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Fisioterapia no SUS - RN_GeraldoMT

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GERALDO MAGELLA TEIXEIRA 
FISIOTERAPIA E SOCIEDADE: AÇÕES DO 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO RIO GRANDE DO 
NORTE
Dissertação apresentada ao Programa 
de Pós-Graduação em Ciências da 
Saúde da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte – Centro de Ciências 
da Saúde para obtenção do título de 
Mestre em Ciências da Saúde. 
NATAL -RN 
2007
GERALDO MAGELLA TEIXEIRA 
FISIOTERAPIA E SOCIEDADE: AÇÕES DO 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO RIO GRANDE DO 
NORTE
Dissertação apresentada ao Programa 
de Pós-Graduação em Ciências da 
Saúde da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, para a obtenção do 
título de Mestre em Ciências da Saúde. 
Orientadora: Dra. Eulália Maria Chaves Maia. 
NATAL - RN 
2007
 Teixeira, Geraldo Magella 
 Fisioterapia e sociedade: ações do Sistema Único de Saúde no 
Rio Grande do Norte/Geraldo Magella Teixeira.--NATAL, 2007.
xiii, 75f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. 
Título em inglês: Physiotherapy and society: action of Sistema
Único de Saúde no Rio Grande do Norte. 
1. Fisioterapia. 2. Sistema Único de Saúde. 3.Humanização.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE 
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da 
Saúde: Prof° Dr. Aldo da Cunha Medeiros.
GERALDO MAGELLA TEIXEIRA 
FISIOTERAPIA E SOCIEDADE: AÇÕES DO 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO ESTADO RIO 
GRANDE DO NORTE 
Presidente da Banca: 
Professora Doutora: Eulália Maria Chaves Maia 
BANCA EXAMINADORA 
_________________________________________________
Professor Doutora Eulália Maria Chaves Maia
_________________________________________________
Professora Doutora Maria Gorethy Fernandes 
_________________________________________________
Professor Doutor Horácio Accioly Júnior 
DEDICATÓRIA
Aos meus pais (in memorian) Benedito Teixeira e 
Maria José da Silva Teixeira os quais, com suas 
atitudes de carinho, liberdade e simplicidade, 
proporcionaram-me forças para a superação dos 
inúmeros desafios da vida. 
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me cobre de bênçãos e sempre está ao meu lado. Tenho certeza 
disso!
À minha corajosa orientadora e amiga Profa. Dra. Eulália Maria Chaves Maia, não 
só pela oportunidade de concretização desta pesquisa, mas pelo apoio moral, 
material e, até, psicológico, dado durante esses anos convividos. 
Aos amigos Marcus Aurélio Medeiros Costa e Geovânia Toscano por estarem 
sempre disponíveis para atenderem às minhas solicitações e/ou angústias 
pessoais e acadêmicas; e, por sua amizade, dedicação e cumplicidade. 
Aos amigos Goretti, Eliane Medeiros e Kildemar pelo incentivo e companheirismo. 
Aos Professores Doutores membros da banca avaliadora, por suas contribuições 
preciosas e pertinentes para a consecução desta dissertação. 
A Professora Doutora Vânia de Vasconcelos Gicco. Obrigado pela confiança, pela 
amizade, pela dedicação e pelo conhecimento pessoal agregado na convivência. 
Aos Professores e Funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
especialmente aos do Centro de Ciências da Saúde, pela forma carinhosa e 
profissional como sempre me receberam. 
SUMÁRIO
Dedicatória iv
Agradecimentos v
Lista de tabelas viii
Lista de abreviaturas ix
Resumo x
1 INTRODUÇÃO 01
2 REVISÃO DA LITERATURA 05
2.1 O processo histórico e prática em saúde: Fragmentação do saber 05
2.2 O RELATÓRIO FLEXNER: da educação em saúde a uma medicina mais 
científica
06
2.3 Práticas e saúde no capitalismo: a influencia sobre o fazer fisioterapêutico 08
2.4 Sistema Único de Saúde: fundamentos políticos, sociais e históricos. 10
2.4.1 O Sistema Único de Saúde 10
2.5 Princípios do Sistema Único de Saúde 16
Princípios doutrinários 16
Princípios organizativos 16
2.6 FISIOTERAPIA: da definição a atuação profissional 17
3 MÉTODO 22
3.1 Caracterização do estudo 22
4 RESULTADOS 24
5 DISCUSSÃO 26
6 ANEXOS 30
6.1 Anexação dos artigos 31
Afetividade X Efetividade: fenômenos da Fisioglobalização 32
Reabilitação: ações do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do 
Norte
42
7 REFERÊNCIAS 56
8 ABSTRACT 57
LISTA DE TABELAS 
página
Tabela 1 38
Tabala 2 39
LISTA DE ABREVIATURAS 
ABRASCO: Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva 
CAP: Caixa de Aposentadoria e Pensão 
CAPs: Caixas de Aposentadoria e Pensão 
CEBS: Centros Brasileiros de Estudos em Saúde
CONASP: Conselho Consultivo de Administração de Saúde Previdenciária 
IAP: Instituto de Aposentadoria e Pensão 
IAPs: Institutos de Aposentadoria e Pensão 
IES: Instituição de Ensino Superior 
INAMPS: Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social 
INPS: Instituto Nacional de Previdência Social 
LOPS: Lei Orgânica da Previdência Social
SESP: Serviço Especial de Saúde Pública 
SIA: Serviço de Informação Ambulatorial 
SUDS: Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde 
SUS: Sistema Único de Saúde 
RESUMO
O trabalho tem como objetivo apresentar ações fisioterápicas desenvolvidas no 
Sistema Único de Saúde (SUS) no estado do Rio Grande do Norte; discutir sob a 
óptica da humanização tais ações; discutir a importância da fisioterapia para a 
sociedade norte-riograndense e seu papel na perpetuação de ações de saúde 
centradas no binômio causa/efeito. O estudo foi realizado no estado do Rio 
Grande do Norte. Os dados foram obtidos de fontes públicas junto à Secretaria de 
Saúde desse Estado. Os dados colhidos versam sobre sessões de fisioterapia 
desenvolvidas pelo SUS nas diversas regiões do estado; tais dados foram 
colhidos e analisados após aprovação do comitê de ética e pesquisa da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No tocante a fisioterapia, houve 
junto a Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte, apenas registros 
de atendimentos voltados para a cura/reabilitação, não sendo observado durante 
decorrer do estudo, qualquer registro de intervenção de prevenção, promoção e 
proteção à saúde. É possível observar que há destaque para as intervenções 
voltadas para o tratamento de doenças de origem reumáticas e queixas 
relacionadas à coluna vertebral. Tal pesquisa evidenciou que a fisioterapia no SUS 
no estado prioriza o atendimento individualizado, centrado no modelo 
saúde/doença e as ações desenvolvidas estão voltadas para a atenção curativa e 
reabilitadora, com papel de pouco destaque na atenção primária. 
Palavras-chave: Fisioterapia, Sistema Único de Saúde, Humanização 
“ Os momentos mais esplêndidos da vida não 
são os chamados dias de êxito; mas sim aqueles 
dias em que, saindo do desânimo e do desespero, 
sentimos erguer-se dentro de nós um desafio à 
vida, e a promessa de futuras realizações.” 
Gustave Flaubert 
1. INTRODUÇÃO 
Como membro da saúde, o Fisioterapeuta atua em diferentes níveis, tais 
como: prevenção, promoção, terapêutica e reabilitação. Porém, a Fisioterapia, 
desde a sua criação, mantém-se com olhar mais voltado para a prestação de 
serviços de reestruturação de habilidades físicas outrora perdidas, após 
desordem, trauma ou doenças 1.
A saúde no Brasil, normalmente tem se baseado em políticas onde a 
concentração dos recursos está voltada para a assistência médica curativa, 
individualizada e voltada para assalariados urbanos, enquanto que o restante da 
população fica na dependência de parcos recursos do Ministério da Saúde e dos 
Serviços Públicos Estaduais, Municipais e Institucionais, aos quais incube a 
chamada Saúde Pública 2.
 O Sistema Único de Saúde (SUS) é o sistema de saúde público e gratuito 
vigente no País. A criação do SUS em 1988 representou um avanço, 
principalmente pelos seus princípios gerais de organização 3.
 A oferta de serviços de Fisioterapia pelo SUS demonstra ser de grande 
valia para a comunidade e parece ser uma realidade em todo o País, motivo para 
muitas reflexões e pesquisas. 
 Em relação ao comportamento do serviço de Fisioterapiaofertado pelo 
Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte, objeto desse estudo, 
parece não fugir aos problemas nacionais, perpetuados de ações políticas e 
atuações profissionais, muitas vezes, dicotomizadas em relação ao tratamento 
dispensado à clientela e centrado na doença e não no ser.
A Fisioterapia, ao longo de sua história, tem direcionado o seu foco de 
trabalho para as atividades curativas e/ou reabilitadoras 4. Tal fato se deve ao 
surgimento dessa profissão para atender as necessidades das grandes guerras 
mundiais. Além das grandes guerras a crise de poliomielite que avassalou o Brasil 
nas décadas de 50 a 60 desempenhou grande importância na perpetuação dessa 
profissão no País e fez com que a atuação prática do profissional de fisioterapia 
esteja centrado na doença e não efetivamente no indivíduo que 
circunstancialmente encontra-se doente. 
A fisioterapia vem, nos últimos anos, apresentando um intenso 
crescimento5; mas, parece que este crescimento tem acontecido de forma 
desorganizada, e sendo assim, pode ser pernicioso; sobretudo, se os profissionais 
fisioterapeutas perderem de vista o norte humanizador que dirige essa profissão. 
