Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SAÚDE COLETIVA Janete Arcari Sistema Único de Saúde (SUS) Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) e suas prin- cipais normativas. Identificar seus princípios e diretrizes. Destacar os avanços e desafios do SUS. Introdução O Sistema Único de Saúde (SUS) tem como princípio basilar a universali- zação do acesso às ações e serviços de saúde, garantindo que todos os cidadãos tenham direito de acesso aos serviços de saúde, sem privilégios ou exclusões, e sejam atendidos conforme suas necessidades, de forma resolutiva, considerando-se ainda as necessidades coletivas. Com o passar dos anos, o processo de implantação e consolidação do SUS, desde sua concepção na Constituição Federal, em 1988, vem sendo objeto de sucessivos instrumentos normativos, com objetivo de regulamentar o sistema e colocar em prática seus objetivos, diretrizes e princípios. Neste capítulo, você estudará os aspectos do SUS, criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, e que se constitui como um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, que se propõe a garantir o acesso universal, integral e gratuito a todos os brasileiros. Assim, será abordada a história do SUS, seus princípios, pressupostos, avanços e desafios. Saude_Coletiva.indb 101 11/04/2018 13:06:55 Principais normativas do novo sistema O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1981 e regulamentado pelas leis 8.080/90 e 8.142/90, relativas à participação da população nos serviços (BRASIL, 1990a, 1990b). A Constituição, em seu art. 198, criou o SUS com base nas seguintes considerações: a saúde é um direito de todos e um dever do Estado; o acesso às ações e serviços de promoção, prevenção e recuperação da saúde é universal e igualitário, ou seja, todos têm direito. E foi definido da seguinte maneira: descentralização, com direção única em cada esfera de governo; atendimento integral, com prioridade para as atividades de prevenção, sem prejuízo dos serviços assistenciais; participação da comunidade. Após sua criação, houve a necessidade de regulamentação, que ocorreu em 1990, com a promulgação das duas Leis Orgânicas da Saúde: a Lei 8.080/90, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, e a Lei 8.142/90, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. A organização estruturante dos princípios e diretrizes do SUS Os princípios e diretrizes do SUS estão na Constituição Federal de 1988, regulamentados e confi rmados no capítulo II, artigo 7º da lei 8.080/90 (BRA- SIL, 1990): Art. 7º. As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde - SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios. Sistema Único de Saúde (SUS)102 Saude_Coletiva.indb 102 11/04/2018 13:06:55 I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e sa- neamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. São no total 13 princípios/diretrizes, dos quais, dar-se-á destaque aos mais “importantes”: O princípio de universalidade determina a saúde como um direito de cidadania, ao ser definido pela Constituição Federal como um direito de todos e um dever do Estado. Com a instituição do princípio de universalidade, todas as pessoas passaram a ter direito de acesso às ações e aos serviços de saúde, serviços esses que antes eram restritos aos indivíduos segurados à previdência social ou àqueles que eram atendidos na rede privada. O princípio de integralidade fundamenta-se no entendimento de que as pessoas têm o direito de serem atendidas no conjunto de suas necessidades, individuais e coletivas, e que os serviços de saúde devem estar organizados de modo a oferecer todas as ações requeridas por essa atenção integral. Dessa forma, o SUS deve desenvolver ações, em relação ao ambiente e às pessoas, destinadas à promoção, à proteção e à recuperação da saúde, bem como à reabilitação. 103Sistema Único de Saúde (SUS) Saude_Coletiva.indb 103 11/04/2018 13:06:55 Por meio da equidade objetiva-se diminuir as diferenças sociais, o que é caracterizado como o princípio de justiça social. O princípio de equidade destaca-se por assegurar e considerar as diferenças entre os diversos grupos de indivíduos, alocando recursos onde as carências são maiores, a partir de uma característica redistributiva. O princípio de equidade corresponde, portanto, a oferecer mais a quem mais precisa, de forma a dar condições para que todos tenham a mesma possibilidade (Figura 1). Figura 1. Ilustração da diferença entre igualdade e equidade. Fonte: Porcari (2018). As diretrizes do novo sistema de saúde serviram de base para estruturar as mudanças necessárias, fortalecendo a descentralização, de forma que cada município passasse a gerir as ações em saúde segundo as necessidades locais. Sistema Único de Saúde (SUS)104 Saude_Coletiva.indb 