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Garantias Constitucionais e Execução Penal III

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1 
 
 
 
 
 
 
 
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS E EXECUÇÃO PENAL 
 
 
 
 
 
Prisão Processual e Execução Penal 
 
 
Prof. Dr. Fábio Bellote Gomes 
 
Unidade III 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
 
Fábio Bellote Gomes é professor titular na Universidade Paulista – UNIP há 
mais de dezoito anos, lecionando as disciplinas: direito empresarial e direito 
administrativo. 
É bacharel (1998), mestre (2010) e doutor (2014) pela Faculdade de Direito da 
Universidade de São Paulo – USP, tendo realizado o mestrado e o doutorado na área 
de concentração em Direito Comercial. 
Durante a graduação, foi aluno-monitor na cadeira de direito romano e bolsista 
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em nível de 
Iniciação Científica, na área de direito público. 
É autor de duas obras didáticas, que atualmente constituem bibliografia 
fundamental de diversos cursos de direito: Manual de Direito Empresarial e 
Elementos de Direito Administrativo. 
É coordenador do curso de pós-graduação em direito empresarial corporativo 
da Universidade Paulista – UNIP. 
Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/7100787923660549 
 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 
1. A PRISÃO PROCESSUAL E SUAS GARANTIAS ......................................... 5 
2. O REMÉDIO CONSTITUCIONAL HABEAS CORPUS................................. 14 
3. ASPECTOS DA EXECUÇÃO PENAL .......................................................... 17 
4. AS PENALIDADES DO DIREITO PENAL E A MEDIDA DE SEGURANÇA . 20 
4.1 SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA ............................................... 23 
4.2 SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO .................................... 24 
4.3 LIVRAMENTO CONDICIONAL ............................................................... 26 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 28 
 
 
 
 
 
4 
INTRODUÇÃO 
 
O teor da unidade III do curso de pós-graduação de Garantias Fundamentais e 
Execução Penal volta-se para os aspectos do cumprimento da condenação e dos 
trâmites da execução penal. 
Inicialmente, a análise perpassa as formas de prisões provisórias e a defesa 
das garantias constitucionalmente estabelecidas, em especial, o uso do remédio 
constitucional habeas corpus, e a interpretação dada pelas Cortes de Justiça do país 
para dar o cabimento devido do wrist diante do uso irrazoável como recurso ou pedido 
de progressão de regime. 
Dado início à execução penal, caberá ao Poder Judiciário a administração e 
fiscalização de benefícios de política criminal, como a suspensão condicional da pena, 
a suspensão condicional do processo e o livramento condicional. 
Nesse sentido, conforme jurisprudência pacificada, o Poder Judiciário em sede 
de juízo da execução acaba por exercer, de maneira precípua, a função de 
coordenador e aplicador de políticas criminais frente às crises do encarceramento e 
da justiça garantista ao buscar meios alternativos de punição frente a crimes com 
potencial lesivo baixo. 
Por fim, o pós-graduando adquirirá condições de refletir e propor soluções 
acerca das condições da manutenção prisional e execução das penas, além do 
emprego da defesa das garantias e direitos fundamentais. 
 
 
 
5 
1. A PRISÃO PROCESSUAL E SUAS GARANTIAS 
 
Prisão é o que entendemos pela pena privativa de liberdade, em virtude de 
sentença penal condenatória, mas não exclusivamente. O ordenamento jurídico 
brasileiro prevê hipóteses em que haverá prisão sem necessidade de cumprimento 
dos requisitos da condenação judicial e do trânsito em julgado. 
Na lavra doutrinária de Edilson Mougenot Bonfin são denominadas “prisão sem 
pena” e correspondem às espécies de prisão cível, administrativa, disciplinar e 
processual, sendo esta última cautelar ou provisória.1 
Inicialmente, devemos salientar que dentre os modelos acima dispostos, a 
prisão de natureza cível foi restringida pelo Supremo Tribunal Federal – STF diante 
do entendimento de haver violação aos direitos humanos na hipótese do depositário 
infiel. Desta feita, no julgamento dos Recursos Extraordinários nº 349.703 e 466.343, 
além do habeas corpus nº 87.585, o STF deu cumprimento às disposições do Pacto 
de São José da Costa Rica, do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos da 
ONU e da Declaração Americana dos Direitos da Pessoa Humana de 1948. 
Atualmente, figura como plausível de prisão civil no ordenamento jurídico brasileiro a 
hipótese de descumprimento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia (Art. 
5º, LXVII, CF/88). 
Acerca da espécie administrativa de prisão, não se encontra recepcionada pela 
ordem constitucional vigente, embora compunha parte do Código de Processo Penal, 
decreto-lei nº 3.689/1941, até ser revogada com o advento da lei nº 12.403/2011. 
No que tange à prisão disciplinar, é atinente à área processual militar. 
Por fim, a área estritamente penal costuma ser contemplada por três categorias 
distintas de prisão provisória: a prisão domiciliar, conforme Art. 317; a prisão 
preventiva, nos dizeres dos Arts. 318 a 318-B; e a prisão temporária, disciplinada 
em norma alheia ao Código Processual Penal – CPP, que é a Lei nº 7.960/1989. 
Os dispositivos acerca dessas formas de prisão e das medidas cautelares 
sofreram alterações pela Lei nº 12.403/2011, além da Lei nº 13.769/2018, prevendo a 
possibilidade de conversão de prisão preventiva imposta à mulher gestante ou à 
responsável por criança e pessoas por deficiência para prisão domiciliar quando não 
tenha cometido crime com emprego de violência ou grave ameaça e nem que a vítima 
tenha sido seu filho ou o dependente sob sua custódia. 
Acerca da prisão em flagrante, prescrita nos Arts. 301 a 310, não há consenso 
de sua classificação como forma de prisão ou mera prisão cautelar. Dá-se isso em 
virtude da perda de sua caracterização autônoma na lei, frente à hipótese de ser 
convertida em prisão preventiva, em detrimento exclusivamente da concessão de 
liberdade provisória. 
Com base nisso, a aplicabilidade da norma sem a devida autonomia da prisão 
cautelar é constante: 
 
 
1 MONFIM, Edson Mougenot. Curso de Processo Penal. 13. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019. p. 611. 
 
6 
Habeas corpus. 2. Tráfico de entorpecentes. Conversão da prisão em 
flagrante em preventiva. 3. Alegação de carência de fundamentação idônea 
na manutenção da prisão cautelar do paciente. Inexistente. 4. Não 
configuração de patente constrangimento ilegal ou abuso de poder. 5. Ordem 
denegada. 
(STF – HC nº 133.135 – SP. 2ª turma. Min. Relator: Gilmar Mendes. Data de 
julgamento: 23/08/2016. Publicação em: 06/09/2016.) 
 
Não de maneira distinta, os Tribunais Estaduais de maneira similar (TJ-SP HC 
nº 0035170-09.2018.8.26.000. 5ª Câmara de Direito Criminal. Des. Relator: Damião 
Cogan. Data do julgamento: 12/09/2018. Publicação em: 13/09/2018). Os requisitos 
preenchidos, com a devida fundamentação, devem ponderar pela incolumidade da 
ordem pública, não havendo violência contra o direito à liberdade ou à presunção de 
inocência: 
 
HABEAS CORPUS – ROUBO MAJORADO – PRISÕES PREVENTIVAS – 
REVOGAÇÃO OU SUBSTITUIÇÃO DAS SEGREGAÇÕES POR MEDIDAS 
CAUTELARES – IMPOSSIBILIDADE – DECISÕES DEVIDAMENTE 
FUNDAMENTADAS – PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES 
DAS CUSTÓDIAS CAUTELARES DOS PACIENTES – ORDEM 
DENEGADA. 1. Não merece ser acolhida a alegação de ausência de 
fundamentação se o il. Magistrado a quo converte as prisões em flagrante 
dos pacientes em preventivas ressaltando a necessidade da medida extrema 
para a garantia da ordem pública, após destacar a presença de prova da 
materialidade do crime e indícios suficientes de sua autoria. 2. Presentes os 
requisitos autorizadores das prisões preventivas, a manutenção das 
segregações provisórias é medida que se impõe. 
(TJ-MG– HC nº 1.000.18.108760-2/000. 5ª Câmara Criminal. Des. Relator: 
Eduardo Machado. Data de julgamento: 30/10/2018. Publicação em: 
13/11/2018) 
 
