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1 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 marc 12 – síndromes dispépticas OBJETIVO 1: COMPREENDER OS FATORES DE RISCO, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME DISPÉPTICA. DEFINIÇÃO E FATORES DE RISCO - A dispepsia foi originalmente definida como qualquer sintoma referente ao trato gastrointestinal superior. - Dispepsia pode ser definida como um conjunto de sintomas localizados na porção superior do abdome secundários a diversas causas. Pode manifestar-se como sensação de distensão abdominal, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, epigastralgia em queimação, desconforto abdominal, eructação, náuseas e vômitos. Essas manifestações clínicas muitas vezes são referidas pelo paciente como má digestão. - A dispepsia é definida atualmente como uma dor epigástrica predominante com duração de pelo menos 1 mês. Isso pode ser associado a qualquer outro sintoma do trato gastrointestinal superior – como plenitude pós-prandial, náuseas, vômitos ou azia - desde que a dor epigástrica seja a queixa principal do paciente. - A dispepsia é definida com uma sensação de dor ou desconforto esporádico ou persistente na região superior do abdome. É uma síndrome clínica extremamente comum, com etiologias e manifestações diversas. - Conjunto de sintomas localizados no abdome superior, relacionados com a ingestão alimentar, podendo ser orgânica (demonstrável à endoscopia digestiva alta-EDA, como úlcera, esofagite) ou funcional (sem alteração orgânica demonstrável). - A dispepsia acomete, hoje por volta de 25-30% da população mundial, sendo relatada como queixa principal em cerca de 7% das consultas com clínicos gerais. Pacientes com dispepsia têm qualidade de vida reduzida e angústia emocional por causa de seus sintomas, com pesados encargos econômicos através de despesas médicas diretas e perda de produtividade. - Fatores de risco: Sexo feminino, idade crescente, diminuição do grau de urbanização, infecção por H. pylori, uso de anti- inflamatórios não-esteroidais (AINEs), baixo nível educacional e ser casado. Curiosamente, fumar é apenas levemente associado à dispepsia e álcool e café não estão associados. CLASSIFICAÇÃO - A dispepsia pode ser causada tanto por transtornos orgânicos como por alterações funcionais (dispepsia funcional). - Em cerca de 50% dos pacientes não se encontram alterações estruturais ou bioquímicas que justifiquem os sintomas, sendo então classificados como portadores de quadros funcionais. - A metade restante apresenta causas orgânicas para os sintomas dispépticos, sendo a DRGE e a doença ulcerosa péptica as principais etiologias. - Costuma ser dividida em dois grandes grupos: DISPEPSIA ORGÂNICA - Ocorre quando os sintomas são secundários a doenças orgânicas específicas. A dispepsia orgânica pode ser causada por uma série de doenças inclusive algumas que nem são do trato digestório. Úlcera péptica, DRGE, neoplasias, doenças biliopancreáticas, intolerância alimentar, medicamentos e outros processos inflamatórios ou infecciosos do trato digestivo superior. - Sendo que as principais etiologias orgânicas podem ser divididas em quatro grupos de etiologias: • Pépticas: Doença ulcerosa péptica, Doença do refluxo gastroesofágico. • Não-pépticas: Intolerância alimentar, doenças inflamatórias ou infiltrativas, neoplasia, infecção, síndrome do intestino irritável. • Biliopancreáticas: Pancreatite crônica, neoplasia pancreática, cólica biliar. • Sistêmicas: Insuficiência coronariana, doenças endócrinas, colagenoses. Doença do refluxo gastroesofágico - O diagnóstico diferencial entre dispepsia e DRGE é muito difícil, uma vez que os sintomas podem coexistir. - Os sintomas clássicos de DRGE são regurgitação e pirose, e podem ocorrer sintomas atípicos, como tosse crônica, otite e laringite de repetição. - Os sintomas clássicos da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) são azia (pirose) e regurgitação. - A azia é geralmente descrita como uma sensação de queimação na área retroesternal, mais comumente experimentada no período pós-prandial. A azia é considerada problemática se sintomas leves ocorrerem dois ou mais dias por semana, ou sintomas moderados a graves ocorrerem mais de um dia por semana. - A regurgitação é definida como a percepção do fluxo do conteúdo gástrico refluído para a boca ou hipofaringe. Os pacientes geralmente regurgitam material ácido misturado com pequenas quantidades de comida não digerida. - Outros sintomas da DRGE incluem disfagia, dor no peito, erupção cutânea, sensação de globus, odinofagia, sintomas extraesofágicos (por exemplo, tosse crônica, rouquidão, respiração ofegante) e, raramente, náusea. - Outros sintomas (por exemplo, dor no peito, sensação de globo, tosse crônica, rouquidão, sibilância e náusea) podem ser observados no contexto de DRGE, mas não são suficientes para fazer um diagnóstico clínico de DRGE na ausência de sintomas clássicos de azia e regurgitação. - O consenso Roma III excluiu a dispepsia tipo refluxo (ou seja, presença de sintomas como pirose) da classificação de dispepsia funcional, recomendando que os pacientes sejam tratados como provável DRGE. 2 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 Doença ulcerosa péptica - A prevalência de úlcera péptica em pacientes com queixas dispépticas é de cerca de 10%. Os principais fatores de risco são a infecção pelo Helicobacter pylori e o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES). - Estima-se que o H. pylori esteja associado a 90 a 95% das úlceras duodenais e a 60 a 80% das úlceras gástricas. - Quanto aos AINES, existem alguns fatores que aumentam o risco de úlcera quando presentes: história prévia de úlcera, idade acima de 75 anos, uso por tempo prolongado e associado à corticoterapia ou anticoagulantes orais. - Dor abdominal superior ou desconforto é o sintoma mais