Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 1 Diagnóstico de Doenças Virais Disciplina de Doenças Virais Resumo por: Denise Ramos Pacheco Profa. Dra. Aline Santana da Hora Medicina Veterinária - UFU Fonte: Aline da Hora. • > 2.600 espécies virais • > 35.000 cepas virais Conceitos importantes: • Patologia → pato: doença / logia: estudo → nunca usar como sinônimo da palavra doença!!! • Usar para sinônimo de doença → enfermidade, afecção. • Infecção x doença: • Um animal infectado não necessariamente desenvolve a doença ou está doente. Fonte: Aline da Hora. Doença ou infecção assintomática: qual é o fator determinante, o hospedeiro ou o 2 2 patógeno? • Relação com hospedeiro/sistema imune e capacidade do patógeno causar doença. • Ambiente: alta densidade populacional, fatores estressantes, higiene, outros patógenos etc. • Equilíbrio entre os dois. • Patógeno: virulência, patogenicidade, taxas de morbidade e mortalidade. • Tríade: hospedeiro, patógeno e ambiente. Conceitos importantes: • Na doença viral, a maioria dos sinais clínicos observados é consequência da resposta do hospedeiro à lesão celular e tecidual; • Como resultado direto da replicação ou como resultado da resposta imune do hospedeiro (resultado indireto). O que levar em consideração para a escolha do teste? • Qual amostra devo coletar? • A detecção do anticorpo ou antígeno é melhor para a detecção da doença suspeita? • Esse teste responde à minha pergunta? Diagnóstico virológico → sensibilidade e especificidade analítica Sensibilidade analítica: Capacidade de um teste em detectar pequenas quantidades do agente e seus produtos. Especificidade analítica: Capacidade de um teste em detectar um determinado vírus (ou seus produtos) e distinguí-los de outros, mesmo que muito semelhantes. Obs: Quanto mais específico for o teste, menores as chances de reação cruzada; Teste mais sensível: precisa de poucas qdes de patógeno/antígeno ou anticorpo para o teste detectar; NENHUM teste possui 100% de sensibilidade e/ou de especificidade! Métodos Direto: detectam o vírus, Ag ou ác. nucleico Indireto: detectam os Ac específicos contra o vírus Fonte: Aline da Hora. 3 3 • Métodos diretos → detecta o patógeno ou uma parte dele; antígeno: detecta proteínas virais; moleculares – genoma; elisa – antígeno; • Métodos indiretos → mensura a resposta do hospedeiro – sorologia; detecta anticorpos produzidos frente a infecção; • Lembrando que IgM é a primeira imunoglobulina a ser produzida, e depois produz a IgG. Métodos Diretos: 1. Microscopia eletrônica: => Princípio: visualização das partículas virais coradas com metais pesados em um microscópio ultrapotente. => Propriedades: Rápida (poucas horas); detecta vírus viáveis e inviáveis; útil pra vírus que não replicam em cultivo; podem permitir a ID do agente. => Restrições: equipamento caro, exige pessoal treinado, baixa sensibilidade, aplicação restrita à alguns vírus. => Aplicações: infecções entéricas (rota, corona, astro) e cutâneas (pox, herpesvírus). Fonte: Aline da Hora. 2. Isolamento em Cultivo Celular => Princípio: observação do efeito citopático e/ou detecção de produtos virais após sua multiplicação em células de cultivo. => Propriedades: Sensível (replicação). O agente fica disponível para estudos posteriores. Implementação e execução relativamente simples. 