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unidade-2-contratacao-direta-e-modalidades-licitatorias1616419057

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GINEAD
LICITAÇÕES, CONTRATOS E 
CONVÊNIOS
Unidade 2 - Contratação direta e 
modalidades licitatórias
Contratação direta e modalidades 
licitatórias
Unidade 2
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Nesta unidade, examinaremos as hipóteses que possibilitam a contratação direta, sendo, 
por isso, situações de dispensa de licitação. Tratam-se de casos previstos na Lei nº 8.666/93 
que tendem a ser os preferidos dos administradores públicos, que geralmente entendem 
as licitações como um processo moroso para a obtenção de bens. Embora sejam exceção à 
licitação, esses casos constituem uma prática contratual diária e bastante comum.
Os conhecimentos tratados nesta unidade permitirão compreender as etapas do processo de 
contratação pública, bem como entender o motivo de, às vezes, a licitação ser desnecessária 
para se firmar um contrato administrativo. 
Objetivos
• Possibilitar a compreensão da fase interna da licitação, notadamente os requisi-
tos de escolha da modalidade licitatória, tipo de julgamento e regime de contra-
tação, os quais nortearão o edital do certame.
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a fase interna da licitação.
• Entender os requisitos de escolha da modalidade licitatória.
• Estudar o tipo de julgamento e o regime de contratação, os quais nortearão o 
edital de licitação.
Apresentação
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2.1 A contratação direta como exceção 
Vimos, na primeira unidade, que, para adquirir bens e contratar serviços, o Estado deve 
instaurar um processo de licitação. 
Antes de analisarmos as especifi cidades do processo licitatório, é importante destacar que há 
alguns casos em que ela não ocorre e em que a Administração realiza as contratações de forma 
direta. Tratam-se de hipóteses excepcionais previstas pelos Arts. 17, 24 e 25 da Lei nº 8.666/93, 
a Lei Geral de Licitações. 
O processo de contratação feito pelo Estado geralmente envolve duas fases – uma interna e 
outra externa. 
Na fase interna, ou preparatória do contrato, ocorre a análise quanto à necessidade da compra, 
a cotação de preços colhida no mercado, a verifi cação de dotação orçamentária com saldo 
sufi ciente para pagar essa pretensão, o impacto orçamentário-fi nanceiro, a elaboração da 
minuta do instrumento convocatório, sua aprovação jurídica etc. 
Já a fase externa é realizada nos casos em que é realizada a licitação. Desse modo, a partir da 
publicação do edital, os particulares são convidados a fornecer para o Estado, instaurando-se 
processo licitatório, conforme os princípios estudados na unidade anterior. Logo, podemos 
representar essas fases da seguinte forma:
Quadro 2.1: Fases da contratação pública
Fase interna
• Projeto básico aprovado e disponível.
• Orçamento detalhado em planilhas, com todos 
os custos unitários.
• Previsão de recursos orçamentários.
• Escolha da modalidade e do tipo da licitação.
• Designação da comissão da licitação, do leiloeiro 
ou oficial ou do responsável pelo convite.
• Verificação para confirmar se o produto está 
contemplado no PPA, se for o caso.
• Elaboração da minuta do edital.
• Análise e aprovação da assessoria jurídica.
• Publicação do aviso do edital ou da 
carta-convite.
• Direito a impugnação do processo licitatório, 
se for o caso.
• Habilitação dos licitantes, quando for o caso.
• Julgamento da comissão da licitação.
• Homologação.
• Adjudicação.
Fase externa
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
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Na contratação direta, a fase interna não é muito diferente. Contudo, antes de explicarmos 
essas hipóteses excepcionais, precisamos ressaltar que o afastamento da licitação não significa 
um tipo de “cheque assinado em branco”, no qual se poderia escolher a bel-prazer quem será 
o fornecedor. 
Na verdade, por ser exceção ao princípio das licitações, os cuidados devem ser majorados. 
