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CASOS CLÍNICOS – COAGULOGRAMA Leia atentamente os casos clínicos abaixo e responda às questões que seguem: CASO 1: P. S. V., 14 anos, sexo feminino, cor parda, natural e procedente de Ribeirão das Neves, queixa de aparecimento de manchas arroxeadas nas pernas há aproximadamente 4 meses, além de petéquias intermitentes no corpo. Relatou ainda que tem sangramento gengival com frequência após escovar os dentes. Nega febre, disúria e alterações no hábito intestinal. O pai relata que o paciente teve sarampo aos 4 anos, uma internação por dor abdominal (o pai e o paciente desconhecem a causa e a data). Ao exame clínico, a paciente se encontrava reativa, anictérica, acianótica, hidratada, hipocorada +/+4 e afebril. Linfonodos estavam palpáveis na região inguinal bilateral e indolores. Presença de manchas equimóticas em MMII, MMSS e na região lombar. Abdômen indolor à palpação, ausência de visceromegalias e/ou tumorações palpáveis. Ausência de edemas nas extremidades. Os exames laboratoriais revelaram: Hemograma: Hemácias 4,1 milhões/mm3 VCM 83 fL Hemoglogina 11,2 g/dL HCM 27,3 pg Hematócrito 34% CHCM 32,9% RDW 12,9% Leucócitos globais 8.100/mm3 Diferencial de leucócitos: Neutrófilos bastonetes 1% Neutrófilos segmentados 62% Eosinófilos 2% Linfócitos 29% Monócitos 5% Plaquetas 23.000/mm3 Obs: Hemácias normocíticas e normocrômicas. Leucócitos sem alterações. Coagulograma: Tempo de sangria 6 min e 30 segundos (VR: 1 a 3 minutos) Tempo de protrombina 12 segundos (Plasma controle do dia 12 segundos) Atividade de protrombina 100% (VR: maior ou igual a 70%) RNI 1,00 Tempo de Tromboplastina parcial ativado 36 segundos (Plasma controle do dia 35 segundos) (VR: até 10 segundos acima do TTP controle) Um mielograma foi então solicitado e revelou hiperplasia da série megacariocítica. a)- Qual a principal causa de trombocitopenia? A trombocitopenia é decorrente da diminuição de produção de plaquetas pela medula óssea, aumento da destruição de plaquetas, e por outras causas, como sequestro esplênico. Ela pode se desenvolver por causas imunológicas (infecções virais, fármacos, doenças do tecido conjuntivo ou linfoproliferativas, transfusões de sangue) ou não imunológicas (sepse, síndrome do desconforto respiratório agudo) b)- Explique o mecanismo fisiopatológico deste distúrbio: Os principais mecanismos que reduzem a contagem plaquetária são a produção diminuída de plaquetas, em que essa produção pode estar prejudicada quando a medula óssea é suprimida ou danificada, e quando tem o aumento da destruição dessas células, sendo observados em diversas condições, como presença de anticorpos antiplaquetarios autoimunes. c)- Por que a esplenectomia pode melhorar o quadro clínico? Pois o baço e o órgão responsável pela destruição plaquetária, então a sua remoção poderá reduzir a destruição das plaquetas. d)- Por que ocorre, nestes casos, hiperplasia da série megacariocítica, facilmente vistas no mielograma? Ocorre devido ao aumento de trombopoeitina que a trombocitopenia causa, o que induz a hiperplasia ?? CASO 2: A.R.T., 26 anos, sexo masculino, apresentou quadros hemorrágicos durante a vida e recentemente sangramento excessivo por causa de um corte acidental por faca. O paciente relatou um histórico de prolongado sangramento após extração de dentes, um sangramento gastrointestinal superior 3 anos antes, e excessivas contusões desde a infância. O paciente relatou ter sido tratado para episódios de sangramento excessivo com plasma fresco congelado (PFC). O histórico familiar do paciente é digno de nota para pais consanguíneos (primos de primeiro grau) e uma irmã que também experimentou sangramento