Buscar

Síndromes dispépticas, dispepsia

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

1 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
marc 12 – síndromes dispépticas 
OBJETIVO 1: COMPREENDER OS FATORES DE RISCO, 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E 
TRATAMENTO DA SÍNDROME DISPÉPTICA. 
DEFINIÇÃO E FATORES DE RISCO 
- A dispepsia foi originalmente definida como qualquer sintoma 
referente ao trato gastrointestinal superior. 
- Dispepsia pode ser definida como um conjunto de sintomas 
localizados na porção superior do abdome secundários a diversas 
causas. Pode manifestar-se como sensação de distensão 
abdominal, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, 
epigastralgia em queimação, desconforto abdominal, eructação, 
náuseas e vômitos. Essas manifestações clínicas muitas vezes são 
referidas pelo paciente como má digestão. 
- A dispepsia é definida atualmente como uma dor epigástrica 
predominante com duração de pelo menos 1 mês. Isso pode ser 
associado a qualquer outro sintoma do trato gastrointestinal 
superior – como plenitude pós-prandial, náuseas, vômitos ou azia - 
desde que a dor epigástrica seja a queixa principal do paciente. 
- A dispepsia é definida com uma sensação de dor ou desconforto 
esporádico ou persistente na região superior do abdome. É uma 
síndrome clínica extremamente comum, com etiologias e 
manifestações diversas. 
- Conjunto de sintomas localizados no abdome superior, 
relacionados com a ingestão alimentar, podendo ser orgânica 
(demonstrável à endoscopia digestiva alta-EDA, como úlcera, 
esofagite) ou funcional (sem alteração orgânica demonstrável). 
- A dispepsia acomete, hoje por volta de 25-30% da população 
mundial, sendo relatada como queixa principal em cerca de 7% das 
consultas com clínicos gerais. Pacientes com dispepsia têm 
qualidade de vida reduzida e angústia emocional por causa de seus 
sintomas, com pesados encargos econômicos através de despesas 
médicas diretas e perda de produtividade. 
- Fatores de risco: Sexo feminino, idade crescente, diminuição do 
grau de urbanização, infecção por H. pylori, uso de anti-
inflamatórios não-esteroidais (AINEs), baixo nível educacional e ser 
casado. Curiosamente, fumar é apenas levemente associado à 
dispepsia e álcool e café não estão associados. 
CLASSIFICAÇÃO 
- A dispepsia pode ser causada tanto por transtornos orgânicos 
como por alterações funcionais (dispepsia funcional). 
 
- Em cerca de 50% dos pacientes não se encontram alterações 
estruturais ou bioquímicas que justifiquem os sintomas, sendo 
então classificados como portadores de quadros funcionais. 
- A metade restante apresenta causas orgânicas para os sintomas 
dispépticos, sendo a DRGE e a doença ulcerosa péptica as principais 
etiologias. 
- Costuma ser dividida em dois grandes grupos: 
DISPEPSIA ORGÂNICA 
- Ocorre quando os sintomas são secundários a doenças orgânicas 
específicas. A dispepsia orgânica pode ser causada por uma série 
de doenças inclusive algumas que nem são do trato digestório. 
Úlcera péptica, DRGE, neoplasias, doenças biliopancreáticas, 
intolerância alimentar, medicamentos e outros processos 
inflamatórios ou infecciosos do trato digestivo superior. 
- Sendo que as principais etiologias orgânicas podem ser divididas 
em quatro grupos de etiologias: 
• Pépticas: Doença ulcerosa péptica, Doença do refluxo 
gastroesofágico. 
• Não-pépticas: Intolerância alimentar, doenças inflamatórias 
ou infiltrativas, neoplasia, infecção, síndrome do intestino 
irritável. 
• Biliopancreáticas: Pancreatite crônica, neoplasia pancreática, 
cólica biliar. 
• Sistêmicas: Insuficiência coronariana, doenças endócrinas, 
colagenoses. 
Doença do refluxo gastroesofágico 
- O diagnóstico diferencial entre dispepsia e DRGE é muito difícil, 
uma vez que os sintomas podem coexistir. 
- Os sintomas clássicos de DRGE são regurgitação e pirose, e podem 
ocorrer sintomas atípicos, como tosse crônica, otite e laringite de 
repetição. 
- Os sintomas clássicos da doença do refluxo gastroesofágico 
(DRGE) são azia (pirose) e regurgitação. 
- A azia é geralmente descrita como uma sensação de queimação 
na área retroesternal, mais comumente experimentada no período 
pós-prandial. A azia é considerada problemática se sintomas leves 
ocorrerem dois ou mais dias por semana, ou sintomas moderados 
a graves ocorrerem mais de um dia por semana. 
- A regurgitação é definida como a percepção do fluxo do conteúdo 
gástrico refluído para a boca ou hipofaringe. Os pacientes 
geralmente regurgitam material ácido misturado com pequenas 
quantidades de comida não digerida. 
- Outros sintomas da DRGE incluem disfagia, dor no peito, erupção 
cutânea, sensação de globus, odinofagia, sintomas extraesofágicos 
(por exemplo, tosse crônica, rouquidão, respiração ofegante) e, 
raramente, náusea. 
- Outros sintomas (por exemplo, dor no peito, sensação de globo, 
tosse crônica, rouquidão, sibilância e náusea) podem ser 
observados no contexto de DRGE, mas não são suficientes para 
fazer um diagnóstico clínico de DRGE na ausência de sintomas 
clássicos de azia e regurgitação. 
- O consenso Roma III excluiu a dispepsia tipo refluxo (ou seja, 
presença de sintomas como pirose) da classificação de dispepsia 
funcional, recomendando que os pacientes sejam tratados como 
provável DRGE. 
 