Deve-se justificar de forma minuciosa o contrato pretendido, especialmente quanto ao rigoroso 
cabimento da situação nas hipóteses extraordinárias previstas pelos Arts. 17, 24 e 25 da Lei n° 
8.666/93; até porque a contratação direta sem motivo causa responsabilização direta do gestor 
público, sendo caso de dano moral presumido, conforme entende o Supremo Tribunal Federal.
Podemos entender, então, que as hipóteses de contratação direta eliminam o dever do processo 
licitatório, mas isso não suprime da Administração a necessidade de motivar e justificar 
detalhadamente as razões que determinaram a escolha do contratado e, também, as bases e 
condições contratuais. Não é, portanto, uma escolha arbitrária feita pelo gestor público.
Para que você possa acompanhar a explicação, sugerimos que consulte a lei nº 8666/93 para 
cada espécie de contratação direta abaixo mencionada:
Quadro 2.2: Espécies de contratação direta
Contratações diretas – espécies conforme lei nº 8666/93
Art. 17 Licitação dispensada
Art. 24 Licitação dispensável
Art. 25 Inexigibilidade de licitação
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
É possível acessar a Lei pelo site do planalto federal, no seguinte link: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm .
2.2 Dispensa de licitação
As situações de dispensa enumeradas no Art. 24 da Lei n° 8.666/93 são taxativas. Isso quer 
dizer que elas devem ser interpretadas restritivamente e, por isso, aplicam-se apenas aos casos 
descritos nesse dispositivo. Até o momento, são 35 casos previstos pelo Art. 24, com o último 
incluído pela Lei nº 13500/2017. Contudo, nada impede que o legislador acrescente outras 
hipóteses que julgar conveniente para a dispensa de licitação. 
Dessas 35 hipóteses, vamos especificar algumas, tendo em vista que basta ler o Art. 24 da Lei 
nº 8.666/93 para identificá-las. Isso significa que você deve ler integralmente esse artigo. Você 
pode acessá-lo no site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666 cons.htm>.
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2.2.1 Contratações de baixo valor
Os casos descritos no Art. 24, incisos I e II, são comumente denominados de dispensa em 
razão do valor, uma vez que são resultado de uma condicionante fática de cunho econômico, 
tendo em vista que a deflagração do processo licitatório em geral custaria mais que o próprio 
valor da contratação. 
Vejamos o que disciplina a Lei nº 8.666/93:
Art. 24. É dispensável a licitação: 
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite pre-
visto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de 
uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no 
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto 
na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta 
Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação 
de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
Observe que o inciso I, ao tratar da dispensa para obras e serviços de engenharia, veda seu 
emprego quando o objeto for composto de parcelas de uma mesma obra ou serviço ou, 
também, quando forem obras ou serviços de uma mesma natureza e no mesmo local e que 
podem ser feitas em conjunto e ao mesmo tempo.
Figura 2.1: A compra em maior escala pode proporcionar economia, mas isso exige planejamento.
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
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Do mesmo modo, percebemos que o inciso II, ao abordar a dispensa em razão do valor para os 
demais serviços e fornecimentos, impõe condicionante “desde que não se refiram a parcelas 
de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só 
vez” (BRASIL, Lei nº 8.666/93). 
Podemos dizer, então, que os dois incisos impedem o chamado “fracionamento de despesa”. 
Isso acontece quando o agente público, como propósito de indevidamente afastar o dever de 
licitar, divide a totalidade dos objetos que necessita contratar em parcelas para, tomando em 
conta o valor isolado de cada parcela/fração (que assim estaria nos limites do Art. 24, I ou II), 
firmar a contratação de forma direta.
Para não caracterizar fracionamento, a Administração deve considerar o total do gasto relativo 
ao objeto a ser contratado durante o período de um ano, o que está relacionado ao dever 
de planejamento, constituindo, em síntese, a tática previamente idealizada que permite a 
execução eficiente da ação pública. 