A caracterização dessas modalidades de prisão provisória demanda o atributo 
da cautelaridade, consistindo na circunstância temporária de segregação do indivíduo 
para garantir a segurança da sociedade e o curso adequado do processo penal. 
Com isto, entende-se que deva haver requisitos a serem cumpridos, como os 
indícios concretos para determinar autoria ou participação e a probabilidade de 
risco à sociedade ou ao processo caso o agente permaneça ainda em liberdade. São 
imprescindíveis para a cautelaridade por atender à prescrição constitucional da 
presunção de inocência, mormente à condição do Inciso LXI do Art. 5º, que plasma a 
não prisão senão por flagrante delito ou ordem judicial escrita e fundamentada. 
Nesse aspecto, o STJ entende não haver ofensa contra a presunção de 
inocência na hipótese de execução provisória da pena: 
 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES SEXUAIS CONTRA 
VULNERÁVEL. CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. EXPEDIÇÃO 
DE MANDADO DE PRISÃO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. 
ILEGALIDADE. INOCORRÊNCIA. EVOLUÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA DO 
STF. PRISÃO ESPECIAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. ORDEM 
CONHECIDA EM PARTE E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA. I - "A 
execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de 
 
7 
apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não 
compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado 
pelo artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal" 
(HC n. 126.292/SP, Tribunal Pleno, Rel. Min. Teori Zavascki, DJe de 
17/5/2016). 
(...) 
Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa extensão, denegado. 
(STJ – HC nº 382.733 – RS. 5ª Turma. Min. Relator: Felix Fischer. Data de 
julgamento: 18/04/2017. Publicação em: 02/05/2017) 
 
Em harmonia com a norma processual penal, conforme o Art. 282 desta, a 
prisão poderá ocorrer em virtude do flagrante delito; por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judicial competente, quando houver sentença prolatada e transitada em 
julgado ou, ainda, por prisão temporária ou preventiva no decorrer da investigação ou 
do processo. 
Na superveniência de nulidade no flagrante, as Cortes de Justiça manifestam-
se pela superação do vício na decretação de prisão preventiva (STJ – HC nº 443.408 
– SP. 5ª Turma. Min. Relator: Felix Fischer. Data de julgamento: 03/05/2018. 
Publicação em: 15/05/2018; e STJ – HC nº 443.689 – SC. 6ª Turma. Min. Relator: 
Rogerio Schietti Cruz. Data do julgamento: 15/05/2018. Publicação em: 29/05/2018). 
Em relação à prisão preventiva, poderá ser decretada com o fim de garantir a 
ordem pública ou econômica, para convir com a instrução criminal, ou asseguramento 
da lei penal, preenchendo os requisitos da concretude de prova da existência do crime 
e indícios suficientes de autoria (Art. 312, CPP). Tipicamente é o caso do indiciado ou 
réu que possa evadir fronteiras, ameace vítima ou testemunhas, ou participe de 
organização criminosa que possa retaliar as autoridades no curso do processo. 
Porém, mera suposição de fuga ou gravidade do crime isoladamente 
considerada não compõe motivo suficiente para decretação da prisão preventiva (STF 
– HC nº 140.269 – SP. 1ª Turma. Min. Relator: Marco Aurélio. Data do julgamento: 
06/03/2018. Publicação em: 19/06/2018). A argumentação exposta na ementa do 
habeas corpus nº 140.269 celebra o princípio da não culpabilidade em oposição a 
gravidade da imputação delitiva. 
Porém, em outra demanda, a Suprema Corte Federal utilizou-se da gravidade 
da conduta criminosa como requisito da manutenção da prisão preventiva (STF – HC 
nº 144.764 – BA. 1ª Turma. Min. Relator: Marco Aurélio. Data de julgamento: 
20/11/2018. Publicação em: 07/12/2018). 
Não há com precisão o que venha a ser gravidade da conduta criminosa, e nem 
quando esta isoladamente constitua requisito necessário para decretar o instituto em 
questão. Porém, considerando o contexto de determinadas condutas, é possível aferir 
a repercussão e a conexão dessa gravidade com outros atos criminosos, seja do 
agente réu ou de terceiros: 
 
HABEAS CORPUS – RECURSO ORDINÁRIO – SUBSTITUIÇÃO. Em jogo, 
na via direta, a liberdade de ir e vir do cidadão, cabível é o habeas corpus 
ainda que substitutivo de recurso ordinário constitucional. 
 
8 
PRISÃO PREVENTIVA – ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. Uma vez 
decorrendo a custódia da prática do crime de integração a organização 
criminosa relacionada à rebelião em presídios, cometimento de homicídios e 
tráfico de entorpecentes e armas, a teor de conteúdo obtido mediante 
interceptações telefônicas autorizadas e apreensão de documentos, tem-se 
dados a sinalizarem a periculosidade do envolvido, motivando, validamente, 
a prisão preventiva. 
(STF – HC nº 155944 – PR. 1ª Turma. Min. Relator: Marco Aurélio. Data de 
julgamento: 04/12/2018, Publicação em: 18/12/2018) 
 
Com base na Lei nº 7.960/1989, a prisão temporária tem algumas hipóteses 
em comum com a modalidade preventiva. Inicialmente, destina-se a possibilitar a 
investigação criminal contra crimes graves, sendo decretada por autoridade 
competente. 
Com base no dispositivo primeiro da lei especial, há 3 (três) incisos elencando 
as hipóteses para a decretação da prisão temporária, sendo o primeiro referente à 
imprescindibilidade da medida para as investigações no curso do inquérito policial; o 
segundo item menciona a hipótese de quando o indiciado não tiver residência fixa ou 
não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; e o terceiro 
item menciona fundadas razões de autoridade ou participação nos crimes elencados 
no rol de itens “a” a “p”. 
A doutrina não é pacífica no entendimento de que esses três incisos devam ser 
preenchidos cumulativa ou alternativamente, havendo inclusive menção da hipótese 
de ser aplicada a crimes não mencionados nos itens do inciso III.2 
O STJ emanou suas razões para a interpretação do teor dos três incisos pela 
partícula disjuntiva ou, possibilitando a interpretação de serem requisitos alternativos, 
o que não inviabiliza a cumulação (STJ – Recurso em HC nº 94.763 – GO. 5ª Turma. 
Min. Relator: Ribeiro Dantas. Data do julgamento: 04/12/2018. Publicação em: 
12/12/2018). 
Não inviabiliza porquanto, mesmo praticando um dos delitos previstos, devido 
à gravidade e repercussão do crime, o agente tende a se evadir ou proporcionar 
obstáculos para a condução das investigações necessariamente (STJ – AgRg no RHC 
nº 78.432 – SP. 5ª Turma. Min. Relator: Joel Ilan Paciornik. Data do julgamento: 
28/03/2017. Publicação em: 05/04/2017). 
Podendo reverberar discussões doutrinárias sobre eficiência e impunidade, a 
Corte Superior de Justiça entendeu que o não cumprimento do mandado de prisão 
temporária após um considerável lapso temporal é indicativo de que os requisitos que 
a ensejam não estão mais presentes; não obstando, no entanto, a superveniência de 
uma nova decisão cautelar penal (STJ – HC nº 383.855 – PB. 6ª Turma. Min. Relator: 
Nefi Cordeiro. Data do julgamento: 30/03/2017. Publicação em: 07/04/2017). 
Como medida excepcional, há duas outras hipóteses constitucionais acerca da 
restrição à liberdade de pessoas: na vigência do estado de sítio (Art. 139, II e III), e no 
estado de defesa, no caso de crime contra o Estado (Art. 136, §3º, I). 
 
2 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Processual. 25. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2018. p. 304. 
 
9 
Em desacordo com essas hipóteses, qualquer outra hipótese ensejadora de 
prisão estará eivada de inconstitucionalidade. 
Outras categorizações acerca da prisão são as atinentes a prerrogativas de 
prisão especial, na letra do Art. 295 do CPP. Assim, serão recolhidos em quartéis ou 
prisão especial, na sujeição à prisão antes da condenação definitiva: 
 
a) Os ministros de Estado; 
b) Governadores ou interventores de Estadosou Territórios e seus respectivos 
secretários; 
c) O prefeito do Distrito Federal e seus respectivos secretários; 
d) Prefeitos municipais, vereadores e os Chefes de Polícia; 
e) Membros do Congresso Nacional, do Conselho de Economia Nacional e 
das Assembleias Legislativas do Estado; 
f) Cidadãos cujos nomes estejam inscritos no Livro de Mérito; 
g) Oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, DF e dos 
Territórios; 
h) Magistrados; 
i) Diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; 
j) Ministros de confissão religiosa; 
k) Ministros do Tribunal de Contas; 
l) Cidadãos que exerceram a função de jurado (múnus público), exceto se 
excluídos da listagem por incapacitação para o exercício da função. 
 