proeminente em pacientes com úlceras pépticas. Embora o desconforto das úlceras geralmente esteja centrado no epigástrio, pode ocasionalmente localizar-se nos quadrantes superiores direito ou esquerdo. - Embora os sintomas clássicos de úlcera duodenal ocorram quando o ácido é secretado na ausência de um tampão alimentar (ou seja, duas a cinco horas após as refeições ou com o estômago vazio), as úlceras pépticas podem estar associadas a sintomas provocados por alimentos e, portanto, a utilidade. - O uso de sintomas relacionados à ingestão de alimentos para prever a presença de uma úlcera não é confiável. - Úlceras pépticas também podem estar associadas a arrotos pós- prandiais, plenitude epigástrica, saciedade precoce, intolerância a alimentos gordurosos, náuseas e vômitos ocasionais. - Infelizmente, a dor epigástrica clássica “tipo úlcera” não está relacionada de forma fidedigna com a presença de doença ulcerosa péptica e, com isso, na presença de qualquer sintoma dispéptico, deve ser descartada. Intolerância alimentar - Alguns alimentos têm sido implicados como responsáveis por quadros dispépticos. Contudo, a ingestão de certos tipos de alimentos, como café, alimentos muito condimentados, frutas cítricas, álcool e alimentos ricos em gorduras não mostraram, objetivamente, ser um fator causal bem estabelecido de dispepsia até o momento. - A ingestão alimentar de uma maneira geral, não relacionada a alimentos específicos, pode desencadear sintomas dispépticos em decorrência de alguns mecanismos como: • Esvaziamento gástrico acelerado ou retardado. Distribuição intragástrica alterada do alimento em virtude da diminuição da acomodação gástrica proximal e aumento da capacidade de acomodação antral. • Hipersensibilidade gástrica e intestinal aos estímu-los mecânicos e químicos dos alimentos. • Secreção aumentada de peptídeos gastrintestinais ou hipersensibilidade a estes. • É importante lembrar que a intolerância à lactose pode atingir a prevalência de 9% entre os pacientes com queixas dispépticas e, portanto, pode ser a causa de cólicas, flatulência e distensão abdominal nesses pacientes. Medicamentos - Outro aspecto de grande importância são as queixas dispépticas provocadas por medicamentos, como AINES, ácido acetilsalicílico, corticosteroides, antibióticos (principalmente macrolídios e metronidazol), entre outros. - AINEs e inibidores seletivos da COX-2 podem causar dispepsia mesmo na ausência de úlcera péptica. Outras drogas que foram implicadas na dispepsia induzida por drogas incluem bloqueadores dos canais de cálcio, metilxantinas, alendronato , orlistat , suplementos de potássio, acarbose , dabigatrana , ferro, vitamina D, inibidores seletivos da recaptação da serotonina, sildenafil , sulfonilureias e certos antibióticos, incluindo eritromicina. - O uso crônico de ácido acetilsalicílico e outros AINES pode ocasionar sintomas dispépticos em até 20% dos pacientes. - Portanto, deve-se sempre dar importância ao uso de medicamentos na história clínica de todo paciente com dispepsia. DISPEPSIA FUNCIONAL - A dispepsia funcional (DF) é uma condição médica que afeta significativamente as atividades habituais de um paciente e é caracterizada por um ou mais dos seguintes sintomas: plenitude pós-prandial, saciedade precoce, dor epigástrica e azia; que são inexplicáveis após uma avaliação clínica de rotina. Tendo os critérios preenchidos nos últimos 3 meses, além de início dos sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico. - A fisiopatologia ainda não está bem definida, mas sabe-se que é uma doença mais comum em mulheres, tabagistas, usuários de ácido acetilsalicílico e naqueles com história prévia de gastroenterite aguda. - O termo amplo dispepsia funcional compreende pacientes das seguintes categorias diagnósticas: a síndrome do desconforto pós- prandial (PDS), que é caracterizada por sintomas dispépticos induzidos por refeição; síndrome da dor epigástrica (EPS), que se refere dor epigástrica ou pirose que não ocorre exclusivamente pós-prandial, pode ocorrer durante o jejum e pode apresentar melhora com a ingestão de refeições. - Dispepsia é um termo comumente usado para caracterizar dor epigástrica, que pode ou não estar acompanhada de outros sintomas gastrointestinais. Dispepsia funcional, de acordo com os critérios de Roma IV, é definida como presença de um ou mais dos seguintes sintomas: saciedade precoce, plenitude pós-prandial, dor ou queimação epigástrica na ausência de doenças orgânicas sistêmicas ou metabólicas que possam explicar a sintomatologia. https://www.uptodate.com/contents/alendronate-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/orlistat-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/acarbose-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/dabigatran-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/sildenafil-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/erythromycin-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link 3 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 - Os sintomas devem ter início há pelo menos seis meses, com no mínimo três meses de duração. Conforme os critérios de Roma III, a dispepsia funcional é dividida em dois subgrupos: SÍNDROME DO DESCONFORTO PÓS-PRANDIAL - Caracterizada por saciedade precoce e plenitude pós-prandial; - Indigestão pós-prandial e saciedade precoce são as queixas. Indigestão náuseas, mal-estar e sensação de peso pós-prandial. Nessa síndrome, os sintomas devem ocorrer 3x na semana, nos últimos 3 meses e ter iniciado nos 6 meses anteriores. - OBS: Dor epigástrica pós-prandial ou queimação, empachamento, eructação excessiva e náuseas também podem estar presentes. - Dor ou queimação epigástrica pós-prandial, inchaço epigástrico, arrotos excessivos e náusea também podem estar presentes. SÍNDROME DA DOR EPIGÁSTRICA - Caracterizada por dor e queimação epigástrica. - Dor