excessivo, embora seu diagnóstico fosse incerto. Foi solicitado o coagulograma para esclarecimento do caso: Coagulograma: Tempo de sangria 2 min (VR: 1 a 3 minutos) Plaquetas 190.000/mm3 Tempo de protrombina 13,7segundos (Plasma controle do dia 13 segundos) Atividade de protrombina 87% (VR: maior ou igual a 70%) RNI 1,08 Tempo de Tromboplastina parcial ativado 58 segundos (Plasma controle do dia 35 segundos) (VR: até 10 segundos acima do TTP controle) a)- De acordo com o quadro clínico e os resultados laboratoriais, qual a via da coagulação afetada? Via intrínseca b)- De acordo com o conhecimento de dados epidemiológicos atuais e com a diagnóstico diferencial decrescente, qual o exame a ser solicitado para confirmação do diagnóstico deste caso? Dosagem de fatores VIII, IX, XI c)- Embora o quadro hemorrágico, por que o tempo de sangria está dentro dos valores de referência? E o tempo de protrombina? Pois o tempo de sangria e de protrombina avaliam a hemostasia primária, que está normal. CASO 3: R.A.S, 36 anos, sexo feminino, para se submeter a uma cirurgia foi orientada a realizar exames laboratoriais, dentre os quais o coagulograma. Na consulta médica, relatou que não tinha histórico de sangramento gastrointestinal, intracranial ou hemartrose. Relata que há algum tempo apresentou quadros hemorrágicos com presença de equimoses, hematomas e prolongado sangramento após procedimento odontológico, embora nos últimos tempos não tinha quaisquer destes sinais. Relatou ainda apresentar tendência para fáceis contusões nos membros e menorragia. O hemograma apresentou resultados dentro dos intervalos de referência. O coagulograma revelou os seguintes resultados: Coagulograma: Tempo de sangria 2 min (VR: 1 a 3 minutos) Plaquetas 291.000/mm3 Tempo de protrombina 19 segundos (Plasma controle do dia 12 segundos) Atividade de protrombina 40,5% (VR: maior ou igual a 70%) RNI 1,80 Tempo de Tromboplastina parcial ativado 36 segundos (Plasma controle do dia 35 segundos) (VR: até 10 segundos acima do TTP controle) a)- De acordo com os exames laboratoriais, que mecanismo da coagulação está afetado e pode explicar o quadro clínico da paciente? Deficiência do fator de coagulação VII da via extrínseca (acelerador de protrombina), além disso o RNI da paciente também encontra-se aumentado → alteração na via extrínseca. b)- Qual o provável diagnóstico neste caso? Doença hemorrágica genética, resultado de possível casamento consanguíneo. CASO 4: M.A.A., 54 anos, sexo feminino, faz uso contínuo de Varfarina sódica, em decorrência de um episódio de trombose há 2 anos. Sempre realizou exames para monitorar o tratamento e não relatou qualquer alteração hemorrágica durante este período. Entretanto, nos últimos dois dias, passou a apresentar pequenas hemorragias nasal e intestinal, presença de equimoses nos MMII e sangramento gengival após escovação. Avaliando os exames laboratoriais anteriores, o médico constatou que há um ano, o RNI da paciente se encontrava entre os valores de 2,4 a 2,7. A paciente nega febre, disúria, dor abdominal e uso de outros medicamentos, com exceção de ter usado Cetoprofeno 4 dias antes do aparecimento dos sintomas relatados, em decorrência de dores lombares. O médico, então, solicitou novos exames para avaliar a coagulação. Os resultados são: Coagulograma: Tempo de sangria 4 min (VR: 1 a 3 minutos) Plaquetas 166.000/mm3 Tempo de protrombina 39 segundos (Plasma controle do dia 12 segundos) Atividade de protrombina 15% (VR: maior ou igual a 70%) RNI 4,45 Tempo de Tromboplastina parcial ativado 42 segundos (Plasma controle do dia 35 segundos) (VR: até 10 segundos acima do TTP controle) a)- O que indica o resultado do RNI atual da