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TRASNTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIA Dependência de substâncias (adicção): É definida como um padrão mal-adaptativo de uso de substâncias que leva a prejuízo ou sofrimento clínico significativo, evidenciado por três (ou mais) características, que incluem tolerância, abstinência e abandono ou redução de importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas ... em razão do uso da substância, durante um período de 12 meses. O termo abuso aplica- se especificamente a substâncias não-prescritas. Assim, o etanol e a cocaína, que não costumam ser prescritos, são considerados drogas de abuso. Tolerância: Refere-se à diminuição do efeito de uma droga com o uso contínuo. Sensibilização (também chamado de tolerância inversa): Refere-se a um desvio da curva de dose- resposta para a esquerda, de modo que a administração repetida de uma droga provoca um maior efeito de determinada dose ou há necessidade de uma dose menor para obter o mesmo efeito. A dependência física (ou dependência fisiológica): Referese aos sinais e sintomas físicos adversos provocados pela abstinência de uma droga A dependência psicológica: É um fenômeno mais complexo que pode ocorrer mesmo com drogas que não causam tolerância e dependência física. A dependência psicológica ocorre sempre que uma droga afeta o sistema de recompensa encefálico. CRITERIO DO DSM-5 Um padrão mal-adaptativo de uso de substância, levando a prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, evidenciado por três (ou mais) dos seguintes critérios, ocorrendo a qualquer momento no mesmo período de 12 meses: 1. Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos: a. Necessidade de quantidades muito maiores da substância para que haja intoxicação ou o efeito desejado. b. Acentuada redução do efeito com o uso contínuo da mesma quantidade de substância. 2. Abstinência, manifestada por qualquer um dos seguintes aspectos: a. A síndrome de abstinência característica para a substância (definida pelos critérios da APA para abstinência de uma substância específica). b. A mesma substância (ou uma substância estreitamente relacionada) é consumida para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência. 3. A substância freqüentemente é consumida em maior quantidade ou durante um período mais longo do que o pretendido. 4. Um desejo persistente ou esforços malsucedidos para reduzir ou controlar o uso da substância. 5. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância (p. ex., consulta a vários médicos ou longas viagens de automóvel), no uso da substância (p. ex., fumar um cigarro atrás do outro) ou na recuperação de seus efeitos. 6. Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância. O uso da substância é levado adiante, apesar da consciência de um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância (p. ex., uso atual de cocaína, apesar de reconhecer que a depressão é induzida por ela, ou consumo continuado de bebidas alcoólicas, apesar de reconhecer o agravamento de uma úlcera pelo consumo de álcool). SISTEMA DE RECOMPENSA MOLÉCULA DO PRAZER As zonas do cérebro então identificadas como centros de recompensa foram o sistema límbico e o núcleo accumbens, cujos neurônios têm numerosos receptores para o neurotransmissor dopamina, a "molécula do prazer". O sentimento de prazer é uma das principais forças que nos faz agir. Sem ele, não teríamos motivação nem para levantar da cama todos os dias. A anedonia, que é a perda da capacidade de sentir prazer, é um sintoma compartilhado por vários transtornos mentais. O prazer age primordialmente por vias emocionais, bem mais eficientes e rápidas do que as racionais. Hamlet pode ficar imobilizado pela sua dúvida existencial, mas quem se depara com um leão sai correndo sem pensar ou questionar se é um onívoro ou vivíparo. O que vale aí é preservar os seus genes para as gerações futuras. Algumas pesquisas fazem uma distinção entre prazeres fundamentais (sensórios, sexuais e sociais) e os de ordem superior (monetário, artístico e transcendental). A princípio partilharíamos os primeiros com outros animais. Os últimos seriam exclusividade humana. PAPEL ESSENCIAL DO PRAZER O caráter adaptativo do prazer é apenas o começo da história. Alguns estudiosos apontam para o papel essencial do prazer no desenvolvimento e na maturação do cérebro. O projeto Genoma Humano identificou algo como 25 mil genes. Um cérebro de Homo Sapiens tem cerca de 100 bilhões de neurônios; cada um se conecta a milhares de outros, perfazendo um total de 1015 conexões nervosas. Essa desproporção sugere que a informação genética é insuficiente para especificar o lugar de cada neurônio no cérebro, bem como os pontos de ligação com outras células nervosas. Os genes trazem regras muito gerais de desenvolvimento e migração neuronal, que vão sendo ajustadas ao longo do processo. A sintonia fina cerebral se faz pela criação de numerosas ligações entre os neurônios (sinaptogênese), seguida pela eliminação das conexões que não foram utilizadas (poda). "Numerosas" aqui significa que entre a metade final da gestação e os dois primeiros anos de vida, o cérebro forma 1,8 milhão de novas sinapses por segundo! O processo de pode é mais lento estendendo-se até o final da adolescência. O prazer funciona aqui como um fio condutor levando o indivíduo, desde a fase embrionária, a buscar experiências necessárias para o desenvolvimento de seu cérebro. As conexões que mais produzem prazer são constantemente estimuladas e, por isso, reforçadas; as menos utilizadas acabam sendo eliminadas. Experimentos realizados com gatos tiveram seus olhos tampados ao nascimento. Sem a experiência da visão presidindo à geração e à poda de sinapses, o cérebro deles não aprende a enxergar. Se a venda for retirada após a "fase crítica", os gatos ficam cegos para sempre mesmo tendo um sistema óptico em perfeitas condições. A dicotomia entre genes e ambiente não deve ser considerada por não fazer muito sentido. Informações trazidas pelos genes só ganharão significado depois de moduladas pela experiência. VÍCIO Além do sistema dopaminérgico, existem pelo menos outros três que estão ligados ao prazer. Os circuitos neuronais responsáveis pelo querer e pelo gostar funcionam de modo independente. Isto explicaria porque dependentes químicos fazem de tudo para conseguir sua dose diária da droga, mesmo afirmando que não gostam tanto quanto da primeira vez que usou. Explicaria também porque é possível tornar-se viciado em produtos como o cigarro, intragáveis para que o experimenta pela primeira vez. O conhecimento dos mecanismos neurais subjacentes ao desenvolvimento e instalação da dependência química indicaria novas posturas em ações de prevenção, tratamento e pesquisa em dependência química.
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