ou pirose epigástrica estão presentes. A epigastralgia ocorre em períodos interprandiais, com influência variável da alimentação (sem alteração, aumento ou redução da intensidade da dor). - OBS: A dor pode ser induzida pela ingestão de uma refeição, aliviada pela infestação ou pode ocorrer durante o jejum. A dor não cumpre os critérios de dor biliar. - A dor pode ser induzida pela ingestão de uma refeição, aliviada pela ingestão de uma refeição ou pode ocorrer em jejum. - Inchaço epigástrico pós-prandial, arrotos e náuseas também podem estar presentes. - Do ponto de vista etiológico, pacientes com sintomas dispépticos podem ser subdivididos em 2 categorias principais: Aqueles com uma causa orgânica, sistêmica ou metabólica para os sintomas, que podem ser identificados por procedimentos diagnósticos. Em que, se a causa de base melhora ou é resolvida, os sintomas também melhoram ou se resolvem - por exemplo, úlcera péptica, doença pancreática, distúrbios endócrinos ou uso de medicamentos - e é descrito pelo termo dispepsia secundária. Aqueles em quem nenhuma explicação identificável para os sintomas pode ser identificada pelos procedimentos diagnósticos tradicionais, podem ser classificados como dispepsia funcional. FISIOPATOLOGIA - A fisiopatologia da dispepsia funcional é complexa, multifatorial e não completamente elucidada. No entanto, pode ser observado que alguns fatores estão relacionados, são eles: a disfunção gastroduodenal motora e sensitiva, bem como uma integridade da mucosa prejudicada, imunodepressão e a desregulação do eixo intestino-cérebro. - Dismotilidade: É o fator mais estudado. Estudos apontam que pacientes com dispepsia funcional podem apresentar alterações da atividade mioelétrica gástrica, redução da contratilidade do antro, incoordenação antro-piloro-duodeno e anormalidades da atividade motora duodenojejunal. Essas alterações em conjunto, resultam 4 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 em retardo do esvaziamento gástrico, presente em 30% dos casos de dispepsia funcional. - Alterações psicológicas: Há indicativos de maior prevalência de antecedentes de problemas emocionais na infância, e quadros clínicos compatíveis com ansiedade, depressão, hipocondria e neuroses. Provavelmente existe uma relação bidirecional entre o intestino e a psique porque os pacientes com distúrbios gastrointestinais são mais propensos a desenvolver problemas psicológicos e vice-versa. Estudos de neuroimagem sugerem que a percepção dos sintomas pode ser influenciada pela cognição e emoção. - Hipersecreção gástrica: A presença de sintomas, muitas vezes similares aos da doença ulcerosa péptica levanta a possibilidade do papel da hipersecreção de ácido e da maior ativação da pepsina. - Helicobacter pylori: Essa bactéria Gram negativa está diretamente relacionada com o aparecimento de sintomas dispépticos. Recentemente a dispepsia associada a essa infecção tem sido considerada uma afecção orgânica. Desde o Consenso de Quioto, recomenda-se que o H. pylori seja pesquisado em todos os pacientes dispépticos, seja por métodos não invasivos (teste respiratório, pesquisa de antígeno fecal e sorologia) ou invasivos (urease e histologia). Uma vez presente, tal bactéria deve ser erradicada. Confirmada a erradicação e havendo melhora dos sintomas por período superior a 6-12 meses se observação, o paciente deve ser diagnosticado com dispepsia associada ao H. pylori. Caso o paciente não melhore ou haja recidiva dos sintomas nesses 6-12 meses e os métodos de investigação não apontem doença orgânicas, o paciente pode ser diagnosticado com dispepsia funcional. - Eixo cérebro-intestino e disbiose: As doenças funcionais por Roma IV são afecções do eixo cérebro-intestino. Essa comunicação é realizada basicamente por via vagal, modificada pela presença de células inflamatórias da parede intestinal como mastócitos e eosinófilos, cuja degranulação leva a liberação de várias citocinas pró-inflamatórias. - Inflamação duodenal de baixo grau, permeabilidade mucosa e antígenos alimentares: A barreira mucosa serve como a primeira linha de defesa contra patógenos e substâncias nocivas no lúmen. Infecções, estresse, exposição ao ácido duodenal, tabagismo e alergia alimentar, estão todos implicados na patogênese da inflamação da mucosa duodenal e mudanças na sua permeabilidade. DIAGNÓSTICO - O diagnóstico de dispepsia funcional depende de dados obtidos na história clínica do paciente. - Deve ser pesquisado se o paciente utiliza medicamentos que possam causar sintomas dispépticos, caso encontrados, devem ser suspensos sempre que se puder. Nos casos em que isso não for possível, deve ser instituída uma terapia antissecretora. - Na história clínica, é de fundamental importância avaliar a presença ou não de sinais de alarme. A presença de tais sinais indica necessidade de investigação adicional. - A dispepsia funcional é mais comum em pacientes com depressão e ansiedade e naqueles com história de abuso, portanto indícios destes distúrbios também devem ser pesquisados na anamnese. - Na dispepsia funcional deve-se afastar todos esses diagnósticos diferenciais e tratar a parasitose. - Começar investigando se há pirose (queimação em região retroesternal) e/ou regurgitação. Pois esses dois sintomas são muito característicos de Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e como o diagnóstico dessa condição é clínico, quando percebermos esses sintomas, nosso pensamento será direcionado para sustentar ou afastar essa doença. - Por outro lado, se o paciente não apresentar esses sintomas, vamos investigar todos aqueles outros que podem aparecer em um quadro de dispepsia como, por exemplo: azia (dor em queimação na região epigástrica), náuseas e vômitos, disfagia, odinofagia, entre outros. Sendo importante avaliar também os antecedentes pessoais e familiares. - O exame físico, de maneira geral, está