Assim, entendemos que se, por exemplo, a Administração tem uma demanda anual no valor 
de R$ 20.000,00 em compra de lâmpadas, será necessário realizar licitação, visto que esse 
valor ultrapassa o valor limite para dispensa, que, nesse caso, é de R$ 17.600,00. Ou seja, a 
Administração não pode firmar dois contratos de R$ 10.000,00 reais durante o ano, pois isso 
caracteriza fracionamento ilegal de despesa.
Ainda podemos entender que bens e serviços que são considerados integrantes do mesmo 
gênero e, portanto, envolvem o mesmo segmento de mercado, devem ser considerados 
conjuntamente, pois isso permite a obtenção de melhores condições de contratação. É o caso, 
por exemplo, de quando há uma contratação direta realizada para um serviço de coffee break. 
Como vimos, esse contrato direto tem duração de um ano e, nesse caso, não se poderia fazer 
uma licitação para a aquisição de café, tendo em vista que esse item, em regra, faz parte do 
serviço de coffee break. 
Esse entendimento é esposado pelo Tribunal de Contas da União, por meio do Acórdão nº 
1.874/2011, 2ª Câmara. A corte determinou à Administração para “abster-se de fracionar 
despesas que pela sua natureza, possam ser objeto de programação tempestiva, visando sua 
aquisição por meio de regular processo licitatório” (BRASIL, Acórdão nº 1.874/2011).  
A atividade de planejamento contratual pode seguir em consonância com o planejamento 
orçamentário imposto constitucionalmente à Administração Pública. 
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Quadro 2.3: Distinção entre fracionamento (ilegal) e parcelamento (legal)
Fracionamento
Dividir a DESPESA para ser 
possível a dispensa de licitação. 
É ilegal e deve ser combatido.
Ex. Há necessidade de 
contratar um coffee break 
por mês. O correto é com 
o planejamento abrir uma 
licitação no ano para esses 
12 fornecimentos.
Parcelamento
Dividir o OBJETO a ser licitado 
no maior número de parcelas 
possíveis, que forem viáveis 
técnica e economicamente, 
com vistas à ampliação da 
competitividade. É legal e deve 
ser estimulado.
Ex. A contratação de um 
evento pode ensejar 
diferentes contratos. Há 
empresas que fornecem 
palco, outras banheiros 
químicos, outras de 
segurança etc.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Por fim, salienta-se que o parágrafo único do Art. 24 da Lei n° 8.666/93 estabelece que os valores-
limites para dispensa de licitação são de 20% aos referidos nos incisos I e II do caput daquele 
artigo, em se tratando de compras, obras e serviços contratados por Consórcios Públicos, 
Sociedade de Economia Mista, Empresa Pública e por Autarquia ou Fundação qualificadas na 
forma da lei, como Agências Executivas.
2.2.2 Demais casos: dispensas em razão do 
objeto ou do sujeito fornecedor
A Lei nº 8.666/93 apresenta no Art. 24, incisos III a XXXV, outras situações de dispensa de 
licitação, as quais, como vimos, tratam de uma escolha legislativa e não têm outra razão lógica. 
Sendo assim, é importante ler esse artigo para conhecer essas hipóteses. 
Essas hipóteses foram estabelecidas em razão de seu objeto – como nos casos de calamidade 
pública, guerra, locação de imóvel específico etc. –, bem como foram criadas em virtude das 
pessoas fornecedoras, cooperativas de catadores, associação de deficientes físicos, organização 
sociais, entre outras. 
Para facilitar esse entendimento, acompanhe o diagrama:
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Agora que você conhece as hipóteses de dispensa de licitação, vamos aprender sobre a outra 
hipótese de contratação direta, que é a inexigibilidade de licitação.