 É preocupante a possibilidade desse crescimento des-humanizar a 
profissão e, por conseguinte, os profissionais que a praticam. É preocupante 
também que esse crescimento, aliado ao fenômeno da globalização que é 
caracterizada pelas interações e intensificações econômicas 6, sociais, políticas e 
culturais; faça com que os Fisioterapeutas tenham uma visão puramente 
capitalista e cartesiana do corpo e sua relação com a mais valia e o modo de 
produção; visão essa que culminará, por conseguinte, na fragmentação do 
Homem em um ser apenas biomecânico, capacitado ou não a realizar 
movimentos.
 Historicamente, a fisioterapia é oriunda da medicina e a visão 
medicocêntrica e cartesiana que se tem do corpo ainda é muito enraizada. A 
fisioterapia mantém este tipo de pensamento até os dias atuais e parece que as 
universidades têm forte participação na construção dessa visão; observam-se 
falhas na formação do fisioterapeuta quando se verifica a falta de preocupação 
com a reintegração social do paciente, para com a preocupação mercadológica 
com o trabalho. 
 Em relação à formação do fisioterapeuta, com raras exceções, as 
Universidades brasileiras são qualificadas como indiferentes às preocupações da 
comunidade 7.
 A influência do pensamento cartesiano sobre o desenvolvimento da 
Biologia, compara o corpo humano a uma máquina que pode ser analisada, 
trabalhada peça a peça; estudadas do ponto de vista da biologia molecular e que 
pode limitar o papel dos profissionais da saúde em apenas intervir e consertar o 
mecanismo enguiçado 8.
 O caráter determinante do modelo de desenvolvimento da Biologia aplica-
se as demais profissões da saúde, servindo também de referência para a 
Fisioterapia, que representa o objeto desse texto. 
 Vive-se a era da franca expansão do saber fisioterapêutico; constantemente 
a mídia televisiva e/ou escrita divulga a Fisioterapia; divulgação essa muitas vezes 
de forma equivocada e desvinculada da realidade. Num mundo globalizado essa 
divulgação acontece de forma, assustadoramente, rápida. Tal crescimento e 
divulgação da Fisioterapia na mídia; prefiro chamar de Fisioglobalização. 
 A Fisioglobalização é sem dúvida de magna importância para o 
desenvolvimento, reconhecimento e crescimento dessa profissão, mas parece 
trazer, de forma ideológica, em seu bojo uma armadilha de um sistema dogmático, 
totalitário e dicotomizador. 
Como conseqüência da Fisioglobalização observa-se um crescente grupo 
de adolescentes que pretendem abraçar essa profissão e, em razão desse 
pungente desejo vêm crescendo também, de forma assustadoramente rápida, ao 
longo dos anos, o número de Instituições de Ensino Superior (IES) que se 
oferecem para formar futuros Profissionais Fisioterapeutas. 
Não é objetivo desse texto, tecer apologias e nem críticas ao modelo 
neoliberal educacional e nem discorrer sobre as instituições formadoras de 
fisioterapeutas; mas sim, discutir, a práxis fisioterapêutica no sistema público de 
saúde no Estado do Rio Grande do Norte; práxis essa que parece ser 
conseqüência também da formação desses profissionais. 
 Dessa forma é precioso entender que o espaço do ensino superior deve se 
confundir com o próprio espaço da cultura, da cooperação, das experimentações, 
da política, da disjunção, da sociabilização, da liberdade; enfim: lugar próprio de 
construção do saber e da educação que surge como trunfo indispensável à 
humanidade na sua construção dos ideais de paz, liberdade e de justiça social 9.
As Instituições de Ensino Superior (IES) devem criar espaços para tornar mais 
flexível à máxima do rendimento centrado no aprendizado técnico, e individualista, 
para ceder espaço à construção do saber pautado na sensibilidade e na 
afetividade.
 Para a maioria dos cursos de fisioterapia, parece que o doente é abordado 
através de aparelhos altamente sofisticados que tentam consertar partes do corpo 
com protocolos fechados de exercícios físicos 10, nesse sentido parece prudente 
que as Instituições de Ensino Superior formadoras de fisioterapeutas abram 
espaço para discutir saúde como envolvimento social e será dessa forma que 
futuros profissionais fisioterapeutas se ocupem também de uma prática menos 
centrada no modelo cartesiano em saúde. 
 Em seu sentido mais abrangente, a saúde não é a antítese de doença; é 
um complexo resultante das condições de alimentação, habitação, educação, 
renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e 
posse da terra e acesso aos serviços de saúde 11. É assim, antes de tudo, o 
resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar 
grandes desigualdades nos níveis de vida. 
 A dificuldade ou o problema de lidar com pensamento complexo se 
manifesta na Universidade12 a partir da forma em que se organizam seus 
departamentos e de como estes lidam com problemas da coletividade; isso faz 
com futuros profissionais tenham dificuldades de entender o trabalhar com a 
coletividade no que diz respeito a realização de práticas preventivas. 
Diante do exposto, objetiva-se com o presente trabalho, discutir as ações 
fisioterapêuticas desenvolvidas pelo SUS no Estado do Rio Grande do Norte, no 
ano de 2004, sob a óptica da transdisciplinaridade e da humanização e avaliar o 
seu papel na perpetuação de ações políticas de saúde em relação às diversas 
formas de atuações profissionais nesse campo do conhecimento. 
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 O PROCESSO HISTÓRICO E A PRÁTICA EM SAÚDE. 
Com o advento da medicina moderna a visão do mundo medieval, que era 
baseada na enteléquia Aristotélica e na Teologia muda radicalmente. A idéia de 
mundo universal, vivo, espiritual e orgânico é transferida para uma visão de 
mundo centrado na idéia da máquina moderna e resulta no surgimento do 
chamado modelo biomédico 13.
A história da ciência médica moderna tem sua origem nos séculos XVIII e 
surge com a estruturação de uma concepção mecanicista do universo. Tal 
processo histórico que culmina na construção médica moderna coloca os 
profissionais da saúde, num presente míope, consternador e separatista, que 
permite o desvelamento parcial da realidade sobre a temática saúde/doença que 
envolve o homem. 
 Ao analisar a influência do pensamento cartesiano sobre o desenvolvimento 
da Biologia constata-se que é possível comparar o corpo humano a uma máquina 
que pode ser analisada (trabalhada) peça a peça13; peças essas estudadas do 
ponto de vista da biologia molecular e limita o papel dos profissionais de saúde em 
intervir e consertar o mecanismo enguiçado. 
 O método analítico permitiu que a biologia fragmentasse o universo e as 
leis que o regem e, por conseguinte, o Homem, criando saberes mosaiciformes 
dispersos em saúde.Tal método apresenta-se de forma inconveniente quando se 
trata de atenção a saúde e parece ainda mais inconveniente quando se aplica à 
prática atual. Tal fragmentação conduziu ao rápido desenvolvimento da ciência, da 
técnica e da sociedade; contudo traz efeitos perversos 14.
 É válido referir que o caráter determinante do modelo de desenvolvimento 
da Biologia aplica-se as demais profissões da saúde, servindo de referência para 
aquela que representa objeto deste estudo: a Fisioterapia.
2.2 O RELATÓRIO FLEXNER: da educação em saúde a uma 
medicina mais científica. 
O processo de constituição das profissões da área da saúde carrega, em 
suas características primeiras o caráter hegemônico representado pela Medicina; 
logo falar em Fisioterapia remete-se a essa hegemonia. 
Abraham Flexner, da Universidade John Hopkins, foi convidado pela 
fundação Carnagie, dos Estados Unidos da América para proceder a uma 
avaliação da Educação Médica em seu País e Canadá. Naquela época havia, nos 
Estados Unidos da América, um enorme contingente de escolas médicas isoladas, 
de fins pecuniários e sem vínculos com Instituições Universitárias.
O relatório final culminou no fechamento de 124 das 155 escolas médicas 
norte americanas, por as considerarem fora dos padrões científicos15. Embora 
muitas delas fossem, de fato, inadequadas, coincidentemente ou não, as escolas 
que foram fechadas tratavam-se de instituições que admitiam estudantes negros, 
pobres e do sexo feminino.
Esse documento, sugerido em 1910 nos Estados Unidos, com o intuito de 
constituir um sólido alicerce de tecnificação da Medicina, enfatizou ainda mais a 
dicotomização da Medicina e do modelo de saúde, tendo como paradigma à 
ideologia da simplificação e da especialização. 