normal no quadro de dispepsia, então ele acaba não ajudando tanto no raciocínio diagnóstico. - O exame físico nos pacientes com dispepsia é, geralmente, normal. Algumas alterações encontradas, como mucosas hipocoradas e massa abdominal, podem sugerir causas orgânicas para a dispepsia. O exame clínico pode ser terapêutico para pacientes com alterações funcionais, proporcionando a tranquilidade de que os sintomas estão sendo tratados seriamente. - Exames laboratoriais deverão ser solicitados para pacientes com alterações no exame físico sugestivas de causas orgânicas e aqueles com sinais de alarme. Os exames a serem solicitados variam de acordo com o quadro clínico. - Hemograma completo, eletrólitos, avaliação hepática e estudos de função tireoidiana devem ser considerados. Nível de amilase, exame de fezes para ovos e parasitas e teste de gravidez são solicitados quando necessário. - Podem ser solicitados exames laboratoriais com o objetivo de investigar a presença de sinais de alarme como ferropenia, distúrbios metabólicos, diabetes, hipercalcemia. Além de possibilitar pesquisar doença celíaca associada. Entre os exames laboratoriais que podem ser solicitados, temos: 5 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 • Hemograma • Bioquímica • Função Renal • Perfil Hepático • Amilase e Lipase. - A ultrassonografia (USG) de abdome pode ser solicitada para investigação em pacientes que apresentem icterícia – possibilita investigação de possíveis acometimentos em vias biliares – ou em quadros com dor abdominal atípica. Endoscopia digestiva alta - Endoscopia digestiva alta (EDA) deve ser solicitada nos casos de suspeita de doenças orgânicas, pois algumas delas possuem gravidade e complicações significativas. - A EDA permite visualização direta de úlceras pépticas, esofagite e neoplasias com alta acurácia diagnóstica, sendo o exame mais comumente indicado. - A EDA está indicada para pacientes com qualquer idade para os que apresentam sinais de alarme e aqueles com sintomas refratários à terapia empírica inicial. - Para pacientes jovens, teste não invasivo para H. pylori ou tratamento empírico com antissecretores pode ser tentado. - O Colégio Americano e a Associação Americana de Gastroenterologia (AGA) recomendam que a investigação seja feita, na ausência de sinais de alarme, a partir dos 55 anos. - O exame ajuda na diferenciação de pacientes com causas orgânicas e necessidade de seguimento mais rigoroso de pacientes com provável distúrbio funcional. Biópsias do estômago devem ser feitas para pesquisar H. pylori e, em caso de teste positivo, os pacientes devem receber tratamento para erradicação, além de terapia para outras patologias detectadas na EDA. - Pacientes com EDA normal podem ter dispepsia funcional ou doença do refluxo gastrintestinal não erosiva. Apesar de benefício terapêutico limitado, a maioria desses pacientes é submetida à terapêutica antissecretora. - Para decidir entre o tratamento empírico e a endoscopia precoce, o médico deve avaliar vários fatores, incluindo nível de ansiedade, idade, presença de sinais de alarme ou sinais que aumentem a probabilidade de doença orgânica séria, presença de sintomas de refluxo e infecção pelo H. pylori. - Endoscopia Digestiva Alta Paciente com idade > 40 anos: De acordo com o IV consenso brasileiro, todo paciente acima de 40 anos já tem indicação para realizar o exame de endoscopia digestiva alta (EDA). Com esse exame, o objetivo é definir se o paciente tem ou não alguma doença orgânica. Se tiver, tratá-la. Se não tiver, realizar testes para avaliar se ele tem H. pylori. Em sendo identificada a presença da bactéria, tratá-la. Caso contrário, começa a sustentar melhor a suspeita de dispepsia funcional e a conduta deverá ser: • Prescrever medicamentos que atuem reduzindo a acidez do estômago, como os inibidores de bomba de prótons (IBPs). - Paciente com idade < 40 anos: Caso o nosso paciente tenha menos de 40 anos de idade, começar a investigação procurando por sinais de alarme: - A presença de algum desses sinais indica que o quadro do paciente é um pouco mais complicado e por isso ele também deve seguir direto para a realização de uma EDA. Caso contrário, por não ser um quadro complicado, pode-se enquadrar como dispepsia não investigada. Iniciar o tratamento e as opções serão duas: • Tratamento empírico com IBPs por 4 a 6 semanas; • Testar e tratar H. pylori. - Em caso de impossibilidade de realização do teste para a presença de H. pylori, pode-se também optar por tratá-la empiricamente. Se dentro de 1 ano o paciente voltar com queixa de que os sintomas não melhoraram ou que retornaram, tentaremos aplicar a outra opção de tratamento (IBPs) e vice-versa. Contudo, se ele, mais uma vez, voltar ainda dentro desse intervalo de 1 ano, dizendo que não melhorou ou que os sintomas voltaram, indicar a realização de uma EDA. Pesquisa de H. pylori - O H. pylori cria uma cascata de eventos levando a inflamação gástrica e ativação imune. Portanto, parece plausível que ele possa levar a sintomas dispépticos e que sua erradicação possa melhorar esses sintomas. - O terceiro consenso brasileiro sobre H. pylori indica pesquisa e tratamento da bactéria em todos os indivíduos com dispepsia funcional. - Pela AGA, a estratégia de pesquisar e tratar o paciente com menos de 55 anos e sem sinais de alarme, pode basear-se na prevalência da bactéria na população. Em populações com alta prevalência (> 10%), como no Brasil, a pesquisa seria a conduta preferível. - Em populações de baixa prevalência (< 5%), uma estratégia alternativa é prescrever primeiramente um curso de terapia antissecretora empiricamente por quatro a oito semanas. Se o paciente não responder ou apresentar recorrência do quadro em terapia antissecretora, a pesquisa deve ser realizada. - O teste respiratório com ureia marcada é universalmente considerado padrão-ouro para diagnóstico e controle de tratamento de H. pylori, com sensibilidade e especificidade maiores que 95%. Caso o teste respiratório não esteja disponível, o teste de antígeno fecal é o método não invasivo de escolha para diagnóstico e controle de tratamento. 