2 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
Doença ulcerosa péptica 
- A prevalência de úlcera péptica em pacientes com queixas 
dispépticas é de cerca de 10%. Os principais fatores de risco são a 
infecção pelo Helicobacter pylori e o uso de anti-inflamatórios não 
esteroidais (AINES). 
- Estima-se que o H. pylori esteja associado a 90 a 95% das úlceras 
duodenais e a 60 a 80% das úlceras gástricas. 
- Quanto aos AINES, existem alguns fatores que aumentam o risco 
de úlcera quando presentes: história prévia de úlcera, idade acima 
de 75 anos, uso por tempo prolongado e associado à corticoterapia 
ou anticoagulantes orais. 
- Dor abdominal superior ou desconforto é o sintoma mais 
proeminente em pacientes com úlceras pépticas. Embora o 
desconforto das úlceras geralmente esteja centrado no epigástrio, 
pode ocasionalmente localizar-se nos quadrantes superiores 
direito ou esquerdo. 
- Embora os sintomas clássicos de úlcera duodenal ocorram 
quando o ácido é secretado na ausência de um tampão alimentar 
(ou seja, duas a cinco horas após as refeições ou com o estômago 
vazio), as úlceras pépticas podem estar associadas a sintomas 
provocados por alimentos e, portanto, a utilidade. 
- O uso de sintomas relacionados à ingestão de alimentos para 
prever a presença de uma úlcera não é confiável. 
- Úlceras pépticas também podem estar associadas a arrotos pós-
prandiais, plenitude epigástrica, saciedade precoce, intolerância a 
alimentos gordurosos, náuseas e vômitos ocasionais. 
- Infelizmente, a dor epigástrica clássica “tipo úlcera” não está 
relacionada de forma fidedigna com a presença de doença ulcerosa 
péptica e, com isso, na presença de qualquer sintoma dispéptico, 
deve ser descartada. 
Intolerância alimentar 
- Alguns alimentos têm sido implicados como responsáveis por 
quadros dispépticos. Contudo, a ingestão de certos tipos de 
alimentos, como café, alimentos muito condimentados, frutas 
cítricas, álcool e alimentos ricos em gorduras não mostraram, 
objetivamente, ser um fator causal bem estabelecido de dispepsia 
até o momento. 
- A ingestão alimentar de uma maneira geral, não relacionada a 
alimentos específicos, pode desencadear sintomas dispépticos em 
decorrência de alguns mecanismos como: 
• Esvaziamento gástrico acelerado ou retardado. Distribuição 
intragástrica alterada do alimento em virtude da diminuição 
da acomodação gástrica proximal e aumento da capacidade de 
acomodação antral. 
• Hipersensibilidade gástrica e intestinal aos estímu-los 
mecânicos e químicos dos alimentos. 
• Secreção aumentada de peptídeos gastrintestinais ou 
hipersensibilidade a estes. 
• É importante lembrar que a intolerância à lactose pode atingir
a prevalência de 9% entre os pacientes com queixas 
dispépticas e, portanto, pode ser a causa de cólicas, flatulência 
e distensão abdominal nesses pacientes. 
 
 
Medicamentos 
- Outro aspecto de grande importância são as queixas dispépticas 
provocadas por medicamentos, como AINES, ácido acetilsalicílico, 
corticosteroides, antibióticos (principalmente macrolídios e 
metronidazol), entre outros. 
- AINEs e inibidores seletivos da COX-2 podem causar dispepsia 
mesmo na ausência de úlcera péptica. Outras drogas que foram 
implicadas na dispepsia induzida por drogas incluem bloqueadores 
dos canais de cálcio, metilxantinas, alendronato , orlistat , 
suplementos de potássio, acarbose , dabigatrana , ferro, vitamina 
D, inibidores seletivos da recaptação da serotonina, sildenafil , 
sulfonilureias e certos antibióticos, incluindo eritromicina. 
- O uso crônico de ácido acetilsalicílico e outros AINES pode 
ocasionar sintomas dispépticos em até 20% dos pacientes. 
- Portanto, deve-se sempre dar importância ao uso de 
medicamentos na história clínica de todo paciente com dispepsia. 
 
DISPEPSIA FUNCIONAL 
- A dispepsia funcional (DF) é uma condição médica que afeta 
significativamente as atividades habituais de um paciente e é 
caracterizada por um ou mais dos seguintes sintomas: plenitude 
pós-prandial, saciedade precoce, dor epigástrica e azia; que são 
inexplicáveis após uma avaliação clínica de rotina. Tendo os 
critérios preenchidos nos últimos 3 meses, além de início dos 
sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico. 
- A fisiopatologia ainda não está bem definida, mas sabe-se que é 
uma doença mais comum em mulheres, tabagistas, usuários de 
ácido acetilsalicílico e naqueles com história prévia de 
gastroenterite aguda. 
- O termo amplo dispepsia funcional compreende pacientes das 
seguintes categorias diagnósticas: a síndrome do desconforto pós-
prandial (PDS), que é caracterizada por sintomas dispépticos 
induzidos por refeição; síndrome da dor epigástrica (EPS), que se 
refere dor epigástrica ou pirose que não ocorre exclusivamente 
pós-prandial, pode ocorrer durante o jejum e pode apresentar 
melhora com a ingestão de refeições. 
- Dispepsia é um termo comumente usado para caracterizar dor 
epigástrica, que pode ou não estar acompanhada de outros 
sintomas gastrointestinais. Dispepsia funcional, de acordo com os 
critérios de Roma IV, é definida como presença de um ou mais dos 
seguintes sintomas: saciedade precoce, plenitude pós-prandial, dor 
ou queimação epigástrica na ausência de doenças orgânicas 
sistêmicas ou metabólicas que possam explicar a sintomatologia. 
 
https://www.uptodate.com/contents/alendronate-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/orlistat-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/acarbose-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/dabigatran-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/sildenafil-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/erythromycin-drug-information?search=DISPEPSIA&topicRef=20&source=see_link
 
3 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
 
- Os sintomas devem ter início há pelo menos seis meses, com no 
mínimo três meses de duração. Conforme os critérios de Roma III, 
a dispepsia funcional é dividida em dois subgrupos: 
SÍNDROME DO DESCONFORTO PÓS-PRANDIAL 
- Caracterizada por saciedade precoce e plenitude pós-prandial; 
- Indigestão pós-prandial e saciedade precoce são as queixas. 
Indigestão náuseas, mal-estar e sensação de peso pós-prandial. 
Nessa síndrome, os sintomas devem ocorrer 3x na semana, nos 
últimos 3 meses e ter iniciado nos 6 meses anteriores. 
 
- OBS: Dor epigástrica pós-prandial ou queimação, empachamento, 
eructação excessiva e náuseas também podem estar presentes. 
 
 
- Dor ou queimação epigástrica pós-prandial, inchaço epigástrico, 
arrotos excessivos e náusea também podem estar presentes. 
SÍNDROME DA DOR EPIGÁSTRICA 
- Caracterizada por dor e queimação epigástrica. 
 