104 11/04/2018 13:06:55 Avanços e desafios do SUS Descentralização da gestão do SUS A descentralização politico-administrativa, através da municipalização, promo- veu a reorganização dos serviços e ações em saúde, a redistribuição de poder e competências, bem como a responsabilização dos municípios na promoção de mudanças no modelo assistencial, no planejamento, na organização, no controle, na avaliação e na gestão dos serviços públicos de saúde de seu território. É uma estratégia para minimizar as desigualdades regionais. Ela prevê não apenas a transferência, da esfera federal para as demais esferas, da responsabilidade de execução das ações, mas trata-se também de efetuar a descentralização de recursos fi nanceiros e de poder. Durante a década de 1990, ocorreram os principais avanços do processo de descentralização do setor saúde no Brasil. A esfera municipal tornou-se a principal responsável pela gestão da rede de serviços de saúde no país e pela prestação direta da maioria das ações e programas. No início da mesma década, em que o país vivia sob impacto da crise fiscal e escassez de recursos, foram incluídas na agenda preocupações como a eficiência, a eficácia e a efetividade da ação governamental, além da quali- dade dos serviços. Nessemesmo período, a descentralização ganhou força: o que antes enfatizava a transferência de atribuições para ganho de eficiência, passou a integrar a dimensão de redistribuição do poder, tencionando a des- burocratização e a hierarquização dos processos decisórios. A importância da ação municipal desde a década de 1990, principalmente na área social, chama atenção para um conjunto de abordagens inovadoras e, também, para o estabelecimento de novas esferas de participação e nego- ciações entre os atores, nos cenários das políticas públicas. A diversidade das características dos municípios no Brasil fez com que a descentralização não ocorresse de forma homogênea. Esse mesmo fator interferiu também na capacidade dos municípios em assumir a gestão. Mesmo assim, a descentra- lização favoreceu novos arranjos institucionais como a promoção de ações intersetoriais integradas, diminuindo a fragmentação das ações em parceria com outros níveis de governo e com governos de outros municípios. A descentralização pode ser vista também como facilitadora para o con- trole social da saúde e para a participação popular. A participação popular se dá, sobretudo, nos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde e nas respectivas Conferências de Saúde, realizadas a cada quatro anos. As Conferências e os Conselhos são constituídos por gestores, profissionais de 105Sistema Único de Saúde (SUS) Saude_Coletiva.indb 105 11/04/2018 13:06:55 saúde, usuários do sistema (50%), e outras entidades/pessoas representativas, de forma paritária, e têm, dentre outras, a função de formular as diretrizes da política de saúde e de acompanhar sua execução. Arranjo institucional e processo decisório do SUS O sistema se organiza mediante a integração das ações e dos serviços de saúde entre os entes federados, na conformação da rede dessas ações e desses serviços, as chamadas redes de atenção à saúde. Ao analisar o SUS em suas estruturas, suas competências e seus serviços, abrangendo a organização em regiões de saúde, a hierarquização, segundo os níveis de complexidade de serviços, a competência constitucional e as desigualdades entre os entes federativos e as instâncias de decisão, constata-se uma interdependência no âmbito do SUS, que deve integrar seus serviços uns com os outros nas regiões de saúde. Regionalização da assistência à saúde A regionalização no Sistema Único de Saúde constitui estratégia prioritária para garantir o direito à saúde, reduzir desigualdades sociais e territoriais, promover a equidade e a integralidade da atenção, racionalizar os gastos, otimizar os recursos e potencializar o processo de descentralização. Oferece também os meios para melhorar a coordenação e a integração do cuidado em saúde e seus custos e proporciona escala mais adequada e maior participação dos cidadãos no processo de tomada de decisão. Apesar de ser uma importante ação estruturante do SUS, a Regionalização apresenta desafios, tais como as dificuldades para integrar e coordenar as ações e serviços em diferentes espaços geográficos, com distintas gestões para atender às necessidades de saúde e demandas da população na escala, na qualidade e com os custos adequados. O sistema se organiza mediante a integração das ações e dos serviços de saúde entre os entes federados, na conformação das redes dessas ações e desses serviços, as chamadas redes de atenção à saúde. Sistema Único de Saúde (SUS)106 Saude_Coletiva.indb 106 11/04/2018 13:06:55 Espaços de governança do SUS As Comissões Intergestores foram