6 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 - Investigação para H. pylori: Podem ser escolhidos métodos não invasivos ou invasivos. Os métodos não invasivos devem ser solicitados em pacientes que não tem indicação para EDA. São alguns deles: - Teste Respiratório da Ureia (TRU): o paciente ingere uma solução de ureia marcada com isótopos de carbono (C13 e C14). Sob ação da urease do H. pylori, a ureia é convertida em amônia e bicarbonato, o qual é convertido em CO2 (com o C marcado), sendo este último prontamente absorvido para a circulação e eliminado na exalação. O paciente então expira em um recipiente onde a presença de carbono marcado pode ser detectada por cintilação ou espectrografia. Não invasivo. Detecta a infecção ativa, útil no acompanhamento pós tratamento. - Sorologia: o ELISA para detectar a presença de IgG anti-H. pylori tem baixa sensibilidade e especificidade comparado aos demais métodos não invasivos, não sendo mais indicado de rotina para o diagnóstico de infecção ativa. Não invasivo. Confirmar com outros métodos pois pode ficar positivo por meses a anos. - Pesquisa do antígeno fecal: antígenos do Helicobacter pylori podem ser detectados nas fezes e, quando presentes, indicam doença ativa. Não invasivo. Boa sensibilidade e especificidade, fácil e simples de ser feito, bom ao controle da erradicação, somente 4 semanas após o tratamento pois IBP, ATB e bismuto alteram a sensibilidade. - Teste rápido da uréase do fragmento da biopsia: é o método de escolha na avaliação inicial dos pacientes que foram submetidos à endoscopia digestiva alta. Amostras de biópsia da mucosa são colocadas em um meio contendo ureia e um marcador de pH; - Histopatologia: geralmente duas a três biópsias da região antral coradas pela prata (Warthin-Starry), método de Gimenez, carbolfucsina ou imuno-histoquímica são suficientes para o diagnóstico de infecção por H. pylori. Padrão ouro entre os testes invasivos. Ideal biopsiar antro e corpo. - Cultura: a cultura é menos utilizada para o diagnóstico, pois o isolamento da bactéria é difícil e custoso. A principal vantagem deste método consiste na determinação da sensibilidade do H. pylori aos antibióticos empregados, principalmente nos casos de falha terapêutica. Outros exames complementares - Outros exames podem ser solicitados para pacientes com sintomas progressivos ou refratários e na suspeita de causas orgânicas. - Cintilografia gástrica e manometria gastroduodenal devem ser reservadas para uma minoria de pacientes com vômitos frequentes sugerindo alteração na motilidade gástrica. - A pHmetria esofágica ambulatorial é útil no diagnóstico de refluxo gastroesofágico em pacientes com sintomas atípicos. Entretanto, é mais custo--efetivo tratar tais pacientes com IBP empiricamente, porque a melhora dos sintomas é altamente preditiva de doença do refluxo. - Eletrogastrografia e estudos baritados são realizados em grandes centros e em centros de pesquisa. - Ultrassonografia abdominal e tomografia computadorizada não devem ser realizadas rotineiramente, mas são indicadas quando sintomas ou exames laboratoriais sugerem doença biliopancreática. TRATAMENTO - O tratamento da dispepsia permanece um desafio, com baixas taxas de remissão completa persistente dos sintomas. A estratégia integrada é provavelmente a terapia mais eficaz, incluindo dieta, mudanças comportamentais, intervenções psicológicas e drogas. - O tratamento medicamentoso permanece como a principal abordagem da maioria dos gastroenterologistas. No entanto, os benefícios dos medicamentos permanecem modestos. COMPORTAMENTAIS/DIETA - Pacientes com dispepsia modificam seus hábitos alimentares para evitar os sintomas. Os tratamentos atuais para dispepsia funcional têm geralmente ignorado o papel potencial da dieta. - Refeições gordurosas devem ser evitadas. O fracionamento da dieta com refeições mais frequentes e menores parece útil. Alimentos específicos que desencadeiem os sintomas devem ser evitados. - Deve-se estar atentos também a possíveis intolerância a leite e seus derivados em pacientes portadores de deficiência de lactase ou mesmo a outros elementos da dieta, como frutose e xilose, que podem ser facilmente diagnosticados pela utilização de testes respiratórios específicos para cada um desses elementos, desde que se esteja atento à possibilidade de ocorrência dessas síndromes. - A dieta tem sido implicada na patogênese de desordens gastrintestinais funcionais. Modificações dietéticas, tais como mastigar bem os alimentos, comer devagar, realizar refeições fracionadas e com menor teor de gordura, são frequentemente utilizadas no manejo da dispepsia funcional, porém com eficácia incerta. - Evitar o uso de ácido acetilsalicílico e outros AINE, e buscar a cessação do tabagismo e do uso abusivo de bebidas alcóolicas são outras medidas comportamentais que ajudam a reduzir os sintomas, embora não haja evidência de sua eficácia. - Investigação e tratamento psicossocial em pacientes com dispepsia funcional, particularmente aqueles com sintomas intensos ou refratários, parecem ser sensatos. Entretanto, mais estudos clínicos controlados devem ser realizados para definição do papel de intervenções psicológicas na dispepsia funcional. ERRADICAÇÃO DO H. PYLORI - Os benefícios da erradicação do H. pylori no tratamento da dispepsia funcional são significativamente mais limitados do que na doença ulcerosa péptica, com 60 a 80% dos pacientes permanecendo sintomáticos depois do tratamento. 