4 4 Fonte: Aline da Hora. • “tapete celular íntegro”: A • Conforme o passar do tempo, após inoculação do vírus, começa a alterar a morfologia: B • Alterações morfológicas vão aumentando conforme o passar do tempo: C • Efeito citopático intenso: D • Alteração celular provocada pela replicação do vírus => Restrições: Demorado (até semanas). Não aplicável à alguns vírus. Somente detecta vírus que estejam viáveis. Contaminação bacteriana e fúngica. => Aplicações: Todos os vírus que replicam em cultivo celular. Qualquer material clínico pode ser submetido ao isolamento. • Não precisa usar somente em vírus que causam efeito citopático, dá para usar em todos que replicam em cultivo celular. • Em vírus q causa efeito citopático é mais fácil de ver o resultado. Fonte: Aline da Hora. 3. Hemaglutinação: => Princípio: observação da capacidade do vírus de se ligar às moléculas da membrana plasmática dos eritrócitos (aglutinar eritrócitos). => Propriedades: Rápido. Boa sensibilidade e especificidade. Fácil execução. => Restrições: Aplicável em um grupo restrito de vírus. Hemaglutinação inespecífica (há virus hemaglutinante nas amostras). Necessidade de espécies doadoras de hemácias (galinhas, cobaias, coelhos). Não automatizável. Bovinos: adeno, corona, parainfluenza 3. Equinos: encefalite equina (leste e oeste), influenza, adeno, encefalite japonesa. Suínos: peste suína, encefalomielite hemaglutinante, influenza, parvo. Cães: adeno, parvo. Gatos: panleucopenia. => Aplicações: Aplicável aos vírus hemaglutinantes de aves e mamíferos. Fluidos corporais e suspensões de tecidos. 5 5 Fonte: Aline da Hora. • O fundo do pocinho é em “v”, a hemácia sedimenta, células separam do plasma. Se fizer reação de hemaglutinação e o vírus não tiver ação hemaglutinante, ou se não tiver vírus na amostra, as hemácias se depositam no fundo do tubinho (amostra negativa). Se houver vírus hemaglutinante, há junção das hemácias e vírus e as hemácias não se agrupam, se depositam separadas, espalhadas, a imagem que vê é uma espécie de “malha” (resultado positivo no teste de hemaglutinação). Fonte: Aline da Hora. 4. Imunofluorescência e Imunoperoxidase: => Princípio: proteínas virais são detectadas por Ac específicos conjugados com um marcador fluorescente (IFA) ou com uma enzima (IPX). => Propriedades: Rápida (minutos a poucas horas). Simples, baixo custo. Boa sensibilidade e especificidade. Detecta também vírus inviável. Pode informar sobre sorotipos. Disponível em kits. Aplicável virtualmente a todos os vírus. => Restrições: Equipamento caro (IFA). Reações inespecíficas (algumas células emitem fluoresência natural). Reagentes para alguns vírus podem não estar disponíveis. => Aplicações: Aplicável para qualquer vírus que se tenha Ac específicos. Materiais: tecidos (frescos, congelados, fixados), esfregaços (sanguíneos, de secreções), células de cultivo. 6 6 Fonte: Aline da Hora. • Coloca na lâmina de vidro amostra de tecido, esfregaço sanguíneo, com presença de antígenos virais • Os reagentes que usa → imunof. Direta: anticorpo anti-antígeno, já marcado com agente fluorescente (fluoresceína); no microscópio observa a ligação do Ac com antígeno viral em verde; imunof. Indireta: o antígeno viral da amostra e 2 anticorpos → um primário, que não é marcado, se liga ao antígeno viral, e joga o anticorpo secundário, marcado, que se liga ao primário e no microscópio aparece essa ligação. A DIRETA é mais sensível, mais que a indireta e que a imunoperoxidase; a fluorescência produzida na indireta é mais forte, pela quantidade de anticorpo marcado. Técnica fluorescente. Na indireta tem mais anticorpos marcados • Imunoperoxidase: lâmina de vidro com amostra de tecido, sangue, com partículas/proteínas/antígenos virais; o Ac anti-antígeno viral se liga a ele, em seguida participa um Ac secundário marcado com biotina, o qual se liga ao primeiro Ac; a biotina age com um complexo chamado avidina (complexo avidina-biotina), que tem uma coloração diferente (marrom). Técnica enzimática • Imunoperoxidase é mais barato 5. Testes imunoenzimáticos/imunocromatográficos: => Princípio: A presença do Ag que reage com o Ac específico imobilizado ou após migração, é revelada pela mudança de cor. => Propriedades: Simples e prático. Disponível em kits. Rápida. Boa sensibilidade e especificidade. => Restrições: Não automatizável. Especificidade e sensibilidadepodem deixar a desejar. Custo alto por amostra. => Aplicações: Aplicável à vários vírus de pequenos animais. Kits disponíveis para uso em clínicas, também para uso em bovinos, suínos e aves. 7 7 Fonte: Aline da Hora. • De baixo: imunoenzimático (anticorpo preso); de cima: imunocromatográfico (migração do anticorpo). Fonte: Aline da Hora. • Mistura amostra com antígeno junto com anticorpo marcado q vem com o kit, liga no Ac preso e altera a cor; se não tiver ligação anticorpo antígeno não tem ligação e não faz a linha mudar de cor. • Sempre por ligação Ag + Ac. • Também pode ser realizado em testes laboratoriais, não somente em testes rápidos. 