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É um quadro de insuficiência respiratória aguda que ocorre pelo acúmulo de liquido no espaço intersticial e alvéolos. Tem como etiologia: - Disfunção VE: IAM, miocardiopatias, IC descompensada; - EAP com VE normal: insuficiência valvar aguda, arritmias, crise hipertensiva, hipervolemia. Obs: muito importante essas causas com o ventrículo normal, pois por vezes pcts sem a disfunção podem – se apresentar instáveis pelo edema. FISIOPATOLOGIA Na sua forma cardiogênica (com disfunção no VE), há uma elevação da pressão capilar pulmonar e aumento da filtração transcapilar. Um rápido aumento da pressão hidrostática no capilares pulmonares, levando ao aumento das vias de filtragem de fluidos. A pressão hidrostática aumentada no capilares pulmonares geralmente se deve a elevação da pressão venosa pulmonar decorrente do aumento da pressão diastólica final do ventrículo direito e o aumento na pressão atrial esquerda. Suaves elevações da pressão atrial esquerda (18 a 25 mm Hg) podem causar edema. Com isso, ocorre rompimento do epitélio pulmonar, inundando o alvéolos com líquido pobre em proteínas. Quando há disfunção do VE: haverá acumulo de sangue na cavidade ventricular aumentando a pressão de forma retrógada até chegar ao capilar pulmonar (aumenta a pressão no VE AE veia pulmonar capilares). Quando há obstrução da via de saída do VE (estenose aórtica): o sg não passa para a aorta sendo represado no VE e aumentando a pressão de forma retrograda até o capilar. Quando há HAS: aumento da pós-carga, sg represado no VE. Quando há doença da válvula mitral: obstrução da passagem de sangue do AE para o VE, o sangue fica represado no átrio, levando um aumento da pressão. Por outro lado, o edema pulmonar não cardiogênico é causado por um aumento na permeabilidade vascular do pulmão, resultando em um aumento do fluxo de líquido e proteína no interstício pulmonar e espaços aéreos. No EAP não cardiogênico o edema possui um alto teor de proteínas, porque o sistema vascular da membrana é mais permeável ao exterior e ao movimento de proteínas plasmáticas. (A ocorrência mais comum são os quadros de SARA) Obs: as causas mais frequentes são: doença arterial coronariana, IAM, arritmias (sobretudo FA), PAS elevada (>180mmHg), infecção, anemia. EDEMA AGUDO DE PULMÃO (EAP) User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce QUADRO CLÍNICO Sinais Vitais: FR, FC e PA aumentada. (Esse paciente estará em um estado adrenérgico, ele vai cursar com a sensação de “afogamento” mesmo.) Obs:a PA elevada pode ser um fator de piora. O edema intersticial pulmonar leva a dispneia, o preenchimento alveolar por líquido causa hipoxemia, podendo estar associado à tosse e à expectoração de líquido espumoso. Ao exame o paciente encontra – se com crepitações inspiratórias e expiratórias em todo tórax, sibilos (edema na parede brônquica), e com alteração do nível de consciência. Além disso, o paciente encontra – se com uma dispneia intensa, associada a sensação de sufocamento, tosse e a secreção espumosa. Como no EAP cardiogênico, existe o aumento da pressão hidrostática nos capilares pulmonares. O resultado é a transudação de líquido para o interstício pulmonar causando dispneia intensa e abrupta, tosse com expectoração abundante hialina-hemoptóica, taquipnéia, cianose e extremidades frias e sudoréticas. Obs: A pressão arterial pode estar baixa, normal ou elevada. Quando elevada, sugere o EAP hipertensivo e quando baixa o EAP secundário a choque cardiogênico. No EAP não-cardiogênico, ocorre inflamação e aumento da permeabilidade capilar com exsudação de líquido para interstício pulmonar1. O exame físico não costuma revelar as alterações cardíacas descritas acima. Dependendo da doença de base, diferentes achados podem existir. User Realce User Realce User Realce User Realce DIAGNÓSTICO O diagnóstico é basicamente clínico, levando em conta também o exame físico. Na suspeita de EAP deve-se solicitar: eletrocardiograma (ECG), raio-X de tórax ou ecografia