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[RESENHA] Filme ''Cisne Negro''

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@_isaenf 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 
DISCENTE: ISADORA VIANA COSTA 
CURSO DE ENFERMAGEM 
Resenha do filme ‘’ Cisne Negro’’ 
A trama acompanha a montagem de um balé clássico, O Lago dos Cisnes, de Piotr Ilitch 
Tchaikovsky, por uma companhia que decide aposentar sua primeira bailarina, Beth, 
brilhantemente interpretada por Winona Ryder. A partir deste momento iniciam-se os 
testes para sua substituição. Esta é a oportunidade que Nina, a protagonista da história, 
uma atuação magistral de Natalie Portman, sempre desejou, e ela dá tudo de si para 
conquistar a vaga. 
No momento em que ela é escolhida para interpretar a Rainha Cisne, a realização de seus 
sonhos, as pressões exercidas pelo coreógrafo Thomas e por sua mãe possessiva, uma ex-
bailarina frustrada, vivida pela atriz Barbara Hershey, levam Nina ao limite de sua psique 
já perturbada, até atingir o ponto crucial onde todas as fronteiras entre realidade e 
imaginação, loucura e sanidade, são transpostas. 
Talvez um dos elementos mais perturbadores deste filme seja seu ponto de vista, que 
transporta o público para o interior da mente atormentada e doentia de Nina; esta é a única 
versão da história, não há outras visões da mesma narrativa. Este ‘detalhe’ tem um 
impacto profundo sobre a plateia, ou pelo menos teve em mim, pois a partir de um 
determinado momento não conseguimos mais distinguir o que é real do que é mera 
alucinação. 
Nina é a bailarina que busca a perfeição da técnica; ela é o Cisne Branco ideal, pois 
representa a inocência, a pureza e a doçura que a personalizam. Por outro lado, ela é 
radicalmente controlada, disciplinada e reprimida; mas Thomas a escolhe porque sabe 
que em algum ponto de sua alma está presente o Cisne Negro, símbolo da sexualidade, 
da sedução e do mal. 
Enquanto no Lago dos Cisnes duas irmãs gêmeas disputam o príncipe que traz consigo a 
libertação de um feitiço que as mantêm cativas nos corpos de dois cisnes, o branco, que 
traduz a luz de uma, e o negro, que simboliza as sombras que habitam a alma da outra, as 
mesmas forças se confrontam no interior de Nina, que luta desesperadamente para 
permitir que sua face sombria se manifeste. A única forma que ela encontra de extravasar 
seus sentimentos é através da automutilação; quando seu corpo sangra, as emoções jorram 
de sua alma como se finalmente uma porta fosse aberta. 
Ao mesmo tempo, ela entra em conflito com sua mãe, o que intensifica ainda mais seu 
desgaste psíquico, e passa a projetar seus medos mais primitivos em outra bailarina, Lily, 
interpretada por Mila Kunis, que se destaca como coadjuvante. Ela não tem uma técnica 
apurada, mas apresenta a naturalidade e a sensualidade que Nina mais deseja expressar. 
Quando as duas se aproximam, a mente da protagonista imediatamente a identifica como 
sua principal rival, na verdade uma personalização de sua sombra. 
O que se vê na tela é a essência da arte, um jogo de sedução e fascinação, e cenas que 
beiram o mais profundo terror psicológico. Esta inusitada combinação provoca um 
impacto único e inesquecível no público, pois toca as profundezas do inconsciente 
https://www.infoescola.com/artes/bale-classico/
@_isaenf 
humano, seus abismos mais sombrios, e prova que a alma humana é tecida por luzes e 
sombras. A trajetória de Nina atesta que é impossível qualquer possibilidade de 
crescimento emocional sadio quando esta esfera mental é simplesmente desprezada e 
reprimida. 
O desfecho do filme é ainda mais impactante; ele nos prende, nos paralisa e rouba o nosso 
fôlego de tal forma que mal podemos respirar, literalmente. A encenação do balé, 
principalmente a atuação do Cisne Negro, é tão sublime, que nenhuma palavra, por maior 
que seja sua magia, poderá descrever. É uma daquelas cenas que ficam gravadas para 
sempre na mente humana. Natalie Portman merece, com certeza, não só o Oscar de 
melhor atriz, mas todos os prêmios de melhor interpretação de 2010. Por mais difícil e 
angustiante que seja a experiência de assistir Cisne Negro, é impossível sentir qualquer 
vestígio de arrependimento quando o filme chega ao fim. 
Observação: Anotem o nome do diretor, que, aliás, qualquer cinéfilo irá reconhecer: 
Darren Aronofsky. É ele o responsável por filmes como O Lutador, de 2008, muito 
celebrado pela crítica e pelo público; o menos festejado A Fonte da Vida, lançado em 
2006; e os trabalhos antigos que lembram mais Cisne Negro: Pi (1998) e Requiem Para 
Um Sonho (2000).

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