Saiba mais
O Art. 24, V, da Lei nº 8.666/93 trata da hipótese em que não aparecerem 
interessados em uma licitação processada. Na prática, isso se denomina de 
“licitação deserta”. Diferente é o caso de que trata o Art. 24, VII, da “licitação 
fracassada”, ou seja, o certame no qual os interessados não atendem ao edi-
tal – seja apresentando proposta inaceitável (com com preço superior ao or-
çado pela Administração na fase interna), seja quando todos os interessados 
são inabilitados. 
2.3 Inexigibilidade de licitação: art. 25 
da Lei nº 8.666/93 
O processo de licitação tende a ser um refl exo do mercado, pois se fundamenta na noção 
de competitividade. Sendo assim, a ideia da licitação é estabelecer uma disputa entre 
fornecedores interessados, tendo em vista a possibilidade de, assim, obter condições mais 
vantajosas de contratação. 
No entanto, há alguns casos de inviabilidade de competição e, consequentemente, uma licitação 
impossível. Vejamos as hipóteses autorizadas pela Lei de Licitações.
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2.3.1 Art. 25, caput: inviabilidade de competição
O caput do Art. 25 da Lei nº 8.666/93 autoriza a contratação direta por inexigibilidade de licitação 
quando for inviável a competição. O dispositivo afirma: “Art. 25.  É inexigível a licitação quando 
houver inviabilidade de competição, em especial.”
Notamos que o requisito principal da inexigibilidade está nesse trecho, sendo seus incisos 
hipóteses meramente exemplificativas. Ou seja, se, na prática, o gestor público se deparar com 
um objeto singular ou cuja competição seja inviável, deverá embasar sua contratação direta no 
caput do Art. 25 e não precisará aplicar qualquer de seus incisos. Porém é importante ressaltar 
que isso se trata de hipótese excepcional, tal como exposto nesta decisão do Superior Tribunal 
de Justiça (STJ):
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. REDE DE COMUNICAÇÃO DE DADOS DE ÂM-
BITO NACIONAL. LICITAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. É inafastável a exigência constitu-
cional e legal da realização de licitação, quando se verifica que o objeto do contrato 
a ser firmado é passível de prestação por mais de uma empresa de telecomunicação 
(Superior Tribunal de Justiça, 2003).
Há, ainda, casos em que a inviabilidade de competição existirá porque a Administração 
precisa contratar todos os prestadores do objeto que eventualmente tenham interesse em 
prestar um serviço. É o que ocorre, por exemplo, com a contratação de instituições financeiras 
para viabilizar a liquidação e o pagamento de tributos. Trata-se do credenciamento, o qual, 
conforme o Tribunal de Contas da União:
É possível a utilização de credenciamento - hipótese de inviabilidade de competição 
não relacionada expressamente no art. 25 da Lei nº 8.666/1993 - para contratar pres-
tação de serviços privados de saúde no âmbito do SUS, que tem como peculiaridades 
preço pré-fixado, diversidade de procedimentos e demanda superior à capacidade de 
oferta pelo Poder Público, quando há o interesse da Administração em contratar to-
dos os prestadores de serviços que atendam aos requisitos do edital de chamamen-
to. (Tribunal de Contas da União, 2018).
Vejamos as hipóteses que seguramente são casos de inexigibilidade de licitação, eis que o rol 
do Art. 25, como vimos, é exemplificativo.
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2.3.2 Fornecedor exclusivo
O Art. 25,I, trata da hipótese conhecida como “fornecedor exclusivo”. Nos termos da Lei de 
Licitações:
Art. 25.  É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser forne-
cidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferên-
cia de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado 
fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação 
ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou ConfederaçãoPatronal, ou, ainda, 
pelas entidades equivalentes;
À luz dessa disposição, temos que não basta a exclusividade do fornecedor, é necessário 
demonstrar, na justificativa da inexigibilidade, que os bens ofertados pelos outros fornecedores 
não satisfazem as necessidades da Administração. De acordo com o Tribunal de Contas da União:
[...] nas aquisições de materiais com fornecedor exclusivo - vedada a preferência de 
marca - comprove nos autos que o material, equipamento ou gênero somente pode 
ser fornecido por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, e também 
que inexistem produtos similares capazes de atender às necessidades do serviço, 
devendo ambas as assertivas estar devidamente comprovadas nos autos, mediante 
atestado de exclusividade emitido pelos órgãos competentes, em obediência ao inciso 
I do art. 25 da Lei nº 8.666/93 e ao Acórdão nº 822/2005 e 723/2005 - TCU – Plenário 
(Tribunal de Contas da União, 2008).
