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Maria Carolina B. de Castro AVALIAÇÃO SEMIOLÓGICA EM ANIMAIS SILVESTRES • Importante identificar os animais (taxonomia, se são mantidos em vida livre, cativeiro ou ambiente doméstico). Isso influencia em relação a abordagem, manejo, escolha de recinto, anatomia e no comportamento. • Um complicante é a diversidade das espécies, cada uma com particularidades anatômicas, fisiológicas e comportamentais. Exame semiológico • Técnica de coleta e interpretação das alterações físicas, comportamentais, ambientais e clínicas, que envolvam um espécime silvestre, e que contribuem para o direcionamento de uma hipótese diagnóstica. • Possui informações que quando obtidas e interpretadas corretamente, agilizam e otimizam o diagnóstico, elevando a chance de sucesso no planejamento terapêutico. • Ligado a hábitos biológicos e características anatômicas e fisiológicas do indivíduo. • As características de defesa do indivíduo são um risco para a abordagem (contenção física). • Importante lembrar das zoonoses e antropozoonoses que envolvam o paciente. • Lembrar os parâmetros fisiológicos básicos para o paciente específico. • No exame semiológico se busca um diagnóstico mais direto, e a partir daí um prognóstico se torna evidente, bem como sua conduta terapêutica. • Histórico detalhado é importantíssimo (histórico geral do paciente e histórico específico da enfermidade). • Pode ser um comportamento estereotipado? Uma sugestão de quem está dando a informação? É realmente uma alteração no estado de saúde? • A avaliação clínica pode ser feita de forma indireta (observação do ambiente, onde o animal é mantido, manejo, dieta do animal, comportamento), e direta (exame clínico do animal em si). • Conhecer quais são as doenças mais frequentes para cada espécie. • A contenção é a restrição dos movimentos, do espaço de movimentação e das reações comportamentais. Pode ser física ou química. • O côndilo occipital pode acabar luxando em répteis, em uma contenção inadequada. Essas informações não podem ser esquecidas. - Como examinar o paciente? Identificar o paciente (ave, réptil ou mamífero?), saber que tudo está ligado aos detalhes de abordagem, manejo, recinto adequado que respeite anatomia, fisiologia e comportamento da espécie com a qual estou lidando, um bom exame semiológico (anamnese completa, observação do paciente, não menosprezar nenhum sinal demonstrado, bom senso, pensar no bem estar do animal, conhecimento anatômico e fisiológico, técnicas de contenção adequada, avaliação clínica padronizada/roteirizada, avaliação criteriosa do manejo e manutenção, e bastante estudo). AVALIAÇÃO SEMIOLÓGICA EM AVES SILVESTRES • Partir da identificação por taxonomia, se são mantidas em vida livre, cativeiro ou em ambientes domésticos. • As diversidades de espécies é uma complicante. Podem ser passeriformes, galiformes, psitacídeos e aves de rapina. Podem ser granívoras, frugívoras, carnívoras ou onívoras. • O exame semiológico envolve a investigação do hábito biológico e características anatômicas e fisiológicas, as características de defesa (risco de abordagem), a susceptibilidade a doenças (zoonoses e antropozoonoses), e os parâmetros fisiológicos. • Lembrar que as aves possuem respiração comandada pela extensão e contração dos músculos intercostais e peitorais. • Na anamnese, é importante observar excesso ou redução de apetite, sede, micção, defecação, peso, respiração, coordenação motora, comportamento. Incluir nas informações a temperatura, umidade e ventilação (não pode haver ventilação excessiva, pouca luz), exposição a luz solar (necessária), ponto de visão do recinto ao meio externo, tipo de bebedouro e comedouro, pontos de fuga, substrato de recinto, poleiros. • Gaiola pintada com tinta a base de chumbo pode causar intoxicação por chumbo se os animais ficam bicando. • Poleiro não pode ser totalmente liso e sempre de mesma espessura, precisa