8 8 6. Detecção de ácidos nucleicos (PCR, hibridização): => Princípio: Ác. nucleicos (RNA, DNA) dos vírus são detectados por sondas marcadas (hibridização – em cortes histológicos) ou após amplificação por reações enzimáticas (PCR). => Propriedades: Específica. Sensível. Necessita de quantidades mínimas da amostra. Potencialmente aplicável a todos os vírus. Rápida e automatizável (PCR). Pode ser quantitativa (qPCR). => Restrições: Custo alto. Requer equipamento e pessoal treinado. Técnica sofisticada. => Aplicações: Aplicável a virtualmente todos os vírus conhecidos. Pode ser realizada em qualquer amostra clínica. Obs: Transcrição reversa: enzima transcriptase reversa sintetiza DNA a partir de RNA → RT-PCR QPCR: PCR em tempo real RT-PCR: usando a transcriptase reversa RT-qPCR Fonte: Aline da Hora. 9 9 Fonte: Aline da Hora. • Ocorre todos os ciclos tbm, desnaturação, anelamento, extensão, mas o resultado vê em um gráfico, a amplificação. O gráfico é baseado em fluorescência, cada vez que forma uma fita dupla pela extensão da enzima 10 10 polimerase há uma extensão da fluorescência • Algumas são quantitativas, o quanto de patógeno tem por mL de sangue; ou dá para usar apenas para ver se tem patógeno ou não tem (resultado mais rápido, 1h e meia); a PCR convencional dependendo demora no mínimo umas 4 hrs para obter o resultado Métodos Indiretos: 1. Imunodifusão em gel de ágar => Princípio: observação de linhas de precipitação pela reação Ag-Ac. => Propriedades: simples execução e implementação. Custo baixo. Sensibilidade razoável. Resultados em 24-48h. • Placa de petri ou lâmina de vidro, a mesma que usa para esfregaço sanguíneo. • Faz um gel de ágar e poços com furos, onde vai distribuir o antígeno e o anticorpo, e o soro do animal a ser testado. => Restrições: Reações inespecíficas frequentes. Sensibilidade limitada. Qualidade do Ag é crítica. Somente qualitativa. => Aplicações: AIE, língua azul, leucose enzoótica bovina. Fonte: Aline da Hora. • No primeiro furo coloca o antígeno, no segundo coloca o soro do animal. Exemplo: animal positivo para anemia infecciosa equina, então tem soro com anticorpos. Tanto o anticorpo quanto o antígeno fazem difusão radial, então tem um espalhamento radial de ambos, radialmente ao poço que foi feito. Quando encontra antígeno e anticorpos, visualmente é possível observar uma linha de precipitação (ligação Ag+Ac). • Faz um furo central do gél de ágar, onde coloca o antígeno. Mais 3 furos que são os controles positivos (C+, controle positivo; soros com anticorpos anti-anemia infecciosa equina); faz mais 3 furos (1,2,3 com soro dos animais que está testando). Ocorre migração de antígeno na direção do anticorpo e vice-versa, ocorre linha de precipitação. Entre o 1 e o antígeno, não tem linha de precipitação, então é negativo para os 3 (na imagem de cima); na imagem de baixo já é possível observar a linha entre o poço da amostra testada e o 11 11 antígeno, o animal é positivo, quando aparece essas linhas. 