Também é garantida a prerrogativa da prisão especial para os advogados e os 
membros do Ministério Público, porém sua previsão está em lei esparsa ao CPP; da 
mesma forma, consta a previsão da prisão legal para os magistrados na Lei Orgânica 
da Magistratura – LOMAN, Lei Complementar nº 35/1979. 
Acerca da prerrogativa assegurada aos advogados, alheia à Novel Processual 
Penal, é referendada pela Suprema Corte Federal: 
 
Reclamação. 2. ADI 1.127. Estatuto da OAB. 3. Prerrogativas dos advogados. 
Prisão cautelar. Sala de Estado-Maior. 4. Prisão especial em local de 
instalações e comodidades condignas. Ausência de afronta à decisão do 
Supremo Tribunal Federal. 5. Reclamação julgada improcedente. 
(STF – Rcl. nº 14.267 – SP. 2ª Turma. Min. Relator: Gilmar Mendes. Data do 
julgamento: 05/08/2014. Publicação em: 30/10/2014) 
 
Com base nessa garantia, o Inciso V, do Art. 7º da Lei nº 8.906/1994, Estatuto 
da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil, foi discutido sobre sua 
constitucionalidade, nos autos da Ação Declaratória de Inconstitucionalidade – ADI – 
de número 1.127-8. 
A Associação Brasileira de Magistrados postulou pela ADIN mencionada para 
suprimir algumas expressões contidas na Lei Estatutária, com fulcro na narrativa de 
haver supressão dos meios judiciais adequados. 
 
10 
Acerca do dispositivo sobre a prisão especial para advogados, foi suprimida a 
expressão assim reconhecidas pela OAB em decisum proferido pelo STF em 06 de 
outubro de 1994. 
Percebe-se, na letra da norma estatutária dos patronos, que não houve 
supressão da possibilidade de substituir a prisão especial pela domiciliar, contrariando 
o julgado mencionado mais acima.3 
Salienta-se que pelo entender do Superior Tribunal de Justiça a execução da 
pena privativa de liberdade após condenação em 2ª instância não viabiliza a aplicação 
do Art. 7º, V, da Lei nº 8.906/1994: 
 
EMENTA: (...) 
(...) 
3. No caso, interposto recurso especial pela defesa contra o acórdão que 
confirmou a condenação do réu, é possível a execução imediata da pena, 
porquanto ocorreu o exaurimento das instâncias ordinárias. 
4. Iniciada a execução da pena privativa de liberdade, não é aplicável a regra 
prevista no art. 7º, V, da Lei n. 8.906/1994, que prevê a prisão provisória de 
advogado em sala de Estado Maior ou, na ausência desta, a substituição por 
prisão domiciliar. Precedentes. 
5. Ordem denegada. 
(STJ - Acórdão Hc 440650 / Sp, Relator(a): Min. Rogerio Schietti Cruz, data 
de julgamento: 22/05/2018, data de publicação: 06/06/2018, 6ª Turma) 
 
O rol trazido pela Norma Processual é de natureza exemplificativa, pois há 
outras hipóteses contempladas em normas alheias. 
Sobre o instituto em comento, na ausência de local adequado para uma prisão 
especial para os que possuem curso superior, não caberá pedido de prisão domiciliar 
(STJ – HC nº 380.983 – MG. 6ª Turma. Min. Relator: Nefi Cordeiro. Data do 
julgamento: 27/04/2017. Publicação em: 08/05/2017). 
Conforme mencionado, muitas demandas acerca das prisões cautelares dizem 
respeito à possibilidade de conversão de uma das prisões provisórias em prisão 
domiciliar. 
Sua previsão encontra-se na Novel Processual Criminal, estipulando um rol de 
requisitos subjetivos para a concessão, mediante comprovação idônea: 
 
a) Idade superior a 80 (oitenta) anos; 
b) Doença grave que acarrete debilidade severa; 
c) Necessidade de cuidar de menor de 6 (seis) anos de idade ou de deficiente; 
d) Gestante (revogada a especificação acerca do mês de gravidez); 
e) Mulher que tenha filho de até 12 (doze) anos de idade completos; 
f) Homem, como único responsável pelos cuidados de filho de até 12 (doze) 
anos incompletos. 
 
3 TJ-MG – HC nº 1.000.18.108760-2/000. 5ª Câmara Criminal. Des. Relator: Eduardo Machado. 
Data de julgamento: 30/10/2018. Publicação em: 13/11/2018. 
 
11 
No caso do item e), ainda é requerido que a mãe não tenha cometido crime 
com emprego de violência ou realizado com grave ameaça, e que o crime não tenha 
sido cometido contra o filho ou dependente (Art. 318-A). 
Na aplicação do dispositivo supra, o STJ entendeu pela manutenção da prisão 
preventiva contra genitora que pleiteou prisão domiciliar para cuidar do filho. A 
justificativa circunstancial deu-se pela possibilidade de cometer atos de violência, 
porquanto respondia por dois crimes de agressão contra o companheiro (HC nº 
522.133 – SC. Decisão Monocrática. Min. Relator: João Otávio de Noronha. Data do 
julgamento: 18/07/2019. Publicação em: 02/08/2019). 
No entender popular, parece ser letra morta da lei, amoldando-se às discussões 
sobre impunidade ou falência do sistema prisional, pois os casos mais notórios são 
justamente os de políticos que têm a prisão convertida em domiciliar. Sendo, em 
suma, uma premiação ao criminoso, se entendermos como prisão domiciliar após 
condenação transitada em julgado. 
No entender da norma processual, não é o caso, uma vez que se trata de uma 
forma de conversão sobre a prisão preventiva (Art. 318, caput), e em sua definição 
menciona que o beneficiário da medida é o indiciado ou o acusado. 
Porém, a Lei de Execução Penal – LEP, nº 7.210/1984, prevê com a 
denominação de recolhimento em residência particular, quando, além de ser 
beneficiário do regime aberto, aquele que for condenado estiver com idade superior 
a 70 (setenta) anos; for portador de doença grave; possuir filho menor ou deficiente 
físico ou mental; ou for gestante. 
Pela regra mencionada no Art. 117 da novel supra, faz-se necessário ser 
condenado beneficiário do regime aberto. 
Tendo essa previsão positivada, o habeas corpus nº 152.707, no STF, foi 
julgado procedente com o fito de transferir o ex-deputado Paulo Salim Maluf, para 
cumprimento de prisão em residência domiciliar. Na época dos autos – julgado em 
abril de 2018, já estava com 86 (oitenta e seis) anos de idade. 
No entanto, na circunstância de então, sua condenação era em regime 
semiaberto. Foi considerada a aplicação da prisão domiciliar humanitária, em virtude 
das condições de idade e saúde, sujeitando-se a comprovar requisitos em fase de 
execução penal. 
A Súmula Vinculante nº 56, do STF, estipula: “A falta de estabelecimento penal 
adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais 
gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 
641.320/RS.”, sendo norte para entendimentos acerca da falta de estrutura prisional. 
O Recurso Extraordinário mencionado no Enunciado Vinculante estipulara 
critérios para alocação de presos, de modo que aqueles que cumprissem a pena em 
regime semiaberto e aberto não poderiam estar alojados com os do regime fechado. 
Outrossim, os Tribunais entendem por aplicar medidas mais garantistas, 
fundamentando-se no princípio da individualização da pena: 
 
 
12 
EMENTA: (...) 
- Nos termos da Súmula Vinculante nº. 56, do STF, "a falta de 
estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado 
em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os 
parâmetros fixados no RE 641.320/RS" e, dentre esses parâmetros, está a 
possibilidade de deferimento da prisão domiciliar aos condenados que se 
encontrarem nessasituação. 
- Apesar da concessão da prisão domiciliar não ser a melhor solução, a priori, 
a mesma pode ser admitida, pelo menos até que sejam estruturadas as 
medidas alternativas propostas no bojo do RE 641.320/RS, tais como a saída 
antecipada, a liberdade eletronicamente monitorada e a imposição de penas 
restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado. 
V.V. 
- As hipóteses de cabimento da prisão domiciliar, elencadas no art. 117 da 
Lei de Execução Penal, são taxativas e não estando o sentenciado inserido 
em nenhuma dessas hipóteses, inviável a concessão de tal benefício. 
(TJ-MG Agv. Exec. Penal nº 1.0074.17.006032-6/001. 5ª Câmara Criminal. 
Des. Relator: Adilson Lamounier. Data de julgamento: 31/07/2018. 
Publicação em: 06/08/2018) 
 
O fundamento ainda pode garantir, visando o princípio da humanidade ou a 
humanização da pena, mais uma vez, podendo repercutir na opinião pública, 
privilégios oriundos do tráfico de influência. Na competência do Pretório Excelso, 
também foi aplicada a prisão domiciliar humanitária em 2018, sob habeas corpus 
número 153.961. 
No entender das Cortes Estaduais de Justiça, um lídimo julgado aplica as 
normas do Art. 318 a 318-B do CPP, compreendendo a existência de prisão domiciliar 
humanitária e seus requisitos: 
 