Na realidade, tal relatório, nada mais é do que o paradigma newtoniano-
cartesiano16 travestido na educação médica de paradigma flexineriano.
a) O MECANISMO: Flexner aderiu a um modelo mecanicista para a estrutura 
e funcionamento do corpo humano; visto como uma máquina, que se adeqüa ao 
modo de produção; 
b) O BIOLOGISMO: Originado nos avanços da microbiologia, pressupõe o 
reconhecimento exclusivo da natureza biológica das doenças e de suas causas e 
conseqüências, excluindo os efeitos sociais, culturais e econômicos do processo 
saúde/ doença. Reduziu-se a causalidade das doenças à ação de agentes 
etiológicos, de natureza puramente biológica. A tendência reducionista dessa 
concepção levou o desenvolvimento da pesquisa em saúde a transferir seu foco 
do indivíduo e do meio ambiente para o estudo dos microorganismos, buscando 
estabelecer a relação causa-efeito do adoecer.
c) O INDIVIDUALISMO: A Medicina elegeu o indivíduo como seu objeto e 
centro das atenções, excluindo a sua condição política, social e cultural.
d) A ESPECIALIZAÇÃO: O mecanismo permitiu o aprofundamento do 
conhecimento científico na direção de partes específicas. Embora a 
especialização já existisse em modelos anteriores, as necessidades de 
acumulação do capital, no entanto exigiram a fragmentação do processo e divisão 
do trabalho. A especialização desdobra-se, na realidade, em modos de produção 
do saber em saúde; 
e) A EXCLUSÃO DAS PRÁTICAS ALTERNATIVAS: A Medicina Científica 
impôs-se sobre outras práticas médicas, acadêmicas e saberes populares, através 
da construção do mito da eficácia cientificamente comprovada e eficiente. A 
especialização excessiva cegou-nos em relação ao homem divinamente complexo 
e as várias possibilidades de alternativas terapêuticas. 
f) A TECNIFICAÇÃO DO ATO MÉDICO: Veio como advento de mediação 
entre o homem e as doenças. A necessidade e dependência de técnicas e 
equipamentos para a investigação diagnóstica e a terapêutica levou ao 
desenvolvimento das tecnologias médicas, definindo, por razões ideológicas e 
econômicas os parâmetros de qualidade para a atuação médica. Quanto maior a 
incorporação tecnológica na prática médica, melhor o ato médico resultante e a 
melhoria do paciente. 
g) A ÊNFASE NA MEDICINA CURATIVA: Ao ressaltar o processo biológico 
como base do conhecimento para o diagnóstico e a terapêutica, associado à 
incorporação tecnológica, enfatiza-se o caráter curativo da área da saúde e reduz 
a prática de promoção e prevenção da saúde. 
h) A CONCENTRAÇÃO DE RECURSOS: Houve uma concentração de 
recursos nos espaços urbanos e nos hospitais, decorrentes das exigências da 
sociedade industrial, aliada a tecnificação do ato médico e da especialização. 
Parece que tal concentração é tendenciosa ao atendimento da produção 
capitalista da saúde.
2.3 PRÁTICAS DE SAÚDE NO MUNDO CAPITALISTA: A 
INFLUENCIA SOBRE O FAZER FISIOTERAPÊUTICO. 
As práticas de saúde no modo de produção capitalista vêm incorporadas de 
concepções equivocadas de saúde e enfermidades como situações que dizem 
respeito ao homem puramente biológico, cujas práticas permanecem limitadas e 
restritas ao ¨homem carne¨; carne essa, que exerce importante papel na 
reprodução da força de trabalho, no aumento da produtividade e na perpetuação 
da ideologia capitalista da mais valia. 
O modo de produção capitalista em saúde limita as ações e a forma de 
pensar dos profissionais dessa área, meramente, no campo do tecnicismo e atribui 
a esses profissionais, garantias de eficiências centradas nos limites físicos do 
corpo sem, muitas vezes, relacioná-lo com o meio em que está inserido. 
O corpo, no capitalismo, tem qualificação enquanto força de trabalho. É o 
que pode ser comercializado, adquirindo valor de uso para o capital. Desta feita, 
sua condição de normalidade adquire uma valorização social que propicia a 
tomada desse corpo por objeto de trabalho, posto que sua manutenção e 
recuperação transformam-se em necessidade social a ser assegurada. 
A eficiência em saúde está centrada na capacidade de criar atos que 
enfrentam e solucionam problemas concretos e cientificamente comprovados de 
saúde; atos que representam poder, sustentado pela ideologia do bem estar e da 
cura do corpo, sem se preocupar com as relações desse com o mundo que o 
cerca.
Essa forma mecanicista de ver o corpo e a saúde já se tornou modelo 
popular, e fecunda, ainda mais, a cultura da doença e da dependência do outro 
que detém o poder legitimado de aliviar as agruras. 
¨As pessoas são, em sua grande maioria, incapazes de 
compreender a complexidade do seu organismo e são 
condicionadas a acreditar que só o profissional da 
saúde, prioritariamente o médico, é capaz de resolver 
seus problemas de saúde, seja através de intervenções 
tecnológicas, medicamentosas ou cirúrgicas¨. 
(Centurião, 1997 – p. 16). 
Dessa forma as práticas dos modelos aplicadas em saúde e, 
particularmente, em Fisioterapia, com suas condutas biomecânicas, participam do 
processo de fragmentação do indivíduo, à medida que promovem relações sociais 
de alienação baseadas na prescrição e execução de condutas terapêuticas 
centradas na doença. 
É preciso, hoje mais do que nunca, repensar esse modo cartesiano de 
viver, pensar e fazer o mundo e, por conseguinte, a saúde e para tal é necessário 
rever a forma Cartesiana/Flexeriana de fomação em saúde. 
 Para uma nova visão do fazer em saúde faz-se necessário que se 
desenvolva uma capacidade de percepção global do que nos cerca, onde o que é 
natural é a não separabilidade e assim compreender o mundo infinitamente 
complexo17 assim como a saúde é complexa. 
Para se fazer saúde é necessário entender a função social do educar e 
formar profissionais conectados com uma perspectiva voltada para a 
complexidade.
 Sabe-se que a forma de educação vigente em saúde é decorrente da 
própria história da Universidade no Brasil e do seu desenvolvimento de acordo 
com padrões europeus, que fizeram com que as universidades brasileiras já 
nascessem maculadas.
Assim a formação mecanicista em saúde, de modo geral, tolhe a mais 
preciosa oportunidade de formar profissionais capazes de compreendera si 
mesmo, o mundo e conseqüentemente o outro. 
2.4 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: FUNDAMENTOS POLÍTICOS, 
SOCIAIS E HISTÓRICOS. 
2.4.1 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
O Processo Histórico da construção do SUS (Sistema Único de Saúde) é 
resultante de embates políticos e ideológicos, travados por diferentes atores 
sociais ao longo da história, tendo assim uma longa e tortuosa trajetória de lutas e 
conquistas.
Para se entender melhor a saúde no Brasil e o SUS se fazem necessário o 
estabelecimento de pontes com questões históricas e questões 
políticosócioculturais mais gerais do País, sempre com a certeza de que 
¨construção¨ e ¨renovação¨são as melhores idéias que sintetizam o SUS. 
 A partir da década de 20, especificamente no ano de 1923, com a 
promulgação da lei Eloy Chaves, surge a Previdência Social no Brasil e cria-se, 
concomitantemente, a primeira Caixa de Aposentadoria e Pensões (CAP) dos 
Ferroviários, às quais seguiram-se outras CAPs 19.
 No modelo previdenciário dos anos 20 a assistência médica era vista como 
atribuição fundamental do sistema, o que levava, inclusive, à organização de 
serviços próprios de saúde; esse período é, ainda, caracterizado pelo custo 
elevado das despesas. Em relação às ações de Saúde Coletiva, este período é 
marcado pelo surgimento do chamado ¨Sanitarismo Campanhista¨, nascido da 
Reforma Carlos Chagas no período de 20/23. Este Sanitarismo se pautava por 
uma visão de combate às doenças de massa com forte concentração de decisões 
e com estilo repressivo de intervenção sobre os corpos individual e social.
 Com a eclosão da Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas, assume o 
poder uma coalizão marcada pela ideologia que traz, de forma destacada, a 
preocupação com o novo operariado urbano em contra a oposição com a crise do 
café. Este período foi marcado pela criação de órgãos e instrumentos que 
legitimaram a ação sindical em moldes corporativos. Do ponto de vista político, 
este período pode ser caracterizado por uma profunda crise, marcado por greves 
e manifestações, principalmente entre os anos 30/35. Em busca de aliados, o 
governo, tentava ampliar sua base de apoio, incluindo entre elas as classes 
trabalhadoras urbanas e colocava em evidência o tema da Previdência Social. Foi 
criado o Ministério do Trabalho, aprofundou-se a legislação trabalhista, ao mesmo 
tempo em que haviam restrições e manipulações na esfera sindical. 
 Do ponto de vista organizativo, este é um momento marcado pela criação 
dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP), entidades organizadas por 
empresas e não por categorias profissionais. Diferentemente das CAP, a 
administração dos IAP era muito dependente do governo federal. O conselho de 
administração, formado com participação de representantes de empregados e 
empregadores, tinha função de assessoria e fiscalização e era dirigido por um 
presidente indicado pelo Presidente da República. Há uma ampliação da 
Previdência, no que diz respeito à abrangência dos serviços prestados, com a 
incorporação de novas categorias anteriormente não cobertas pelas CAP. O 
governo passa a interferir diretamente nas ações, decisões e vigia de perto o 
dinheiro das antigas CAP, agora IAP. 
 Nesse período, instala-se na administração nacional da Previdência Social 
um seleto grupo de tecnocratas, denominados de cardeais do IAP, e que viriam a 
ditar os rumos do projeto de saúde hegemônico dos anos 80.
 Esta época é caracterizada pela participação ideológica do Estado no 
financiamento e na administração das IAPs, além de um esforço ativo no sentido 
de diminuir despesas, com a consolidação de um modelo de Previdência mais 
preocupada com a acumulação de reservas financeiras do que com a ampla 
prestação de serviços. Isto faz com que os superávits dos institutos constituam um 
respeitável patrimônio e um instrumento de acumulação na mão do Estado. 
 A previdência passa agora a ser configurar como co-parceira do Estado nos 
investimentos de interesse do governo20.
 Em relação às ações de saúde coletiva, esta é a época do auge do 
Sanitarismo Campanhista. Em 1937 é criado o primeiro órgão de saúde de 
dimensão nacional, o Serviço Nacional da Febre Amarela, em 1939 o Serviço de 
Malária do Nordeste e em 1940 o Serviço de Malária da Baixada Fluminense. Em 
1942 cria-se o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), com atuação voltada 
para as áreas não cobertas pelos serviços tradicionais20.
