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FARMACOLOGIA GERAL 1 Estuda os efeitos biológicos e terapêuticos das drogas, e, quando possível, seu mecanismo de ação. Além disso, estuda as interações medicamentosas. Resumidamente, o medicamento (droga), através de uma alteração celular, promove uma resposta celular (efeito). Corresponde à série de alterações bioquímicas ou fisiológicas que alteram as funções celulares, sendo, então, a combinação da droga com o receptor. Classificação: ➔ Específicas: combatem diretamente a causa das doenças (ex: antibióticos); ➔ Inespecíficas: aliviam as manifestações clínicas. Consiste na alteração final da função biológica como consequência da ação das drogas. Divide-se em: ➔ Efeito principal: aquele que se quer obter; ➔ Efeito colateral: diferente do efeito principal e é esperado; ➔ Efeito indesejado: não esperado; ➔ Efeito placebo: por definição, placebo é “a substância ou preparação inativa, administrada para satisfazer a necessidade psicológica do paciente por medicamentos. Seu efeito depende da confiança depositada pelo paciente na preparação que está recebendo e/ou profissional que indicou”. Sendo assim, até 35% dos efeitos de um fármaco podem ser atribuídos ao efeito placebo, que é usado em ensaios clínicos controlados para avaliar a eficácia de um novo medicamento; ➔ Efeito nocebo: reação danosa, prejudicial, desagradável ou indesejada em um indivíduo como resultado da aplicação de uma droga inerte, gerada por crenças ou expectativas pessimistas do indivíduo. Compreende a descrição de processos moleculares que permitem a atuação do fármaco, que podem possuir FARMACOLOGIA GERAL 2 múltiplos efeitos originados de mecanismos de ação único, dependendo do sítio de ação. Já a eficácia é a quantificação do efeito benéfico de um fármaco na espécie humana. Ainda, o conceito de biofase consiste no local onde um fármaco deve atingir para exercer a sua ação terapêutica (circunda diretamente o sítio de ligação do receptor), de forma que quanto mais próxima for a administração da droga da biofase, menores as doses requeridas e menos efeitos sistêmicos serão produzidos. Receptores são moléculas proteicas cujas funções são o reconhecimento e resposta aos ligantes. Podem ser ligados a canais iônicos, acoplados à proteína G, ligados a enzimas e intracelulares. Os receptores ligados aos fármacos são os mesmos que se ligam a substâncias endógenas (hormônios, neurotransmissores, etc). Dessa forma, a partir da ligação do fármaco com o receptor são geradas reações químicas e transformações celulares com os consequentes efeitos. Na maioria dos casos, o fármaco ativa ou inibe somente uma molécula em uma longa série de reações bioquímicas. Quando um fármaco se liga a um receptor na membrana celular, o sinal do fármaco extracelular precisa passar aos processos fisiológicos intracelulares, isto é, precisa ser convertido (transduzido) a uma mensagem intracelular, ou seja, transdução de sinal. O efeito de um fármaco depende dos seus receptores, das vias de transdução as quais está acoplado, do nível de expressão dos receptores nas células e da capacidade celular de resposta. O fármaco pode, então, se ligar a um receptor acoplado a um efetor (via de transdução) e produzir um efeito; se ligar a um receptor acoplado e mais de um efetor, de forma a produzir mais que um efeito na mesma ou em células diferentes; ou pode ter afinidade por mais de um receptor, com cada receptor acoplado e diferentes efetores. Certas moléculas apresentam características físico-químicas e esteroquímicas que determinam sua afinidade pelo receptor. E, dessa maneira, há a tendência quantificável de uma molécula do fármaco formar um complexo (ligar-se) com o receptor, de FARMACOLOGIA GERAL 3 forma que essa ligação envolve interações entre a molécula ligante e a molécula do receptor. A afinidade determina, por fim, a força da ligação do receptor pela droga, de forma que, quanto maior a afinidade, maior a tendência de ligação da droga ao receptor e mais potente será a droga. ➔ Afinidade intrínseca: gera a resposta farmacológica após o acoplamento; ➔ Especificidade química: o receptor só se liga a fármacos com estrutura similar; ➔ Reversibilidade: o acoplamento é fruto de forças atrativas transitórias (ligações iônicas, pontes de hidrogênio, etc). São poros proteicos na bicamada lipídica das membranas, responsáveis por permitir a passagem seletiva de íons para o interior das células ou para o meio extracelular. São, entretanto, diferentes dos poros aquosos transmembrana, de forma que não estão continuamente abertos, sendo, por