Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Carla Mendes Lesões vesículo-bolhosas ✤ Se manifestam como vesículas, bolhas ou vesículas e bolhas de maneira simultânea. ✤ Possuem diferentes fatores etiológicos, porém os mais frequentes são doenças imunológicas, infecções virais e condições glandulares. ✤ Classificação: Doenças imunológicas Doenças viróticas Doenças glandulares Pênfigo vulgar Herpes simples (HHV-1) Mucocele Penfigóide cicatricial Varicela-zoster (HHV-3) Rânula Eritema multiforme Doenças imunológicas ✤ Produção imprópria de anticorpos pelo paciente (auto-anticorpos). ✤ O organismo, ao “visualizar” os agentes agressores, produz anticorpos com o objetivo de atacá-los, no entanto, em alguns casos, o corpo confunde células do próprio organismo com invasores. ↬ Pênfigo vulgar: ✤ É uma doença autoimune rara, grave e sem predileção por sexo, na qual bolhas de diversos tamanhos surgem sobre a pele e o revestimento da boca e em outras membranas mucosas. ✤ Doença muco-cutânea crônica, onde auto anticorpos são dirigidos aos desmossomos (as glicoproteínas) = bolhas intra-epiteliais/fenda. ✤ Tem etiologia desconhecida, que pode variar desde fatores genéticos, medicamentos, estresse até neoplasias malignas (pênfigo paraneoplásico). ✤ Apresenta-se como lesões eritematosas e ulcerações superficiais, dolorosas. ✤ Raramente as bolhas são vistas, pois possuem teto fino e rompem rapidamente devido à ação muscular pela deglutição e fonação, formando secundariamente lesões ulceradas de dimensões diversas, altamente doloridas, impedindo a alimentação, inclusive de líquidos. ✤ Prevalece em pacientes de 40 a 60 anos, média de 50 anos. ✤ As lesões orais precedem as lesões cutâneas (sistêmicas), sendo as primeiras a aparecerem (cerca de 2 anos antes) e as últimas a desaparecerem. Desta forma, o diagnóstico precoce do cirurgião-dentista se faz extremamente importante, pois pode proporcionar terapêutica precoce com grande sucesso, diminuindo o sofrimento do paciente, melhorando muito sua prognose. ✤ Comum, principalmente em palato, mucosa labial, ventre de língua e gengiva (gengivite descamativa). ✤ Diagnóstico: 1. Anamnese; 2. Exame físico; 3. Sinal de Nikolsky + (ao friccionar a área comprometida vem a aparecer uma área úmida e rosada, e até mesmo formação de bolha); 4. Biópsia incisional perilesional; 5. Imunofluorescência direta e indireta (direta: detectar auto-anticorpos que estão aderidos aos tecidos do paciente; indireta= detectar auto-anticorpos que estão circulantes no sangue). ✤ Histopatologia: separação intraepiteliall, ocorre logo acima da camada basal = bolha intraepitelial. Células da camada espinhosa do epitélio apresentam-se separadas, chamada de acantólise, e as células soltas são arredondadas, chamadas de células de tzank. Algumas vezes a camada superficial do epitélio está descamada deixando somente as células basais, descritas como fileira de pedras de sepulturas. ✤ O tratamento consiste em instruções e adequação do meio bucal e encaminhamento para o dermatologista. O esquema terapêutico com corticosteroides tópicos e sistêmicos e mais outros medicamentos imunossupressores se faz eficaz. O acompanhamento clínico e laboratorial deve ser rigoroso. ✤ O prognóstico ainda hoje é reservado, decorrente da própria doença e dos efeitos colaterais, principalmente da corticoterapia prolongada. Raramente sofre resolução completa e o índice de mortalidade é de 5 a 10%. ↬ Pênfigo cicatricial: ✤ Também pode ser chamada de penfigóide das membranas mucosas. ✤ É uma doença muco-cutânea crônica, onde auto-anticorpos são dirigidos aos componentes da lâmina lúcida da membrana basal, formando uma bolha sub-basilar. ✤ Possui etiologia desconhecida, podendo surgir por fatores genéticos e medicamentos, e tem incidência rara, sendo duas vezes menos comum que o pênfigo vulgar. ✤ São lesões eritematosas e ulcerações superficiais, dolorosas, distribuídas na mucosa oral, principalmente na gengiva, sendo a gengiva descamativa o achado mais comum. ✤ É mais comum em mulheres e em pacientes com 50 a 60 anos. ✤ Também pode acometer outras mucosas e em 25% dos casos com lesões orais há envolvimento