- Dor ou pirose epigástrica estão presentes. A epigastralgia ocorre 
em períodos interprandiais, com influência variável da alimentação 
(sem alteração, aumento ou redução da intensidade da dor). 
- OBS: A dor pode ser induzida pela ingestão de uma refeição, 
aliviada pela infestação ou pode ocorrer durante o jejum. A dor não 
cumpre os critérios de dor biliar. 
 
 
- A dor pode ser induzida pela ingestão de uma refeição, aliviada 
pela ingestão de uma refeição ou pode ocorrer em jejum. 
- Inchaço epigástrico pós-prandial, arrotos e náuseas também 
podem estar presentes. 
- Do ponto de vista etiológico, pacientes com sintomas dispépticos 
podem ser subdivididos em 2 categorias principais: 
 Aqueles com uma causa orgânica, sistêmica ou metabólica 
para os sintomas, que podem ser identificados por 
procedimentos diagnósticos. Em que, se a causa de base 
melhora ou é resolvida, os sintomas também melhoram ou 
se resolvem - por exemplo, úlcera péptica, doença 
pancreática, distúrbios endócrinos ou uso de medicamentos 
- e é descrito pelo termo dispepsia secundária. 
 Aqueles em quem nenhuma explicação identificável para os 
sintomas pode ser identificada pelos procedimentos 
diagnósticos tradicionais, podem ser classificados como 
dispepsia funcional. 
FISIOPATOLOGIA 
- A fisiopatologia da dispepsia funcional é complexa, multifatorial e 
não completamente elucidada. No entanto, pode ser observado 
que alguns fatores estão relacionados, são eles: a disfunção 
gastroduodenal motora e sensitiva, bem como uma integridade da 
mucosa prejudicada, imunodepressão e a desregulação do eixo 
intestino-cérebro. 
- Dismotilidade: É o fator mais estudado. Estudos apontam que 
pacientes com dispepsia funcional podem apresentar alterações da 
atividade mioelétrica gástrica, redução da contratilidade do antro, 
incoordenação antro-piloro-duodeno e anormalidades da atividade 
motora duodenojejunal. Essas alterações em conjunto, resultam 
 
4 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
em retardo do esvaziamento gástrico, presente em 30% dos casos 
de dispepsia funcional. 
- Alterações psicológicas: Há indicativos de maior prevalência de 
antecedentes de problemas emocionais na infância, e quadros 
clínicos compatíveis com ansiedade, depressão, hipocondria e 
neuroses. Provavelmente existe uma relação bidirecional entre o 
intestino e a psique porque os pacientes com distúrbios 
gastrointestinais são mais propensos a desenvolver problemas 
psicológicos e vice-versa. Estudos de neuroimagem sugerem que a 
percepção dos sintomas pode ser influenciada pela cognição e 
emoção. 
- Hipersecreção gástrica: A presença de sintomas, muitas vezes 
similares aos da doença ulcerosa péptica levanta a possibilidade do 
papel da hipersecreção de ácido e da maior ativação da pepsina. 
- Helicobacter pylori: Essa bactéria Gram negativa está 
diretamente relacionada com o aparecimento de sintomas 
dispépticos. Recentemente a dispepsia associada a essa infecção 
tem sido considerada uma afecção orgânica. 
 Desde o Consenso de Quioto, recomenda-se que o H. pylori 
seja pesquisado em todos os pacientes dispépticos, seja por 
métodos não invasivos (teste respiratório, pesquisa de 
antígeno fecal e sorologia) ou invasivos (urease e histologia). 
 Uma vez presente, tal bactéria deve ser erradicada. 
Confirmada a erradicação e havendo melhora dos sintomas 
por período superior a 6-12 meses se observação, o paciente 
deve ser diagnosticado com dispepsia associada ao H. pylori. 
 Caso o paciente não melhore ou haja recidiva dos sintomas 
nesses 6-12 meses e os métodos de investigação não apontem 
doença orgânicas, o paciente pode ser diagnosticado com 
dispepsia funcional. 
- Eixo cérebro-intestino
e disbiose: As doenças funcionais por 
Roma IV são afecções do eixo cérebro-intestino. Essa comunicação 
é realizada basicamente por via vagal, modificada pela presença de 
células inflamatórias da parede intestinal como mastócitos e 
eosinófilos, cuja degranulação leva a liberação de várias citocinas 
pró-inflamatórias. 
- Inflamação duodenal de baixo grau, permeabilidade mucosa e 
antígenos alimentares: A barreira mucosa serve como a primeira 
linha de defesa contra patógenos e substâncias nocivas no lúmen. 
Infecções, estresse, exposição ao ácido duodenal, tabagismo e 
alergia alimentar, estão todos implicados na patogênese da 
inflamação da mucosa duodenal e mudanças na sua 
permeabilidade. 
DIAGNÓSTICO 
- O diagnóstico de dispepsia funcional depende de dados obtidos 
na história clínica do paciente. 
- Deve ser pesquisado se o paciente utiliza medicamentos que 
possam causar sintomas dispépticos, caso encontrados, devem ser 
suspensos sempre que se puder. Nos casos em que isso não for 
possível, deve ser instituída uma terapia antissecretora. 
- Na história clínica, é de fundamental importância avaliar a 
presença ou não de sinais de alarme. A presença de tais sinais indica 
necessidade de investigação adicional. 
 
- A dispepsia funcional é mais comum em pacientes com depressão 
e ansiedade e naqueles com história de abuso, portanto indícios 
destes distúrbios também devem ser pesquisados na anamnese. 
 
- Na dispepsia funcional deve-se afastar todos esses diagnósticos 
diferenciais e tratar a parasitose. 
- Começar investigando se há pirose (queimação em região 
retroesternal) e/ou regurgitação. Pois esses dois sintomas são 
muito característicos de Doença do Refluxo Gastroesofágico 
(DRGE) e como o diagnóstico dessa condição é clínico, quando 
percebermos esses sintomas, nosso pensamento será direcionado 
para sustentar ou afastar essa doença. 
- Por outro lado, se o paciente não apresentar esses sintomas, 
vamos investigar todos aqueles outros que podem aparecer em um 
quadro de dispepsia como, por exemplo: azia (dor em queimação 
na região epigástrica), náuseas e vômitos, disfagia, odinofagia, 
entre outros. Sendo importante avaliar também os antecedentes 
pessoais e familiares. 
- O exame físico, de maneira geral, está normal no quadro de 
dispepsia, então ele acaba não ajudando tanto no raciocínio 
diagnóstico. 
- O exame físico nos pacientes com dispepsia é, geralmente, 
normal. Algumas alterações encontradas, como mucosas 
hipocoradas e massa abdominal, podem sugerir causas orgânicas 
para a dispepsia. O exame clínico pode ser terapêutico para 
pacientes com alterações funcionais, proporcionando a 
tranquilidade de que os sintomas estão sendo tratados seriamente. 
- Exames laboratoriais deverão ser solicitados para pacientes com 
alterações no exame físico sugestivas de causas orgânicas e aqueles 
com sinais de alarme. Os exames a serem solicitados variam de 
acordo com o quadro clínico. 
- Hemograma completo, eletrólitos, avaliação hepática e estudos 
de função tireoidiana devem ser considerados. Nível de amilase, 
exame de fezes para ovos e parasitas e teste de gravidez são 
solicitados quando necessário. 
- Podem ser solicitados exames laboratoriais com o objetivo de 
investigar a presença de sinais de alarme como ferropenia, 
distúrbios metabólicos, diabetes, hipercalcemia. Além de 
possibilitar pesquisar doença celíaca associada. Entre os exames 
laboratoriais que podem ser solicitados, temos: 
 