Execução penal. Conversão da prisão em domiciliar humanitária. Estado de 
saúde. Provas. 
1 - Na execução penal, a prisão domiciliar pressupõe que o apenado esteja 
cumprindo pena no regime aberto. Excepcionalmente, o benefício pode ser 
concedido em outros regimes de cumprimento da pena, se 
imprescindível em razão das peculiaridades do caso. 
2 - Recluso que cometeu crimes graves, punidos com reclusão não prova a 
falta de condições de cumprir, em segurança, a pena no estabelecimento 
prisional em que se encontra, não pode ter a prisão convertida em domiciliar 
humanitária. 
3 - Ordem denegada. 
(TJDFT – Exc. Penal: 0721596-03.2018.8.07.000. 2ª Turma Criminal. Des. 
Relator: Jair Soares. Data do julgamento: 25/01/2019. Publicação em: 
30/01/2019) (destaque) 
 
Caso sentenciado para cumprir pena em regime semiaberto, a justificativa dar-
se-á em razão de situação excepcional ou em situações de maior urgência (TJ-MG 
Agv. Exec. Penal nº 1.0362.17.005416-1/001. 6ª Câmara Criminal. Des. Relator: 
Furtado de Mendonça. Data de julgamento: 18/12/2018. Publicação em: 22/01/2019; 
e Agv. Exec. Penal nº 1.0027.17.014998-6/002. 6ª Câmara Criminal. Des. Relator: 
 
13 
Rubens Gabriel Soares. Data do julgamento: 31/07/2018. Publicação em: 
10/08/2018). 
Vê-se que diante da dificuldade entre balizar a condução investigatória e 
processual e garantir a incolumidade pública dos agentes envolvidos e das 
autoridades, resta ainda a manutenção das garantias fundamentais de cada cidadão. 
Nesse sentido, a jurisprudência e a própria norma processual penal buscam 
alicerçar-se pelo princípio da humanização e da individualização da pena, tanto que 
esta última sofreu diversas alterações nos últimos anos tentando adequar-se ao 
volume de processos e investigações que, permanecendo parados, causam prejuízo 
a toda sociedade. 
As formas provisórias de prisão, não acarretando a culpabilidade presumida, 
não são institutos isolados, podendo haver a conversão de um e outro frente às 
necessidades do próprio indiciado ou acusado, ou de seus dependentes, ou, ainda, 
das circunstâncias inerentes à investigação e ao processo. 
Muitas das medidas impostas pelo Supremo Tribunal Federal sobre a 
administração prisional do Executivo e apelos conclamados ao Poder Legislativo 
remetem para manutenção da execução penal e solução das excessivas demandas 
do Poder Judiciário. Nesse contexto, tornam-se emblemáticos o habeas corpus nº 
641.320, propondo metas e medidas para a administração prisional ao Poder 
Legislativo e ao Conselho Nacional de Justiça; além da ADPF nº 347, do DF, em que 
a Suprema Corte declarou o estado de coisas inconstitucionais, autorizando a 
liberação de Fundo Penitenciário para conter a crise de rebeliões em presídios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2. O REMÉDIO CONSTITUCIONAL HABEAS CORPUS 
 
O marco legal do habeas corpus no Brasil iniciou-se com o Código de Processo 
Criminal de 1832, na vigência da Constituição de 1824. Posteriormente, com a Lei nº 
2.033, o rol de pacientes foi ampliado, considerando a iminência da restrição ao direito 
de propriedade. Obteve disposição constitucional com a Carta Republicana de 1891. 
A atual previsão constitucional o descreve como remédio constitucional 
destinado para constranger ameaça ou efetiva violência ou coação sobre a liberdade 
de locomoção, decorrente de ilegalidade ou abuso de poder (Art. 5º, LXVIII). Nesse 
sentido, o remédio constitucional pode ser preventivo (baseado na ameaça) ou 
repressivo (quando ocorrida a violência à liberdade de locomoção). 
Na seara constitucionalista, os remédios constitucionais podem ser nominados 
como garantias fundamentais, porquanto serem medidas judiciais que permitem a 
garantia da fruição dos demais direitos humanos. 
Nesse sentido, é cediço o atributo da informalidade ou da ausência de patrono 
constituído para a impetração do habeas corpus. É admitida sua propositura 
concorrentemente à impugnação de título condenatório por meio da revisão criminal, 
no entender da Suprema Corte Brasileira (HC nº 121.601 – MG. 1ª Turma. Min. 
Relator: Marco Aurélio. Data do julgamento: 29/05/2018. Publicação em: 13/06/2018); 
porém, a 1ª Turma do Pretório Excelso, pondera reiteradamente pelo não cabimento 
como substitutiva de revisão criminal (HC nº 136.330 – MG. 1ª Turma. Min. Relator: 
Marco Aurélio. Data do julgamento: 11/09/2018. Publicação em: 23/11/2018). 
No entanto, a mesma Corte, pela 2ª Turma, já flexibilizou pelo habeas corpus 
em substituição ao Recurso Extraordinário (HC nº 136.539 – AM. 2ª Turma. Min. 
Relator: Ricardo Lewandowski. Data de julgamento: 04/10/2016. Publicação em: 
09/06/2017). 
Ademais, não convém o uso da garantia em substituição a outros recursos 
adequados (STF – HC nº 139.839. 1ª Turma. Min. Relator: Marco Aurélio. Data do 
julgamento: 13/11/2018. Publicação em: 28/11/2018). 
A título de exemplo, o que poderia acontecer como prática seria a impetração 
de writ com o desiderato de perquirir progressão de regime ou até mesmo a prisão 
domiciliar (TJ-MG nº 1.0000.18.117303-0/000. 3ª Câmara Criminal. Des. Relator: 
Paulo Cézar Dias. Data do julgamento: 11/12/2018. Publicação em: 22/01/2019) ou o 
requerimento de outros benefícios no curso da execução penal (TJ-SP nº 0038826-
71.2018.8.26.0000). 
Devido ao fim específico de garantia da liberdade de ir e vir, não se adequa ao 
processo do remédio dilação probatória ampla: 
 
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. 
MATÉRIA QUE DEMANDA DILAÇÃO PROBATÓRIA. RECURSO PRÓPRIO 
NO ÂMBITO DA EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS NÃO ADMITIDO. 
1. A via estreita de habeas corpus não permite a análise aprofundada de 
elementos probatórios necessários para se apreciar pedido de progressão de 
regime, matérias atinentes à Execução Penal e que sequer foi requerida junto 
ao Juízo apontado como coator. 
 
15 
2. Habeas corpus não conhecido. 
(TJDFT – HC nº 0716698-44.2018.8.07.0000. 2ª Turma Criminal. Des. 
Relator: Des. João Timóteo de Oliveira. Data de julgamento: 12/11/2018. 
Publicação em: 16/11/2018) 
 
Excepcionalmente, já houvera sido demandado o habeas corpus para 
permissão de direito de visita a condenado, sendo decidido pela impossibilidade pela 
via judicial inadequada, marcado precedente sobre esse episódio (HC nº 132.963 e nº 
162.059, ambos no STF). 
Ainda, em sede de progressão de substituir prisão preventiva por outras 
medidas cautelares, os Tribunais obviamente não admitem a discussão acerca da 
inocência, mas não exclusivamente justificada pela via judicial inadequada, mas 
porque a natureza do habeas corpus não vislumbra valoração probatória (TJ-MG – 
HC nº 1.0000.17.088816-8/000. 1ª Câmara Criminal. Des.Relator: Alberto Deodato 
Neto. Data de julgamento: 12/12/2017. Publicação em: 24/01/2018). 
Os principais requisitos da medida constitucional estão elencados no Código 
de Processo Penal, no Art. 654, §1º: legitimidade ativa: qualquer pessoa – em seu 
favor ou de outrem; nome da pessoa que sofre ou está à mercê de sofrer a constrição 
da liberdade; o nome da autoridade que exercera a violência ou ameaça; a declaração 
(descrição) da forma de constrangimento, sendo que para a ameaça, as justificativas 
sobre o temor; a assinatura do impetrante, e a menção à residência. 
São requisitos simples e sincréticos, bastando a qualificação das pessoas 
envolvidas e a descrição da violência ou fundamentação da iminente ameaça. 
Convém observar que a Carta Magna, em seu Art. 142, §2º, estatui pela 
impossibilidade do writ sobre a punição de natureza militar disciplinar. Ocorre que esta 
regra sobre flexibilização na hipótese excepcional de ocorrência de vício formal. 
Nesse sentido, o STJ entendeu: 
 
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. 
CABIMENTO. ART. 142, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PUNIÇÃO 
DISCIPLINAR MILITAR. 
1. Nos termos do art. 142, § 2º, da Constituição Federal, "não caberá habeas 
corpus em relação a punições disciplinares militares". A flexibilização dessa 
regra, na linha da orientação jurisprudencial firmada, ocorre somente no caso 
de alegação de vício formal do procedimento, situação inocorrente na 
espécie. 
2. Agravo desprovido. 
(AgInt. no RHC nº 70.421 – BA. 6ª Turma. Min. Relator: Antonio Saldanha 
Palheiro. Data de julgamento: 25/04/2017. Publicação em: 08/05/2017) 
 
Tal posicionamento foi reiterado pela Corte Estadual do Rio de Janeiro (HC nº 
0056389-10.2017.8.19.000 – 2ª Câmara Criminal. Des. Relator: Rosa Helena Penna 
Macedo Guita. Data do julgamento: 12/12/2017. Publicação em: 12/12/2017; e HC nº 
0057711-31.2018.8.19.000. 14ª Câmara Cível. Des. Relator: Cleber Ghelfenstein. 
Data do julgamento: 31/10/2018. Publicação em: 31/10/2018) e emanado 
didaticamente pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, considerando a natureza 
jurídica da punição disciplinar como ato administrativo, ficando, assim, o instituto do 
 
16 
habeas corpus voltado para regularidade formal do ato (RSE 
nº 00110964020154058300. 3ª Turma. Des. Relator: Carlos Rebêlo Júnior. Data de 
julgamento: 27/10/2016. Publicação em: 04/11/2016). 
Dando ensejo ao amparo e consistência do habeas corpus, o Código 
Processual Penal define um rol taxativo de determinações de coação ilegal: 
 
a) Sem justa causa; 
b) Agente preso por mais tempo do que determina a lei; 
c) Incompetência da autoridade coatora; 
d) Cessação do motivo ensejador da coação; 
e) Negação de prestação de fiança, na hipótese de a lei autorizar; 
f) Processo manifestamente nulo; e 
g) Extinta a punibilidade. 
 