outro lado providos de um mecanismo de “portão” que pode abrir ou fechar como consequência de um estímulo extracelular. Ainda, o controle de abertura desses canais vai estar relacionado à atuação dos fármacos. Os principais canais são: Na, K, Ca e Cl. Em algumas famílias de receptores, o canal receptor é circundado por ligantes (acetilcolina, aminoácidos, serotonina e ácido gama-aminobutírico – GABA). Como exemplo da atuação desses canais na presença de fármacos, os benzodiazepínicos agem por meio da alteração da permeabilidade dos canais, promovendo efeito quase imediato. A administração desse tipo de fármaco facilita a entrada de íons Cl pelo receptor GABA, de carga negativa, no interior da célula, que se torna hiperpolarizada e menos excitável imediatamente. Essa família de receptores representa a maioria dos receptores conhecidos, de maneira que a proteína G está na membrana celular e, quando o agonista se liga ao seu receptor, há ativação da proteína G, promovendo, assim, a ativação dos segundos mensageiros (fosfato de inositol, Ca, AMPc) que desencadeiam uma cascata de eventos intracelulares. FARMACOLOGIA GERAL 4 Possuem domínio de ligação bastante heterogêneo, e adicionam ligantes como insulina, fatores de crescimento e neurotróficos. São aqueles que regulam a transcrição de DNA, e são, também, os receptores para hormônios esteroides e tireoides. Caracterizados por serem proteínas citosólicas ou nucleares, portanto, os ligantes devem primeiro entrar nas células, e após a ligação haverá ativação do gene e aumento de transcrição do DNA. Os efeitos são produzidos como resultado do aumento da síntese proteica e têm início lento (ex: corticoides). Para produzir efeito farmacológico, o fármaco precisa ter duas características: afinidade pelo receptor, isto é, capacidade de se ligar a ele, e afinidade intrínseca, para que, após se ligar, tenha a capacidade de ativá-lo. ➔ Agonistas totais: fármacos com afinidade máxima pelo receptor, produzindo efeito máximo (atividade intrínseca = 1); ➔ Agonistas parciais: fármacos com afinidade pelo receptor, mas não produzem efeito máximo (atividade intrínseca entre 0-1); ➔ Antagonistas: fármacos com afinidade pelo receptor, mas não produzem resposta direta (atividade intrínseca = 0). Agonistas são aquelas drogas que alteram a fisiologia de uma célula por ligação a receptores da membrana plasmática ou receptores intracelulares. As agonistas parciais são as drogas cujo efeito máximo não é produzido, mesmo quando todos os receptores estão ocupados. Ainda, antagonistas são inibidores ou bloqueadores das respostas causadas pelos agonistas, e podem ser: ➔ Antagonista competitivo: compete com um agonista pelos receptores. Altas doses de um agonista podem, geralmente, sobrepor-se ao antagonista; FARMACOLOGIA GERAL 5 ➔ Antagonista não- competitivo: liga-se a um local diferente do domínio de ligação do agonista, induzindo uma mudança de conformação no receptor, de modo que o agonista não reconhece mais um seulocal de ligação. Altas doses do agonista não se sobrepõem ao antagonista nesta situação. As drogas agem por: ➔ Estimulação: a droga aumenta a atividade da célula alvo, como a acetilcolina estimula o SNP e a noradrenalina o SNC; ➔ Depressão: a droga diminui a atividade da célula alvo, assim como a amlodipina inibe a contração do músculo liso vascular por bloqueio dos canais de Ca; ➔ Reposição/substituição: a droga atua como repositora de nutrientes em doenças carenciais ou repositora hormonal nas hipofunções glandulares, como a vitamina C no escorbuto; ➔ Antinfecção/antimicrobiana: a droga age destruindo ou neutralizando organismos patogênicos; ➔ Irritativas ou citotóxicas; ➔ Supressivas. O efeito de um fármaco é proporcional à dose administrada, de maneira que a dose é a quantidade necessária de uma droga para produzir certo grau de resposta para determinado paciente. ➔ Dose efetiva média (DE50): trata-se da quantidade de droga (mg, g ou mL/kg do peso corporal) que, em condições bem determinadas, produz um determinado efeito na metade de um grupo de indivíduos ➔ Dose letal média (DL50): é a dose calculada estatisticamente, em mg/Kg, de um determinado agente químico ou físico, necessária para matar 50% dos organismos vivos de uma população de animais, sob FARMACOLOGIA GERAL 6 um conjunto de condições definidas. Os agentes químicos podem ser classificados segundo 5 classes de toxicidade, de acordo com os valores de DL50; ➔ Dose tóxica média: corresponde ao efeito que não é a morte. O índice terapêutico é a razão entre DL50/DE50.
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