Ainda é necessário anexar ao processo de contratação um “atestado”, ou seja, um documento 
que comprove que o fornecedor é o único que comercializa o produto, sendo emitido por 
entidades tais como “de registro de comércio” (Junta Comercial), o Sindicato, a Federação ou a 
Confederação Patronal. 
Referido documento deve ser solicitado pelo fornecedor interessado, como demonstra a Figura 
2.2:
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Figura 2.2: Entidade atestando fornecedor exclusivo
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Quanto à abrangência territorial da exclusividade, entende-se que deve avaliar o caso concreto: 
se o ente contratante geralmente realiza suas licitações em âmbito nacional e o fornecimento 
do objeto pretendido não seria prejudicado pela distância do vendedor, a exclusividade do 
atestado deve ser nacional. Agora, caso se constate prejuízo pela distância do fornecedor, será 
possível atestado local. Um exemplo é um município pequeno que conte com apenas um posto 
de gasolina. Por mais baixo que seja o valor do combustível em cidades próximas, não teria 
sentido viajar mais de 25 km para abastecer o veículo, visto que isso resultaria em prejuízo para 
a Administração.
2.3.3 Contratação de profissionais ou empresas 
de notória especialização
 A situação tratada no Art. 25, inc. II, da Lei nº 8.666/93 não se relaciona propriamente com 
a noção de inviabilidade de competição, ela trata da ideia de singularidade do serviço. De 
acordo com a referida lei:
Art. 25.  II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, 
de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, veda-
da a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
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A rigor, seria uma inviabilidade relativa de competição, pois, embora se encontre no mercado 
uma disponibilidade numérica de possíveis prestadores, na prática se pretende um serviço de 
alta qualidade e, por isso, não é qualquer um que pode realizá-lo. Logo, um processo competitivo 
se torna inviável, posto que não há como definir critérios objetivos para fundamentar a licitação.
Figura 2.3: Einstein seria profissional de notória especialização que poderia ser contratado por inexigibilidade!
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
De acordo com o TCU (2010), os requisitos a serem atendidos para a aludida contratação direta são:
1) o serviço deve ser técnico profissional especializado;
2) o serviço deve ser de natureza singular;
3) o prestador, pessoa física ou jurídica, deve ser notoriamente especializado.
Os serviços técnicos são tratados de forma exemplificativa no Art. 13 da Lei nº 8.666/93. O 
requisito de singularidade significa que a prestação deve ser incomum, diferentemente das 
prestações rotineiras e, por isso, considerada peculiar. Nesse sentido, o TCU entende que:
A natureza singular se caracteriza como uma situação anômala, incomum, impos-
sível de ser enfrentada satisfatoriamente por todo e qualquer profissional ‘especiali-
zado’. Envolve os casos que demandam mais do que a simples especialização, pois 
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apresentam complexidades que impedem obtenção de solução satisfatória a partir da 
contratação de qualquer profissional (ainda que especializado).
O terceiro requisito impõe que o prestador do serviço, profissional ou empresa, seja 
notoriamente especializado. A notória especialização está definida no § 1º do Art. 25 da Lei n° 
8.666/93, como:
o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorren-
te de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, apare-
lhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, 
permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à 
plena satisfação do objeto do contrato.