ocular. ✤ Com o avanço da doença, a conjuntiva torna-se inflamada e erodida. As tentativas de cura levam a formação de cicatriz entre a conjuntiva e a pálpebra, resultando em aderências chamadas de simbléfaros. Se não tratado, as lesões ficam mais graves. A cicatriz pode fazer com que a pálpebra fique voltada para dentro, entrópio, isso permite que os cílios entrem em contato com a córnea e o globo ocular, triquíase. ✤ Diagnóstico: 1. Anamnese; 2. Exame física; 3. Sinal de Nikolsky +; 4. Biópsia incisional perilesional; 5. Imunofluorescência direta. ✤ O tratamento consiste em instrução e adequação do meio bucal e encaminhamento para dermatologista e oftalmologista. O esquema terapêutico com corticosteroides tópicos e sistêmico e mais outros medicamentos imunossupressores se faz eficaz. O acompanhamento clínico e laboratorial deve ser rigoroso. ✤ Possui um índice de mortalidade de 20%, principalmente em idosos. ✤ O diagnóstico diferencial pode ser pênfigo vulgar e líquen plano. ↬ Eritema multiforme: ✤ As lesões mucosas se iniciam através de vesículas ou secundariamente em ulcerações e erosões doloridas, impedindo a alimentação e fonação. ✤ Possui etiologia incerta, ligada a mecanismos imunológicos ou não, a reações de hipersensibilidade devido a agentes desencadeantes, como medicamentos (analgésicos, sulfas), reação medicamentosa a infecções, como faringite, laringite, alimentos deteriorados, vacinações e substâncias químicas (batom e perfume). ✤ Agentes formam complexos imunes que se infiltram nas membranas basais vasculares na pele ou na mucosa, ou em ambas, formando uma necrose epitelial – vesícula intra ou sub epitelial. ✤ EM menor leve: - Afeta primeiro a pele, sendo a mucosa envolvida em poucos casos. - Prevalece em pacientes de 20 a 30 anos e do sexo masculino. - O período prodrômico dura de 3 a 7 dias, com sintomas como febre, mal-estar, cefaleia e dor na garganta. - É uma doença autolimitada, que perdura por 2 a 6 semanas e em 20% dos casos há episódios de recorrência. - Na pele: lesões eritematosas concêntricas, apresentando uma bolha com centro necrótico, conhecidas por lesões em olho de boi ou em alvo. - Na boca: ulcerações e erosões difusas, podendo acometer os lábios, mucosa jugal, assoalho e palato mole. - É comum haver crostas hemorrágicas nos lábios e não ocorres lesão na gengiva e palato duro. ✤ EM maior – Síndrome de Stevens-Jonhson: - Apresenta os mesmos aspectos clínicos do EM menor leve, mas com maior intensidade, na pele, na mucosa bucal, labial esofagiana e genital, além de dores musculares e articulares, febre, cefaleia, coriza, faringite, conjuntivite, infecção pulmonar, mal-estar geral, ocorrendo também linfadenopatia. ✤ Necrólise epidérmica tóxica: - Forma mais severa podendo ser fatal. - Costuma acometer pacientes mais velhos e tem incidência maior em mulheres. - Tem uma aparência de queimadura. - Possui uma regressão cutânea em 2 a 4 semanas. ✤ Diagnóstico: 1. Anamnese; 2. Exame físico; 3. Sinal de Nikolsky -; 4. Biópsia incisional perilesional; 5. Imunofluorescência negativa. ✤ O exame histopatológico apresenta um infiltrado inflamatório misto, as vezes perivascular. ✤ O tratamento consiste em terapia de suporte, instruções de higiene bucal e retirada ou tratamento do fator precipitante e encaminhamento para o dermatologista e oftalmologista nos casos de EM maior. No EM menor leve, a regressão espontânea ocorre em cerca de 3 semanas e o esquema terapêutico deve ser feito com corticosteroides tópicos e/ou sistêmicos. Já no EM maior, a regressão espontânea ocorre em cerca de 6 semanas e o esquema terapêutico deve ser feito com corticóides sistêmicos, antibióticos e/ou drogas imunomoduladoras, podendo necessitar de tratamento hospitalar com controle hídrico. ⚠⚠⚠⚠ Doenças viróticas ↬ Vírus herpes simples – HSV-1: ✤ Os herpesvírus são vírus DNA com, pelo menor, oito subtipos patogênicos em humanos. A maioriadeles pode produzir manifestações orais. Doença oral Causa Gengivoestomatite herpética HSV-1, HSV-2 Herpes labial tipo I HSV-1 Herpes labial tipo II HSV-2 Varicela HHV-3 (vírus varicela zoster) Herpes zoster HHV-3 (vírus varicela zoster) Mononucleose HHV-4 (vírus Epstein-Barr) Citomegalovírus (HHV-5) Sarcoma de Kaposi HHV-8 ✤ A infecção pelo vírus herpes simples é o tipo mais comum em humanos. ✤ Tanto o HSV-1 quanto o HSV-2 produzem lesão nas mucosas oral e genital. No entanto, a infecção oral é causada, principalmente, pelo HSV-1, sendo o HSV-2 responsável, na grande maioria das vezes, por infecção genital. ✤ O contágio ocorre quando se entra em contato com a saliva infectada ou com lesões ativas, gotículas respiratórias, água e objetos contaminados. ✤ Seu período de incubação dura entre 3 a 9 dias. ✤ Estima-se que cerca de 90% da população está contaminada. ⇝ Infecção primária: ✤ A infecção primária envolve superfícies queratinizadas e não queratinizadas. ✤ A doença é autolimitante, resolvendo espontaneamente entre 5 a 14 dias. ✤ A primeira infecção ao HSV-1 ocorre durante a infância, entre 6 meses a 5 anos de idade, causando a infecção primária. ✤ Essa exposição pode ser subclínica e, portanto, não ser diagnosticada, ou manifestar-se clinicamente como pequenas vesículas predominantes na gengiva edemaciada, que se rompem formando úlceras, caracterizando a gengivoestomatite herpética aguda. ✤ Os sintomas são febre, linfadenopatia localizada, anorexia, irritabilidade, dor e incapacidade de se alimentar. ✤ Caracteriza-se como lesões dispersas pela boca perioral. ✤ Já em adultos, a infecção primária é caracterizada por lesões similares, mas pode se limitar à região do palato mole e tonsilas (faringotonsilite). ✤ Os sintomas são dor na garganta, febre, mal-estar e cefaleia. ✤ O diagnóstico diferencial é dado como faringe secundária estreptococos e mononucleose infecciosa. ⇝ Infecção secundária ou recorrente: ✤ Após a resolução da infecção primária oral, o HSV migra através de nervos sensitivos até o gânglio trigêmeo, onde permanece em estado de latência. ✤ O vírus latente é reativado por estímulos, como luz solar (raios UV), febre, trauma, imunossupressão intercorrente ou infecção, menstruação e estresse. ✤ Há um período prodrômico que dura entre 6 a 24h, caracterizado por sintomas de queimação, dormência, ardência, calor localizado, prurido ou eritema. ✤ Após 24-48h, ocorre a erupção de vesículas, localizadas geralmente nas regiões labial e perilabial. As lesões se rompem, formando crostas em aproximadamente 1 a 2 dias. ✤ As lesões recorrentes intra-orais são raras, porém, quando ocorrem, limitam-se à mucosa queratinizada (mucosa aderida ao periósteo, gengiva inserida e mucosa de palato duro), diferenciando-se da estomatite aftosa, a qual afeta mucosa não queratinizada (mucosa labial, ventre da língua e mucosa jugal). ✤ Seu diagnóstico diferencial é estomatite aftosa, herpes zoster e impetigo. ✤ Em pacientes imunocompetentes, a resolução se dá em 7 a 10 dias. ✤ Diagnóstico de ambas as infecções: 1. Anamnese; 2. Exame físico – seguro; 3. Cultura (vesículas intactas/pós 2 semanas + definitivo); 4. Sorologia – 4 a 8 dias após exposição; 5. Biópsia (vesícula intacta) ou citopatologia. ✤ O tratamento consiste em orientar o paciente em restringir o contato com lesões ativas e oferecer uma terapia de suporte. O antiviral em pacientes imunocompetentes não tem bom resultados, este medicamento tem melhor efeito durante a fase prodrômica e deve ser usado no máximo 48 horas após o aparecimento dos sintomas. Tanto o aciclovir 5% quando o aciclovir 400mg devem ser utilizados 5 vezes ao dia durante 5 dias. Se as lesões não responderem ao tratamento em 5 a 10 dias, provavelmente são formas resistentes e para isto se tem como opção o foscarnet (antirretroviral). Também se tem como opçã anestésico local, vitaminas, imunoativadores e fotoinativação. ✤ Histopatológico: encontra-se células epiteliais em degeneração balonizante, multinucleadas e células de Tzank. ↬ Vírus varicela-zoster -HHV-3: ✤ A evolução da infecção por esse vírus é semelhante à do herpes simples (HSV). ✤ A transmissão ocorre através de perdigotos e lesões ativas. ✤ Possui um período de incubação que dura entre 10 a 21 dias. ✤ O período de latência pode durar décadas ou nunca se manifestar. ✤ A infecção primária pelo VZV é denominada catapora ou varicela, podendo haver recorrência, após