ser diferente. • Não é ideal colocar jornal no “piso” da gaiola. O ideal são telas vazadas por onde as fezes passam e facilita a higienização. • Avaliação das fezes é importantíssima, sendo coloração, textura, consistência e volume. • Aves menores possuem uma atividade metabólica maior e consequentemente uma frequência maior de defecação. • Rapinantes eliminam pelos e ossos de suas presas nas fezes, além de fazer o acúmulo desses resíduos no inglúvio, formando as “pelotas” que são regurgitadas. • Tucanos e araçaris têm um trânsito gastrointestinal muito rápido. • Num excremento normal tem material fecal, urina e urato. • Algumas alterações nas fezes importantes são diarreia, redução de volume e frequência, ressecamento, presença de alimento pouco digerido e alteração na coloração. • Importante realizar exame das fezes. • Outro comportamento importante é o vômito ou regurgitação. Secreção pegajosa ou alimento envolvido por muco aderido a penas, bico, cabeça, paredes, substratos da gaiola ou recinto. Lembrar que durante a corte muitas vezes os animais regurgitam e é normal, assim como para alimentação dos filhotes e estresse. AVALIAÇÃO SEMIOLÓGICA EM RÉPTEIS I QUELÔNIOS • Um grande complicante é que são animais ectotérmicos. • Podem ser terrestres ou aquáticos (de água doce e de água salgada). • Presença de carapaça e plastrão. • Se defendem mordendo e arranhando (utilizar luvas de raspa de couro). • Carnívoros, frugívoros ou onívoros. São bastante oportunistas. • Possuem movimentação rápida, são interativos. • É mais difícil observar comportamentos estereotipados, mas existem. • Em geral são animais solitários. AVALIAÇÃO SEMIOLÓGICA EM RÉPTEIS II LAGARTOS • São ectotérmicos. • Apresentam escamas cornificadas. • Identificar taxonomia, onde é mantido, etc. • Um complicante são as diferentes espécies. • Temperatura e umidade bem específicas pra cada espécie. • Podem ter diferentes tamanhos. • Principais defesas são mordidas, arranhaduras e chicote com a cauda. • Possuem característica de autotomia. • Podem ser herbívoros, onívoros, carnívoros... • Em geral são animais solitários e que fazem postura de ovos. • Movimentação rápida. • Estereotipia aparece principalmente em terrários muito pequenos. • Observar presença de alimentos, consumo da água, para arborícolas pode borrifar água nas folhas. • Observar fezes (normalmente volumes pequenos), substratos, presença de fios elétricos. • Observar se há lâmpadas ultravioletas (qual a situação das mesmas, com aquecimento ou não), piso do recinto. • Não manter temperatura constante, já que o animal procura a temperatura e umidade que quer de acordo com a termorregulação naquele momento. • Fazem ecdise segmentada, diferente das serpentes. • Alguns lagartos possuem língua bífida. Outros (como o camaleão) capturam a presa com a língua. • Fazem lubrificação da córnea com a língua. • Fazem reposição dentária. • Possuem o palato fendido. • Tem um côndilo occipital único (cuidado para não luxar). AVALIAÇÃO SEMIOLÓGICA EM RÉPTEIS III SERPENTES • Taxonomia é importantíssima, para saber de que região esse animal é. Assim nós sabemos qual a temperatura e a umidade ideal para cada uma das espécies. • Não possuem ouvido e membranas timpânicas, bem como pálpebra, 3º pálpebra e o osso esterno. • Globo ocular é protegido por uma escama ocular. • Ectotérmicos. • Grande maioria faz apreensão da presa viva. Não oferecer animal morto. • São carnívoros que se alimentam de mamíferos (capivaras, por exemplo), peixes e outras serpentes. • Uso de ganchos, cambões, luvas de raspas de couro para contenção física. • Lembrar do côndilo occipital único. • Fatores estressores são principalmente temperatura e umidade inadequadas. • Capacidade de enrodilhamento e constricção. • Cuidar com espécies peçonhentas. • Em cativeiro, se você oferece um roedor vivo para alimentação daserpente, e observa que o mesmo continua lá, deve-se retirá-lo. Isso porque o roedor