Quadro 2.4: Elementos fundamentais para a inexigibilidade do art. 25, II
Notória
especialização
Serviços do art 13
Singularidade
do objeto
Inexigibilidade
– art. 25, II
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
As características do profissional ou da empresa estão relacionadas com as características 
do objeto. É indispensável demonstrar a absoluta necessidade de que ele seja executado por 
profissional notoriamente especializado, sob pena de prejuízo ao interesse público. 
Assim, pode-se dizer que a contratação não se dá em razão da notória especialização, mas em 
razão da singularidade do objeto. Em outras palavras, a singularidade do objeto exige um 
profissional ou uma empresa notoriamente especializada.
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2.3.4 Contratação de artista consagrado
A contratação de profissional do setor artístico pressupõe inviabilidade de competição, tendo 
em vista que não é possível comparar talentos de artistas diversos. 
Vejamos o que está disposto na lei para esse caso:
Art. 25.  III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente 
ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada 
ou pela opinião pública;
A legislação impõe apenas que o artista seja consagrado pela crítica especializada ou pela 
opinião pública. Tratam-se de condições alternativas; portanto, atendendo a uma delas, será 
satisfeito o comando normativo constante do inciso III, do Art. 25 da Lei n° 8.666/93.
Figura 2.4: Inexigibilidade de artista consagrado pela crítica
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
No que se refere à opinião pública, trata-se de escolha relacionada ao sucesso do artista. 
Para comprovar que o contratado é famoso, o contratante poderá se valer de todos os meios 
idôneos de prova, tais como reportagens, recortes de jornal, entre outros. Geralmente, há vários 
artistas do mesmo ramo, os quais poderiam ser escolhidos por esse requisito da consagração 
pública. Então, para a contratação, a Administração utilizará os critérios de conveniência e 
oportunidade, bem como de economicidade, podendo, assim, decidir qual será contratado.
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As hipóteses de inexigibilidade estão resumidas neste diagrama:
2.4 Formalização da contratação 
direta
A Lei n° 8.666/93 esclarece os documentos que o gestor público deve anexar ao processo 
administrativo de contratação nos seguintes termos: 
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no inciso III e seguintes do 
art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justifi cadas, 
e o retardamento previsto no fi nal do parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser 
comunicados, dentro de 3 (três) dias à autoridade superior, para ratifi cação e publicação 
na imprensa ofi cial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a efi cácia dos atos.
Parágrafo único.  O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, pre-
visto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifi que a dispensa, 
quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justifi cativa do preço;
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados. 
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Ocaput do Art. 26 da Lei n° 8.666/93 especifi ca as ações a serem implementadas na fase 
preparatória de qualquer uma das contratações diretas, seja dispensa ou inexigibilidade de 
contratação.
Já o parágrafo único desse artigo, incisos II e III, aludem à necessidade de a Administração 
justifi car os preços que fundamentam a contratação direta e as razões que amparam a escolha 
do contratado. As disposições constituem decorrências um tanto quanto óbvias de toda a 
lógica que serve de pressuposto para a atividade contratual do Poder Público. 
É interessante a questão ligada à justifi cativa de preços nos processos de inexigibilidade de 
licitação. Por se fundamentarem em inviabilidade de competição, seja absoluta ou relativa, 
poderia se argumentar no sentido de ser impossível realizar a justifi cativa de preços a que 
alude ao Art. 26, parágrafo único, inciso III, afi nal a restrição de mercado tornaria inviável a 
realização de qualquer comparação objetiva de valores colhidos em pesquisa de preços com 
aqueles apresentados pelo particular pretendente da contratação.
Figura 2.5: Administrador público motivando a escolha
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
Atenção
É importante ressaltar que o fato de se tratar de inexigibilidade de licitação 
não impede a verifi cação da adequação dos preços. O detalhe, todavia, fi ca 
por conta do modo pelo qual tal constatação há de ser feita. A falta de uma 
pluralidade de propostas equivalentes pode ser superada a partir do exame 
do preço praticado pelo particular em outras contratações. 