paciente? Significa o favorecimento da fibrinólise, aumentando os valores de TTPA e PT, ativando inibidores da coagulação. c)- Qual o valor de referência de um RNI para um paciente que faz uso de Warfarina? O valor de referência para pacientes com TVP fazendo uso de Varfarina é de 2-3. b)- Explique por que, mesmo não tendo havido alteração na dose da Warfarina, a paciente passou a apresentar sinais hemorrágicos típicos de superdosagem, o que, inclusive, acarretou alteração no RNI: o Cetoprofeno age inibindo a produção de prostaglandinas e agregação plaquetária, ou seja, é um anticoagulante também. CASO 5: B.R.P., 6 meses, sexo masculino, apresentou lesões equimóticas 1 cm de diâmetro, acompanhadasde petéquias. Recentemente ainda apresentou epistaxe sem história prévia de trauma, petéquias no palato mole, nos MMII, dorso de mãos e pés. A mãe relata gestação sem intercorrências, nascido de parto vaginal. Os pais são consanguíneos. A criança conta com imunização completa para a idade. O desenvolvimento psicomotor é normal. No exame físico, o paciente estava acordado, ativo e hipocorado. Não apresentava visceromegalia. O paciente foi, então, hospitalizado para testes laboratoriais. Hemograma: Hemácias 3,6 milhões/mm3 Hemoglogina 10,2 g/dL Hematócrito 31% Leucócitos globais 10.400/mm3 Diferencial de leucócitos: Neutrófilos bastonetes 2% Neutrófilos segmentados 60% Eosinófilos 2% Linfócitos 31% Monócitos 5% Plaquetas 450.000/mm3 Obs: Presença de discreta hipocromia. Leucócitos sem alterações. Coagulograma: Tempo de sangria 6 min (VR: 1 a 3 minutos) Tempo de protrombina 12,4 segundos (Plasma controle do dia 12 segundos) Atividade de protrombina 91% (VR: maior ou igual a 70%) RNI 1,03 Tempo de Tromboplastina parcial ativado 35 segundos (Plasma controle do dia 35 segundos) (VR: até 10 segundos acima do TTP controle) Baseado nestes resultados laboratoriais, o médico solicitou uma curva de agregação plaquetária, que apresentou o seguinte resultado: Ausência de agregação mediante ADP, adrenalina e colágeno. E agregação normal mediante ristocetina. def de iib/iiia ? trombastenia de glanzmann Durante a hospitalização, não houve nenhum episódio de hemorragia. a)- O que levou o médico a solicitar um teste de agregação plaquetária? O fato de o paciente apresentar plaquetas normais (na quantidade e morfologia), TTP normal e protrombina normais indicou não ser um problema na via secundária. Porém, estar com tempo de sangria aumentado, indicou uma hemorragia, que pareceu ser devido a alterações na via primária, por isso foi pedido o teste de agregação, para identificar melhor qual das duas principais doenças poderia ser. b)- Baseado no resultado da agregação plaquetária, qual o provável diagnóstico para o caso apresentado? Trombastenia de Glanzmann. c)- Explique a fisiopatologia deste distúrbio citado no item b): Essa doença acontece devido a deficiência de GP IIb/IIIa, a qual não ocorre a ligação ao fibrinogênio, que determina uma disfunção plaquetária caracterizada pela dificuldade ou ausência de agregação plaquetária. O problema consiste na hemostasia primária, não tem alterações na cascata de coagulação. d)- Explique como a agregação plaquetária pode ser útil no diagnóstico diferencial dos distúrbios plaquetários hereditários: Esse teste é ótimo para diferenciar as duas principais doenças da via primária: Trombastenia de Glanzmann, na qual consiste na deficiência de GP IIb/IIIa e se expressa por falta de agregação na presença de agregantes naturais como ADP, epinefrina, ácido aracdônico e colágeno e agregação normal na presença de ristocetina. Síndrome de Bernard Soulier, na qual consiste na deficiência de GP Ib com dificuldade na adesão plaquetária