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Autoria: Jessica Marques dos Santos A Necropolítica De um ponto de vista a partir da periferia, Achille Mbembe desenvolve sua teoria da Necropolítica na qual desvenda e critica as perversidades do Capitalismo. É na lacuna do pensamento europeu moderno, que ignora os efeitos do Colonialismo, que Mbembe faz sua crítica social, tentando produzir uma epistemologia respaldada pelos intelectuais do terceiro mundo. São avaliados os limites do funcionamento dos dispositivos foucaultianos da perspectiva da periferia do mundo, subvertendo as lógicas tradicionais que estruturam o pensamento ocidental moderno. A ruptura com os modelos que só reconhecem a Europa como Baluarte civilizatório mundial. A Necropolítica é uma progressão lógica das políticas do Capitalismo onde o sistema passa a descartar massas humanas em larga escala por serem dispensáveis no modo de reprodução e produção de riqueza. É na atualidade no qual o trabalho de base da produção de mercadorias é minado pela barbarização dos laços sociais e desenvolvimento tecnológico. “Os indivíduos começam a sobrar diante da forma social atual, pois já não são mais rentáveis, não são mais requisitados a despender sua força de trabalho no interior do processo produtivo amplo.” (Hilário, 2014). É nesse processo que, nas margens das grandes cidades, é formada uma massa supérflua que vive em precariedade, ignorada no arranjo socioeconômico. A noção essencial da Necropolítica, então, é a destruição material dos corpos humanos, taxando indivíduos e populações como portadores de vida matáveis. O necropoder é uma forma de dominação e submissão, é o agir sobre a população estabelecendo uma política de morte. “O que está em jogo é a produção de “cidades”, ou ainda, zonas deliberadamente demarcadas como territórios em que o livre direito ao assassinato está consagrado.” (Nogueira, 2018). A total exclusão de valor simbólico de troca da vida do ser, que é totalmente despojado de reconhecimento como seres humanos - a ausência de reconhecimento do indivíduo como indivíduo é a Morte. Nogueira (2018) faz a preposição de que a política é uma arte de reconhecimento de gente, a população que permanece desconhecida pode ser alvo da violência. Então, nas palavras de Mbembe (2003) o estado se comprometeria a “civilizar” os modos de matar e atribuir objetivos racionais ao ato de matar em si. A necropolítica cria lógicas perversas no âmago subjetivo do indivíduo que os fazem ansiar pela morte dos declarados inimigos, a lógica do martírio e a lógica da sobrevivência. A lógica do martírio é a fusão da vontade de morrer com vontade de matar o outro, o próprio corpo é transformado em arma, que a partir do gatilho é acionada, e detonação iniciada leva para morte consigo o portador e os outros. A lógica da sobrevivência onde horror da visão da morte se transforma em gozo quando afeta o outro. REFERÊNCIAS HILÁRIO, Leomir Cardoso. Da biopolítica à necropolítica: variações foucaultianas na periferia do capitalismo. Psicologia, v. 26, n. 3, p. 877-900, 2014. A. Mbembe, Crítica da razão negra, Lisboa, Antigona, 2014
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