2. Soroneutralização => Princípio: Ac presentes no soro previnem a replicação do vírus e a produção do efeito citopático em cultivos. Também pode ser usada com cepas ncp (mais usadas na pesquisa) pq precisam de testes de IFA ou IPX para o resultado. *Ncp: cepa não patogênica; mais usado em pesquisa pq precisa de outra técnica para saber o resultado. => Propriedades: Sensível e específica. Custo reduzido. Qualitativa e quantitativa. => Restrições: Exige cultivos celulares. Implementação e execução podem ser problemáticas. Contaminação bacteriana. Toxicidade do soro. Detecta somente Ac neutralizantes. • Alguns soros acabam sendo tóxicos para as células, invalidando sua utilização no teste. => Aplicações: Virtualmente todos os vírus que replicam em cultivo celular e causam efeito citopático. Fonte: Aline da Hora. • Quando tem um soro a ser testado, com anticorpos contra aquele vírus → o soro teste é colocado homogeneizado junto com suspensão de vírus → incubação em 24 horas para ocorrer ligação Ag+Ac → injeta nas células → se os Ac se ligarem aos Ag o tapete celular não se altera; mas se os Ac permanecerem livres, ou seja, não se ligar aos Ag do soro, ocorre infecção do tecido cultivado. Vírus não citopatogênico → não há alteração das células do tapete celular, então é reservado mais para pesquisas. 3. ELISA => Princípio: Ac presentes no soro se ligam aos Ag imobilizados em placas de poliestireno e são detectados por anti-Ac conjugados com enzimas. => Propriedades: Rápida (2-3h). Sensível e específica. Automatizável. Disponível em kits. Pode detectar classes específicas de Ac (IgG, IgM). 12 12 => Restrições: Requer equipamentos (leitoras e lavadoras de placas). Custo dos kits pode ser altos. Não disponível para todos os vírus. Qualidade do Ag é crítica. => Aplicações: Usada para inúmeros vírus. Qualitativa ou quantitativa. Ac totais ou classe específicos no soro ou secreções (leite). Variações da técnica detectam Ag. Fonte: Aline da Hora. 3. Imunocromatografia para Ac => Princípio: Ac reage com Ag e sua presença é revelada pela mudança de cor. => Propriedades: Simples e prática. Kits. Rápida. Boa sensibilidade e especificidade. => Restrições: Não automatizável. Especificidade e sensibilidade podem deixar a desejar. Custo individual alto. => Aplicações: Aplicável à vários vírus de pequenos animais. Kits disponíveis para uso em clínicas. Também há kits para vírus de aves, suínos e bovinos. Fonte: Aline da Hora. 4. Inibição da hemaglutinação => Princípio: Ac antivirais impedem a atividade hemaglutinante dos vírus. => Propriedades: Rápida. Sensível e específica. Custo baixo. => Restrições: Só para vírus hemaglutinantes. Requer animais doadores de eritrócitos. Inibidores específicos podem dar falso-positivos. Não-automatizável. => Aplicações: Vírus hemaglutinantes de aves e mamíferos. Bovinos: adeno, corona, parainfluenza 3. 13 13 Equinos: encefalite equina (leste e oeste), influenza, adeno, encefalite japonesa. Suínos: peste suína, encefalomielite hemaglutinante, influenza, parvo. Cães: adeno, parvo. Gatos: panleucopenia. Fonte: Aline da Hora. • Quando hemaglutina (poço com sangue no meio, pontinho), tinha anticorpo. 5. Fixação do complemento => Princípio: Ac que levam à ativação do sistema complemento e lise de eritrócitos. Na ausência de Ac, o sistema complemento promove lise de eritrócitos. => Propriedades: Boa sensibilidade e especificidade. => Restrições: Demorada. Trabalhosa. Não automatizável. Requer animais doadores de sangue. => Aplicações: já foi muito usada. Atualmente, em desuso. Fonte: Aline da Hora. • Se tem anticorpo, se liga ao Ag, se liga ao sistema complemento → não promove hemólise, hemácias livres e se depositam no fundo do pocinho (fundo em V). 6. Imunoflorescência para Ac 14 14 => Princípio: Ac presentes no soro se ligam à Ag específicos imobilizados e são detectados por Ac marcados com FITC (isotiocianato de fluoresceína). =>Propriedades: Rápida. Relativa sensibilidade. Simples. => Restrições: Reações inespecíficas. Exige microscópio com luz UV. Pode não detectar níveis baixos de Ac. Não automatizável. => Aplicações: Uso atual restrito. Fonte: Aline da Hora. • Antígeno fixado em lâmina, coloca soro do paciente; se fluorescer, é uma amostra positiva.
Compartilhar