7 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 - Apesar da baixa taxa de melhora dos sintomas com a erradicação do H. pylori e alguns efeitos adversos associados aos medicamentos da terapia de erradicação (náuseas, sensação de plenitude, perda de apetite, constipação intestinal e diarreia), no longo prazo, os benefícios de aliviar os sintomas parecem ser custo-efetivos. Essa abordagem é defendida em quase todos os consensos atualmente. - O tratamento empírico não é recomendado por causa da baixa probabilidade de alcançar melhora sintomática, preocupação com aumento da resistência aos antibióticos. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO - O tratamento farmacológico pode ser realizado basicamente por meio de duas grandes classes de medicamentos: antissecretores e antibióticos. - Na ausência de sinais de alarme, pacientes jovens com queixas sugestivas de DRGE ou de dispepsia relacionada ao uso de AINE podem ser tratados empiricamente com inibidores de bomba de prótons por 8 semanas, além da suspensão de AINE implicado. - Não havendo uso recente de AINE, se o paciente não apresentar sinais de alarme e tiver menos de 55 anos de idade, duas abordagens podem ser utilizadas: Áreas que a prevalência de H.pylori <5%: pode-se optar pela terapia antissecretora empírica ou pela estratégia “testar- tratar” para H.pylori. Áreas que a prevalência H.pylori >10% (como é o caso do Brasil): todos os pacientes devem ser testados para o patógeno (e tratados, se positivo), antes de iniciar a terapia antissecretora empírica. - Em pacientes com idade superior a 55 anos ou com sinais de alarme, está indicada a realização de EDA para descartar outras causas de dispepsia. - Segundo Roma IV, o tratamento inicial deve ser direcionado para o tipo de sintomas predominantes, - No caso de SDP, opta-se pelo uso inicial de procinéticos, destacando-se no Brasil, a domperidona (10 a 30mg/dia) e a metoclopramida (10 a 30mg/dia), antagonistas dopaminérgicos. Outro derivado desse grupo, a bromoprida, apresenta poucas evidências que possa ser utilizada, embora no dia-a-dia, seja muito prescrita. - Entre os antissecretores, destacam-se os bloqueadores H2 de histamina – cimetidina (800mg/dia), ranitidina (300mg/dia) – que apresentam bons resultados no controle da síndrome da dor epigástrica. Tem seu efeito dependente da inibição ácida e também de seu efeito parcial anti-histaminico (H1), especialmente em pacientes com síndrome dispéptica pós-infecciosa e com infiltrado eosinofílico duodenal. - Os IBPs como omeprazol (10 a 20mg/dia), pantoprazol (20 a 40mg/dia), esomeprazol (20 a 40mg/dia) também podem atuar nessa síndrome, levando a resultados benéficos pela inibição ácida e tambem por sua ação imunomoduladora. Não há necessidade de serem utilizados em doses elevadas; dose plena ou mesmo metade dela tem se provado eficaz na melhoria dos sintomas. - Não se obtendo sucesso com essas medicações, pode-se partir para uso de antidepressivos. Esses medicamentos apresentam ação complexa que envolve ação analgésica central e periférica, ação motora pela interferência na liberação de serotonina e outros neurotransmissores, ação sedativa e ansiolítica, e até, especialmente nos tricíclicos, imunomodularora e antialérgica. As evidências favorecem o uso de tricíclicos como amitriptilina e nortriptilina. - Uma vez tentado o tratamento com esses medicamentos e não havendo resposta adequada, Roma IV recomenda, quando possível, estudos mais detalhados de motilidade gastroduodenal, incluindo esvaziamento e acomodação gástricos, sensibilidade visceral e pesquisa de eosinófilos duodenais. ANTISSECRETORES - A grande função dos fármacos desse grupo é reduzir a acidez gástrica. - Os inibidores de bomba de prótons (IBPs) são as principais medicações antissecretoras, pois são mais efetivos em aliviar os sintomas dispépticos quando comparados aos bloqueadores dos receptores H2 de histamina (BH2). Inibidores de Bomba de Prótons (IBPs) - Os IBPs, representados pelas drogas terminadas em -prazol (Omeprazol, Pantoprazol, Lansoprazol, entre outros), são os medicamentos de primeira escolha quando se deseja reduzir a acidez estomacal. Isso acontece porque eles atuam se ligando à bomba H+/K+ ATPase (bomba de prótons) da célula parietal e, daí, impedem o seu funcionamento. Os IBPs vão interromper a última etapa para produção de HCl, que é a liberação de íons H+ no lúmen da glândula. São efeitos adversos do uso de IBPs: • Demência: Por conta do efeito inibitório que esse fármaco exerce sobre as células parietais, a secreção de fator intrínseco também pode ficar prejudicada e aí isso reduz a absorção de vitamina B12. Se a terapia for mantida por um tempo maior ou igual a 2 anos. • Absorção incompleta do carbonato de cálcio: a absorção fica prejudicada pelo pH elevado e aí pode ser necessário repor cálcio. • Redução da eficácia do Clopidogrel: Isso acontece pois os IBPs inibem uma proteína chamada CIP2C19, que está associada ao mecanismo de ação do clopidogrel. Bloqueadores de H2 - Representados pelos fármacos terminados em -tidina (Cimetidina, Nizatidina, Ranitidina, Famotidina), essa classe se caracteriza por bloquear competitivamente e seletivamenteos receptores H2, de modo que eles não recebem o estímulo da histamina, que atua na promoção da secreção de ácido clorídrico. - Na prática não são utilizados. Uso de IBP’s é priorizado, geram maior pH intragástrico e tem atividade antimicrobiana adicional. 