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Quanto à escolha do contratado, esta deve ser justificada com base em dados objetivos que 
digam respeito diretamente à execução do objeto e revelem o contratado como melhor (senão 
a única) alternativa. Não há cabimento, portanto, que a escolha seja baseada em sentimentos 
próprios e pessoais dos agentes públicos. Tudo isso deve constar na motivação que integrará 
o processo administrativo de contratação. Na imagem anterior vemos que o gestor público se 
destaca ao motivar a escolha do objeto. Isso ocorre porque a responsabilidade de uma motivação 
mal feita cairá sobre ele, que poderá responder a processos de natureza cível e até penal.
2.4.1 Habilitação
Mesmo as contratações diretas devem assegurar a idoneidade e a capacidade do fornecedor 
pretendido. Sendo assim, a Lei de Licitações impõe o cumprimento dos requisitos de habilitação 
estabelecidos nos Arts. 27 a 31 da Lei nº 8.666/93, os quais formam um “envelope do fornecedor” 
– tal como ilustra a figura abaixo, e eles irão formalizar a qualificação contratual.
Figura 2.6: Diversos documentos habilitatórios
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
É por isso que Diogenes Gasparini (2012, p. 54) afirma que a contratação direta
só libera a Administração Pública da promoção do procedimento de escolha da me-
lhor proposta. Sendo assim, tudo o mais (verificação da personalidade jurídica, capa-
cidade técnica, idoneidade financeira, regularidade fiscal, empenho prévio, celebração 
do contrato, publicação) deve ser observado.
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As exigências de habilitação devem estrita pertinência com o objeto que se pretende contratar. 
Salienta-se que, em qualquer contratação, deverá ser requerido, no mínimo, a comprovação de 
regularidade perante o FGTS e INSS, em razão do disposto no § 3°, do artigo 195 da Constituição 
Federal – que proíbe a contratação com o Poder Público de pessoa que esteja em débito perante 
a seguridade social.
Por fim, registramos que, por força do Decreto Federal nº 5.450/05, o qual também regulamenta 
o pregão na forma eletrônica, as contratações com dispensa de licitação fundadas no inciso II 
do Art. 24 (em razão do valor) da Lei nº 8.666/93, levadas a efeito pelas unidades gestoras 
integrantes do Sistema de Serviço Gerais (SISG), devem, preferencialmente, adotar o sistema 
de cotação eletrônica.
Figura 2.7: Cotação eletrônica de preços
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
No intuito de propiciar ampla publicidade às contratações diretas, proporcionando maior 
agilidade aos referidos processos de aquisição, o Ministério do Planejamento, Orçamento e 
Gestão editou a Portaria nº 306/2001, regulamentando o sistema de cotação eletrônica. 
Síntese
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Ao concluir esta unidade, esperamos que você tenha entendido que a licitação nem sempre 
acontece. Há algumas exceções, todas dispostas na Lei de Licitações, a qual permite que, em 
casos específicos – escolhidos pelo legislador –, a Administração Pública contrate de forma direta. 
A dispensa de licitação apresenta um rol taxativo de hipóteses, eis que não é possível incluir 
situação diferente das exatamente previstas no artigo; o que difere é o Art. 25 da lei, que 
disciplina a inexigibilidade de licitação. Trata-se de rol exaustivo, que, inviabilizada a competição, 
permite ao administrador público valer-se desse instituto.
Nesta unidade, vimos, também, as fases da licitação: a interna, que é a etapa de planejamento 
da contratação, e a externa. Na fase interna, verifica-se a necessidade ou não de realização 
do processo licitatório. Caso seja necessário, o administrador público observará uma das 
modalidades previstas pelo Art. 22 da referida lei ou, ainda, o pregão para bens e serviços 
comuns, que é disciplinado pela Lei nº 10.520/2002.
Referências
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GINEAD
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Licitações e contratos. Orientações e 
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contas.tcu.gov.br/pesquisaJurisprudencia/#/detalhamento/11/3645/%2520/
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23
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