 A legislação pós 45 é marcada pela progressiva desmontagem das medidas 
de cunho contencionista do período anterior. Na Constituição de 46 a assistência 
sanitária é incorporada à Previdência Social e em 1953 é promulgado o 
¨Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias e Pensões¨, que formaliza a 
responsabilidade dos mesmos com a assistência médica. Nessa mesma época o 
Brasil passa a ser influenciado pelas idéias se seguridade social que eram 
amplamente discutidas no cenário internacional, ao final da Segunda Guerra 
mundial, em contraposição ao conceito de seguro da época anterior.
 Ao mesmo tempo, vive-se um intenso processo de construção e compra de 
hospitais, ambulatórios e equipamentos, por parte dos institutos, e de celebração 
de convênios para prestação de assistência médico-hospitalar aos segurados20.
 O Brasil passa, a partir da década de 50, por um acelerado processo de 
industrialização que determinou um deslocamento do pólo dinâmico da economia 
para os centros urbanos, o que veio a gerar uma massa operária que deveria ser 
atendida pelo serviço público de saúde21.
 O Sanitarismo Campanhista, por não responder às necessidades de uma 
economia industrializada, foi sendo substituída por outro que não reforce a idéia 
do saneamento do espaço, mas sim a atuação sobre o corpo individual do 
trabalhador, mantendo-o apto a atender às necessidades da economia 
industrializada.
 As ações da previdência são agora caracterizadas, pelo crescimento dos 
gastos, elevação das despesas, diminuição dos saldos, esgotamento das reservas 
e do déficit orçamentário.
 As explicações para tais mudanças podem ser colocadas como resultado 
de uma tendência natural pelo maior número de pessoas recebendo benefícios, 
uma vez que esta é a época de recebimento de benefícios dos segurados 
incorporados no início do sistema; como também de mudanças de posições da 
Previdência Social, pela desativação das medidas de gastos dos anos 30/45 20.
 A fim de criar uma seguridade social à brasileira, no final do Governo de 
Juscelino Kubitschek promulga-se a Lei orgânica da Previdência Social (LOPS), a 
qual garantiria a uniformização dos benefícios19, o que levam, em 1963, ao 
surgimento do Estatuto do Trabalhador Rural. 
 Com o movimento revolucionário de 1964 e o discurso de racionalidade, 
eficácia e saneamento financeiro ocorrem à fusão das IAPs, com a criação do 
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Este fato importante, ocorrido em 
1966, marca a perda da representatividade dos trabalhadores na gestão do 
sistema. O processo de unificação enfrentou a resistência dos grupos privilegiados 
pelo antigo sistema corporativo. O governo, no entanto, alegava que a 
centralização de recursos poderia ser a alternativa para viabilizar o cumprimento 
de direito de assistência à saúde garantida pelo Estado. O Sanitarismo 
Desenvolvimentista, característico do período, teve sua contribuição mais voltada 
para as discussões conceituais relacionadas à saúde20.
 Politicamente, este foi um período marcado pelo crescente papel do Estado 
como regulador da sociedade, pelo afastamento dos trabalhadores do processo 
político, associado a uma política de arrocho salarial, decorrente do modelo de 
acumulação adotado. Os gastos com assistência médica continuavam crescendo. 
Enfatiza-se a atenção individual, assistencialista e especializada, em detrimento 
das medidas de saúde pública, de caráter preventivo e de interesse coletivo20.
A criação do INPS (InstitutoNacional de Previdência Nacional) em 1966 
propiciou a implementação de uma política de saúde que levou ao 
desenvolvimento do complexo médico-industrial, em especial nas áreas de 
medicamentos e equipamentos médicos. Ao mesmo tempo e em nome da 
racionalidade administrativa, o INPS deu prioridade à contratação de serviços 
terceirizados de tal modo que, entre 1969 e 1975, a porcentagem de serviços 
comprados representou cerca de 90% das despesas do INPS. A modalidade de 
compra de serviços adotada possibilitou o superfaturamento por parte dos 
serviços contratados, com prejuízo da instituição. 
 Para aumentar estes serviços utilizavam os expedientes de multiplicação e 
desdobramento de atos médicos, preferência por internações mais caras, ênfase 
em serviços cirúrgicos, além da baixa qualidade técnica do pessoal e dos 
equipamentos utilizados. Por parte da saúde coletiva, as ações estão dispersas 
num conjunto de ministérios: agricultura, transportes, trabalho, interior, educação, 
entre outros e intimamente ligados ao Ministério da Saúde, em um conjunto de 
órgãos da administração direta e indireta20.
No ano de 1974, com o fim do período de expansão econômica e iniciada a 
abertura política lenta e gradual, novos atores surgem no cenário político: 
movimento sindical, profissionais e intelectuais da saúde, entre outros, os quais 
formulam questionamentos a respeito da política social e das demais políticas 
governamentais. Esta época pode ser definida como o início do movimento contra-
hegemônico, que nos anos 80, viria se conformar como o projeto da Reforma 
Sanitária Brasileira.
Em todo o País surgem movimentos de trabalhadores de saúde. São 
criados os Centros Brasileiros de Estudos em Saúde (CEBES) e a Associação 
Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), que participam do 
processo de sistematização das propostas de mudança do modelo de saúde em 
vigor. Acontecem também os primeiros encontros de Secretários de Saúde, 
alimentando um incipiente, mas crescente, movimento municipalista em saúde20.
 Na década de 80 o Brasil viveu um quadro político e econômico marcado 
por dificuldades no panorama nacional e internacional, caracterizado por um 
processo inflacionário e por uma crise fiscal sem controle, ao lado do crescimento 
dos movimentos oposicionistas e de divisões internas nas forças que apoiavam o 
regime.
 A crise ideológica caracteriza-se pela necessidade de reestruturação e 
ampliação dos serviços de saúde. Inspirados pelas experiências anteriormente 
relatadas e pela repercussão interna da Conferência de Alma-Ata, onde os países 
participantes reconhecem a atenção primária e a participação comunitária como 
estratégias para a conquista da meta ¨Saúde para todos no ano de 2000¨.
 A crise político-institucional é marcada pela criação do Conselho Consultivo 
da Administração de Saúde Previdenciária (CONASP), em 1981, com o objetivo 
de operar sobre a organização e o aperfeiçoamento da assistência médica, sugerir 
critérios de alocação de recursos previdenciários para este fim, recomendar 
políticas de financiamento e de assistência à saúde, analisar e avaliar a operação 
e o controle da Secretaria de Assistência Médica da Previdência Social20.
 Tais ações fizeram eclodir a VIII Conferência Nacional de Saúde realizada 
em 1986 em Brasília e a partir de então deu início Sistema Unificado e 
Descentralizado de Saúde (SUDS). O SUDS foi idealizado enquanto estratégia de 
transição em direção ao Sistema Único de Saúde (SUS), propunha a transferência 
dos serviços do INAMPS para os estados e municípios e dessa forma pode ser 
percebido como uma estadualização dos serviços. 
 A VIII Conferência Nacional de Saúde contou com ampla participação de 
trabalhadores, governo, usuários e parte dos prestadores de serviço de saúde. A 
conferência significou um marco na formulação das propostas de mudança do 
setor saúde, consolidadas na Reforma Sanitária Brasileira. Seu documento final 
sistematiza o processo de construção de um modelo reformador para a saúde, 
que é definida como: 
 ¨resultante das condições de alimentação, habitação, 
educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, 
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a 
serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado 
das formas de organização social da produção, as 
quais podem gerar desigualdades nos níveis de 
vida.¨Este documento serviu de base para as 
negociações na Assembléia Nacional Constituinte, que 
se reuniria mais tarde. (CUNHA & CUNHA, 1998).
 Enquanto resultante dos embates e das diferentes propostas em relação ao 
setor de saúde presentes na Assembléia Nacional Constituinte, a Constituição 
Federal de 1988 aprovou a criação do SUS, reconhecendo a saúde como um 
direito a ser assegurado pelo Estado. 
2.5 PRINCÍPIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS): 
PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS: 
UNIVERSALIZAÇÃO:
 Diz respeito ao direito de acesso que todos, indistintamente, têm aos 
serviços de saúde. Apesar de todas as pessoas terem direito nem todas são iguais 
e por isso necessitam de atenções distintas. 
EQÜIDADE:
 Tem como objetivo a diminuição das desigualdades quanto ao acesso aos 
serviços de saúde, sem pretender, contudo, ofertar serviços idênticos às pessoas 
distintas. A eqüidade é sinônimo de tratar desigualmente os desiguais. É um 
princípio de justiça social21.
INTEGRALIDADE:
 É a visão transdisciplinar do usuário. Esse princípio considera a pessoa 
como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Pressupõe interações 
entre saúde, política, cultura, emprego, moradia, lazer, sexualidade e bem.
PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS: 
REGIONALIZAÇÃO E A HIERARQUIZAÇÃO:
 Com esse princípio se propõe uma organização dos serviços de saúde em 
vários níveis, delimitados em uma área circunscrita geograficamente. Esses 
serviços são elaborados a partir de um diagnóstico epidemiológico e com definição 
e conhecimento da clientela. 
DESCENTRALIZAÇÃO E O COMANDO ÚNICO:
 Com esse princípio é proposta a redistribuição dos poderes e 
responsabilidades entre os três níveis do governo e, nos garante um maior poder 
de fiscalização quanto aos cumprimentos dos serviços em saúde. A 
responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até os municípios, que de 
fato conhecem ¨in locus¨ as realidades e necessidades dos usuários. 