ao fator de de Von Willebrand presente no subendotélio e se expressa por falta ou diminuição de agregação com ristocetina e agregação plaquetária normal na presença dos agregantes naturais. Essa última consiste em hemorragias mais graves e ter presença de anemias hipocrômicas e microcíticas, além de ferropênica, como o paciente não teve nenhum episódio na hospitalização, contribui para o diagnóstico de Glanzmann. CASO 6: Paciente, sexo masculino, 25 anos, admitido na unidade hospitalar com queixa de dor em MID, com dificuldade de locomoção. Ao exame, apresenta edema linfático em MID, acompanhado de empastamento de região medial da coxa direita, com alteração da temperatura e hiperemia no local. Nega febre. Relata que os sintomas apareceram de forma aguda. Paciente nega tabagismo, nega história de tromboembolismo na família, sem TVP ou TEP prévios. Sem relato de cirurgia recente. PA: 110x60 mmHg FC: 76 bpm FR: 16 irpm RX tórax sem alterações. Os exames iniciais revelaram: Hemograma: Hemácias 3,8 milhões/mm3 VCM 88,9 fL Hemoglogina 11,8 g/dL HCM 31,1 pg Hematócrito 33,8% CHCM 34,9% RDW 12,9% Leucócitos globais 4.900/mm3 Diferencial de leucócitos: Neutrófilos bastonetes 1% Neutrófilos segmentados 65% Eosinófilos 1% Linfócitos 27% Monócitos 6% Plaquetas 300.000/mm3 Obs: Hemácias normocíticas e normocrômicas. Leucócitos sem alterações. Coagulograma: Tempo de protrombina 15 segundos (Plasma controle do dia 14 segundos) Atividade de protrombina 81% (VR: maior ou igual a 70%) RNI 1,12 Tempo de Tromboplastina parcial ativado 33 segundos (Plasma controle do dia 30 segundos) (VR: até 10 segundos acima do TTP controle) D-dímero 8000 ng/mL (VR: abaixo de 500 ng/mL) a)- Qual a hipótese diagnóstica? Justifique: Doença tromboembólica venosa. O caso apresentado juntamente ao D-dímero é um indicador da hipótese. b)- Que exame deve ser realizado para confirmação? Eco Doppler colorido venoso de membros inferiores. Após a confirmação do diagnóstico, foi prescrito Enoxaparina 40mg SC 2 ampolas 12/12 horas e, no dia seguinte, iniciado Varfarina 5 mg 1 cp ao dia. No quinto dia de uso dos anticoagulantes, novos exames foram solicitados: Coagulograma: Tempo de protrombina 17 segundos (Plasma controle do dia 14 segundos) Atividade de protrombina 59% (VR: maior ou igual a 70%) RNI 1,38 Tempo de Tromboplastina parcial ativado 45 segundos (Plasma controle do dia 30 segundos) (VR: até 10 segundos acima do TTP controle) Baseando-se nesse dados e nos novos parâmetros do coagulograma, responda? c)- Como deve ser avaliado o tratamento com a Varfarina para o paciente até então? Como proceder? Justifique: d)- Por quais mecanismos cada um dos anticoagulantes utilizados alteraram os exames de TP e TTPa do paciente? A varfarina exerce a sua ação anticoagulante atuando como antagonista da vitamina K, enquanto cofator enzimático na carboxilação dos resíduos de ácido glutâmico das proteínas que compõem os fatores de coagulação II, VII, IX, X e proteínas anticoagulantes endógenas C, S e Z. O uso de varfarina prolonga PT e PTT. Já a enoxaparina inibe a trombose por inibir a formação e a atividade do fator Xa, o que leva a um aumento da antitrombina III, diminuindo a formação da trombina. (?) e)- Qual a importância da terapia iniciada com anticoagulante derivado da heparina associada ao uso da Varfarina? A terapia iniciada com derivado de heparina age por ativação da enzima antitrombina III, que inibe a enzima Trombina, formadora dos coágulos de fibrina. A varfarina interfere com a carboxilação de vários factores necessários à via da coagulação, tornando-os ineficazes (fatores II, VII, IX, X e proteína C e S). (?)
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