muitas décadas, causando a infecção secundária denominada herpes zoster. ⇝ Infecção primária: ✤ Produz patologia clássica da infância, a varicela ou catapora. ✤ Acomete crianças de até 10 anos. ✤ Os sintomas iniciais são mal-estar e faringite. ✤ São erupções vesiculares concentradas na face e tronco, podendo acometer outras partes do corpo. ✤ O risco de infectar outras pessoas perdura desde dois dias antes do exantema, até a fase de crosta. ✤ O risco de morte aumenta com a idade. ✤ Inicia-se como eritema, tornando-se vesícula, transformando posteriormente em pústula, depois úlcera e por fim crosta. ✤ Diagnóstico: 1. Anamnese; 2. Exame físico – seguro; 3. Cultura; 4. Sorologia (durante o estágio agudo e 14 a 28 dias após a exposição); 5. Biópsia ou citopatologia. ✤ Como a varicela é uma doença auto limitante, onde as crostas surgem após 4 dias do aparecimento das lesões, o tratamento trata-se, basicamente, em banhos mornos com bicarbonato de sódio e aplicações de loções de calamina para aliviar o prurido. Não se deve usar aspirina e o antiviral deve ser usado durante as primeiras 24 horas de erupções e reservado APENAS para pacientes com risco de doenças mais graves. ✤ Existe vacina para varicela, que deve ser administrada em crianças entre 12 e 18 meses. ⇝ Infecção secundária ou recorrente: ✤ A reativação do vírus resulta em erupção vesicular característica, denominada herpes zoster ou cobreiro. ✤ Tem prevalência maior com a idade. ✤ Sua reativação ocorre por imunossupressão, neoplasia malignas, álcool, radiação, drogas citotóxicas e manipulação dentária. ✤ Inicia-se com uma fase prodrômica de 1 a 4 dias antes das lesões, caracterizada por dor na área do epitélio inervado pelo nervo sensitivo afetado, que pode ser acompanhada de febre, mal-estar e cefaleia. Em seguida vem a fase aguda, que é a fase das lesões, e por fim, a fase crônica. ✤ Existe um tipo de recorrência sem vesícula, que é a zoster sine herpete. ✤ Em alguns pacientes, a doença não evolui para a fase crônica, ocorrendo neuralgia pós-herpética (dor persistente no nervo afetado). ✤ A localização das lesões é patognomônico do herpes zoster, pois a distribuição de vesículas é unilateral, ocorrendo ao longo do ramo nervoso acometido. ✤ Inicia-se como eritema, posteriormente forma-se vesícula, entre 3 a 4 dias, transforma-se em pústula e em seguida úlcera, demorando de 7 a 10 dias para formar uma crosta. ✤ Síndrome de Ramsay Hunt: lesões cutâneas do canal auditivo + envolvimento ipsilateral da face e nervos auditivos. ✤ Diagnóstico: 1. Anamnese; 2. Exame físico – seguro; 3. Cultura; 4. Biópsia ou citopatologia (aspectos idênticos ao do HSV). ✤ A herpes zoster é uma doença auto limitante, tendo suas regressões orais em 8 dias e as cutâneas em 15 dias. ✤ O tratamento consiste em analgésico tópico e enxaguatórios bucais durante a fase ulcerativa. Deve ser realizado também a terapia sistêmica, incluindo os analgésicos sistêmicos fortes, antipiréticos sem aspirina, antipruriginoso (difenidramina) e antiviral (aciclovir), este deve ser usado no período de 72 horas após o aparecimento da primeira vesícula, o qual reduz os riscos de neuralgia pós-herpética. ✤ A neuralgia pós-herpética é a dor que persiste após remissão da doença, e é mais frequente em pacientes com mais de 50 anos de idade. ↬ Mononucleose – HHV-4 ou EBV: ⚠ Não é uma lesão vesículo-bolhosa, e sim uma doença virótica causada pelo herpes vírus humano importante de saber. ✤ Também conhecida como monofebre glandular ou doença do beijo. ✤ A transmissão ocorre através do contato oral. ✤ A infecção é comumem adultos jovens (através da transferência direta de saliva) e frequentemente é subclínica, ou seja, sem manifestação de sintomas. ✤ A doença é caracterizada por febre persistente de 2 a 14 dias, linfadenopatia, e as lesões orais tem aspectos herpertiformes e de petéquias no palato mole e faringe e amigdalite faringiana com exsudato. ✤ A mononucleose tem regressão espontâneas, geralmente em 2 semanas, e as lesões da orofaringe são geralmente assintomáticas. ✤ O diagnóstico deve ser confirmado através de exames laboratoriais, como hemograma completo, sendo observado