5 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
• Hemograma 
• Bioquímica 
• Função Renal 
• Perfil Hepático 
• Amilase e Lipase. 
- A ultrassonografia (USG) de abdome pode ser solicitada para 
investigação em pacientes que apresentem icterícia – possibilita 
investigação de possíveis acometimentos em vias biliares – ou em 
quadros com dor abdominal atípica. 
Endoscopia digestiva alta 
- Endoscopia digestiva alta (EDA) deve ser solicitada nos casos de 
suspeita de doenças orgânicas, pois algumas delas possuem 
gravidade e complicações significativas. 
- A EDA permite visualização direta de úlceras pépticas, esofagite e 
neoplasias com alta acurácia diagnóstica, sendo o exame mais 
comumente indicado. 
- A EDA está indicada para pacientes com qualquer idade para os 
que apresentam sinais de alarme e aqueles com sintomas 
refratários à terapia empírica inicial. 
- Para pacientes jovens, teste não invasivo para H. pylori ou 
tratamento empírico com antissecretores pode ser tentado. 
- O Colégio Americano e a Associação Americana de 
Gastroenterologia (AGA) recomendam que a investigação seja 
feita, na ausência de sinais de alarme, a partir dos 55 anos. 
- O exame ajuda na diferenciação de pacientes com causas 
orgânicas e necessidade de seguimento mais rigoroso de pacientes 
com provável distúrbio funcional. Biópsias do estômago devem ser 
feitas para pesquisar H. pylori e, em caso de teste positivo, os 
pacientes devem receber tratamento para erradicação, além de 
terapia para outras patologias detectadas na EDA. 
- Pacientes com EDA normal podem ter dispepsia funcional ou 
doença do refluxo gastrintestinal não erosiva. Apesar de benefício 
terapêutico limitado, a maioria desses pacientes é submetida à 
terapêutica antissecretora. 
- Para decidir entre o tratamento empírico e a endoscopia precoce, 
o médico deve avaliar vários fatores, incluindo nível de ansiedade, 
idade, presença de sinais de alarme ou sinais que aumentem a 
probabilidade de doença orgânica séria, presença de sintomas de 
refluxo e infecção pelo H. pylori. 
- Endoscopia Digestiva Alta Paciente com idade > 40 anos: De 
acordo com o IV consenso brasileiro, todo paciente acima de 40 
anos já tem indicação para realizar o exame de endoscopia 
digestiva alta (EDA). Com esse exame, o objetivo é definir se o 
paciente tem ou não alguma doença orgânica. Se tiver, tratá-la. Se 
não tiver, realizar testes para avaliar se ele tem H. pylori. Em sendo 
identificada a presença da bactéria, tratá-la. Caso contrário, 
começa a sustentar melhor a suspeita de dispepsia funcional e a 
conduta deverá ser: 
• Prescrever medicamentos que atuem reduzindo a acidez do 
estômago, como os inibidores de bomba de prótons (IBPs). 
- Paciente com idade < 40 anos: Caso o nosso paciente tenha menos 
de 40 anos de idade, começar a investigação procurando por sinais 
de alarme: 
 
- A presença de algum desses sinais indica que o quadro do paciente 
é um pouco mais complicado e por isso ele também deve seguir 
direto para a realização de uma EDA. Caso contrário, por não ser 
um quadro complicado, pode-se enquadrar como dispepsia não 
investigada. Iniciar o tratamento e as opções serão duas: 
• Tratamento empírico com IBPs por 4 a 6 semanas; 
• Testar e tratar H. pylori. 
- Em caso de impossibilidade de realização do teste para a presença 
de H. pylori, pode-se também optar por tratá-la empiricamente. Se 
dentro de 1 ano o paciente voltar com queixa de que os sintomas 
não melhoraram ou que retornaram, tentaremos aplicar a outra 
opção de tratamento (IBPs) e vice-versa. Contudo, se ele, mais uma 
vez, voltar ainda dentro desse intervalo de 1 ano, dizendo que não 
melhorou ou que os sintomas voltaram, indicar a realização de uma 
EDA. 
 
Pesquisa de H. pylori 
- O H. pylori cria uma cascata de eventos levando a inflamação 
gástrica e ativação imune. Portanto, parece plausível que ele possa 
levar a sintomas dispépticos e que sua erradicação possa melhorar 
esses sintomas. 
- O terceiro consenso brasileiro sobre H. pylori indica pesquisa e 
tratamento da bactéria em todos os indivíduos com dispepsia 
funcional. 
- Pela AGA, a estratégia de pesquisar e tratar o paciente com menos 
de 55 anos e sem sinais de alarme, pode basear-se na prevalência 
da bactéria na população. Em populações com alta prevalência (> 
10%), como no Brasil, a pesquisa seria a conduta preferível. 
- Em populações de baixa prevalência
(< 5%), uma estratégia 
alternativa é prescrever primeiramente um curso de terapia 
antissecretora empiricamente por quatro a oito semanas. Se o 
paciente não responder ou apresentar recorrência do quadro em 
terapia antissecretora, a pesquisa deve ser realizada. 
- O teste respiratório com ureia marcada é universalmente 
considerado padrão-ouro para diagnóstico e controle de 
tratamento de H. pylori, com sensibilidade e especificidade maiores 
que 95%. Caso o teste respiratório não esteja disponível, o teste de 
antígeno fecal é o método não invasivo de escolha para diagnóstico 
e controle de tratamento. 
 
