeza e antissepsia. • Pode conter potenciais patógenos. MICROBIOTA TRANSITÓRIA • Esterilização: remoção de todos os agentes infecciosos de um material. • Desinfecção: remoção de parte dos microrganismos de uma superfície inerte. • Antissepsia: remoção de parte dos microrganismos de um tecido vivo. • Assepsia: conjunto de procedimentos adotados para evitar contaminação de um sítio estéril. • Estilo de vida: hábitos alimentares, prática de exercícios físicos, hábitos de higiene. • Uso recente de antibióticos. FATORES QUE INFLUENCIAM A MICROBIOTA Alterações na microbiota, principalmente na microbiota intestinal podem levar a prejuízos dos hospedeiros, como: • Propensão a desenvolver inflamações crônicas. • Disfunções metabólicas que podem levar à obesidade. • Alterações do funcionamento do sistema imune, como hiperimunidade/hipersensibilidade (alergias), ou imunodeficiências. SITUAÇÕES DA MICROBIOTA É quando a população bacteriana está equilibrada, com predomínio de organismos promotores de saúde (probióticos). EUBIOSE Simbiose = equilíbrio entre potenciais patógenos e bactérias benéficas para a saúde. É quando há desequilíbrio da população bacteriana, com predomínio de microrganismos prejudiciais à saúde, causando doenças. DISBIOSE INTERAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO O organismo humano possui cerca de 10 trilhões de células próprias. Nossa microbiota possui cerca de 100 trilhões de células. Por isso, é necessário haver um controle dessa microbiota (qualidade e quantidade). MECANISMOS DE CONTROLE DA MICROBIOTA • Integridade do epitélio: a integridade da pele é essencial por ser impermeável, o que impede a invasão de bactérias com potencial patogênico. Dessa forma, qualquer lugar de quebra dessa integridade pode ser utilizado como entrada por potenciais patógenos. --> EX: Quebra da integridade: cortes, ferimentos, queimaduras. • Válvulas e esfíncteres do trato digestório: cada região do trato digestório tem uma microbiota específica e essas estruturas, ao compartimentalizálas, evitam que essas microbiotas migrem para outros sítios. • Muco: reveste nossas mucosas e exerce função protetora capturando partículas e microrganismos que tentam adentrar nessa mucosa. --> EX: Produção de muco pelas células caliciformes para evitar que as bactérias atinjam o trato respiratório inferior, que é estéril. MECANISMOS FÍSICOS DE CONTROLE • Lisozima: enzima presente nos fluidos corporais como lágrima e saliva. --> É um mecanismo de defesa natural capaz de quebrar o polímero presente na parede celular das bactérias. --> EX: A lisozima presente na lágrima diminui o número de bactérias presente na nossa conjuntiva ocular. (Indivíduos que tem entupimento no canal lacrimal ou dificuldade de lubrificação estão mais sujeitos a conjuntivites.) • Ácidos graxos (de cadeia longa): são produzidos pelas glândulas sebáceas da pele e exercem ação tóxica contra algumas bactérias. • Ácido clorídrico (HCl) no estômago: o pH muito ácido (pH = 2,0-3,0) é desfavorável para a existência de bactérias; em jejum, não há microbiota residente. • Ácidos e sais biliares no intestino delgado: substâncias tóxicas para algumas bactérias. • Cerume: presente no canal auditivo. Dificulta a presença de bactérias. • pH da urina: é muito ácido e, assim, desfavorável a presença de bactérias. MECANISMOS QUÍMICOS DE CONTROLE • Fluxo unidirecional: por exemplo, a urina vai de sítios anatômicos estéreis (como os rins), realizando uma “lavagem” sobre o trato urinário, em direçãoao local contaminado. • Peristalse: o movimento das alças intestinais para o intestino grosso, carregando as bactérias presentes para serem expulsas com as fezes. • Movimento ciliar: enquanto o muco captura partículas, o movimento ciliar expulsa as bactérias a partir da expectoração na tosse, dificultando a chegada de bactérias ao trato respiratório inferior. AÇÕES FISIOLÓGICAS DE CONTROLE • Antagonismo microbiano: a microbiota residente exerce uma ação de oposição a bactérias estranhas, a partir de competição por nutrientes e por receptores. • IgA secretória: anticorpo presente nas nossas mucosas que a defende de forma mais específica, se ligando e eliminando bactérias estranhas àquele local. • Macrófagos alveolares: células fagocitárias residentes nos alvéolos. Se uma bactéria consegue driblar o muco e movimentos ciliares, os macrófagos alveolares que vigiam aquele local irão fagocitá-la. • Defensinas: proteínas de defesa que são produzidas pelas nossas células e exercem função antimicrobiana. MECANISMOS BIOLÓGICOS DE CONTROLE • Halitose • Cárie: depende dos substratos nutricionais que deixamos como resíduo na nossa boca. • Bromidrose: odores desagradáveis provocado por substâncias voláteis na planta dos pés (plantar) ou na axila (axilar). • Infecções oportunistas: bactérias da microbiota residente podem se comportar como patógenos quando mudam de sítio, por exemplo. EX: Cateter venoso, aumento de umidade em dobras da pele (candidíase cutânea), imunocomprometimento (candidíase oral e esofágica). • Superinfecção: desequilíbrio da microbiota provocado por uso de antibióticos de largo espectro. Pode provocar casos graves como colite pseudomembranosa (cólons intestinais desenvolvem uma necrose devido à proliferação exagerada de um contingente da microbiota). • Bacteremia fisiológica: chegada de bactérias ao sangue. Pode ser um fator de risco para indivíduos que tem lesão prévia de válvula cardíaca, pois há risco de endocardite. EFEITOS DESFAVORÁVEIS DA MICROBIOTA RESIDENTE EFEITOS DA MICROBIOTA RESIDENTE EFEITOS BENÉFICOS DA MICROBIOTA RESIDENTE • Ocupação de receptores: competem com bactérias invasoras por sítios de ligação. • Síntese de vitaminas: algumas bactérias da microbiota sintetizam vitaminas (K e algumas do complexo B) que são úteis para o metabolismo humano. • Antagonismo microbiano: competição por nutrientes, ocupação de receptores, produção de bacteriocinas (substâncias produzidas por um grupo de bactérias que combate outros grupos de bactérias) e alteração do pH (bactérias da microbiota vaginal exercem ação de manter o pH dentro de uma faixa, que dificulta a implantação de outros microrganismos). • Indução de anticorpos naturais: anticorpos são proteínas de defesa específica (humoral) e sua produção ocorre por contato com estímulos (antígenos) o qual pode ser representado pela microbiota residente, que vai proteger futuramente a mucosa de bactérias potencialmente patogênicas. • Modulação do sistema imune (probióticos): MAMPs (padrões moleculares associados a microrganismos) exercem uma ação de estimular a resposta imune
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