A norma processual salienta que a concessão da medida constitucional não 
afetará as demais circunstâncias do processo quando não houver conflito com a 
fundamentação construída pelo remédio. 
Por fim, o CPP estipula não poder ser concedido habeas corpus em virtude de 
prisão administrativa de responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda 
Pública (Art. 650, §2º). Não obstante a permanência da norma sem estar 
expressamente revogada, não há mais o instituto da prisão administrativa na ordem 
constitucional pós 1988; permanece, pois, sem aplicação este dispositivo para a 
hipótese. 
A Justiça Federal manifesta-se pela não recepção pela Carta Magna de 1988 
do instituto da prisão administrativa de estrangeiro submetido a processo de expulsão 
ou deportação (TRF 2º - HC nº 0008277-17.2017.4.02.000. 1ª Turma Especializada. 
Des. Relator: Antonio Ivan Athié. Data de julgamento: 28/09/2017. Publicação em: 
02/10/2017). 
 
 
17 
3. ASPECTOS DA EXECUÇÃO PENAL 
 
De antemão, a compreensão do termo “execução penal” deve se ater sobre a 
gestão sobre o preso durante o cumprimento da condenação penal. 
Há discrepâncias doutrinárias acerca da natureza jurídica, podendo ser 
nominado como processo de conhecimento ou prestação judicial autônoma.4 
Contém aspecto jurisdicional, já que as determinações sobre o cumprimento de 
pena ficam sob competência de um juiz de direito, não sendo oportuno considerar 
como processo exclusivamente administrativo. 
A lei regulatória da execução penal é a Lei nº 7.120/1984 – LEP, portanto, 
anterior à Constituição Federal de 1988, mas recepcionada e, ao menos na 
literalidade, mostrou-se uma lei moderna e garantista no sentido da humanização da 
pena. No Art. 3º, são assegurados ao condenado e ao internado todos os direitos que 
não foram atingidos pela sentença ou pela lei. 
Assim, nos moldes da lei, o objeto da execução penal é concretude da sentença 
ou decisão criminal, com o intuito de integração social harmoniosa do condenado ou 
internado (Art. 1º). 
A assistência ao preso e ao internado é assegurada pelo Poder Público, 
contemplando no termo assistência: material (alimentação, vestuário e instalação 
higiênica), à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. 
Com base nisso, as demais garantias fundamentais – não constritas pela 
sentença ou decisão penal – devem ser preservadas e asseguradas durante o 
cumprimento da pena: 
 
AGRAVO NA EXECUÇÃO PENAL. DIREITO DE SER VISITADO PELA 
SOBRINHA MENOR. DECISÃO QUE NEGA O INGRESSO NA 
PENITENCIÁRIA EM RAZÃO DA IDADE. CONTRARIEDADE AOS FINS DA 
EXECUÇÃO PENAL. DECISÃO REFORMADA. 
1. O sentenciado agrava da decisão do Juízo da Execução Penal que negou 
a autorização de visita pela sobrinha de quinze anos de idade em presídio. 
2. É dever do Estado, por intermédio do Juízo da Execução Penal e das 
demais instituições do Sistema Penitenciário do Distrito Federal, 
"proporcionar condições para a harmônica integração do condenado e do 
internado" (artigo 1º, da Lei 7.210/84). Isso exige que as limitações impostas 
aos direitos e garantias individuais não afetados pela sentença sejam 
assegurados com estrita observância dos direitos fundamentais 
estabelecidos na Constituição Federal. Impedir que a sobrinha menor, junto 
com a mãe, visite o preso, afronta de maneira flagrante esses postulados. 
Não deve o Juízo da Execução Penal estabelecer restrições sem previsão 
legal, contrariando os saudáveis objetivos da execução penal. 
3. Agravo provido. 
(TJDFT – Acórdão nº 0007862-26.2018.8.07.0000. 1ª Turma Criminal. Des. 
Relator: George Lopes. Data de julgamento: 29/11/2018. Publicação em: 
13/12/2018) 
 
4 BRITO, Alexis Couto de. Execução Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 06. 
 
18 
Ademais, o Poder Judiciário, nesta fase, exerce a função de administrar a 
condução, concessão ou restrição de direitos. Daí, surge a corrente que a execução 
penal se assemelha a um processo administrativo acerca da condição e status do 
preso (TJ-SP nº Agv. Exc. Penal 7001501-49.2018.8.26.0482). 
É admitida, inclusive, atuação discricionariedade por parte do Juízo da 
Execução no sentido da conveniência de averiguação de condição de saúde ou 
toxicológica do apenado: 
 
AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL – SAÍDA TEMPORÁRIA – TRABALHO 
EXTERNO – PROGRESSÃO DE REGIME – EXAME CRIMINOLÓGICO – 
REALIZAÇÃO FACULTATIVA – CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUÍZO 
DA EXECUÇÃO. 
– Embora tenha sido abolida a exigência prévia da realização do exame 
criminológico e/ou PIR para análise dos critérios subjetivos para o 
deferimento e manutenção de benefícios referentes à execução penal, em 
casos excepcionais tais perícias podem ser realizadas, desde que 
fundamentadamente determinadas pelo Juízo a Execução. 
– Compete ao Magistrado, presidente do processo de execução penal, dentro 
da discricionariedade motivada, viabilizar ou obstar a submissão do 
reeducando ao exame criminológico, com fundamento nas características do 
caso concreto. 
(TJMG – Agrv. em Exc. Penal nº 1.0231.17.017040-2/001. 7ª Câmara 
Criminal. Des. Relator: Cássio Salomé. Data de julgamento: 23/01/2019.Publicação em: 01/02/2019.) 
 
A amplitude da discricionariedade da autoridade judicial fica limitada em virtude 
dos direitos e garantias fundamentais daquele a que se submeteu a suas decisões, 
além de outros preceitos da lei. 
Eventuais medidas judiciais em defesa costumam ser denegadas, conforme já 
mencionado acerca da conversão da prisão preventiva em domiciliar sem 
fundamentos consistentes, ou usar do habeas corpus, uma medida com menor grau 
de formalidades, para substituir recursos, comumente mais formais e custosos (TJ-SP 
nº 0037356-05.2018.8.26.000. 2ª Câmara de Direito Criminal. Des. Relator: Sérgio 
Mazina Martins. Data do julgamento: 14/10/2018. Publicação em: 17/10/2018). 
Processos penais em curso, embora autônomos, são adequados para 
contagem de tempo de progressão de regime, acúmulo de pena e para fins de 
reincidência, expondo assim um razoável gerenciamento da vida do preso (TJ-MG 
Agv. em Exc. Penal nº 1.0024.12.045445-9/001. 3ª Câmara Criminal. Des. Relator: 
Maria Luíza de Marilac. Data do julgamento: 20/11/2018. Publicação em: 30/11/2018), 
em que pese a sociedade ter a sensação de impunidade acrescida do abandono das 
condições prisionais por todo país. Pode ser constatada a regressão de regime 
quando evidenciada infração disciplinar durante o confinamento pela determinação 
judicial (TJ-MG Agv. em Exc. Penal nº 1.0074.18.003552-4/001. 5ª Câmara Criminal. 
Des. Relator: Adilson Lamounier. Data do julgamento: 29/01/2019. Publicação em: 
04/02/2019). 
A execução da pena mantém-se juridicamente fundada em coletivo de 
princípios exercitados no curso da penalidade, destacando-se os postulados da 
legalidade, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, e em 
especial constância o da humanização e da individualização da pena. 
 