6 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
- Investigação para H. pylori: Podem ser escolhidos métodos não 
invasivos ou invasivos. Os métodos não invasivos devem ser 
solicitados em pacientes que não tem indicação para EDA. São 
alguns deles: 
- Teste Respiratório da Ureia (TRU): o paciente ingere uma solução 
de ureia marcada com isótopos de carbono (C13 e C14). Sob ação 
da urease do H. pylori, a ureia é convertida em amônia e 
bicarbonato, o qual é convertido em CO2 (com o C marcado), sendo 
este último prontamente absorvido para a circulação e eliminado 
na exalação. O paciente então expira em um recipiente onde a 
presença de carbono marcado pode ser detectada por cintilação ou 
espectrografia. Não invasivo. Detecta a infecção ativa, útil no 
acompanhamento pós tratamento. 
 
- Sorologia: o ELISA para detectar a presença de IgG anti-H. pylori 
tem baixa sensibilidade e especificidade comparado aos demais 
métodos não invasivos, não sendo mais indicado de rotina para o 
diagnóstico de infecção ativa. Não invasivo. Confirmar com outros 
métodos pois pode ficar positivo por meses a anos. 
- Pesquisa do antígeno fecal: antígenos do Helicobacter pylori 
podem ser detectados nas fezes e, quando presentes, indicam 
doença ativa. Não invasivo. Boa sensibilidade e especificidade, fácil 
e simples de ser feito, bom ao controle da erradicação, somente 4 
semanas após o tratamento pois IBP, ATB e bismuto alteram a 
sensibilidade. 
- Teste rápido da uréase do fragmento da biopsia: é o método de 
escolha na avaliação inicial dos pacientes que foram submetidos à 
endoscopia digestiva alta. Amostras de biópsia da mucosa são 
colocadas em um meio contendo ureia e um marcador de pH; 
- Histopatologia: geralmente duas a três biópsias da região antral 
coradas pela prata (Warthin-Starry), método de Gimenez, 
carbolfucsina ou imuno-histoquímica são suficientes para o 
diagnóstico de infecção por H. pylori. Padrão ouro entre os testes 
invasivos. Ideal biopsiar antro e corpo. 
- Cultura: a cultura é menos utilizada para o diagnóstico, pois o 
isolamento da bactéria é difícil e custoso. A principal vantagem 
deste método consiste na determinação da sensibilidade do H. 
pylori aos antibióticos empregados, principalmente nos casos de 
falha terapêutica. 
Outros exames complementares 
- Outros exames podem ser solicitados para pacientes com 
sintomas progressivos ou refratários e na suspeita de causas 
orgânicas. 
- Cintilografia gástrica e manometria gastroduodenal devem ser 
reservadas para uma minoria de pacientes com vômitos frequentes 
sugerindo alteração na motilidade gástrica. 
- A pHmetria esofágica ambulatorial é útil no diagnóstico de refluxo 
gastroesofágico em pacientes com sintomas atípicos. Entretanto, é 
mais custo--efetivo tratar tais pacientes com IBP empiricamente, 
porque a melhora dos sintomas é altamente preditiva de doença 
do refluxo. 
- Eletrogastrografia e estudos baritados são realizados em grandes 
centros e em centros de pesquisa. 
- Ultrassonografia abdominal e tomografia computadorizada não 
devem ser realizadas rotineiramente, mas são indicadas quando 
sintomas ou exames laboratoriais sugerem doença 
biliopancreática. 
TRATAMENTO 
- O tratamento da dispepsia permanece um desafio, com baixas 
taxas de remissão completa persistente dos sintomas. A estratégia 
integrada é provavelmente a terapia mais eficaz, incluindo dieta, 
mudanças comportamentais, intervenções psicológicas e drogas. 
- O tratamento medicamentoso permanece como a principal 
abordagem da maioria dos gastroenterologistas. No entanto, os 
benefícios dos medicamentos permanecem modestos. 
COMPORTAMENTAIS/DIETA 
- Pacientes com dispepsia modificam seus hábitos alimentares para 
evitar os sintomas. Os tratamentos atuais para dispepsia funcional 
têm geralmente ignorado o papel potencial da dieta. 
- Refeições gordurosas devem ser evitadas. O fracionamento da 
dieta com refeições mais frequentes e menores parece útil. 
Alimentos específicos que desencadeiem os sintomas devem ser 
evitados. 
- Deve-se estar atentos também a possíveis intolerância a leite e 
seus derivados em pacientes portadores de deficiência de lactase 
ou mesmo a outros elementos da dieta, como frutose e xilose, que 
podem ser facilmente diagnosticados pela utilização de testes 
respiratórios específicos para cada um desses elementos, desde 
que se esteja atento à possibilidade de ocorrência dessas 
síndromes. 
- A dieta tem sido implicada na patogênese de desordens 
gastrintestinais funcionais. Modificações dietéticas, tais como 
mastigar bem os alimentos, comer devagar, realizar refeições 
fracionadas e com menor teor de gordura, são frequentemente 
utilizadas no manejo da dispepsia funcional, porém com eficácia 
incerta. 
- Evitar o uso de ácido acetilsalicílico e outros AINE, e buscar a 
cessação do tabagismo e do uso abusivo de bebidas alcóolicas são 
outras medidas comportamentais que ajudam a reduzir os 
sintomas, embora não haja evidência de sua eficácia. 
- Investigação e tratamento psicossocial em pacientes com 
dispepsia funcional, particularmente aqueles com sintomas 
intensos ou refratários, parecem ser sensatos. Entretanto, mais 
estudos clínicos controlados devem ser realizados para definição 
do papel de intervenções psicológicas na dispepsia funcional. 
ERRADICAÇÃO DO H. PYLORI 
- Os benefícios da erradicação do H. pylori no tratamento da 
dispepsia funcional são significativamente mais limitados do que na 
doença ulcerosa péptica, com 60 a 80% dos pacientes 
permanecendo sintomáticos depois do tratamento. 
 
