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Por: Vinícius Souza Mendes Taxonomia dos vírus Em bactérias, a espécie vem do latim e os vírus vem do inglês. No geral, os vírus são agrupados na família de acordo com características estruturais morfológicas genéticas e biológicas em comum. Exemplo: herpesvírus -> Vírus grandes, envelopados, várias glicoproteínas (envelope), capsídeo icosaédrico, dsDNA, latência. Havia mais de 2600 espécies virais e mais de 35.000 cepas existentes. Conceito importante A palavra patologia não deve ser usada como sinônimo de doença, pois patologia é o estudo da doença. Infecção vs Doença Para doenças virais, o evento doença é uma exceção à regra! Triângulo em iceberg: Primeiro tem-se a exposição da infecção -> infecção subclínica -> doença leve, moderada e severa -> fatalidade do animal. A maioria dos indivíduos estaram na parte que se expuseram a infecção ou infecção subclínica (assintomático). O estágio subclínico é detectável somente com apoio diagnóstico (disseminador silencioso) O que determina se o animal será assintomático? Precisa haver um equilíbrio entre hospedeiro e patógeno. Toda vez que pensarmos em doenças infecciosas, devemos lembrar da tríade: hospedeiro (sistema imune), patógeno (virulência) e meio ambiente (população, densidade) Na doença viral, a maioria dos sinais clínicos observados são consequências da resposta do hospedeiro à lesão celular e tecidual. Como resultado direto da replicação ou como resultado da resposta imune do hospedeiro (resultado indireto). O que levar em consideração para a escolha do teste - Qual amostra deve coletar? A detecção de anticorpo e antígeno é melhor para detecção da doença suspeita? -Este teste responde à minha pergunta? Sensibilidade e especi�cidade analítica: -Sensibilidade analítica: Capacidade de um teste em detectar pequenas quantidades do agente e seus produtos (quanto maior a sensibilidade do teste, menor será a quantidade de anticorpos e antígeno necessário pois o teste é muito sensível). -Especi�cidade analítica: capacidade de um teste em detectar um determinado vírus ( ou seus produtos) e distingui-los de outros, mesmo que muito semelhantes, ou seja, menor a chance de ter reação cruzada. Nenhum teste do mundo tem 100% de especi�cidade ou sensibilidade. Métodos de diagnóstico direto Consiste na detecção do patógeno ou parte do patógeno. 1) Microscopia eletrônica: Os vírus são muito pequenos por isso não conseguimos observar no microscópio óptico a partícula viral em si (podemos ver os corpúsculos que são acúmulos virais, mas não podemos caracterizá-los de acordo com a morfologia viral). A princípio da técnica, temos a visualização das partículas virais curadas com metais pesados é um microscópio Ultra potente. É rápido o diagnóstico (poucas horas), detecta vírus viáveis e inviáveis. Pode ser útil para vírus que não re�itam em cultivo celular e pode permitir a identi�cação do agente. Restrições: Equipamento extremamente caro e exige manutenção (que é cara), exige pessoal treinado, baixa sensibilidade (Amostra com pouca quantidade de vírus e podemos pegar uma parte que não tenha vírus, abaixa a sensibilidade) aplicação restrita a alguns vírus. Aplicações: Infecções entéricas (rota, corona, astro) e cutâneas (pox, herpesvirus). Acaba �cando essa técnica mais para estudos. 2) Isolamento em cultivo celular: Colocamos o meio de cultura em uma garrafa e no fundo da garrafa há um tapete de células que devemos infectar com determinado vírus e elas serão substratos para o vírus se multiplicar. É uma técnica que ampli�ca o resultado. Princípio: Observação do efeito citopático e/ou detecção de produtos virais após sua multiplicação e células de cultivo Propriedades: Sensível (aumenta replicação viral) e o agente �ca disponível para estudos posteriores (podemos congelar esse vírus viável). Implementação e execução relativamente simples Restrição: Técnica demorada, pode levar até semanas para ter o resultado da amostra ou observar o efeito citopático. Não é aplicado a alguns vírus (ex: coronavírus felino). Somente detecta vírus que estejam viáveis (podemos até coletar o vírus viável, mas pelo tipo de transporte pode se tornar inviável) Contaminação bacteriana e fúngica nos meios pela manipulação das garrafas de forma inadequada Aplicações: Todos os vírus que se replicam em cultivo celular, qualquer material clínico pode ser submetido ao isolamento. 