PARTICIPAÇÃO POPULAR:
 Deve-se reforçar que o Sistema Único de Saúde (SUS) não surgiu pronto e 
acabado a partir de um passe de mágicas; mas está sendo gerado à custa de 
amplos embates e debates democráticos ao longo da história, e essa 
democratização deve ainda ser presente no desenvolvimento atual das ações. 
Para tal, os Conselhos e as Conferências de Saúde são organizados, e tem 
função de formular estratégias de controlo e avaliação das execuções em saúde. 
2.6 FISIOTERAPIA: DA DEFINIÇÃO A ATUAÇÃO PROFISSIONAL 
 Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os 
distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo 
humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. 
Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados 
pelos estudos da biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das 
patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia, da sinergia 
funcional e da cinesia patológica de órgãos e sistemas do corpo humano e as 
disciplinas comportamentais e sociais23.
 Para tal finalidade, o profissional fisioterapeuta utiliza-se de conhecimentos 
e recursos próprios e baseando-se nas condições físicas do paciente, busca 
promover, aperfeiçoar ou adaptar a qualidade de vida do indivíduo. Entre os 
recursos terapêuticos ao alcance do Fisioterapeuta, destacam-se os meios físicos, 
tais como frio (crioterapia), calor (termoterapia), eletricidade (eletroterapia), 
exercício (cinesioterapia) e radiação (fototerapia), além das propriedades da água 
(hidroterapia)e aparelhos mecânicos (mecanoterapia), e outros decorrentes da 
evolução e produção desta área.
Como membro da área da saúde, o Fisioterapeuta atua em diferentes 
níveis de atenção, tais como prevenção, tratamento e reabilitação. Cabe ao 
Fisioterapeuta ocupar funções de pesquisa e ensino relacionadas com a profissão, 
desenvolvendo atividades docentes e coordenação de cursos, além da divulgação 
e promoção da profissão. Atua nas áreas afins da Medicina Preventiva, orientando 
condutas profiláticas com o objetivo de evitar transtornos físicos. 
 Com finalidade curativa e reabilitacional, o Fisioterapeuta atua em diversas 
áreas de especialidades, de forma a promover a integração do indivíduo na 
sociedade, restaurando a função adequada ao potencial do paciente. 
 A denominação FISIOTERAPIA parece, a princípio, causar confusões a 
cerca do objeto de trabalho desse profissional e limitar a atuação desse mesmo no 
cerne da terapêutica. 
 Na Fisioterapia o problema da clareza sobre o objeto de trabalho acentua-
se: há uma absoluta atenção à doença1. A atenção e dedicação dos profissionais 
de fisioterapia são orientadas para as diferentes modalidades de terapia em 
relação a alguns aspectos das doenças orgânicas.
 Parece que as possibilidades de trabalho da profissão se esgotam nas 
perspectivas de recuperar as condições de saúde para níveis anteriores a um 
episódio de doença, ou de reabilitar um organismo auxiliando-o a ser capaz de 
fazer, de outras formas, o que já fazia antes, ou de minimizar o sofrimento quando 
nem reabilitar for possível. 
 O próprio nome da profissão já evidencia a seleção feita em relação ao que 
se considera objeto de trabalho nesse campo. Fisio - “Terapia” em princípio, pelo 
menos, exclui algumas modalidades de atuação profissional. Por exemplo: 
prevenção, manutenção de boas condições de saúde e a promoção da qualidade 
de vida. 
 A origem Histórica da Fisioterapia enfatizou e dirigiu as definições do 
campo profissional para atividades recuperativas, reabilitadoras ou atenuadoras 
quando um organismo não se encontra saudável.
 O surgimento desse profissional em uma decorrência das grandes guerras 
fez-se, fundamentalmente, para tratar de pessoas fisicamente lesadas. As perdas 
totais ou parciais dos membros, atrofias e paralisias são exemplos do “objeto de 
trabalho” da Fisioterapia na sua gênese. Naquelas circunstâncias, porém, a 
preocupação fundamental – ou mesmo única – com a “doença” (lesões físicas e 
suas conseqüências) parecia adequada. A decorrência natural das condições 
existentes na época fez com que a atuação profissional fosse voltada a atenuar o 
sofrimento e reabilitar organismos lesados. 
 Sabe-se que o que outrora se caracterizava como atuação desse 
profissional não mais se justifica nos atuais dias. 
 No Brasil, o início da Fisioterapia se implantou como possibilidade de 
solução para os altos índices de acidentes de trabalho existentes1. Também aqui 
era preciso curar e/ou reabilitar as vítimas desses acidentes para reintegrá–las no 
sistema produtivo ou, pelo menos, atenuar seus sofrimentos quando não fosse 
possível reabilitá–las ou recuperar suas condições anteriores de saúde. 
 Só essa origem e a direção em que se desenvolveu o exercício da 
Fisioterapia no País já tornaram pouco provável que a profissão fosse além do 
tratamento de distúrbios de postura e de movimento, através de terapia. Atenuar 
sofrimento, recuperar condições de saúde “perdidas” e reabilitar o indivíduo para a 
realização de certas atividades são as três grandes categorias de atividade 
profissional que se implantaram e permaneceram como “definição” de atuação 
profissional em Fisioterapia. 
 A Fisioterapia, fazendo parte da chamada “área da Saúde”, sofreu 
oscilações no decorrer da história. Teve os seus recursos e suas diversas formas 
de atuação voltadas quase exclusivamente para o atendimento ao indivíduo 
doente. A assistência à saúde é feita, nesse sentido, quando essa se encontra em 
seus piores níveis, para reabilitar condições que o organismo perdeu. A própria 
denominação das formas de atuação da Fisioterapia já evidencia isso tanto quanto 
a própria composição do nome da profissão (FISIO-TERAPEUTIKÓS): a atuação 
terapêutica através do movimento (cinesioterapia); atuação terapêutica através da 
eletricidade (eletroterapia); através do calor (termoterapia); do frio (crioterapia); da 
massagem (massoterapia), entre outros. 
 A Fisioterapia, enquanto profissão da área de Saúde deveria possuir 
profissionais que fossem capazes de lidar com as condições de saúde da 
população. E, nesse contexto, “lidar” significa ir além de uma atuação que objetive 
somente curar doenças, ou auxiliar um trabalho de recuperação de indivíduos já 
lesados. Significa executar um trabalho cujo objetivo maior é propiciar um estado 
de condições de saúde que permita um elevado grau de conforto e segurança à 
população. Para isso, se faz necessário a promoção de saúde e prevenção de 
doenças, além da assistência curativa e reabilitadora. 
 Para se fazer verdadeiramente Fisioterapia é necessário que os 
profissionais fisioterapeutas entendam que a interligação do indivíduo com o 
universo que o cerca é fundamental. 
É sabido que a população brasileira tem um acesso limitado aos serviços 
de saúde; é o caso das populações que residem nas periferias, nas zonas rurais e 
no interior de vários estados que são banhados pela pobreza e desnutrição; tal 
população fica exposta às enfermidades, na grande maioria das vezes, tal 
exposição se dá pela ignorância a respeito dos fatores patológicos causais, bem 
como das medidas preventivas e do desconhecimento de que diversos 
profissionais de saúde podem contribuir a esse nível, como é o caso da 
Fisioterapia, que em muito pode contribuir para a prevenção e a socialização da 
saúde.
 A questão saúde no Brasil desenvolve-se numa política onde a 
concentração dos recursos está voltada para a assistência médica curativa, 
individualizada e voltada para os assalariados urbanos, enquanto que o restante 
da população fica entregue aos poucos recursos do Ministério da Saúde e dos 
Serviços Públicos Estaduais, Municipais e Institucionais, aos quais incube a 
chamada Saúde Pública2.
 Pode-se constatar isso, nitidamente, quando se analisam os padrões de 
morbidade e mortalidade brasileira; como também, constata-se que as doenças 
que incidem sobre o grosso da população - dengue, tuberculose, doença de 
Chagas entre outras – são decorrentes das condições precárias de vida do País, e 
não acometem em igual intensidade a população urbana, onde são mais comuns 
as doenças degenerativas, enfermidades posturais e acidentais, como os 
decorrentes de trabalho. 
 A concentração de recursos, bem como a heterogeneidade dos benefícios 
médico-assistenciais no interior do sistema previdenciário acompanha, sem 
dúvida, as exigências sociais de natureza econômica e política, de assistência às 
áreas mais industrializadas nos grandes centros urbanos; assim como na questão 
de ordem profissional, e concentra a maior parte de seus recursos para atender as 
necessidades da classe médica, ficando as demais classes profissionais da saúde 
em um estágio de menor atenção e atuação.
 Atuando dentro deste sistema, a Fisioterapia se mantém, desde a sua 
gênese, dentro de um âmbito curativo; onde o principal objetivo tem sido promover 
um serviço direto na restauração de habilidades físicas, após uma lesão ou uma 
doença; ou seja, atuando, principalmente, nos setores secundários e terciários da 
saúde e em menor grau do setor primário de atenção à saúde2.
3 MÉTODO 
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO 
3.1.1 Método 
 Trata-se de um estudo do tipo observacional; pois para a realização de 
tal pesquisa não houve, necessidade de entrar em contacto com os usuários e/ou 
prestadores desses serviços. Trata-se de uma análise puramente documental, a 
qual forneceu subsídios para afeitura de críticas sempre com o norte 
transdisciplinar e humanizador. 
3.3.2 Amostra
A amostra foi do tipo causal simples para análises documentais semi-
estruturadas, pela qual foram pesquisadas 12 (doze) fichas de registros emitidas 
pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte. 