19 
Historicamente, as primeiras regulamentações acerca da execução nasceram 
com o Código Criminal do Império, de 1830, ao passo que o Código Penal dos Estados 
Unidos do Brasil, de 1890, dispôs sobre um menor número de dispositivos acerca do 
cumprimento penal. 
O instituto da suspensão condicional do processo – sursis – veio no século 
seguinte, com o advento do Decreto nº 16.588/1924, enquanto o livramento 
condicional nasceu no país por meio do Decreto nº 16.665/1924, ambos aplicáveis e 
interligados à condenação criminal. 
A Carta Constitucional de 1934 atribuiu à União a competência de legislar sobre 
normas gerais penitenciárias. 
O Código Penal, ainda vigente, remete ao ano de 1940, porém encontrava 
óbice com as disposições do então Código Penitenciário, publicado em 1937. Este 
último foi, ao final, substituído por atualizações ao Código de Processo Penal de 1941, 
ainda vigente. 
A previsão constitucional acerca do regime penitenciário foi mantida na 
Constituição seguinte, do ano de 1946. 
Décadas depois, a Lei nº 6.416/1977 trouxe alterações significativas para o 
Código Penal e para a Norma Processual Criminal. 
Posteriormente, após uma comissão de renomados juristas, deu-se início ao 
trabalho que acabaria por resultar na Lei de Execução Penal de 1984, permanecendo 
ainda em vigor. 
Observa-se que foram gradualmente sendo garantidos mais direitos e 
propostas de humanização ao preso, embora consideremos os turbulentos anos de 
instabilidade governamental e até mesmo regimes mais rígidos em exercício no país, 
ao longo do século XX. Urge questionar sobre a importância e a necessidade de um 
controle prisional e uma efetivação de políticas criminais para ao fim buscar reduzir os 
danos à sociedade e manter a estabilidade do tecido social sob controle. 
Com a nomenclatura de Estado Constitucional de Direito, o Poder Judiciário 
cada vez mais é o agente da política criminal no campo fático: 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
PECULATO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA APROPRIAÇÃO INDÉBITA POR 
RAZÕES DE POLÍTICA CRIMINAL. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTE. 
RECURSO DESPROVIDO. 
1. No caso em tela, as instâncias de origem, por razões de política criminal, 
desclassificaram a conduta do recorrido de peculato para apropriação 
indébita. 
2. Ocorre que, diante da presença de todos os elementos do tipo penal, 
reconhecidos na própria sentença condenatória e confirmados pelo Tribunal 
de Justiça, incabível a hipótese de desclassificação da conduta, como 
ocorrido in casu. Precedente. 
4. Agravo regimental não provido. 
(STJ - AgRg no Aresp nº 722.927 – RS. 5ª Turma. Min. Relator: Reynaldo 
Soares da Fonseca. Data de julgamento: 27/06/2017. Publicação em: 
01/08/2017) 
 
 
 
20 
4. AS PENALIDADES DO DIREITO PENAL E A MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
As penalidades aplicáveis aos condenados estão elencadas no Código Penal 
brasileiro, decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. 
Estatui a referida norma, em seu Art. 32, que as penas serão privativas de 
liberdade, restritivas de direito e de multa. 
Alternadamente, há as medidas de segurança, que não são penalidades 
propriamente e sim unicamente medida, como o nome sugere, sendo aplicadas em 
razão de sentença absolutória, na hipótese de inimputabilidade do réu; ou de sentença 
que converta a pena privativa de liberdade em medida de segurança. 
Via de regra, essa possibilidade de converter pena em medida de segurança 
competirá ao juízo da execução, na superveniência de limitação mental ou psíquica 
do apenado. 
Nesse aspecto, a conversão da privação de liberdade em medida de segurança 
como internação ambulatorial não torna a sentença condenatória da primeira nula: 
 
EMENTA: (...) 
- A jurisprudência desta Corte Superior é pacífica no sentido de que, 
constatada a semi-imputabilidade do réu, o magistrado, valendo-se da 
discricionariedade fundamentada, poderá optar por aplicar pena privativa de 
liberdade com o redutor previsto no art. 26, parágrafo único do CP, ou 
submetê-lo a tratamento ambulatorial ou medida de internação, conforme 
preconiza o art. 98 do Estatuto Repressivo. 
- Dessa forma, havendo as instâncias de origem, com base no acervo fático 
e probatório dos autos, em especial, no laudo pericial realizado no paciente, 
reconhecida sua semi-imputabilidade, e entendido ser mais recomendável a 
ele a substituição da sua pena privativa de liberdade com a aplicação do 
referido redutor, por medida de segurança consistente em internação em 
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, não há que se falar em 
nulidade da sentença. 
- O entendimento firmado pela Corte estadual está em harmonia com a 
jurisprudência pacificada desta Corte Superior, não havendo, portanto, 
nenhuma ilegalidade a ser sanada. 
- Agravo regimental não provido. 
(STJ - AgRg no HC nº 457.611 – SP. 5ª Turma. Min. Relator: Reynaldo Soares 
da Fonseca. Data de julgamento: 06/11/2018. Publicação em: 16/11/2018) 
 
Determinadas circunstâncias demandam ajustes entre a aplicação ou a 
alternância da privação de liberdade e medida de segurança, pelas iniciativas do 
Ministério Público ou do juiz de execuções. 
Nesse sentido, após cumprimento de medida de segurança pelo tempo da pena 
constante da sentença condenatória, o juízo da execução extinguiu a medida de 
segurança com a fundamentação de que estaria caracterizada pena perpétua, o 
Parquet manifestou-se contrariamente. O STJ estipulou que a extinção da medida de 
segurança, para o caso, caberia nas hipóteses de cessação da periculosidade do 
agente ou pelo cumprimento da pena máxima em abstrato (STJ – AgRg no HC nº 
 
21 
336.452 – SP. 6ª Turma. Min. Relator: Nefi Cordeiro. Data do julgamento: 10/11/2016. 
Publicação em: 24/11/2016). 
O entendimento reiterado pela Corte Superior de Justiça acerca do prazo 
máximo da medida de segurança é a sanção máxima cominada em abstrato para o 
delito (STJ – Pet. no HC nº 442.666 – MG. 6ª Turma. Min. Relator: Nefi Cordeiro. Data 
do julgamento: 26/06/2018. Publicação em: 02/08/2018). 
Acerca do fenômeno de reformatio in pejus, não há validação pela Corte 
Superior de Justiça na hipótese de constar dentre os pedidos do habeas corpus a 
conversão emmedida de segurança (STJ – HC nº 184.940 – SP. 5ª Turma. Min. 
Relator: Gurgel de Faria. Data de julgamento: 23/06/2015. Publicação em: 
03/08/2015). 
Acerca das penas propriamente ditas, elas possuem autonomia entre si, 
mesmo podendo ser aplicadas simultaneamente. Assim, na hipótese da concessão 
do indulto da pena privativa de liberdade não abarcará a pena de multa submetida a 
acordo de parcelamento (STF – Exc. Penal. AgReg nº 11 – DF. Tribunal Pleno. Min. 
Relator: Roberto Barroso. Data de julgamento: 08/11/2017. Publicação em: 
18/12/2017). Acerca de um caso prático, o Decreto nº 8.615/2015, acerca do indulto 
do respectivo ano, deixava claro que a inadimplência da pena de multa cominada 
conjuntamente com a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos não impediria 
o benefício (STJ – AgRg no REsp nº 1.715.309 – SP. 6ª Turma. Min. Relator: Antonio 
Saldanha Palheiro. Data do julgamento: 13/12/2018. Publicação em: 04/02/2019). 
Em consonância com as disposições acerca do remédio habeas corpus, haverá 
perda de objeto deste writ quando da execução antecipada da pena resultar 
superveniente acórdão do STJ prolatado favoravelmente ao paciente, restando 
apenas a pena de restrição de direitos (STF – HC nº 136.720 – PB. 2ª Turma. Min. 
Relator: Ricardo Lewandowski. Data de julgamento: 13/03/2018. Publicação em: 
09/04/2018). 
Insta esclarecer, que a STJ consolidou entendimento pela impossibilidade de 
execução provisória de pena restritiva de direitos (AgRg nos Emb. Dcl. no REsp nº 
1.619.087 – SC. 5ª Turma. Min. Relator: Reynaldo Soares da Fonseca. Data do 
julgamento: 07/03/2017. Publicação em: 10/03/2017). 
Cumpre salientar a recente polêmica acerca da possibilidade de cumprir a pena 
privativa de liberdade após manutenção da condenação na segunda instância, o que 
abarca como constitucional, então, o cumprimento das penas restritivas, no mesmo 
contexto. Não há falar, portanto, em violação à presunção de inocência, na letra do 
STF (RE nº 1.129.642 Agr – MG. 1ª Turma. Min. Relator: Marco Aurélio. Data de 
julgamento: 26/06/2018. Publicação em: 06/09/2018). 
A Lei de Execução Penal determina que a privação corporal deverá ter um 
caráter progressivo, possibilitando a transferência para um regime menos rigoroso, 
quando cumprida a pena de pelo menos um sexto na constância do regime anterior 
além de comprovação de bom comportamento (Art. 112). Na via de defesa judicial, há 
o hábito de impetrar habeas corpus como medida para progredir no regime ou evitar 
o regresso ao regime mais rígido, não correspondendo à via adequada, exceto na 
constatação de coação ilegal: 
 