pulmonar e coleta de exames laboratoriais para se identificar condições clínicas responsáveis pelo quadro que necessitem de intervenção imediata. Os exames complementares: - o ECG, sobretudo, quando o paciente cursa com um choque cardiogênico, ou há duvida quanto ao diagnostico de uma SCA, pode apresentar sobrecarga ventricular esquerda, sobrecarga de átrio esquerdo, isquemia ou IAM, arritmias. - o raio – x - o cateterismo da artéria pulmonar, utilizado para avaliar a pressão capilar pulmonar é último na determinação da causa do EAP, porém seu uso rotineiro não é recomendado. A medida da pressão capilar pulmonar permite o monitoramento das pressões de enchimento, débito cardíaco e da resistência vascular sistêmica durante o tratamento. Valores acima de 18mmHg indicam EAP cardiogênico devido à sobrecarga de volume. - dosagem do peptídeo natriurético cerebral (BNP): esse é secretado pelos ventrículos em resposta ao estiramento da parede e ao aumento da pressão intracardíaca. Um BNP < 100 pg/ml torna o diagnóstico de IC improvável (valor preditivo negativo > 90%), enquanto BNP > 500 pg/ml indica que IC seja provável (valor preditivo positivo > 90%). Valores entre 100 e 500 pg/ml são insuficientes para discriminação diagnóstica. Devem também ser solicitados também, hemograma completo, marcadores de necrose miocárdica, marcadores de função renal e tireoidiana, eletrólitos, enzimas e função hepática, gasometria arterial, lactato e glicemia. D-dímeros e pro-calcitonina devem ser solicitados conforme suspeita clínica. TRATAMENTO Para o tratamento o perfil hemodinâmico do paciente deve ser levado em conta e deve ser capaz de reduzir tanto a pré - -carga quanto a pós-carga. Além disso, o paciente deve ser bem monitorado, com: monitorização cardíaca, oxímetro de pulso, acesso venoso, máscara de oxigênio, decúbito elevado e, de preferência, manter as pernas pendentes para diminuir a pré- carga. Morfina: é a droga mais efetiva no tratamento da EAP. Trata-se de um antagonista do sistema nervoso simpático, logo, seus efeitos resultam em vasodilatação periférica, o que faz com que haja queda na pressão arterial e também na pressão venosa pulmonar, promovendo assim, uma melhora sintomática. Além disso, a morfina age diminuindo o trabalho respiratório e a demanda de oxigênio, pois ela é capaz de diminuir os reflexos ventilatórios. A dosagem é de 2 – 5mg via endovenosa (EV) em bolus e em doses intermitentes a cada 5 – 30 minutos, podendo chegar até a dose máxima de 10 – 15mg, até o alívio da dispneia. Diurético de alça (Furosemida): essa droga produz efeitos clínicos mesmo antes da diurese efetiva, devido aos efeitos dilatadores em artérias e veias periféricas, que é potencializado quando em associação com a morfina. Vasodilatadores diretos (nitroprussiato de sódio e nitroglicerina): Essas duas drogas são vasodilatadoras, logo atuam na resistência arterial e capacitância venosa, agem diminuindo tanto a pressão venosa pulmonar quanto o fluxo sanguíneo pulmonar. No que diz respeito a resistência arterial,o nitroprussiato é o que tem maior efeito, e possui uma maior probabilidade de hipotensão. A dosagem de nitroglicerina é de 5mcg/min inicialmente com repetição a cada 3 – 5 minutos. Quanto ao nitroprussiato de sódio, a dose é de 0,3 – 0,5 mcg/kg/min com um aumento de 0,5 mcg/kg/min a cada 3 – 5 minutos. OBS: Pacientes com hipertensão grave devem receber o nitroprussiato de sódio, já aqueles com cardiopatias isquêmicas subjacente, tem como droga de escolha a nitroglicerina. Ventilação De acordo o perfil hemodinâmico: Paciente sem Hipotensão (PAS>90mmHg) e Hipoperfusão Tecidual (é o perfil hemodinâmico mais comum) Pode – se fazer uso Furosemida, NTG, Nitroprussiato, Morfina e Nitratosublingual. (Explicação de cada um esta acima). Paciente com Hipotensão (PAS<90mmHg) e/ou Hipoperfusão Tecidual Após elevação da PA e melhora da perfusão, avaliar início de diuréticos. - Noradrenalina: administrar 0,02-1 mcg/kg/min em BIC. - Inotrópicos: administrar dobutamina 2-20mcg/kg/min em BIC.