legitimadas como uma inovação de gestão na política de saúde e constituem-se como espaços de negociação, planejamento e decisão permanentes nas questões operacionais da descentralização e na construção de pactos nacionais, estaduais e regionais no SUS. Esse modelo de gestão compartilhada entre entes federativos corrobora com a construção coletiva e traz o tema da saúde para o centro da articulação política, tornando- -o protagonista na agenda de desenvolvimento do país. É uma oportunidade para fortalecer a governança nesses espaços e priorizar a responsabilização dos entes, de modo que a tomada de decisão na gestão tenha transparência e busque o acesso integral a assistência à saúde. Consideremos o cenário brasileiro a partir dos anos 1990, em que houve um grande esforço no sentido de se construir um modelo de saúde e da definição de papéis para cada esfera de governo, em que se desenvolveram estruturas, tecnologias e mecanismos institucionais de relacionamento entre os gestores no SUS e destes para com a sociedade, determinando o papel de cada um desses entes e sua função gestora. Os gestores atuam em duas vertentes imbricadas: o âmbito político e o âmbito técnico, sendo que, no âmbito político, o principal compromisso é com a população: o gestor é um ator no exercício da gestão da saúde voltado para o interesse público e não para interesses particulares ou privados. Assim, vale destacar a participação e o papel dos conselhos nacionais de representação dos gestores estaduais (CONASS) e municipais (CONASEMS), espaços formais na relação entre os entes federados e sua participação nas CITs, CIBs e CIRs (Figura 2) e os colegiados de participação da sociedade (conselhos de saúde permanentes e deliberativos), que integram a estrutura decisória no SUS (BRASIL, 2009). 107Sistema Único de Saúde (SUS) Saude_Coletiva.indb 107 11/04/2018 13:06:55 Figura 2. Representação da estrutura institucional onde ocorrem as decisões e os rumos das políticas públicas de saúde. As Comissões Intergestores constituem-se como espaços de negociação, planejamento e decisão permanente nos aspectos operacionais da descentra- lização e na construção de pactos nacionais, estaduais e regionais no SUS. Recursos Financeiros Os percentuais de investimento fi nanceiro dos municípios, estados e União no SUS são defi nidos atualmente pela Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, resultante da sanção presidencial da Emenda Constitucional 29 (BRASIL, 2012). Por esta lei, municípios e Distrito Federal devem aplicar anualmente, no mínimo, 15% da arrecadação dos impostos em ações e serviços públicos de saúde, cabendo aos estados 12%. No caso da União, o montante aplicado deve corresponder ao valor empenhado no exercício fi nanceiro an- terior, acrescido do percentual relativo à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano antecedente ao da lei orçamentária anual. Sistema Único de Saúde (SUS)108 Saude_Coletiva.indb 108 11/04/2018 13:06:55 A movimentação dos recursos financeiros é realizada com os Fundos de Saúde, que se constituirão em unidades orçamentárias e gestoras dos recursos da saúde. Outro debate que se levanta a partir do subfinanciamento da saúde é a relação entre o público e o privado, já que recursos públicos acabam sendo repassados ao setor privado. A queda da participação dos recursos federais no financiamento da saúde pública reduz o papel exercido pelo governo federal na determinação da política de saúde e aumenta a dos municípios, o que justifica o aumento crescente da preocupação dos gestores municipais, fato que tende ao agravamento, consi- derando a promulgação da Emenda Constitucional nº 95 de 15 de dezembro de 2016, que congelou os gastos com saúde por 20 anos e estabeleceu limites desfavoráveis de correção dos no financiamento da saúde (BRASIL, 2016). Ainda sobre mudanças no financiamento do SUS, no dia 28 de dezembro de 2017 foi publicada, em Edição Extra do Diário Oficial da União, a Portaria nº 3.992, de 28/12/2017. Essa Portaria trata do financiamento e da transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do SUS (BRASIL, 2017).. Essa Portaria trata do financiamento e da transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do SUS (BRASIL, 2017). A Portaria traz um novo modelo de financiamento do SUS, que vai transferir para estados e municípios a responsabilidadede decidir em quais programas e serviços de saúde serão aplicados os recursos repassados pelo governo federal, e começou a valer a partir de janeiro de 2018. Desde a publicação da Portaria nº 204/2007, os blocos de financiamento sempre se caracterizaram por serem blocos financeiros, tendo uma conta corrente vinculada a cada um dos 5 blocos de custeio: atenção básica, média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, assistência farmacêutica, vigi- lância em saúde e gestão do SUS, e o Bloco de Investimento (BRASIL, 2007). A nova Portaria traz expressivas mudanças, entre elas a junção dos antigos blocos de financiamento de custeio em um único bloco, mantendo-se grupos de ações dentro do Bloco de Custeio. Esses grupos de ações deverão refletir a vinculação, ao final de cada exercício, do que deu origem ao repasse do recurso, bem como o estabelecido no Plano de Saúde e na Programação Anual de Saúde dos entes. 