 
22 
EMENTA: (...) 
1. O Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e a Terceira Seção 
deste Superior Tribunal de Justiça, diante da utilização crescente e sucessiva 
do habeas corpus, passaram a restringir a sua admissibilidade quando o ato 
ilegal for passível de impugnação pela via recursal própria, sem olvidar a 
possibilidade de concessão da ordem, de ofício, nos casos de flagrante 
ilegalidade. Esse entendimento objetivou preservar a utilidade e a eficácia do 
mandamus, que é o instrumento constitucional mais importante de proteção 
à liberdade individual do cidadão ameaçada por ato ilegal ou abuso de poder, 
garantindo a celeridade que o seu julgamento requer. 
2. Este Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que a fuga do 
estabelecimento prisional configura falta grave. Precedentes. 
3. O cometimento de infração de natureza grave justifica a regressão de 
regime, bem como ocasiona alteração da data-base para futura progressão e 
a perda de um terço dos dias remidos. Diretriz jurisprudencial consolidada 
nesta Corte. 
4. Habeas corpus não conhecido. 
(STJ – HC nº 468.850 - RS. 5ª Turma. Min. Relator: Reynaldo Soares da 
Fonseca. Data de julgamento: 04/10/2018. Publicação em: 15/10/2018) 
 
Quanto à possibilidade de as penas restritivas de direito (incisos do Art. 43 do 
Código Penal) como substitutas das privativas de liberdade, devem estar em 
consonância com as disposições do Art. 44 do mesmo diploma: pena privativa de 
liberdade não superior a quatro anos e cometimento do crime sem emprego de 
violência ou grave ameaça; quando a pena for superior ao estipulado anterior, o crime 
ser culposo; não reincidência em crime doloso; análise de culpa, antecedentes e 
registros criminais, conduta social e personalidade do condenado. 
Pode ainda a pena privativa de liberdade ser substituída pela de multa ou por 
uma única restrição de direito quando o crime tiver penalidade igual ou inferior a um 
ano. 
O operador do direito deve dedicar atenção ao fato de que há uma penalidade 
restritiva que consiste em prestação pecuniária (Art. 43, I), mas não se confunde com 
a pena de multa (TRF3 Apelação nº 65374 – SP – 0014513-25.2006.4.03.6181. 11ª 
Turma. Des. Relator: Nino Toldo. Data do julgamento: 04/09/2018. Publicação em: 
12/092018). 
Na hipótese de cumprimento da pena privativa corporal ou a de restrição de 
direitos, o inadimplemento da pena de multa não constrói obstáculo à extinção da 
punibilidade. A partir deste fato, torna-se competência da Fazenda Pública em sede 
de execução fiscal (STJ – AgRg no REsp nº 1.728.871 – ES. 6ª Turma. Min. Relator: 
Rogerio Schietti Cruz. Data de julgamento: 21/06/2018. Publicação em: 01/08/2018; e 
TJ-SP Emb. Decl. Nº 9001951-27.2017.8.26.0050. 10ª Câmara de Direito Criminal. 
Des. Relator: Nuevo Campos. Data do julgamento: 07/02/2018. Publicação em: 
14/02/2018). 
Diante dessas peculiaridades na administração da execução penal, é notável a 
confluência entre os institutos acerca da condenação; patente, nesse aspecto, o 
crucial papel do Poder Judiciário na seara da política criminal, não obstante os 
principais problemas enfrentados acerca da criminalidade, como a proliferação de 
facções criminosas no interior dos presídios. 
 
23 
 
4.1 Suspensão condicional da pena 
 
O instituto da suspensão condicional da pena, também conhecido como sursis 
penal, reflete em muitos aspectos práticos da política criminal no sentido de possibilitar 
a reinserção social do réu e conter o avanço do encarceramento massivo do país. 
Sua natureza jurídica é de direito subjetivo do condenado, sendo balizado pelo 
juízo da execução (STJ – AgRg no AREsp nº 1.361.616 – SP. 5ª Turma. Min. Relator: 
Ribeiro Dantas. Data de julgamento: 11/12/2018. Publicação em: 19/12/2018). 
O juiz, considerando o histórico e antecedente do condenado, as circunstâncias 
referentes ao crime cometido, além de ter ou não sofrido outra condenação com 
privação de liberdade, poderá suspender pelo interregno não inferior a 2 (dois) anos 
e não superior a 6 (seis) anos a execução das penas de reclusão ou de detenção, 
para o crime em análise com pena que não exceda 2 (dois) anos, ou para pena de 
prisão simples, que o crime não seja inferior a 1 (um) ano e não superior a 3 (três) 
anos (Art. 696, I e II). 
O caput do Art. 696 utiliza o verbo poderá, deixando claro tratar-se do exercício 
do juízo de discricionariedade. No dispositivo seguinte, o juiz deverá, para a hipótese 
de aplicar a pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos, pronunciar-se 
motivadamente sobre a suspensão condicional da pena, quer a conceda quer a 
denegue. 
A posteriori, a não oferta do benefício em questão acarretará nulidade negativa, 
surtindo efeitos de remeter os autos ao primeiro grau para oferecimento do sursis (STJ 
– AgRg no HC nº 474.501. 6ª Turma. Min. Relator: Rogerio Schietti Cruz. Data do 
julgamento: 27/11/2018. Publicação em: 12/12/2018). 
O juiz, ainda, determinará as condições do benefício, além de impor alguns 
encargos para cumprimento, devendo, portanto, o beneficiário comparecer perante 
entidade fiscalizadora para comprovar o cumprimento dos requisitos exalados pelo 
juiz da execução. 
Em virtude das condições determinada pelo juízo de execução, há gênese para 
confusão acerca da pena restritiva de direito com as restrições determinadas em sede 
de sursis. Deste impasse,o STJ manifestou-se: 
 
PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. SURSIS. 
IMPOSSIBILIDADE. 
Nos termos da jurisprudência desta Corte "A execução da pena restritiva de 
direitos, embora não seja idêntica, traz notória similitude com o cumprimento 
das condições impostas no sursis, razão pela qual merece tratamento 
jurídicoequivalente", (AgRg no REsp 1546132/SC, Sexta Turma, Rel. Min. 
Nefi Cordeiro, DJe 03/04/2018) não sendo possível, portanto, a execução 
provisória da pena no caso dos autos. 
Agravo regimental desprovido. 
(STJ - Agrg nos Edcl no Agrg no Aresp 962.773 – RJ. 5ª Turma. Min. Relator: 
Felix Fischer. Data de julgamento: 17/05/2018. Publicação em: 23/05/2018) 
 
24 
 
Frente ao exposto, a intelecção consagrada pela Corte é pela impossibilidade 
de cumprimento provisória de restrições de direito antes do trânsito em julgado da 
respectiva ação penal, quando em substituição das penas privativas de direito. 
Outrossim, no caso de sursis nas mesmas circunstâncias, deverá ser mantido o 
tratamento que foi empregado para a pena de restrições de direito quanto à execução 
provisória. 
 
4.2 Suspensão condicional do processo 
 
Na mesma esteira da política criminal, com o intuito de prestar homenagem às 
ideologias de garantismo penal, a suspensão condicional do processo visa diminuir o 
excesso de demandas judiciais no tocante a crime menos gravosos, além de conter o 
aumento exponencial de encarcerados diante das deficiências estruturais 
penitenciárias. 
No entanto, distintamente do sursis penal, a modalidade ora em análise 
repercute ainda no curso do processo penal. 
A suspensão condicional do processo pode ser proposta pelo Ministério 
Público, o órgão de acusação, no momento de oferta da denúncia, nas hipóteses de 
crimes que possuam pena mínima igual ou inferior a um ano, mesmo que não 
contemplados pela Lei nº 9.099/1995, a Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
A norma de amparo ao instituto encontra no Art. 89 da Lei do JECRIM, e 
estabelece que o Parquet poderá propor o benefício, sendo, portanto, juízo de 
discricionariedade por parte do órgão de acusação. O benefício contemplará a 
suspensão do processo por dois a quatro anos, desde que o então acusado não seja 
processado ou condenado por outro crime, além de outros requisitos atinentes ao 
sursis penal. 
Embora a norma estipule ser propositura pelo Parquet, o entendimento do STF 
admite ser faculdade do juiz realizar a proposta de ofício (Habeas corpus nº 136.053 
– SP. 1ª Turma. Min. Relator: Marco Aurélio. Data de julgamento: 07/08/2018. 
Publicação em: 24/09/2018). No entanto, por questão de literalidade, em decisão de 
2019, o TJDFT decidiu que o oferecimento da proposta do sursis processual cabe tão 
somente ao Ministério Público, até mesmo as medidas a serem cumpridas (RES nº 
0001410-35.2016.8.07.011. 1ª Turma. Des. Relator: Carlos Pires Soares Neto. Data 
do julgamento: 24/01/2019. Publicação em: 04/02/2019). 
No teor do §1º do Art. 89 da Lei nº 9099/1995, encontramos: 
 
Art. 89 (...) 
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, 
este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o 
acusado a período de prova, sob as seguintes condições: 
(...) 
 