3) Hemaglutinação: Princípio: Observação da capacidade do vírus de se ligar às moléculas da membrana plasmática dos eritrócitos. O recipiente tem um fundo em V -> se a amostra é negativa (forma um botão de hemácias que sedimentam no fundo do recipiente), se é positiva (as hemácias �cam presas em uma malha junto com o vírus e �cam dispersas). É uma técnica rápida, boa sensibilidade, especi�cidade e fácil execução. Restrições: Aplicável em um grupo restrito de vírus. Hemaglutinação inespecí�ca -> a vírus hemaglutinante na mostra, mas não sabemos qual o vírus. Necessidade de espécies doadoras de hemácias: galinhas, coelhos, cobaias. não é automatizável, depende da manipulação da pessoa. Aplicações: Aplicável aos vírus hemaglutinantes de aves e mamíferos. �uidos corporais e suspensões de tecidos: Bovinos: adeno, corona, parain�uenza 3 Equinos: encefalite equina (leste e oeste), in�uenza, adeno, encefalite japonesa. Suínos: peste suína, encefalomielite, hemaglutinante, in�uenza, parvo Cães: adeno e parvo Gatos: panleucopenia felina Para parvovírus trabalhando em estudos, é o padrão ouro. 4) Imuno�uorescência e imunoperoxidase Princípio: Proteínas virais são detectadas por anticorpos especí�cos conjugados com o material �uorescente (IFA) ou como enzima (IPX). Propriedades: Rápido (minutos a poucas horas), simples e baixo custo, Boa sensibilidade e especi�cidade, detecta vírus inviáveis, pode informar sobre sorotipos. Disponíveis em kits e aplicável virtualmente em todos os vírus. Imuno�uorescência: -Indireta: Há 2 anticorpos, o primário se liga ao antígeno viral, e o segundo anticorpo é marcado com a �uorescência, e ao ligar com o anticorpo primário contra proteína viral, a ligação irá gerar a �uorescência. -Direta: A �uorescência é mais intensa e tem maior sensibilidade. Proteína viral presente na amostra de sangue, tecido -> o reagente tem anticorpo (marcado com a �uorescência) contra o antígeno viral -> quando ocorre essa ligação, no microscópio, ligamos uma luz e enxergamos a imagem. Imunoperoxidase: Há 2 anticorpos, o primário se liga ao antígenos viral, e o segundo anticorpo é marcado com biotina, e ao ligar com o anticorpo primário contra proteína viral, e ao se ligar, a biotina age com a avidina (complexo biotina + avidina) irá �orescer). Restrições: Equipamento caro (IFA). Reações inespecí�cas -> algumas células emitem �uorescência natural. Reagentes para alguns vírus podem não estar disponíveis. Aplicações: Aplicável para qualquer vírus que tem anticorpos especí�cos. Materiais: tecidos ( frescos, Congelado, Fixados), esfregaços (sanguíneos e secreções), células de cultivo. 5) Testes imunoenzimáticos (elisa) / cromatográ�cos Princípio: A presença de antígeno que reage com o anticorpo especí�co imobilizado ou após migração, é revelada pela mudança de cor. Propriedade: simples e prático, disponível em kits, rápido e boa sensibilidade e especi�cidade. Restrições: Não automatizável, especi�cidade E sensibilidade podem deixar a desejar, custo alto por amostra. Aplicações: Aplicações a vários vírus de pequenos animais. Kits disponíveis para uso em clínicas e também para o uso em bovinos suínos e aves 6) Detecção de ácidos nucleicos (PCR), hibridização Princípio: ácidos nucleicos (RNA ou DNA) do vírus são detectados por sondas marcadas (hibridização, observado em microscópio de �uorescência) ou após a ampli�cação por reação enzimática (PCR) Propriedades: Especí�ca e sensível (ampli�ca o resultado). Necessita de quantidades mínimas de amostra. Potencialmente aplicável a todos os vírus. Rápida e automatizada (PCR). Pode ser uma técnica quantitativa (qPCR). PCR: qualquer tipo de material que tem oantígeno viral -> extração do ácido nucleico -> suspensão de ácido nucleico -> cNTPs, primers (sequências dos patógenos que vamos complementar), enzima polimerase -> coloca dentro do termociclador (30-50 ciclos) em 3 etapas: Desnaturação (aquecimento de 95 °C -> a �ta dupla se dissocia em 2 �tas simples, anelamento (50°C) dos primers para delimitar a área alvo -> extensão (72°C) a polimerase lê o genoma do patógeno e vai completando com os primers (adenina - timina; citosina - guanina). Exemplo: No �nal, o que importa são as �tas menores que queremos ampli�car: No ciclo 4 -> temos 8 cópias do alvo com 8 fragmentos do ácido nucleico.Ou seja, na amostra, se tiver 1 partícula do vírus, após 4 horas teremos mais de 1 bilhão de cópias de alvo. Como podemos ler? Pelo método convencional de eletroforese: de acordo com o peso molecular, as moléculas irão correr sobre um gel de agarose e as bandas irão migrar -> positivo ou negativo. PCR em tempo real (qPCR) -> ocorre todos os ciclos que ocorre na PCR convencional e o resultado vemos em grá�co baseado em �uorescência. Resultado em 1 hora e 30 min. Restrições: Custo alto Requer equipamentos e pessoal treinado e a técnica é so�sticada. Aplicações: Virtualmente para todos os vírus conhecidos. Pode ser realizada em qualquer amostra clínica. Métodos de diagnóstico indireto Mensura a resposta do hospedeiro -> sorologia (IgM e IgG). 