O estudo foi realizado no Estado do Rio Grande do Norte, localizado na 
região Nordeste do Brasileiro. Os dados foram obtidos a partir de fontes públicas 
junto a Secretaria de Saúde desse Estado, as quais versam sobre sessões de 
fisioterapia desenvolvidas pelo Sistema Único de Saúde nas diversas regiões 
geopolíticas do Estado. 
3.3.3 Procedimentos 
Por se tratar de um estudo que visa apresentar e entender, de forma crítica, 
os programas de atenção Fisioterapêutica junto ao SUS no Estado do Rio Grande 
do Norte, o tema fora estudado mediante um olhar quantitativo e qualitativo; pois 
não há, por meios de análises documentais, possibilidade de quantificar sem 
qualificar24.
Foram realizadas a seleção, o levantamento, a organização e a análise de 
dados secundários de produção dos atendimentos ambulatoriais de Fisioterapia 
com base na fonte de dados do SIA-SUS. O levantamento cobriu a produção da 
totalidade da rede ambulatorial existente no Estado do Rio Grande do Norte no 
ano de 2004; verificou-se a existência de unidades de saúde a prestar assistência 
fisioterapêutica pelo Sistema Único de Saúde do Estado, classificadas em: 
serviços públicos federais, seviços públicos estaduais, púbicos municipais, 
privados com fins lucrativos, privados optante pelo simples e privados sem fins 
lucartivos.
Os procedimentos selecionados para análise consistem de todos os 
procedimentos Fisioterapêuticos, inseridos na “Tabela do SUS” e que já foram 
informados e aprovados pelas unidades prestadoras de serviço ao SIA-SUS.
Os procedimentos Fisioterapêuticos foram agrupados nas seguintes 
categorias: 1) Procedimentos terapêuticos, 2) Procedimentos reabilitacionais e 3) 
Procedimentos preventivos; Dessas categorias, as de número 1 e 2 congregam 
procedimentos fisioterapêuticos de complexidade e incorporação tecnológica; o 
procedimento de número 3 congrega promoção da saúde e de prevenção. 
Ao se organizar os procedimentos por nível de atenção (preventivo) e por 
complexidade (terapêuticos e reabilitação), pretende-se caracterizar o modelo de 
atenção em saúde desenvolvido pela Fisioterapia no Estado do Rio Grande do 
Norte.
3.3.4 Hipótese 
A hipótese surgiu a partir da visão redutora de homem como ser 
fragmentado, desaglutinado; visão que parece induzir condutas terapêuticas que 
obriguem o Homem a adaptar o seu corpo para ter acesso aos serviços de 
Fisioterapia junto ao SUS; serviço travestido de ‘res naturalis, res imutantis’, onde 
parece que dividir o Homem é coisa natural e, sendo natural é coisa que não se 
muda. Tal fato, ideologicamente, limita possibilidades de atuação, reconhecimento 
e crescimento da profissão. 
4 RESULTADOS 
4.1 AÇÕES DA FISIOTERAPIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO 
RIO GRANDE DO NORTE. 
 Os valores abaixo citados são relativos à Produção Ambulatorial do SUS – 
Rio Grande do Norte no ano de 2004. A produção foi dividida em duas tabelas, 
uma para o 1º semestre do ano em estudo e outra para o 2º semestre do referido 
ano.
 A tabela I apresenta, respectivamente, as patologias tratadas pela 
Fisioterapia no primeiro semestre do ano de 2004 e o número de sessões 
fisioterápicas.
TABELA I: Produção ambulatorial (SUS) Rio Grande do Norte/ Fisioterapia 
Período: Janeiro a Junho de 2004. 
PROCEDIMENTOS
Quantidade
Aprovada
Alterações motoras 15.838
Alterações sensitivas 4.366
Ataxias 1.245
Miopatias 573
Paralisia cerebral/retardo desenvolvimento motor 7.884
Paresias 14.921
Parkinson 585
Plegias 10.401
Processos distróficos 721
Disfunções decorrentes de distúrbios circulatório/artério/venoso 1.751
Assistência respiratória pré e pós-operatória 548
Reeducação ventilatória doenças pulmonares 3.436
Alterações do eixo da coluna vertebral 10.130
Disfunções decorrentes amputação membro 729
Disfunções decorrentes de contusões 6.735
Disfunções decorrentes de entorses 7.372
Doença origem reumática membro/coluna vertebral 66.377
Doença tendinosa/muscular por lesões ligamentares 20.692
Recuperação funcional pós-cirúrgica e pós-imobilização 34.510
Seqüela traumatismos torácicos/abdominais 3.682
Pacientes com doença isquêmica do coração 182
TOTAL 212.678
FONTE: SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO NORTE/2004
Como pode ser observado há somente registros de atendimentos voltados 
para a reabilitação, não sendo observado, no primeiro semestre do referido ano, 
qualquer intervenção fisioterapêutica de forma preventiva.
 A referida tabela mostra-nos que o modelo de atenção fisioterápica 
desenvolvida pelo Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte 
parece ser centrado na relação queixa/paciente. 
TABELA II: Produção ambulatorial (SUS) Rio Grande do Norte/Fisioterapia 
Período: Julho a Dezembro de 2004
PROCEDIMENTOS
Quantidade
Aprovada
Alterações Motoras 16.330
Alterações Sensitivas 9.197
Ataxias 1.670
Miopatias 826
Paralisia Cerebral/retardo Desenvolvimento motor 8.709
Paresias 14.911
Parkinson 714
Plegias 11.905
Processos distróficos 851
Disfunções decorrentes de distúrbios circulatórios /artério/venoso 3.452
Assistência respiratória pré e pós-operatória 1.072
Reeducação ventilatória doenças pulmonares 3.956
Alterações do eixo da coluna vertebral 13.646
Disfunções decorrentes amputação de membros 1.154
Disfunções decorrentes de contusões 7.718
Disfunções decorrentes de entorses 9.356
Doença origem reumática membro /coluna vertebral 83.483
Doença tendinosa/muscular por lesões ligamentares 28.287
Recuperação funcional pós-cirurgia / pós-imobilização 41.691
Seqüela traumatismos torácicos/abdominais 3.133
Pacientes com doença isquêmica do coração 394
Pré/pós-cirurgia cardíaca/transplante órgãos 46
TOTAL 262.501
FONTE: SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO NORTE/2004.
 A tabela II apresenta, respectivamente, as patologias tratadas pela 
Fisioterapia no Estado do Rio Grande do Norte pelo Sistema Único de Saúde, bem 
como o número de sessões realizadas no segundo semestre de 2004. 
 A exemplo do primeiro semestre não há registros de atenção fisioterápica 
preventiva.
4 DISCUSSÃO 
Na produção ambulatorial da Fisioterapia do Sistema Único de Saúde no 
Estado do Rio Grande do Norte no ano de 2004 é possível observar que há um 
nítido destaque para as intervenções voltadas para o tratamento das doenças de 
origens reumáticas e coluna vertebral, seguido de sessões de fisioterapia para 
recuperação funcional pós-cirúrgica e pós-mobilização. 
Observa-se uma práxis fisioterapêutica com ênfase voltada eminentemente 
à assistência curativa, onde a preocupação tem sido muito mais voltada para 
ações que são executadas após a doença manifestada. 
 Tal fato evidencia que a Fisioterapia no SUS no Estado do Rio Grande do 
Norte prioriza o atendimento individualizado, está centrada no modelo da doença, 
com o olhar voltado para a atenção secundária e terciária; apesar do fato de que a 
inserção da Fisioterapia na saúde coletiva e no Programa Saúde da Família ser 
amplamente discutido. 
Esse episódio coaduna com a literatura, onde se pode observar que o 
profissional de fisioterapia vem desenvolvendo suas ações voltadas para a 
atenção curativa e reabilitadora4, com um papel de pouco destaque na atenção 
primária; porém o profissional de Fisioterapia tem como dever a promoção da 
saúde da população1.
 É possível supor que esse modelo de atenção em Saúde, por parte da 
Fisioterapia, seja proveniente da origem histórica dessa profissão no País, das 
diversas políticas de saúde realizadas nos últimos anos, além do tipo de trabalho 
executado pelos profissionais fisioterapeutas. 
Na Fisioterapia, essa maneira de ver e tratar o Ser Humano culminam, por 
conseguinte, na fragmentação do Homem em um ser apenasbiomecânico, 
capacitado, ou não, a realizar práticas de atividades funcionais e se apresenta de 
forma deficiente.
O processo de mudança de foco da atuação da Fisioterapia é uma 
construção coletiva, e a atenção primária em saúde é um espaço de 
experimentação dessa construção, uma vez que a partir da interação com 
população, comunidades reflexões surgirão e poderão despontar novos caminhos 
e novas possibilidades para que a Fisioterapia contribua com o enfrentamento dos 
problemas de saúde das comunidades, no sentido de uma mudança na 
concepção de saúde e na perspectiva de atuação profissional. 
Quanto ao cuidado digno da dor e do sofrimento humanos, o Sistema de 
Saúde brasileiro ainda se encontra numa fase rudimentar26. Há muito que se fazer 
em termos de operacionalização de políticas públicas relacionadas com a 
questão, bem como intervir no aparelho formador de profissionais para criar uma 
nova cultura. 
 Atento ao foco deste trabalho, que é o estudo, sob a óptica da 
transdisciplinaridade e humanização, das ações Fisioterápicas desenvolvidas 
SUS, no ano de 2004, no Estado do Rio Grande do Norte, é possível observar que 
a prática da atuação desse profissional tem se centralizado nas ações curativas, 
reabilitadoras e individualizadora do Homem. O tratamento a ele ofertado é 
centrado no modelo da doença. O que se pode observar é uma ênfase voltada 
para a assistência após doenças manifestadas; essa característica pode contribuir 
para a incidência de problemas de saúde, pois a visão preventiva é incipiente. 