 
25 
Depreende-se, portanto, que a proposta é feita pelo órgão do Ministério Público 
considerando a não reincidência do agente e a pena mínima do delito, cabendo ao 
juiz, após o aceite da proposta pelo réu, estipular as demais condições para o 
cumprimento. 
O parágrafo seguinte ainda menciona poder o juiz especificar mais condições, 
quando forem adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
O juiz revogará obrigatoriamente o benefício de suspensão caso o agente seja 
processado por outro crime ou não repare o dano; facultativamente, o magistrado 
revogará a suspensão se o crime for uma contravenção penal ou o descumprimento 
de outras condições impostas. 
No entendimento do TJ-SP, necessita-se que o beneficiário venha a ser 
processado de fato, significando que revogação necessite que o agente tenha sido 
pelo menos denunciado (RSE nº 0048258-47.2007.8.26.0050. 14ª Câmara de Direito 
Criminal. Des. Relator: Laerte Marrone. Data do julgamento: 25/07/2018. Publicação 
em: 26/07/2018). 
Na hipótese de cumprir adequadamente o prazo estipulado de suspensão 
processual, o magistrado extinguirá a punibilidade. 
Caso ocorra razão superveniente de descumprimento da suspensão 
condicional do processo, o STF declara a possibilidade de retroagir pela revogação 
da medida: 
 
EMENTA: Agravo regimental em habeas corpus. Execução penal. 
Suspensão condicional do processo. Descumprimento de condição. 
Revogação após o término do período de prova. Possibilidade. Precedentes. 
Agravo regimental não provido. 
1. A decisão ora questionada está em perfeita consonância com a orientação 
desta Suprema Corte no sentido de que “a suspensão condicional do 
processo pode ser revogada, mesmo após o seu termo final, se comprovado 
que o motivo da sua revogação ocorreu durante o período do benefício” (HC 
nº 90.833/RJ, Primeira Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJ de 
11/5/07). 
2. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(STF – HC nº 155.528 Agr – DF. 2ª Turma. Min. Relator: Dias Toffoli. Data de 
julgamento: 04/09/2018. Publicação em: 17/10/2018) 
 
Consolidou-se na mesma inclinação o Superior Tribunal de Justiça, sendo a 
revogação da suspensão viável após o curso do prazo (Rec. em HC nº 95.804 – DF. 
5ª Turma. Min. Relator: Reynaldo Soares da Fonseca. Data do julgamento: 
19/04/2018. Publicação em: 30/04/2018). 
Esse entendimento costuma ser referendado também nas Cortes Estaduais e 
Federais: 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO QUE REVOGOU A 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO, PELO COMETIMENTO DE 
NOVO CRIME, QUANDO O ACUSADO SE ENCONTRAVA NO PERÍODO 
DE PROVA. POSSIBILIDADE. 
 
26 
Recorrente que cometeu novos crimes durante o período de prova da 
suspensão condicional do processo. Decisão que, após esse período, 
revogou o benefício. Acerto da decisão. 
Tanto a decisão que declara extinta a punibilidade diante do cumprimento das 
condições impostas em razão da suspensão condicional do processo, como 
a que revoga o benefício pelo descumprimento de alguma condição, é 
declaratória. 
Nessa linha de raciocínio está consolidado o entendimento, no âmbito dos 
tribunais superiores, de que o simples decurso do prazo da suspensão 
condicional do processo concedida não impõe a extinção da punibilidade, 
haja vista poder haver a revogação do sursis processual, mesmo após o 
decurso desse prazo, desde que em razão de fatos ocorridos antes de seu 
término. 
RECURSO DESPROVIDO. 
(TJRJ – RSE nº 0006962-96.2018.8.19.0036. 3ª Câmara Criminal. Des. 
Relator: Antonio Carlos Nascimento Amado. Data de julgamento: 30/08/2018. 
Publicação em: 30/08/2018) 
 
No aspecto da garantia constitucional do beneficiário, encontra fundamento o 
habeas corpus impetrado frente a qualquer forma de constrangimento ilegal (TJ-MG 
HC nº 1.0000.18.130929-5/000. 6ª Câmara Criminal. Data do julgamento: 18/12/2018. 
Publicação em: 22/01/2019). 
 
4.3 Livramento condicional 
 
Assemelhado ao sursis processual, o livramento condicional da pena é outra 
medida de política criminal buscando minimizar o dano ao condenado, possibilitando 
maior integração à sociedade, além de conter o aumento da população carcerária e 
os problemas reflexos. O instituto permitirá o cumprimento do restante da pena em 
liberdade. 
Sua previsão consta no Código Penal, acerca das condições e hipóteses, e na 
Lei de Execução Penal, já que é competência do juízo de execução ponderar pela 
concessão ou não do benefício. 
Com base no Art. 83, o beneficiário do livramento deverá estar condenado a 
pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, precisando ter cumprido 
um terço da pena, se não houver reincidênciaem crime doloso e possuir bons 
antecedentes (inciso I); no caso de reincidência em crime doloso, ter cumprido mais 
da metade da penalidade (inciso II); comprovação de comportamento adequado 
durante a execução até aquele momento do benefício e de aptidão para trabalho 
(inciso III); realizado a reparação o dano decorrente do delito praticado (inciso IV); e, 
causando maior polêmica, o cumprimento de mais de dois terços da pena, em virtude 
de crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes, de pessoas, terrorismo, 
somada a não reincidência (inciso V). 
Acerca do cumprimento dos requisitos, a prática de falta grave não interrompe 
o prazo de pena cumprida, mas obsta unicamente o preenchimento de critério 
subjetivo (TJ-SP Agrv. Exc. Penal nº 9000382-11.2018.8.26.0032. 14ª Câmara de 
 
27 
Direito Criminal. Des. Relator: Laerte Marrone. Data do julgamento: 21/11/2018. 
Publicação em: 25/11/2018). 
Nesse sentido, no cumprimento do livramento condicional, a notícia propagada 
acerca da condenação não obsta a concessão de novo benefício quando preenchidos 
novamente os requisitos (TJ-MG nº Agv. em Exc. Penl nº 1.0301.12.013439-2/002. 3ª 
Câmara Criminal. Des. Relator: Antônio Carlos Cruvinel. Data do julgamento: 
09/10/2018. Publicação em: 19/10/2018). 
Na hipótese de várias condenações sobre o mesmo agente, para o cálculo do 
tempo de cumprimento da pena, faz-se necessária a soma de todas as condenações, 
em obediência ao Art. 84, do Código Penal (STF – HC nº 157.631. 1ª Turma. Min. 
Relator: Alexandre de Moraes. Data do julgamento: 06/11/2018. Publicação em: 
16/11/2018). 
Por fim, a norma penal não exige para a concessão do benefício a necessária 
progressão de regime do condenado, conforme entende o STJ: 
 
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL. 
INDEFERIMENTO. JUSTIFICAÇÃO UNICAMENTE NA NECESSIDADE DE 
CUMPRIR A PENA PRIMEIRAMENTE NO REGIME INTERMEDIÁRIO. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM DE HABEAS 
CORPUS CONCEDIDA. 
1. No caso, foi cassada a decisão que concedeu o livramento condicional, ao 
argumento de que o paciente deveria, primeiramente, passar pelo regime 
intermediário. 
2. Contudo, a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é no sentido de 
que não há obrigatoriedade de que o apenado passe pelo regime semiaberto 
para obter o benefício do livramento condicional, tendo em vista a falta de 
previsão no art. 83 do Código Penal. 
Precedentes. 
3. Ordem de habeas corpus concedida. 
(STJ – HC nº 465.559 -SP. 6ª Turma. Min. Relatora: Laurita Vaz. Data de 
julgamento: 16/10/2018. Publicação em: 07/11/2018.) 
 
 
 
 
 
 
 
28 
REFERÊNCIAS 
 
AGRA, Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. Belo Horizonte: Fórum, 
2018. 
BRITO, Alexis Couto de. Execução Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2019. 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Processual. 25. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2018. 
JUNQUEIRA, Gustavo. VANZOLINI, Patrícia. Manual de Direito Penal: parte geral. 
São Paulo: Saraiva, 2019. 
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
Método, 2019. 
MONFIM, Edson Mougenot. Curso de Processo Penal. 13. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019. 
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO. Curso de Direito 
Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2017.

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