1) Imunodifusão em gel de ágar Princípio: observação de linhas de precipitação pela reação Ag-Ac. Iremos fazer um furo com o antígeno e o outro furo colocamos o soro do animal -> o anticorpo e antígeno fazem difusão radial, a medida que vão migrando e quando encontram antígeno e anticorpos -> formam uma linha de precipitação. Propriedades: Simples execução e implementação. Custo baixo. Sensibilidade razoável e resultados em 24-48 horas. Restrições: reações inespecí�cas frequentes, sensibilidade limitada e a qualidade do antígeno é crítica. É uma técnica somente qualitativa (podemos dizer que o animal tem ou não anticorpos contra os antígenos e não a titulação deles). Aplicações: anemia infecciosa equina, língua azul, leucose enzoótica bovina. 2) Soro neutralização Princípio: Anticorpos presentes no soro previne a replicação do vírus e a produção do efeito citopático em cultivos. O soro teste com anticorpos entra em contato com o vírus por 24 horas - veri�camos as células. Se o animal tiver anticorpos, ele reage com os vírus e não há replicação nas células (não acontece nada). Se o animal é negativo, não tiver anticorpos contra o vírus, ele consegue infectar e replicar nas células. Podem ser usadas com cepas ncp (mais usadas na pesquisa) pois precisam de testes de IFA e IPX para os resultados. Propriedade: sensível e especí�ca, custo reduzido, qualitativa e quantitativa. Restrições: Exige o cultivo celulares. A implementação e execução podem ser problemáticas (Pela di�culdade para que as células e vírus permaneçam viáveis). Contaminação bacteriana. Toxicidade do soro (pode não utiliza determinado soro) Detecta somente anticorpos neutralizantes. Aplicações: virtualmente todos os vírus que replicam em cultivo celular e causam efeito citopático. 3) Elisa Princípio: Anticorpos presentes no soro se ligam aos antígenos imobilizados em placas de poliestireno e são detectados por anti-Ac conjugados com enzimas. Propriedades: Rapido (2-3h). Sensível e especí�co. Automatizável Disponível em kits Pode detectar classes especí�cas de Ac (IgG e IgM). Restrições: requer equipamento, leitoras e lavadoras de placas. Custo dos kits pode ser altos Não disponível para todos os vírus. Qualidade de antígeno é crítica. Aplicações: Usada para inúmeros vírus, quali ou quantitativa. anticorpos totais ou classe especí�cos no soro ou secreções (leite). variações da técnica detectam antígenos. 4) Imunocromatogra�a para Ac Princípios: Ac reage com Ag e sua presença é revelada pela mudança de cor. Propriedades: Simples e prática, kits, rápida, boa sensibilidade e especi�cidade. Restrições: Não automatizável, especi�cidade e sensibilidade podem deixar a desejar e custo individual alto. Aplicações: Aplicável a vários vírus de pequenos animais. Kits disponíveis para uso em clínicas e também há kits para vírus de aves, suínos e bovinos. 5) Inibição da hemaglutinação Princípio: Anticorpos anti virais impedem atividade hemaglutinante dos vírus -Cães: adeno e parvo -Gatos: panleucopenia felina. O botão -> inibição da hemaglutinação O todo rosado -> hemaglutinação Propriedades: técnica rápida, sensível e especí�ca, custo baixo. Restrições: Uso apenas para vírus hemaglutinantes. Quer animais doadores de eritrócitos Inibidores especí�cos podem dar falso-positivos Não automatizável Aplicações: Vírus hemaglutinantes de aves e mamíferos Bovinos: adeno, corona, parain�uenza 3 Equinos: encefalite equina (leste e oeste), in�uenza, adeno, encefalite japonesa Suínos: peste suína, encefalomielite hemaglutinante, in�uenza, parvo. 6) Fixação do complemento Princípio: Na ausência de Ac, o sistema complemento promove lise de eritrócitos 7) Imuno�uorescência para Ac Princípio: Ac presentes no soro se ligam à Ag especí�co imobilizados e são detectados por Ac marcados com isotiocianato de �uoresceína (FITC). Propriedades: Rápida, simples e relativa sensibilidade Restrições: Reações inespecí�cas, exige microscópio com luz UV, pode não detectar níveis baixos de Ac e não automatizável. Aplicações: Uso atual restrito
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