 No material coletado, foi possível perceber a existência de um foco de 
atuações da Fisioterapia no SUS, voltadas para a prática fundamentada no 
modelo biomédico. Tais atuações, como podem ser observadas nas tabelas 
construídas a partir de dados coletados, são voltadas para a questão 
doença/reabilitação, com maior destaque para os distúrbios motores de origem 
nervosa e problemas relacionados à coluna vertebral. 
 Apesar da existência de códigos próprios no Sistema de Informação 
Ambulatorial do SUS (SIA/SUS) que permitam a execução de ações preventivas e 
de atenção básica por parte dos Fisioterapeutas no Estado do Rio Grande do 
Norte, não se observam registros, para o corrente ano, de ações voltadas para a 
educação, prevenção e promoção da saúde. 
 Seguem os códigos: Código 0401103 refere-se à atividade coletiva de 
educação em Saúde por profissionais de nível superior; código 04012101-1 
menciona atividade educativa com grupos na comunidade; 0401204-6 refere-se à 
atenção básica para profissionais de nível superior em saúde27.
 Tal observação é preocupante e sugere questionamentos quanto à 
possibilidade desses profissionais e dessa profissão estarem alimentando, 
despercebidamente, o sistema medicocêntrico, assim como de empobrecimento 
contínuo da população no tocante ao auto cuidado com a saúde. 
 A prática terapêutica centrada no indivíduo nos conduz a um outro aspecto 
importante; parece que a visão do todo, humanística que transcende o corporal e 
passa do individual para o coletivo, não faz parte da práxis fisioterápica no 
Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Norte. Fato sugestivo de pesquisas 
futuras em âmbito nacional. 
 Parece que a maneira de conceber a reabilitação e a fisioterapia pelo 
Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte fere o princípio da 
integralidade; que é o princípio que garante ao cidadão o direito de ser assistido 
desde a prevenção de doenças até o mais difícil atendimento de uma patologia28.
 É preciso salientar que o problema não é a técnica e sim o conjunto. Deve-
se questionar como esse profissional distribui suas atividades; quais os recursos 
de que ele dispõe em seu arsenal de métodos; qual o conhecimento teórico-
filosófico, político-ideológico deste profissional; qual o papel das Universidades na 
formação do profissional fisioterapeuta e qual a história de vida dos profissionais 
fisioterapeutas do estado (Anexo artigo1). 
 É na concepção de rede, de interconexão que a Fisioterapia crescerá e 
ocupará o verdadeiro papel como contribuidora social. Isto será possível, na 
medida em que sejam deslocados os valores antropocêntricos em direção a novos 
valores, numa visão ecocêntrica de cuidado em saúde. 
 Pode até parecer utópico uma Fisioterapia em nível de consciência máximo 
que, simultaneamente, trabalhasse com os dados objetivos do Homem e tivesse 
uma atuação no social de forma participativa. A segmentação parece ser 
inevitável.
 Entretanto, cada um em sua área poderá exercer uma prática a partir de 
uma compreensão de realidade newtoniano-cartesiana ou a partir de uma 
compreensão sistêmico-interconexa em que coloque a sua área particular de 
atuação, que não é só sua, em rede de interações, conectada, influenciando e 
sendo conscientemente influenciada. Uma prática aberta à criatividade e à 
transformação, assim como nos parece ser a essência do Homem (Anexo artigo1 
e 2). 
 A partir desse estudo pode-se inferir que a possível meta-contribuição deste 
trabalho tenha sido possibilitar percepções cada vez menos segmentadas da 
realidade e do saber em Fisioterapia, com um estímulo a um pensar-agir mais 
contextualizado, que leve em consideração pandependência mútua na 
preservação e a manutenção da saúde. 
 Tendo-se como base uma observação analítica da prática da Fisioterapia 
no SUS no estado do Rio Grande do Norte pode-se concluir: 
i) A prática da Fisioterapia no SUS no Rio Grande do Norte ainda é 
centrada no modelo saúde x doença; 
ii) A ação da Fisioterapia caracteriza-se pelas práticas reabilitadoras e 
curativas;
iii) A prática da Fisioterapia no SUS no Estado do Rio Grande do Norte é 
fundamenta no modelo biomédico; 
iv) Há necessidade de que a prática do Fisioterapeuta no SUS no Rio 
Grande do Norte garanta o princípio da integralidade na atenção ao 
paciente.
6 ANEXOS 
 6.1 ANEXAÇÃO DOS ARTIGOS 
Artigo 1 - Afetividade x Efetividade: Fenômenos da Fisioglobalização 
Periódico: Revista Brasileira de Epidemiologia 
Status da Publicação: Prelo 
Qualis: Nacional A 
Artigo 2 – Reabilitação: Ações do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio 
Grande do Norte. 
Periódico: Revista Fisioterapia Brasil 
Status da Publicação: Prelo 
Qualis: Nacional B 
AFETIVIDADE X EFETIVIDADE: FENÔMENOS DA FISIOGLOBALIZAÇÃO 
AFFECTIVITY X EFFECTIVENESS : PHENOMENA OF THE GLOBALIZATION 
GERALDO MAGELLA TEIXEIRA; Profª Drª EULÁLIA MARIA CHAVES MAIA. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte/PPGCSa – Natal/RN – Brasil 
magellafisio@yahoo.com.br
RESUMO
O modelo educacional de formação superior, inclusive o modelo que forma 
profissionais fisioterapeutas, contém ‘grades’ curriculares que ensina a observar o 
objeto saúde separado de seu contexto e, por conseguinte ensina a separar, 
fragmentar o Homem. Essa separação tolhe a capacidade de observar o 
‘complexus’, isto é, aquilo que está tecido em conjunto, e centraliza o processo 
saúde/doença no doente. Esse modelo de formação disjunto apreendido, aliado ao 
crescente número de faculdades de Fisioterapia no Brasil, parece exigir do 
Fisioterapeuta, em prol da empregabilidade, uma busca constante pela eficiência 
em detrimento da afetividade e da humanização do atendimento. 
Palavras-chave: Fisioterapia, humanização, Globalização. 
ABSTRACT
The educational model of superior formation, also the model that makes 
physiotherapists, it contains CV that teaches to observe the object “health” and 
separating Health of its context and, therefore teaching to fragmentize the Man. 
This separation hinders the capacity to observe 'complexus ' , they can’t see the 
whole person , just by parts , so this model of observation leads to centralize the 
process healthiness/sickness in the sick person. This model of formation added to 
the increasing number of colleges of Physiotherapy in Brazil, it seems to demand 
of the Physiotherapists , afraid of losingtheir jobs , a constant search for the 
efficiency in detriment of the affectivity and humanization in the attendance.
Key Words : Physiotherapy, humanization and globalization. 
INTRODUÇÃO
A Fisioterapia, ao longo de sua história, tem direcionado o seu foco de 
trabalho para as atividades curativas e/ou reabilitadoras (Sampaio, 2002). Tal fato 
se deve ao surgimento dessa profissão para atender as necessidades das 
grandes guerras mundiais.
De acordo com Barros (2002), a fisioterapia vem, nos últimos anos, 
apresentando um intenso crescimento; mas, parece, que tal crescimento tem 
acontecido de forma desorganizada, e sendo assim, pode ser pernicioso; 
sobretudo, se os profissionais fisioterapeutas perderem de vista o norte 
humanizador que dirige essa profissão. 
É preocupante que esse crescimento, aliado ao fenômeno da globalização, 
que segundo Santos (2002) são as interações e intensificações econômicas, 
sociais, políticas e culturais; que em Fisioterapia, prefiro chamar de 
Fisioglobalização, faça com que os Fisioterapeutas tenham uma visão puramente 
capitalista e cartesiana do corpo e sua relação com a mais valia e o modo de 
produção; visão essa que culminará, por conseguinte, na fragmentação do 
Homem em um ser apenas biomecânico, capacitado ou não a realizar 
movimentos.
Historicamente, a fisioterapia é oriunda da medicina e a visão 
medicocêntrica e cartesiana que se tem do corpo ainda é muito enraizada. A 
fisioterapia mantém este tipo de pensamento até os dias atuais e parece que as 
universidades têm forte participação na construção dessa visão; de acordo com 
Carvalho (1999) há falhas na formação do fisioterapeuta quando se observa a falta 
de preocupação com a reintegração social do paciente, para com a preocupação 
mercadológica com o trabalho. Com raras exceções, as Universidades brasileiras 
são qualificadas como indiferentes às preocupações da comunidade (Targino, 
1997).
As influências do pensamento cartesiano sobre o desenvolvimento da 
Biologia, compara o corpo humano a uma máquina que pode ser analisada 
(trabalhada) peça a peça; estudadas do ponto de vista da biologia molecular e que 
pode limitar o papel dos profissionais da saúde em apenas intervir e consertar o 
mecanismo enguiçado (Capra, 1992). 
O caráter determinante do modelo de desenvolvimento da Biologia aplica-
se as demais profissões da saúde, servindo também de referência para a 
Fisioterapia, que representa o objeto desse texto. 
 Vive-se a era da franca expansão do saber em Fisioterapia; 
constantemente a mídia televisiva e/ou escrita divulga a Fisioterapia, divulgação 
essa muitas vezes de forma equivocada e desvinculada da realidade. Num mundo 
globalizado essa divulgação acontece de forma rápida. 