7 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
- Apesar da baixa taxa de melhora dos sintomas com a erradicação 
do H. pylori e alguns efeitos adversos associados aos medicamentos 
da terapia de erradicação (náuseas, sensação de plenitude, perda 
de apetite, constipação intestinal e diarreia), no longo prazo, os 
benefícios de aliviar os sintomas parecem ser custo-efetivos. Essa 
abordagem é defendida em quase todos os consensos atualmente. 
- O tratamento empírico não é recomendado por causa da baixa 
probabilidade de alcançar melhora sintomática, preocupação com 
aumento da resistência aos antibióticos. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
- O tratamento farmacológico pode ser realizado basicamente por 
meio de duas grandes classes de medicamentos: antissecretores e 
antibióticos. 
- Na ausência de sinais de alarme, pacientes jovens com queixas 
sugestivas de DRGE ou de dispepsia relacionada ao uso de AINE 
podem ser tratados empiricamente com inibidores de bomba de 
prótons por 8 semanas, além da suspensão de AINE implicado. 
- Não havendo uso recente de AINE, se o paciente não apresentar 
sinais de alarme e tiver menos de 55 anos de idade, duas 
abordagens podem ser utilizadas: 
 Áreas que a prevalência de H.pylori <5%: pode-se optar pela 
terapia antissecretora empírica ou pela estratégia “testar-
tratar” para H.pylori. 
 Áreas que a prevalência H.pylori >10% (como é o caso do 
Brasil): todos os pacientes devem ser testados para o 
patógeno (e tratados, se positivo), antes de iniciar a terapia 
antissecretora empírica. 
- Em pacientes com idade superior a 55 anos ou com sinais de 
alarme, está indicada a realização de EDA para descartar outras 
causas de dispepsia. 
- Segundo Roma
IV, o tratamento inicial deve ser direcionado para 
o tipo de sintomas predominantes, 
 
- No caso de SDP, opta-se pelo uso inicial de procinéticos, 
destacando-se no Brasil, a domperidona (10 a 30mg/dia) e a 
metoclopramida (10 a 30mg/dia), antagonistas dopaminérgicos. 
Outro derivado desse grupo, a bromoprida, apresenta poucas 
evidências que possa ser utilizada, embora no dia-a-dia, seja muito 
prescrita. 
- Entre os antissecretores, destacam-se os bloqueadores H2 de 
histamina – cimetidina (800mg/dia), ranitidina (300mg/dia) – que 
apresentam bons resultados no controle da síndrome da dor 
epigástrica. Tem seu efeito dependente da inibição ácida e também 
de seu efeito parcial anti-histaminico (H1), especialmente em 
pacientes com síndrome dispéptica pós-infecciosa e com infiltrado 
eosinofílico duodenal. 
- Os IBPs como omeprazol (10 a 20mg/dia), pantoprazol (20 a 
40mg/dia), esomeprazol (20 a 40mg/dia) também podem atuar 
nessa síndrome, levando a resultados benéficos pela inibição ácida 
e tambem por sua ação imunomoduladora. Não há necessidade de 
serem utilizados em doses elevadas; dose plena ou mesmo metade 
dela tem se provado eficaz na melhoria dos sintomas. 
- Não se obtendo sucesso com essas medicações, pode-se partir 
para uso de antidepressivos. Esses medicamentos apresentam ação 
complexa que envolve ação analgésica central e periférica, ação 
motora pela interferência na liberação de serotonina e outros 
neurotransmissores, ação sedativa e ansiolítica, e até, 
especialmente nos tricíclicos, imunomodularora e antialérgica. As 
evidências favorecem o uso de tricíclicos como amitriptilina e 
nortriptilina. 
- Uma vez tentado o tratamento com esses medicamentos e não 
havendo resposta adequada, Roma IV recomenda, quando 
possível, estudos mais detalhados de motilidade gastroduodenal, 
incluindo esvaziamento e acomodação gástricos, sensibilidade 
visceral e pesquisa de eosinófilos duodenais. 
ANTISSECRETORES 
- A grande função dos fármacos desse grupo é reduzir a acidez 
gástrica. 
- Os inibidores de bomba de prótons (IBPs) são as principais 
medicações antissecretoras, pois são mais efetivos em aliviar os 
sintomas dispépticos quando comparados aos bloqueadores dos 
receptores H2 de histamina (BH2). 
Inibidores de Bomba de Prótons (IBPs) 
- Os IBPs, representados pelas drogas terminadas em -prazol 
(Omeprazol, Pantoprazol, Lansoprazol, entre outros), são os 
medicamentos de primeira escolha quando se deseja reduzir a 
acidez estomacal. Isso acontece porque eles atuam se ligando à 
bomba H+/K+ ATPase (bomba de prótons) da célula parietal e, daí, 
impedem o seu funcionamento. Os IBPs vão interromper a última 
etapa para produção de HCl, que é a liberação de íons H+ no lúmen 
da glândula. 
São efeitos adversos do uso de IBPs: 
• Demência: Por conta do efeito inibitório que esse fármaco 
exerce sobre as células parietais, a secreção de fator intrínseco 
também pode ficar prejudicada e aí isso reduz a absorção de 
vitamina B12. Se a terapia for mantida por um tempo maior ou 
igual a 2 anos. 
• Absorção incompleta do carbonato de cálcio: a absorção fica 
prejudicada pelo pH elevado e aí pode ser necessário repor 
cálcio. 
• Redução da eficácia do Clopidogrel: Isso acontece pois os IBPs 
inibem uma proteína chamada CIP2C19, que está associada ao 
mecanismo de ação do clopidogrel. 
Bloqueadores de H2 
- Representados pelos fármacos terminados em -tidina (Cimetidina, 
Nizatidina, Ranitidina, Famotidina), essa classe se caracteriza por 
bloquear competitivamente e seletivamenteos receptores H2, de 
modo que eles não recebem o estímulo da histamina, que atua na 
promoção da secreção de ácido clorídrico. 
- Na prática não são utilizados. Uso de IBP’s é priorizado, geram 
maior pH intragástrico e tem atividade antimicrobiana adicional. 
 