8 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 São efeitos adversos do uso de Bloqueadores de H2: • Cefaleia e Tonturas; • Diarreia; • Dores musculares; • Confusão e Alucinação Antiácidos - Os antiácidos são bases fracas que reagem com o ácido clorídrico do estômago e o neutralizam, de modo a promover um alívio rápido dos sintomas, mas que também se mantém por pouco tempo: se ele for administrado em jejum, seu efeito dura entre 10 - 20 minutos, agora se for utilizado mais ou menos 1 hora após a refeição, pode se manter atuante por 2 a 3 horas. - Os principais exemplos de antiácidos são: Hidróxido de Alumínio, Hidróxido de Magnésio e Bicarbonato de Sódio. Os principais efeitos adversos do seu uso são: • Constipação, causada principalmente quando a droga de escolha é o Hidróxido de Alumínio. • Diarreia, causada principalmente quando a droga de escolha é o Hidróxido de Magnésio; • Comprometimento renal; Procinéticos - No Brasil, os agentes procinéticos, incluindo meto-clopramina, domperidona e bromoprida, são usados comumente na dispepsia funcional. Em tese, o uso estaria indicado principalmente para os pacientes com dispepsia tipo desconforto pós-prandial. - Além disso, vários procinéticos estão também associados a efeitos colaterais graves com uso de longo prazo e têm disponibilidade limitada. - Embora os agentes procinéticos sejam amplamente utilizados e conceitualmente atraentes, dado o seu potencial para melhorar o esvaziamento gástrico, os resultados em dispepsia estão abaixo do esperado. Antidepressivos - Tem sido muito pesquisado o efeito dos antidepressivos nos sintomas de dispepsia funcional. Alguns estudos mostraram benefício de doses baixas de antidepressivos tricíclicos (amitriptilina e imipramina) e inibidores de recaptação da serotonina (fluoxetina). - Se os sintomas não melhoram depois de oito sema nas de IBP, pode ser iniciado teste terapêutico com antidepressivos tricíclicos. Parte dos pacientes continuará a ter sintomas apesar dessa abordagem e outras terapias devem ser consideradas. - Não há consenso sobre a duração do tratamento e estratégias de retirada, sendo indicado por alguns autores, em caso de melhora dos sintomas, manter a droga por cerca de seis meses e, em seguida, tentar a interrupção. ANTIBIÓTICOS Amoxicilina - A amoxicilina é uma penicilina e, portanto, ela age sobre bactérias, interferindo na última etapa do processo de síntese da sua parede. Assim, com sua membrana mais instável, esses microrganismos acabam ficando mais vulneráveis e acabam morrendo. Associado a isso, é importante a gente ter em mente que, apesar de ser mais eficaz sobre bacilos gram-negativos, a amoxicilina age também sobre os gram-positivos e por isso é referida como sendo uma droga de espectro estendido. Os principais efeitos ad- versos do seu uso são: • Hipersensibilidade • Diarreia • Nefrite • Toxicidade neurológica e hematológica Claritromicina - A claritromicina é um antibiótico macrolídeo que atua se ligando ao ribossomo bacteriano e, com isso, inibindo algumas etapas da síntese proteica. De maneira geral, ele é considerado uma droga bacteriostática, mas que em doses elevadas tem efeito bactericida. Os principais efeitos adversos do seu uso são: • Desconforto epigástrico • Icterícia colestática • Ototoxicidade Metronidazol e Tinidazol - Esses dois medicamentos são muito utilizados em infecções por amebas, mas também exercem um certo efeito em bactérias. Seu mecanismo de ação envolve o armazenamento de elétrons, de modo a formar compostos citotóxicos que se ligam às proteínas e ao DNA, levando à morte celular. Os principais efeitos adversos do seu uso são: • Náusea • Desconforto epigástrico • Cólica abdominal • Propensão a infecção fúngica na boca Tetraciclina - As tetraciclinas não medicamentos que penetram no citoplasma bacteriano e inibem a síntese proteica por impedir a conexão entre o RNAt e o RNAm, o que acaba levando à morte. E elas também agem sobre microrganismos tanto gram-positivos quanto gram- negativos. Os principais efeitos adversos do seu uso são: • Desconforto gastrointestinal • Deposição de cálcio • Hepatotoxicidade • Fototoxicidade • Problemas vestibulares Levofloxacino - O levofloxacino é uma fluoroquinolona que atua entrando no citoplasma bacteriano e inibindo a replicação do DNA ao interferir na ação de duas enzimas: topoisomerase II e IV. Os principais efeitos adversos do seu uso são: • Náusea e diarreia • Cefaleia • Vertigem e Tontura • Fototoxicidade • 9 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 Tratamento de primeira linha - Tempo total de tratamento que antes era de 7 dias, agora é de 14 dias. - Dos antidepressivos tricíclicos o mais utilizado na prática é a amitriptilina. ESQUEMA DE TRATAMENTO DA H. PYLORI - Nesse grupo de pacientes, é necessário entrar com antibiótico para matar os microrganismos, mas também algum fármaco para reduzir a secreção gástrica, aliviando os sintomas. Diante disso, o IV Consenso Brasileiro com relação à infecção por H. pylori determina que o tratamento de primeira linha para esses pacientes deve ser composto por 3 fármacos: - Caso o paciente seja alérgico à Amoxicilina, podemos substituí-la por Levofloxacina. Mas além disso, algumas alternativas para esse esquema terapêutico são as seguintes: Metronidazol, Tetraciclina, Subcitrato de Bismuto e IBP – 10 a 14 dias. Metronidazol/Tinidazol, Claritromicina, Amoxicilina e IBP – 14 dias - Uma vez tendo administrado essa terapia inicial e o paciente volte, segue-se para o retratamento e a decisão terapêutica vai ser diferente. Podendo-se optar por 2 esquemas: Amoxicilina, Levofloxacina e IBP – 10 a 14 dias. Metronidazol, Tetraciclina, Subcitrato de Bismuto e IBP – 10 a 14 dias. OBJETIVO 2: ENTENDER AS DIFERENÇAS ENTRE DOR NO PEITO DE CAUSA GÁSTRICA E DE CAUSA CARDÍACA. - Os cinco principais grupos de etiologias de dor torácica, por ordem decrescente de prevalência, são as causas: musculoesqueléticas; gastrointestinais; cardíacas; psiquiátricas; e pulmonares. - Dor torácica não-cardiogênica (DTNC), também denominada dor torácica não-cardíaca, é a dor retroesternal do tipo anginoso cuja origem não é cardiogênica. - É importante destacar que a avaliação do esôfago de pacientes com DTNC está indicada somente após a investigação cardiológica ter efetivamente excluído a possibilidade de doença cardíaca como causa do sintoma. Esta se impõe porque a análise isolada da apresentação clínica frequentemente não possibilita perfeita distinção entre dor torácica de origem esofágica e a de origem cardíaca, e a morbidade e mortalidade das duas entidades são totalmente diferentes. CAUSAS GASTROESOFÁGICAS - A dor de origem esofágica pode resultar de alterações associadas com a percepção anormal imposta pela diminuição do limiar da dor, ou de transmissão anormal do estímulo no sistema nervoso. - Suas causas mais comuns são: refluxo gastroesofágico (RGE), espasmo esofágico, esofagite e outras desordens motoras. A principal é o RGE, que representa a segunda causa mais prevalente de dor torácica não cardíaca. - A dor no tórax também pode estar relacionada com um problema do sistema digestivo, principalmente espasmos do esôfago, refluxo gastroesofágico, hérnia de hiato, úlcera ou pancreatite. - Nestes casos, a dor geralmente se encontra mais localizada na parte inferior do tórax, especialmente na região da boca do estômago, mas também pode irradiar para as costas e abdômen. - Além da dor, outros sintomas de problemas gástricos incluem a sensação de queimação no centro do tórax e subindo para a garganta, dor no estômago, má digestão, enjoos e vômito. - A apresentação clínica do paciente frequentemente não oferece substrato adequado para se distinguir a dor cardíaca da esofágica. - Existem, entretanto, alguns sintomas que sugerem etiologia esofágica: presença de pirose, regurgitação, disfagia; dor tipicamente pós-prandial persistente por mais de uma hora e aliviada pela ingestão de antiácidos. - Os problemas intestinais são das principais causas de dor torácica, especialmente o excesso de gases intestinais. Isso acontece porque o aumento de volume no intestino faz com que aconteça um aumento da pressão sobre os órgãos da região do tórax, que acaba se traduzindo em dor. Essa dor normalmente é do tipo fisgada e surge em qualquer lado do tórax, sendo intensa durante alguns minutos, mas melhorando com o tempo. 10 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 - Além do excesso de gases, a prisão de ventre também pode ter sintomas semelhantes, incluindo, além da dor ou desconforto no tórax, a sensação de barriga inchada, alterações no padrão intestinal e dor abdominal. - O alívio da dor com o uso de nitroglicerina não indica necessariamente a origem cardíaca. Em alguns casos de espasmo esofágico, a dor pode ser aliviada por nitroglicerina, o que dificulta o diagnóstico. - A abordagem inicial ao paciente deve incluir a exclusão da SCA usando a triagem apropriada em todos os pacientes com dor torácica aguda. A dor precordial atípica deve ser avaliada com eletrocardiograma e teste de esforço, antes da realização de propedêutica gastrointestinal. - Como os sintomas entre esses distúrbios e a doença cardíaca são similares, normalmente é feito uma radiografia torácica, um eletrocardiograma (ECG) e, às vezes, um teste de esforço cardíaco, antes de exames para identificar doenças esofágicas. CAUSAS CARDÍACAS - Podem estar relacionadas com isquemia miocárdica devido a DAC, dissecção aguda de aorta, doença valvular, inflamação do miocárdio ou pericárdio, ou atividade adrenérgica exacerbada. - Geralmente, a dor causada pelos problemas cardíacos surge do lado esquerdo ou na parte central do tórax e é semelhante a um aperto no peito, podendo também ser do tipo queimação. - Além da dor, outros sintomas que podem surgir no caso de doenças cardíacas incluem palidez, suor, náuseas, vômitos, sensação de falta de ar e cansaço fácil. - Nos casos mais graves, a dor torácica também pode ser um sinal de infarto, que é uma situação de emergência, que causa uma dor muito intensa no tórax que não melhora e que irradia para o braço esquerdo ou pescoço e queixo, podendo evoluir para desmaio e, até, parada cardíaca. - A dor torácica localizada na região central do tórax (retroesternal) ou difusa, normalmente é de origem cardíaca causada pela doença arterial coronariana (angina do peito ou infarto do miocárdio), e pode irradiar-se para outras áreas. A dor de origem cardíaca se manifesta apenas em seus possíveis locais de irradiação, que vai desde a mandíbula até o umbigo, incluindo ambos os braços, a região posterior do tórax, o pescoço, a mandíbula e a boca do estômago. Sendo que uma dor torácica anterior, irradiada para ambos os braços, pode sugerir uma origem coronariana. - Dissecção aguda de aorta: Sua apresentação clínica é caracterizada por dor intensa, terebrante, aguda, de pico máximo no início. Acomete a região do tórax anterior e posterior, podendo irradiar-se para o pescoço, mandíbula e garganta tendo, na maioria das vezes, caráter migratório. Apesar do quadro agudo e intenso, seu diagnóstico requer alto índice de suspeição, pois alguns pacientes não apresentam sintomatologia característica. O exame físico revela: assimetria de pulso e de pressão arterial sistêmica, sopro de regurgitação aórtico, sinais de insuficiência cardíaca e de má perfusão tecidual. O diagnóstico pode ser feito pela arteriografia ou ecocardiograma. - Valvulopatias: as lesões da valva aórtica e da mitral podem cursar, raramente, com dor torácica. A estenose aórtica deve ser considerada diante de angina progressiva, dispneia ou sincope. O ecocardiograma permanece como método de escolha para seu diagnóstico. - Pericardite: a pericardite aguda evolui com dor torácica, usualmente pleurítica, presença de atrito pericárdico à ausculta e supra-desnivelamento de ST difuso ao eletrocardiograma. A dor típica é súbita, em fincada ou opressiva, em tórax anterior, ventilatório-dependente, que piora com a posição assentada. Pode irradiar, principalmente, para a região do trapézio. - Miocardite: pode associar-se com sintomatologia cardíaca e sistêmica, como febre e mialgia. A dor torácica, quando presente, decorre de pericardite com suas características clínicas. 11 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1
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