 A Fisioglobalização é sem dúvida de magna importância para o 
desenvolvimento, reconhecimento e crescimento da profissão, mas parece, trazer, 
de forma ideológica, em seu bojo uma armadilha de um sistema dogmático, 
totalitário e dicotomizador. 
Como conseqüência da Fisioglobalização observa-se um crescente grupo 
de adolescentes que pretendem abraçar essa profissão e, em razão desse 
pungente desejo vêm crescendo também, de forma, assustadoramente, rápida, ao 
longo dos anos, o número de Instituições de Ensino Superior (IES) que se 
oferecem para formar futuros Profissionais Fisioterapeutas. 
Dessa forma é precioso entender que o espaço do ensino superior é o lugar 
próprio de construção do saber e da educação que surge como trunfo 
indispensável à humanidade na sua construção dos ideais de paz, liberdade e de 
justiça social (Delors, 2000). 
De acordo com Rocha (2002), a maioria dos cursos de fisioterapia tem 
abordado o doente através de aparelhos altamente sofisticados que tentam 
consertar partes do corpo com protocolos fechados de exercícios físicos; e sendo 
assim, parece prudente a abertura de espaço para discutir fisioterapia e saúde 
como envolvimento social. 
Em seu sentido mais abrangente, a saúde não é a antítese de doença; é 
algo complexo e de acordo com Minayo et alli. (1992) é o resultante das condições 
de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, 
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de 
saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da 
produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. 
De acordo com Galheigo (1999), a dificuldade ou o problema de lidar com 
pensamento complexo se manifesta na Universidade a partir da forma em que se 
organizam seus departamentos e de como estes lidam com problemas da 
coletividade.
 METODOLOGIA 
Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo, tendo como base todo o 
território brasileiro, com vistas a demonstrar a evolução de aberturas de cursos de 
fisioterapia no Brasil desde 1969 até os dias atuais, bem como o papel das IES na 
formação de fisioterapeutas. 
Por se tratar de um estudo que visa apresentar e entender, de forma crítica, 
o comportamento da abertura de escolas de fisioterapia ao longo da história no 
Brasil, o tema fora estudado mediante uma pesquisa quantitativa e qualitativa; 
pois de acordo com Bauer et al. (2002) não há, por meios de análises 
documentais, possibilidade de quantificar sem qualificar. 
As hipóteses surgiram a partir da franca expansão das escolas de 
Fisioterapia em todo o País e a possível carnavalização dessa profissão em busca 
da eficiência a todo custo, como meio de garantia de empregabilidade. 
O texto foi desenvolvido à luz da transdisciplinaridade e humanização da 
saúde e pretende abrir uma discussão sobre o exercício do profissional de 
fisioterapia em decorrência do fenômeno globalização. 
A amostra foi do tipo causal simples para análises documentais semi-
estruturadas.
RESULTADOS
Evlução quantitativa das Escolas de Fisioterapia no
Brasil
1969
1981 1984
1998
2004 2005
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2010
6 20 22 115 243 376
Número de Faculdades
A
n
o
De acordo com Sanches (1984), havia no Brasil, em 1969, ano do 
reconhecimento da profissão, apenas seis escolas de reabilitação para a formação 
de fisioterapeutas, entre os anos de 1969 a 1981 houve um aumento para vinte 
escolas.
Nos anos seguintes novos curso são abertos; Segundo Rebelatto et al. 
(1999), no ano de 1984 o número de cursos de graduação em fisioterapia era de 
22, distribuídos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Paraíba, Minas 
Gerais, Bahia, Pernambuco e Paraná. 
Em 1998, o Brasil possuía 115 cursos de fisioterapia (Ferraz, 1999). No ano 
de 2004, havia, de acordo com guia do estudante (2004), 279 cursos de 
graduação em Fisioterapia. 
Em 2005, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e 
Pesquisas Educacionais (INEP), o Brasil possui 376 Instituições de Ensino 
Superior (IES) que formam profissionais fisioterapeutas. 
Ao longo de sua história a fisioterapia tem crescido e se estabelece ainda 
mais no cenário nacional; mas parece que tal crescimento tem acontecido de 
forma desordenada. 
DISCUSSÃO
O aumento quantitativo e desordenado de várias Instituições de Ensino 
Superior (IES) em Fisioterapia é preocupante; mas a preocupação deve residir, 
com maior ênfase, na qualidade da formação e modelo educacional ofertado aos 
nossos jovens, futuros fisioterapeutas. 
 Preocupante também é a influência ideológica da mídia na tomada de 
decisões por partes dos jovens que pretendem cursar essas Faculdades. Parece 
que tais escolhas sofrem influências de um momento histórico neoliberal, 
globalizador. Não se trata de uma decisão vocacional; vocacional no sentido 
sacrossanto da verne ‘vocare’, isto é chamar; que se segundo Toscano (1999) é a 
sensação prazerosa de ser chamado, de fazer parte da escolha dos escolhidos. 
O número crescente de qualquer profissional, e não é menos diferente com 
a fisioterapia, o efeito da globalização e a própria necessidade e exigênciado 
mercado fazem suscitar a necessidade da emergência de profissionais 
reconhecidos e destacados pela efetividade, e isso se consegue com as inúmeras 
especializações e avanços tecnológicos. O relato de Santos (2001), diz que o 
avanço tecnológico trouxe consigo a despersonalização da assistência, onde as 
pessoas são tratadas mecanicamente, como se não fossem seres humanos. 
A pulverização de escolas de fisioterapia no Brasil e a tecnificação dos 
serviços faz com que, por um lado haja uma divulgação da profissão, mas por 
outro uma redução na credibilidade devotada no profissional. 
Com a tecnificação a população confia mais na tecnologia, no aparelho, do 
que no profissional e considera como indiscutíveis as informações fornecidas 
pelos equipamentos e depreciam as avaliações pessoais do profissional. Na 
mesma proporção em que a tecnologia cresce em importância, decresce o 
prestígio profissional (Siqueira, 2002). 
Segundo Casate et al. (2005), o desenvolvimento tecnológico vem 
dificultando as relações humanas, tornando-as frias, objetivas, individualista e 
calculista.
Diante de tanto crescimento e de tanta eficiência, uma pergunta se faz 
indispensável. E aí Fisioterapeutas, como fica a afetividade?
Ela não tem espaço no mundo globalizado e nem valor de mercado no 
modo de produção capitalista e, portanto, pode ser descartada, desprezada, 
injuriada, ignorada, esquecida e até desprezada. Esse desprezo da afetividade 
não é, afinal de contas, senão o desprezo pelo ser Humano, transformado em 
objeto comercial. Segundo Minayo (1992), quando ocorre a morte da afetividade 
necessariamente ocorre a morte do Homem. 
CONCLUSÃO
Esse artigo não se opõe, de modo algum, à eficiência e a incessante busca 
pelo saber e nem ao crescimento da profissão do fisioterapeuta; opõe-se à busca 
pelo saber fragmentado, que divide e cega. 
Em seu sentido mais abrangente, a Saúde é o resultante das condições de 
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, 
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de 
saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da 
produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida (Boff, 
2002).
É claro que a busca pela eficiência é responsável pela evolução de 
qualquer profissão, mas é necessário e urgente que a Fisioterapia evolua fazendo 
religações dos saberes que vêem o Homem na sua dimensão material, biológica, 
social, cultural, espiritual e cósmica. É preciso desenvolver, mas sem perder a 
veneração, o respeito, a piedade, o amor, a compaixão para com todos os seres, 
para com a vida, para com a terra e o homem. 
Dessa forma os Fisioterapeutas devem desenvolver a capacidade cada vez 
maior de equilibrar a afetividade e a efetividade. Se assim não for, mesmo com 
toda a evolução pela qual passa essa profissão, dificilmente se alcançará o devido 
reconhecimento de fato e de direito. Reconhecimento merecido pelas lutas e 
vitórias ao longo de sua história.
É preciso religar para viver a efetividade e a afeição e como conseqüência 
barganhar uma vida menos estressada e uma posição profissional mais 
respeitada. É preciso ser profissionais da saúde e não da doença. É preciso 
ensinar aos futuros Fisioterapeutas o que é saúde em sua complexidade. 
Parece que é hora das Instituições de Ensino Superior ensinar a religar o 
saber truncado que separa o indivíduo e o isola do meio em que vive, 
abandonando o binômio doença e tratamento por saúde e prevenção. 
Não é só com a preocupação com a eficiência que se prepara para 
trabalhar com saúde; é procurando traduzir em gestos concretos o valor da 
pessoa humana que estaremos preparados para cuidar da vida, com humanismo 
e competência técnico-científica. E nesse sentido o papel das universidades 
brasileiras é mister. 
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Paulo: Manole. 1999 
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Sampaio, Rosana Ferreira. ‘Promoção de saúde, prevenção de doenças e 
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Toscano, Geovânia da Silva. Vestibular: a escolha dos escolhidos - Um estudo 
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Norte/UFRN. Natal/RN. 1999 
Endereço:
Geraldo Magella Teixeira – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
Fisioterapeuta, aluno do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Natal/RN. 
Endereço: Av. Dr. José Sampaio Luz, 353 apto 302. Ponta Verde, Maceió, AL. 
CEP: 57035-260 Fone +82 3337 4554. e-mail: magellafisio@yahoo.com.br
Profª Drª Eulália Maria Chaves Maia – Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte.
Professora Doutorada e Pesquisadora de Pós-Graduação em Ciências da Saúde; 
Coordenadora do Curso de Especialização em Psicologia da Saúde: 
Desenvolvimento e Hospitalização e Coordenadora da base de pesquisa, “Grupo 
de Estudos: Psicologia

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