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Seminário 9 20 de outubro de 2011 Colisões entre direitos fundamentais: liberdade de expressão, liberdade de imprensa, censura e direito à privacidade 1. Apresentação do caso 1.1. Operação Boi Barrica 1.2. Quebra de sigilo telefônico de Fernando Sarney 1.3. Publicação das conversas telefônicas pelo jornal O Estado de São Paulo 1.4. Sarney propõe uma demanda em face do jornal no Tribunal de Justiça do Distrito Federal 1.4.1. Pedido de liminar para determinar que o réu (O Estado de São Paulo) e os demais veículos de comunicação que se utilizaram do material se abstivessem da publicação dos dados sigilosos provenientes da investigação criminal e que deveriam estar sob segredo de justiça. 1.4.2. Receio de que a divulgação das conversas causasse prejuízo incalculável à honra do requerente. 2. Decisão Judicial 2.1. Inciso XII do Art. 5º: É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 2.2. Artigo X da Lei 9296/96: Constitui crime realizar interceptação e comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo de justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. 2.3.” É a própria Constituição que, demarcando o espaço normativo de abrangência da mesma liberdade, pré exclui, por fórmulas inequívocas, mediante remissões textuais a outras normas suas, bem como imputação da responsabilidade civil e pressuposição da criminal, que seu exercício legítimo possa implicar lesão à honra, à reputação, à imagem, ou à intimidade alheias (CF, art. 5º, IV, V, IX, X, XIII e XIV, e art. 220º, “caput” e § 1º)”. 2.4. Desembargador Dácio Vieira concedeu a liminar que proíbe a publicação dos dados obtidos durante a investigação sigilosa. Entretanto, não impediu a publicação da decisão judicial e dos dados sobre a pessoa e os negócios de Fernando Sarney obtidos por outros meios. 3. Contestação do Jornal O Estado de São Paulo 3.1. O jornal alega ter sido impedida a divulgação de qualquer notícia sobre o Sarney 3.2. Liberdade de imprensa visando interesse público (CF, art. 5º, IV, IX, XIII e XIV.) 3.3. Artigo 220º utilizado como contra argumentação 3.4. Capacidade de autorregulação da imprensa 3.4.1. Quanto mais liberdade, mais responsabilidade 3.4.2. Público alvo se desenvolvendo socioculturalmente e atingindo um maior senso crítico e maior capacidade para julgamento 3.4.3. “À imprensa deve tocar o encargo de corrigir a si própria” – Thomas Jefferson 3.5. Princípio da visibilidade 3.5.1. Direito Social do conhecimento dos fatos 3.5.2. ‘’Visibilidade’ como designação de ‘Transparência’ (...) alçada à dimensão de PRINCÍPIO, ao lado da ‘legalidade’, ‘impessoalidade’, ‘moralidade’ e ‘eficiência’’. 3.5.3. Além disso, a Imprensa contribui para os princípios da ‘soberania’ e ‘cidadania’ (dá base ao cidadão para conhecer e acompanhar de perto o que ocorre no poder) 3.5.4. Exemplo: TV Justiça 3.6. Hierarquia do Direito Brasileiro 3.6.1 A Constituição Federal se sobressai sobre qualquer outra Lei 4. Lei de Imprensa, ADPF e Democracia 4.1. Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967): No Brasil, a chamada lei de imprensa foi uma lei instituída durante a Ditadura Militar, e que vigorou até 30 de Abril de 2009, quando foi revogada pelo STF, a partir de uma arguição de descumprimento de preceitos fundamentais (ADPF) proposta pelo deputado federal Miro Teixeira 4.2. ADPF: Ferramenta utilizada para evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato de Poder Público, incluídos atos anteriores à promulgação da Constituição. 4.2.1. ADPF 130 – voto do Ministro Carlos Britto 4.2.1.1. Precedência do direito a liberdade de imprensa sobre direitos de personalidade (imagem, honra, intimidade e vida privada) 4.2.1.2. Relação de mutua dependência entre democracia e imprensa livre (formadora de opinião e alternativa à versão oficial dos fatos). 5. Repercussões do caso 5.1. ANJ (Associação nacional dos jornais), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e OEA (Organização dos Estados Americanos) se manifestaram contra a decisão judicial. 5.2. As gravações telefônicas foram desconsideradas na investigação por falta de fundamentação para a quebra de sigilo. 6. Conflito de PRINCÍPIOS 6.1. Diferença entre Princípios e Regras 6.1.1. Ambos são Normas 6.1.2. Regras: garantem-se direitos (ou se impõem deveres) definitivos. Se um direito é garantido por uma norma que tenha a estrutura de uma regra, esse direito é definitivo e deverá ser realizado totalmente, caso a regra seja aplicável ao caso concreto. 6.1.3. Princípios: são garantidos direitos (ou são impostos deveres). No caso dos princípios não se pode falar em realização sempre total daquilo que a norma exige. Ao contrário: em geral essa realização é apenas parcial. Isso, porque no caso dos princípios há uma diferença entre aquilo que é garantido (ou imposto) prima facie e aquilo que é garantido (ou imposto definitivamente). 6.2. Liberdade de imprensa e de expressão 6.2.1. Artigo 220 (A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição); Incisos IV (é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato) e IX (é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença) do artigo 5º da Constituição Federal (Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes) 6.3. Direito à privacidade, à honra e à imagem 6.3.1. Inciso X (são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação) do Artigo 5º da Constituição Federal. Bibliografia: Site consultor jurídico, http://www.conjur.com.br “Direitos Fundamentais", Prof. Dr. Virgílio Afonso da Silva. “Censura no Estadão: a íntegra da decisão”, OBSERVATÓRIO DE IMPRENSA, 22 de Outubro de 2009. STF, ADPF 130 (Caso Lei de Imprensa, voto do Min. Relator Carlos Brito). Componentes do Grupo: Amanda Franco Ane Mignoli Caterina Vieira Diego Tasso Lucas Zaniboni Maurício Alves Renan Nobile Samanta Imbimbo Victoria Bowman-Shaw
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