109Sistema Único de Saúde (SUS) Saude_Coletiva.indb 109 11/04/2018 13:06:55 1. O Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, regulamenta a Lei nº 8.080 e dispõe sobre a organização do SUS, apresentando diversos dispositivos para isto. Qual é possível excluir? a) Região de Saúde. b) Rede de Atenção Psicossocial à Saúde (RAPS). c) Comissões Intergestores (CIT/CIB/CIR). d) Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP). e) Mapa da saúde. 2. Baseado na seção Saúde, prevista na Constituição Federal, é correto afirmar que: a) conforme o Art. 196, a saúde é um direito de todos e dever do Estado, que se responsabiliza exclusivamente por ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. b) são diretrizes do SUS a descentralização, o acesso à informação e o direito equânime à saúde. c) apesar de existir a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro 1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, na seção sobre saúde da Constituição Federal não há referência sobre a participação da comunidade. d) entre as competências do Art. 200 para o SUS estão: a) executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador e b) controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos. e) conforme a Constituição, as atribuições do SUS basicamente se resumem a atender pessoas carentes que não têm condições de pagar planos privados. 3. As Normas Operacionais Básicas deram as condições necessárias para que Estados e municípios pudessem assumir as novas atribuições de gestão, definindo também os critérios para repasses de recursos Fundo a Fundo. Sobre as NOBs, é correto afirmar que: a) a NOB 91 é a que altera os critérios de transferência automática de recursos para implantar o Piso de Atenção Básica (PAB). b) a NOB 91 tem como principal característica a presença de Estados e municípios como gestores dos serviços de saúde. c) é a NOB 93 que cria instâncias colegiadas de decisão através das Comissões Intergestores. d) as Comissões Intergestores se dividem em três na NOB 93: Bipartite, Tripartite e Regional. e) ao contrário do movimento das NOB 91 e 93, o texto da NOB 96 preconiza a centralização do SUS. 4. Quais das alternativas, a seguir, são diretrizes do SUS? a) Divulgação de informações quanto ao potencial dos Sistema Único de Saúde (SUS)110 Saude_Coletiva.indb 110 11/04/2018 13:06:55 serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, alocação de recursos, orientação programática e participação da comunidade. b) Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral, igualdade da assistência à saúde, com privilégios e direito à informação às pessoas assistidas sobre sua saúde. c) Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário, utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e orientação programática e desigualdade da assistência à saúde, beneficiando os que têm menos. d) Integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico, conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União e dos municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população e capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência. e) Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência, descentralização político- administrativa com direção única em cada esfera de governo e participação da comunidade. 5. No texto “O Sistema Único de Saúde, 20 anos: balanço e perspectivas”, a autora Telma Maria Gonçalves Menicucci nos apresenta avanços e desafios do SUS. Nesse sentido, é correto afirmar que: a) na perspectiva da organização da assistência, o desafio do SUS era substituir os modelos de livre demanda por um modelo hospitalocêntrico de qualidade. b) o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Programa Saúde da Família (PSF) foram as primeira medidas mais efetivas para superar o modelo de atenção hospitalocêntrico e garantir o acesso universal. c) com o crescimento de dispositivos de atenção básica (AB), a proporção de óbitos por diarreia passa de 4,13% em 1990 para 10,83% em 2005. d) após mais de 20 anos de SUS, o desafio de pensar o financiamento para a viabilização de um sistema público e universal já não é mais um nó do SUS. e) a autora aponta como perspectiva de avanços do SUS a liberação de atuação do setor privado de saúde cada vez mais livre, sem regulações burocráticas. 