leucocitose. ✤ A terapia antiviral não é eficiente, e o uso de antibiótico ou corticóides sistêmicos é recomendado apenas em casos de infecção secundária faringiana ou edema de faringe, respectivamente. Doenças glandulares ↬ Mucocele: ✤ É uma lesão comum, com inserção séssil, com dimensões que variam de 0,5 a 2 cm de diâmetro, situada, na sua grande maioria, no limite da semimucosa labial com a mucosa bucal, principalmente no lábio inferior, lateral a linha mediana. ✤ É uma ruptura de ducto de glândula salivar, onde não apresenta revestimento epitelial. ✤ Apresenta mucina extravasada para o tecido conjuntivo, podendo ser observado no exame histopatológico. ✤ Ocorre devido a traumas ou minissialólitos que bloqueiam o ducto excretor, provocando extravasamento no tecido conjuntivo, formando então a bolha, esta, em alguns casos, aumenta ou diminui de volume, referindo incômodo pelo paciente e, às vezes, dor e tumefação da mucosa. ✤ Costuma ocorrer em crianças e adultos jovens, por conta da maior possibilidade de trauma. ✤ Possui cor translúcida azulada a normal, tem forma de cúpula e são flutuantes ou firmes. ✤ É de fácil diagnóstico pela anamnese e exame físico. Pode-se também puncionar, drenando líquido viscoso citrino semelhante a clara de ovo. ✤ O tratamento consiste em remoção cirúrgica local, devendo também remover as glândulas salivares adjacentes. ✤ O prognóstico é excelente, porém existe grande chance de recidiva. ↬ Rânula: ✤ Rânula é um termo usado para mucoceles que ocorrem no assoalho de boca. ✤ Ocorre no assoalho bucal, na grande maioria das vezes unilateralmente, devido a trauma do ducto da glândular sublingual ou à presença de sialólito, impedindo o fluxo salivar normal. ✤ Da mesma forma que na mucocele, extravasa-se ao tecido conjuntivo subjacente, formando então uma tumefação, de dimensões maiores, chegando a abranger metade do assoalho bucal. ✤ A lesão tem coloração azulada, mas, se estiver muito aprofundada no tecido conjuntivo, essa cor pode desaparecer. ✤ O diagnóstico é feito através de punção com drenagem da saliva viscosa. ✤ É uma lesão com alta recidiva. ✤ O tratamento pode ser feito através de remoção cirúrgica, variando desde a marsupialização, remoção da lesão e até técnicas de descompressão. ✤ No caso de remoção parcial da lesão, tomar cuidado para não bloquear o restante do ducto salivar durante a sutura. ✤ Seu diagnóstico diferencial é cistos dermóide, epidermóide, branquial e lipoma. ↬ Sialolitíase: ⚠ Não é uma lesão vesículo-bolhosa, e sim um cálculo, tratando-se de uma doença glandular, porém, é extremamente importante ter conhecimento sobre ela. ✤ É a obstrução do canal excretor de uma glândula salivar maior por um ou mais sialólitos, podendo raramente ocorrer em seu interior, e mais raramente ainda, nas glândulas salivares acessórias. ✤ Nas glândulas salivares maiores ocorre principalmente na submandibular, por ser a característica anatômica tortuosa, partindo da glândula até chegar à carúncula lingual, e devido à grande viscosidade de sua saliva, fato esses que não ocorrem com as demais glândulas salivares maiores. Sua presença na glândula parotídea é pequena, quase nunca ocorrendo na sublingual. ✤ É causada por um trauma ou tampão mucoso. ✤ Ao aumentar suas dimensões, o cálculo impede o escoamento salivar, provocando tumefações com aumento e diminuição do volume glandular, tendo como consequência inflamação e dor local. Essa sintomatologia ocorre principalmente durante a alimentação, sendo provocada pelo estímulo salivar. ✤ Quando se infecta secundariamente, essa sintomatologia torna-se mais intensa, notando-se a presença de secreção purulenta. ✤ A radiografia oclusal inferior pode evidenciar área radiopaca de dimensões variadas correspondente à forma do cálculo existente, porém, se não estiver bem calcificado ou se for devido a um tampão mucoso, esse aspecto radiográfico não será observado. ✤ Seu diagnóstico diferencial é dado como flebólito. ✤ O tratamento consiste em remoção cirúrgica do cálculo. Em alguns casos, quando situado no interior da glândula submandibular em processos crônicos, é indicada a remoção completa da glândula.
Compartilhar