pode acabar atacando a serpente, causando ferimentos nela. • Oferecer água de qualidade para consumo, sem sujidades e fezes, muitas vezes colocam- se tanques para espécies que entram na água (como sucuri). • Para arborícolas, borrifar água nas folhas. • Cuidar com o substrato do recinto. • Uso de lâmpadas especiais é importante em terrários mantidos em cativeiro doméstico, e quando se mantem filhotes. • Terrários de acrílico as vezes dificulta a ecdise, a serpente fica em contato com os excrementos. É necessário um substrato. • Observar olhos brilhantes, preenchendo as órbitas, muitas vezes possuem pigmentação característica de cada espécie. Ver se não tem trauma, opacidade (relacionada a um trauma? ecdise?), ectoparasita, retenção da escama ocular (muitas vezes por ecdise imperfeita). • Observar narinas, se há ectoparasitas, a abertura das narinas. • Observar pele, escamas cornificadas, brilho, se há opacidade (na fase de ecdise está assim), a ecdise é feita de forma total (a pele sai inteira, se não sair é chamada de disecdise, que é a troca irregular da pele). • Observar língua bífida (função sensorial, órgão vomeronasal), entrada da traqueia na base da inserção da língua, se há caseos na região do palato, se há inflamação. Observar a reposição dos dentes. • Momento de contenção é o de maior sensibilidade ao estresse. • Observar na anamnese a redução do apetite, a sede excessiva ou falta de sede, defecação, peso, respiração, coordenação motora e comportamento. • Observar reflexo postural. Em geral, a postura é ventral (como elas se movimentam), no entanto quando colocamos uma serpente em decúbito dorsal ela imediatamente volta para o ventral. Quando há dificuldade isso, é um indicativo de problema (podendo ser trauma de coluna, doenças virais que acometam SNC). • Quando montar os recintos, lembrar das serpentes ofiófogas (que se alimentam de outras serpentes). Indicado não misturar espécies. • Eliminam urato nas fezes. A presença em grande quantidade mostra um problema de gota úrica, por exemplo. • Cuidar sempre com manejo de temperatura e umidade! AVALIAÇÃO SEMIOLÓGICA EM RÉPTEIS IV CROCODILIANOS • Identificar taxonomia é importante. • Um complicante é a diversidade de espécies, ectotermia. • Suscetíveis principalmente a doenças infecciosas. • Procuram tanques de água no recinto, pontos de fuga, convívio entre animais em um recinto coletivo. • Fêmeas em período reprodutivo vão procurar áreas mais fechadas de vegetação. • Carnívoros. • Uso de luvas de raspa de couro, cambões, fechamento de boca (tiras de borracha, fita adesiva). • Usam o movimento da cauda para se defender, além da mordida. • Tem a capacidade de escalar telas/grades. • Uso de lâmpadas especiais que aquecem, principalmente em filhotes. • Observar narinas posicionadas na face frontal da região nasal, simétricas, abertas, pigmentação característica da espécie, desobstruídas. • Olhos preenchendo as órbitas, pigmentação de acordo com o padrão da espécie, possuem a 3ª pálpebra, ver se tem ectoparasitas, traumas, opacidade. • Observar a pele de consistência firme, com placas dérmicas mais endurecidas na região dorsal (osteodermas), mais elásticas na região ventral, ambas auxiliam a termorregulação. Pode encontrar ectoparasitas entre as escamas, observar se há ferimentos, alteração de coloração. • Observar na cavidade oral a integridade das mucosas, da inserção dos dentes, integridade da língua. Os dentes apresentam reposição. A membrana palatina fecha a abertura do esôfago e da laringe, para o crocodiliano não se afogar ao predar um animal embaixo d’água. • Lembrar do côndilo occipital único durante a contenção, que é o momento de maior estresse desses animais. • Observar na anamnese se o animal está com redução do apetite, defecação (nos tanques de água), coordenação motora, dificuldade de manter o reflexo postural. • Também eliminam urato nas fezes.
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