8 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
São efeitos adversos do uso de Bloqueadores de H2: 
• Cefaleia e Tonturas; 
• Diarreia; 
• Dores musculares; 
• Confusão e Alucinação 
Antiácidos 
- Os antiácidos são bases fracas que reagem com o ácido clorídrico 
do estômago e o neutralizam, de modo a promover um alívio rápido 
dos sintomas, mas que também se mantém por pouco tempo: se 
ele for administrado em jejum, seu efeito dura entre 10 - 20 
minutos, agora se for utilizado mais ou menos 1 hora após a 
refeição, pode se manter atuante por 2 a 3 horas. 
- Os principais exemplos de antiácidos são: Hidróxido de Alumínio, 
Hidróxido de Magnésio e Bicarbonato de Sódio. Os principais 
efeitos adversos do seu uso são: 
• Constipação, causada principalmente quando a droga de 
escolha é o Hidróxido de Alumínio. 
• Diarreia, causada principalmente quando a droga de escolha é 
o Hidróxido de Magnésio; 
• Comprometimento renal; 
Procinéticos 
- No Brasil, os agentes procinéticos, incluindo meto-clopramina, 
domperidona e bromoprida, são usados comumente na dispepsia 
funcional. Em tese, o uso estaria indicado principalmente para os 
pacientes com dispepsia tipo desconforto pós-prandial. 
- Além disso, vários procinéticos estão também associados a efeitos 
colaterais graves com uso de longo prazo e têm disponibilidade 
limitada. 
- Embora os agentes procinéticos sejam amplamente utilizados e 
conceitualmente atraentes, dado o seu potencial para melhorar o 
esvaziamento gástrico, os resultados em dispepsia estão abaixo do 
esperado. 
Antidepressivos 
- Tem sido muito pesquisado o efeito dos antidepressivos nos 
sintomas de dispepsia funcional. Alguns estudos mostraram 
benefício de doses baixas de antidepressivos tricíclicos 
(amitriptilina e imipramina) e inibidores de recaptação da 
serotonina (fluoxetina). 
- Se os sintomas não melhoram depois de oito sema nas de IBP, 
pode ser iniciado teste terapêutico com antidepressivos tricíclicos. 
Parte dos pacientes continuará a ter sintomas apesar dessa 
abordagem e outras terapias devem ser consideradas. 
- Não há consenso sobre a duração do tratamento e estratégias de 
retirada, sendo indicado por alguns autores, em caso de melhora 
dos sintomas, manter a droga por cerca de seis meses e, em 
seguida, tentar a interrupção. 
ANTIBIÓTICOS 
 
Amoxicilina 
- A amoxicilina é uma penicilina e, portanto, ela age sobre bactérias, 
interferindo na última etapa do processo de síntese da sua parede. 
Assim, com sua membrana mais instável, esses microrganismos 
acabam ficando mais vulneráveis e acabam morrendo. Associado a 
isso, é importante a gente ter em mente que, apesar de ser mais 
eficaz sobre bacilos gram-negativos, a amoxicilina age também 
sobre os gram-positivos e por isso é referida como sendo uma 
droga de espectro estendido. Os principais efeitos ad- versos do seu 
uso são: 
• Hipersensibilidade 
• Diarreia 
• Nefrite 
• Toxicidade neurológica e hematológica 
Claritromicina 
- A claritromicina é um antibiótico macrolídeo que atua se ligando 
ao ribossomo bacteriano e, com isso, inibindo algumas etapas da 
síntese proteica. De maneira geral, ele é considerado uma droga 
bacteriostática, mas que em doses elevadas tem efeito bactericida. 
Os principais efeitos adversos do seu uso são: 
• Desconforto epigástrico 
• Icterícia colestática 
• Ototoxicidade 
Metronidazol e Tinidazol 
- Esses dois medicamentos são muito utilizados em infecções por 
amebas, mas também exercem um certo efeito em bactérias. Seu 
mecanismo de ação envolve o armazenamento de elétrons, de 
modo a formar compostos citotóxicos que se ligam às proteínas e 
ao DNA, levando à morte celular. Os principais efeitos adversos do 
seu uso são: 
• Náusea 
• Desconforto epigástrico 
• Cólica abdominal 
• Propensão a infecção fúngica na boca 
Tetraciclina 
- As tetraciclinas não medicamentos que penetram no citoplasma 
bacteriano e inibem a síntese proteica por impedir a conexão entre 
o RNAt e o RNAm, o que acaba levando à morte. E elas também 
agem sobre microrganismos tanto gram-positivos quanto gram-
negativos.
Os principais efeitos adversos do seu uso são: 
• Desconforto gastrointestinal 
• Deposição de cálcio 
• Hepatotoxicidade 
• Fototoxicidade 
• Problemas vestibulares 
Levofloxacino 
- O levofloxacino é uma fluoroquinolona que atua entrando no 
citoplasma bacteriano e inibindo a replicação do DNA ao interferir 
na ação de duas enzimas: topoisomerase II e IV. Os principais 
efeitos adversos do seu uso são: 
• Náusea e diarreia 
• Cefaleia 
• Vertigem e Tontura 
• Fototoxicidade 
• 
 
9 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
Tratamento de primeira linha 
 
- Tempo total de tratamento que antes era de 7 dias, agora é de 14 
dias. 
 
- Dos antidepressivos tricíclicos o mais utilizado na prática é a 
amitriptilina. 
ESQUEMA DE TRATAMENTO DA H. PYLORI 
- Nesse grupo de pacientes, é necessário entrar com antibiótico 
para matar os microrganismos, mas também algum fármaco para 
reduzir a secreção gástrica, aliviando os sintomas. Diante disso, o IV 
Consenso Brasileiro com relação à infecção por H. pylori determina 
que o tratamento de primeira linha para esses pacientes deve ser 
composto por 3 fármacos: 
 
- Caso o paciente seja alérgico à Amoxicilina, podemos substituí-la 
por Levofloxacina. Mas além disso, algumas alternativas para esse 
esquema terapêutico são as seguintes: 
 Metronidazol, Tetraciclina, Subcitrato de Bismuto e IBP – 
10 a 14 dias. 
 Metronidazol/Tinidazol, Claritromicina, Amoxicilina e IBP 
– 14 dias 
- Uma vez tendo administrado essa terapia inicial e o paciente volte, 
segue-se para o retratamento e a decisão terapêutica vai ser 
diferente. Podendo-se optar por 2 esquemas: 
 Amoxicilina, Levofloxacina e IBP – 10 a 14 dias. 
 Metronidazol, Tetraciclina, Subcitrato de Bismuto e IBP – 
10 a 14 dias. 
OBJETIVO 2: ENTENDER AS DIFERENÇAS ENTRE DOR 
NO PEITO DE CAUSA GÁSTRICA E DE CAUSA CARDÍACA. 
- Os cinco principais grupos de etiologias de dor torácica, por ordem 
decrescente de prevalência, são as causas: musculoesqueléticas; 
gastrointestinais; cardíacas; psiquiátricas; e pulmonares. 
- Dor torácica não-cardiogênica (DTNC), também denominada dor 
torácica não-cardíaca, é a dor retroesternal do tipo anginoso cuja 
origem não é cardiogênica. 
- É importante destacar que a avaliação do esôfago de pacientes 
com DTNC está indicada somente após a investigação cardiológica 
ter efetivamente excluído a possibilidade de doença cardíaca como 
causa do sintoma. Esta se impõe porque a análise isolada da 
apresentação clínica frequentemente não possibilita perfeita 
distinção entre dor torácica de origem esofágica e a de origem 
cardíaca, e a morbidade e mortalidade das duas entidades são 
totalmente diferentes. 
 