111Sistema Único de Saúde (SUS) Saude_Coletiva.indb 111 11/04/2018 13:06:55 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1998. BRASIL. Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016. Altera o Ato das Dis- posições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/emendas/emc/emc95.htm>. Acesso em: 03 mar. 2018. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providencias. Brasília, DF, 1990a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 03 mar. 2018. BRASIL. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comu- nidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências inter- governamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Brasília, DF, 1990b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142. htm>. Acesso em: 03 mar. 2018. BRASIL. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas [...]. Brasília, DF, 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm>. Acesso em: 03 mar. 2018. BRASIL. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Reflexões aos novos gestores municipais de saúde. Brasília, DF: CONASEMS, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde Distrito, 2009. BRASIL. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dáoutras providências. Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7508.htm>. Acesso em: 03 mar. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.203 de 1996. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1996/prt2203_05_11_1996.html>. Acesso em: 03 mar. 2018. BRASIL. Portaria nº 204, de 29 de janeiro de 2007. Regulamenta o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento, com o respectivo monitoramento e controle. Brasí- lia, DF, 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/ prt0204_29_01_2007_comp.html>. Acesso em: 03 mar. 2018. Sistema Único de Saúde (SUS)112 Saude_Coletiva.indb 112 11/04/2018 13:06:56 BRASIL. Portaria nº 3.991, de 28 de dezembro de 2017. Habilita o Estado, Município ou Distrito Federal a receber recursos destinados à aquisição de equipamentos e materiais permanentes para estabelecimentos de saúde. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http:// portalfns.saude.gov.br/images/pdfs/PT-3992-2017.pdf>. Acesso em: 03 mar. 2018. PORCARI, R. Igualdade e equidade. 18 jan. 2018. Disponível em: <https://professor- rafaelporcari.com/2018/01/18/igualdade-e-equidade/>. Acesso em: 03 mar. 2018. Leituras recomendadas ARCARI, J. M. Qualidade da elaboração do relatório de gestão nos municípios da região de saúde 29: vales e montanhas. 2015. 42 f. Monografia (Especialização em Gestão em Saúde)- Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. ARCARI, J. M. Gestão no Sistema Único de Saúde: análise do contrato de um centro de referência em oftalmologia localizado no interior do Rio Grande do Sul. In: DIAS; M. T. G. et al. (Org.). Informação gerando conhecimento para a gestão em saúde: relato de experiências. Rio Grande do Sul, UFRGS; SGTES, 2013. p. 110-118. ARCARI, J. M.; RITTER, F.; MARTINS, A. B. Avaliação da satisfação dos usuários da atenção básica do Sistema Único de Saúde. In: BULGARELLI, A. F. et al. (Org.). Redes de atenção à saúde: práticas, experiências e propostas na gestão da saúde coletiva. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2016. p. 337-352. BULGARELLI, A. F. et al. (Org.). Redes de atenção à saúde: práticas, experiências e pro- postas na gestão da saúde coletiva. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2016. FARAH, M. F. S. Parcerias, novos arranjos institucionais e políticas públicas no nível local de governo. Revista de Administração Pública (RAP), Rio de Janeiro, v. 35, n. 1, p. 119-144, jan. fev. 2001. MOIMAZ, S. A. S. et al. Satisfação e percepção do usuário do SUS sobre o serviço público de saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 20, n. 4, p. 1419-1440, 2010. PAIM, J. S.; SILVA, L. M. V. da. Universalidade, integralidade, equidade e SUS. BIS. Boletim do Instituto de Saúde (Impresso), Brasília, DF, v. 12, n. 2, p. 109-114, 2010. RONCALLI, A. G. O desenvolvimento das políticas públicas de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde. In: PEREIRA, A. C. (Org.). Odontologia em Saúde Coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: Artmed, 2003. p. 28-49. SHIMIZU, H. E. et al. Representações sociais dos conselheiros municipais acerca do controle social em saúde no SUS. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 8, p. 2275-2284, 2013. SILVA, S. F. da. Organização de redes regionalizadas e integradas de atenção à saúde: desafios do Sistema Único de Saúde (Brasil). Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 6, p. 2753-2762, 2011. 113Sistema Único de Saúde (SUS) Saude_Coletiva.indb 113 11/04/2018 13:06:56
Compartilhar