CAUSAS GASTROESOFÁGICAS 
- A dor de origem esofágica pode resultar de alterações associadas 
com a percepção anormal imposta pela diminuição do limiar da dor, 
ou de transmissão anormal do estímulo no sistema nervoso. 
- Suas causas mais comuns são: refluxo gastroesofágico (RGE), 
espasmo esofágico, esofagite e outras desordens motoras. A 
principal é o RGE, que representa a segunda causa mais prevalente 
de dor torácica não cardíaca. 
- A dor no tórax também pode estar relacionada com um problema 
do sistema digestivo, principalmente espasmos do esôfago, refluxo 
gastroesofágico, hérnia de hiato, úlcera ou pancreatite. 
- Nestes casos, a dor geralmente se encontra mais localizada na 
parte inferior do tórax, especialmente na região da boca do 
estômago, mas também pode irradiar para as costas e abdômen. 
- Além da dor, outros sintomas de problemas gástricos incluem a 
sensação de queimação no centro do tórax e subindo para a 
garganta, dor no estômago, má digestão, enjoos e vômito. 
- A apresentação clínica do paciente frequentemente não oferece 
substrato adequado para se distinguir a dor cardíaca da esofágica. 
- Existem, entretanto, alguns sintomas que sugerem etiologia 
esofágica: presença de pirose, regurgitação, disfagia; dor 
tipicamente pós-prandial persistente por mais de uma hora e 
aliviada pela ingestão de antiácidos. 
- Os problemas intestinais são das principais causas de dor torácica, 
especialmente o excesso de gases intestinais. Isso acontece porque 
o aumento de volume no intestino faz com que aconteça um 
aumento da pressão sobre os órgãos da região do tórax, que acaba 
se traduzindo em dor. Essa dor normalmente é do tipo fisgada e 
surge em qualquer lado do tórax, sendo intensa durante alguns 
minutos, mas melhorando com o tempo. 
 
10 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 
- Além do excesso de gases, a prisão de ventre também pode ter 
sintomas semelhantes, incluindo, além da dor ou desconforto no 
tórax, a sensação de barriga inchada, alterações no padrão 
intestinal e dor abdominal. 
- O alívio da dor com o uso de nitroglicerina não indica 
necessariamente a origem cardíaca. Em alguns casos de espasmo 
esofágico, a dor pode ser aliviada por nitroglicerina, o que dificulta 
o diagnóstico. 
- A abordagem inicial ao paciente deve incluir a exclusão da SCA 
usando a triagem apropriada em todos os pacientes com dor 
torácica aguda. A dor precordial atípica deve ser avaliada com 
eletrocardiograma e teste de esforço, antes da realização de 
propedêutica gastrointestinal. 
- Como os sintomas entre esses distúrbios e a doença cardíaca são 
similares, normalmente é feito uma radiografia torácica, um 
eletrocardiograma (ECG) e, às vezes, um teste de esforço cardíaco, 
antes de exames para identificar doenças esofágicas. 
CAUSAS CARDÍACAS 
- Podem estar relacionadas com isquemia miocárdica devido a DAC, 
dissecção aguda de aorta, doença valvular, inflamação do 
miocárdio ou pericárdio, ou atividade adrenérgica exacerbada. 
- Geralmente, a dor causada pelos problemas cardíacos surge do 
lado esquerdo ou na parte central do tórax e é semelhante a um 
aperto no peito, podendo também ser do tipo queimação. 
- Além da dor, outros sintomas que podem surgir no caso de 
doenças cardíacas incluem palidez, suor, náuseas, vômitos, 
sensação de falta de ar e cansaço fácil. 
- Nos casos mais graves, a dor torácica também pode ser um sinal 
de infarto, que é uma situação de emergência, que causa uma dor 
muito intensa no tórax que não melhora e que irradia para o braço 
esquerdo ou pescoço e queixo, podendo evoluir para desmaio e, 
até, parada cardíaca. 
- A dor torácica localizada na região central do tórax (retroesternal) 
ou difusa, normalmente é de origem cardíaca causada pela doença 
arterial coronariana (angina do peito ou infarto do miocárdio), e 
pode irradiar-se para outras áreas. A dor de origem cardíaca se 
manifesta apenas em seus possíveis locais de irradiação, que vai 
desde a mandíbula até o umbigo, incluindo ambos os braços, a 
região posterior do tórax, o pescoço, a mandíbula e a boca do 
estômago. Sendo que uma dor torácica anterior, irradiada para 
ambos os braços, pode sugerir uma origem coronariana. 
- Dissecção aguda de aorta: Sua apresentação clínica é 
caracterizada por dor intensa, terebrante, aguda, de pico máximo 
no início. Acomete a região do tórax anterior e posterior, podendo 
irradiar-se para o pescoço, mandíbula e garganta tendo, na maioria 
das vezes, caráter migratório. 
 Apesar do quadro agudo e intenso, seu diagnóstico requer alto 
índice de suspeição, pois alguns pacientes não apresentam 
sintomatologia característica. 
 O exame físico revela: assimetria de pulso e de pressão arterial 
sistêmica, sopro de regurgitação aórtico, sinais de insuficiência 
cardíaca e de má perfusão tecidual. 
 O diagnóstico pode ser feito pela arteriografia ou 
ecocardiograma. 
- Valvulopatias: as lesões da valva aórtica e da mitral podem cursar, 
raramente, com dor torácica. A estenose aórtica deve ser 
considerada diante de angina progressiva, dispneia ou sincope. O 
ecocardiograma permanece como método de escolha para seu 
diagnóstico. 
- Pericardite: a pericardite aguda evolui com dor torácica,
usualmente pleurítica, presença de atrito pericárdico à ausculta e 
supra-desnivelamento de ST difuso ao eletrocardiograma. A dor 
típica é súbita, em fincada ou opressiva, em tórax anterior, 
ventilatório-dependente, que piora com a posição assentada. Pode 
irradiar, principalmente, para a região do trapézio. 
- Miocardite: pode associar-se com sintomatologia cardíaca e 
sistêmica, como febre e mialgia. A dor torácica, quando presente, 
decorre de pericardite com suas características clínicas. 
 
 
 
11 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais